domingo, 22 de setembro de 2019

DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS


8. A desigualdade das riquezas é um desses problemas que se procura resolver em vão, desde que se considere apenas a vida atual. A principal questão que se apresenta é esta: por que todos os homens não são igualmente ricos? Eles não o são por uma razão muito simples: porque não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem moderados e previdentes para conservar. Está matematicamente demonstrado que, se a riqueza fosse igualmente repartida, daria a cada qual uma parte mínima e insuficiente; supondo-se que essa divisão fosse feita, o equilíbrio seria rompido em pouco tempo, pelas diferenças de qualidade e de aptidões de cada um; que, se isso fosse possível e durável, cada um tendo somente o necessário para viver, resultaria na destruição de todos os grandes trabalhos que contribuem para o progresso e bem-estar da Humanidade; que, ao supor que ela daria a cada um o necessário, não haveria mais o estímulo que impulsiona o homem às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é para que dali ela se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.
Admitindo-se isto, pergunta-se: Por que Deus a dá a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos? É novamente uma prova da sabedoria e da bondade de Deus. Dando ao homem o livre arbítrio, quis que ele chegasse, por sua própria ação, a estabelecer a diferença entre o bem e o mal, de tal forma que a prática do bem fosse o resultado de seus esforços e de sua própria vontade. O homem não deve ser conduzido fatalmente nem ao bem, nem ao mal, porque seria apenas um ser passivo e irresponsável, como os animais. A riqueza é um meio de colocá-lo à prova moralmente; mas, como ela é, ao mesmo tempo, um poderoso meio de ação para o progresso, Deus não quer que ela fique por muito tempo improdutiva, e eis por que a transfere incessantemente. Cada qual deve possuí-la para aprender a utilizá-la e demonstrar que uso dela saberá fazer. Mas há uma impossibilidade material de que todos a possuam ao mesmo tempo. Se todas as pessoas a possuíssem, ninguém trabalharia, e o melhoramento da Terra sofreria com isso. Essa é a razão de cada um a possuir por sua vez. Desta maneira, aquele que hoje não a tem, já a teve ou a terá em uma outra existência, e outro que a tem agora poderá não ter mais amanhã. Há ricos e pobres, porque Deus, sendo justo como é, determina a cada um trabalhar por sua vez. A pobreza é para uns a prova de paciência e resignação; a riqueza é para outros a prova de caridade e abnegação.
Lamenta-se, com razão, o péssimo uso que algumas pessoas fazem de suas riquezas, as vergonhosas paixões que a cobiça desperta, e pergunta-se: Deus é justo ao dar a riqueza a tais pessoas? É claro que, se o homem tivesse apenas uma existência, nada justificaria tal repartição dos bens da Terra; entretanto, se ao invés de limitar sua visão à vida presente, considerar o conjunto das existências, vê que tudo se equilibra com justiça. Assim, o pobre não tem motivos para acusar a Providência, nem de invejar os ricos, e nem estes têm motivos para vangloriar-se do que possuem. Se abusam da riqueza, não será nem com decretos, nem com leis que limitem o supérfluo e o luxo que se poderá remediar o mal. As leis podem momentaneamente modificar o exterior, mas não o coração; eis por que essas leis têm apenas uma duração temporária e são sempre seguidas de uma reação desenfreada. A origem do mal está no egoísmo e no orgulho; os abusos de toda espécie cessarão por si mesmos, quando os homens deixarem-se reger pela lei da caridade.

A RIQUEZA REAL

"Porque o meu Deus, Segundo as suas riquezas,
suprirá todas as vossas necessidades..."
PAULO. (Filipenses, 4:19.).

Cada criatura transporta em si mesma os valores que amealha na vida.
Os sábios, por onde transitam, conduzem no espírito os tesouros do conhecimento.
Os bons, onde estiverem, guardam na própria alma a riqueza da alegria.
Os homens de boa-vontade carreiam consigo os talentos da simpatia.
As pessoas sinceras ocultam na própria personalidade a beleza espiritual.
Os filhos da boa-fé cultivam as flores da esperança.
Os companheiros da coragem irradiam de si mesmos a energia do bom ânimo.
As almas resignadas e valorosas se enriquecem com os dons da experiência.
Os obreiros da caridade são intérpretes da vida Superior.
A riqueza real é atributo da alma eterna e permanece incorrutível quem a conquistou.
Por isso mesmo reconhecemos que o ouro, a fama, o poder e a autoridade entre os homens são meras expressões de destaque efêmero, valendo por instrumentos de serviço da alma, no estágio das reencarnações.
Desassisado será sempre aquele que indisciplinadamente disputa as aflições da posse material, olvidando que há mil caminhos sem sombras para buscarmos, com o próprio coração e com as próprias mãos, a felicidade imperecível.
A responsabilidade deve ser recebida, não provocada.
Muitos ricos da fortuna aparente da terra funcionaram na posição de verdugos do Cristo, sentenciado à morte entre malfeitores, entretanto, o Divino Mestre, com as simples e duras traves da Cruz, produziu, usando o amor e a humildade, o tesouro crescente da vida espiritual para os povos do mundo inteiro.

Livro Ceifa de Luz – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

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