domingo, 27 de janeiro de 2019

O EGOÍSMO


Emmanuel - Paris, 1861
11. O egoísmo, esta chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, pois retarda seu progresso moral, e é ao Espiritismo que está reservada a tarefa de fazê-la elevar-se nas ordens dos mundos.
O egoísmo é, então, o objetivo para o qual todos os verdadeiros cristãos devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem. Digo coragem, pois é preciso mais coragem para vencer a si mesmo do que para vencer aos outros. Que cada um empregue todos os seus esforços em combatê-lo em si mesmo, já que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a causa de todas as misérias aqui na Terra. É a negação da caridade e, consequentemente, o maior obstáculo para a felicidade dos homens.
Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos, o do egoísmo. Enquanto o Justo vai percorrer as santas estações de seu martírio, Pilatos lava as mãos, dizendo: Que me importa? E disse aos judeus: Este homem é justo, por que quereis crucificá-Lo? E, no entanto, deixa-O ser conduzido ao suplício.
Se o Cristianismo ainda não cumpriu sua missão por completo, é por causa da luta que se trava entre a caridade e o egoísmo, que invadiu o coração humano como uma praga. É a vós, novos apóstolos da fé esclarecidos pelos Espíritos Superiores, que cabe a tarefa e o dever de destruir este mal para dar ao Cristianismo toda sua força e limpar o caminho dos obstáculos que impedem sua marcha. Expulsai da Terra o egoísmo para que ela possa elevar-se na escala dos mundos, pois está no tempo de a Humanidade envergar seu traje de luta. Mas, para isso, é preciso inicialmente expulsar o egoísmo dos vossos corações.

Pascal - Sens, 1862
12. Se houvesse amor entre os homens, a caridade seria melhor praticada. Mas, para isso, seria preciso que vos esforçásseis no sentido de libertar os vossos corações dessa couraça, a fim de ficardes mais sensíveis ao sofrimento do próximo. A indiferença mata todos os bons sentimentos. O Cristo atendia a todos. Qualquer um que a Ele se dirigisse era sempre atendido: a mulher adúltera ou o criminoso eram igualmente socorridos. Ele nunca temia que sua própria reputação viesse a sofrer com isso. Quando, então, o tomareis como modelo de todas as vossas ações? Se a caridade reinasse na Terra, o mal não dominaria. Ele fugiria envergonhado e se esconderia, pois se encontraria deslocado em toda a parte. O mal então desapareceria, ficai bem convencidos disto.
Começai dando o exemplo vós mesmos. Sede caridosos para com todos. Esforçai-vos para não vos preocupar com aqueles que vos desprezam. Deixai a Deus o cuidado de toda justiça, pois a cada dia, em seu reino, Ele separa o joio do trigo.
O egoísmo é o sentimento oposto da caridade. Sem a caridade não haverá paz alguma na sociedade; e digo mais: não haverá segurança.
Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, haverá sempre uma corrida favorável ao espertalhão, uma luta de interesses em que são pisoteadas as mais santas afeições, em que nem sequer os laços sagrados da família são respeitados.

O HOMEM COM JESUS
“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 4.)

Com Jesus, ergue-se o Homem
Da treva à luz...
Da inércia ao serviço...
Da ignorância à sabedoria...
Do instinto à razão...
Da força ao direito...
Do egoísmo à fraternidade...
Da tirania à compaixão...
Da violência ao entendimento...
Do ódio ao amor...
Da posse mentirosa à procura dos bens imperecíveis...
Da conquista sanguinolenta à renúncia edificante...
Da extorsão à justiça...
Da dureza à piedade...
Da palavra vazia ao verbo criador...
Da monstruosidade à beleza...
Do vício à virtude...
Do desequilíbrio à harmonia...
Da aflição ao contentamento...
Do pântano ao monte...
Do lodo à glória...
Homem, meu irmão, regozijemo-nos em plena luta redentora!
Que píncaros de angelitude poderemos alcançar se nos consagrarmos realmente ao Divino Amigo que desceu e se humilhou por nós?

Livro Pão Nosso – Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A LEI DE AMOR


8. O amor é o sentimento que acima de tudo resume, de forma completa, a doutrina de Jesus, e os sentimentos são os instintos que se elevam de acordo com o progresso realizado. Na sua origem, o homem possui instintos; mais avançado e corrompido, possui sensações; mais instruído e purificado, possui sentimentos. No ponto mais delicado e evoluído dos seus sentimentos, surge o amor, não o amor no sentido vulgar da palavra, mas sim o sol interior que condensa e reúne em seu fogo ardente todos os anseios e todas as sublimes revelações. A lei de amor substitui o individualismo pela integração das criaturas e acaba com as misérias sociais. Feliz daquele que, no decorrer de sua vida, ama amplamente seus irmãos em sofrimento! Feliz daquele que ama, pois não conhece nem a angústia da alma, nem a do corpo. Seus pés são leves e vive como se estivesse transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra, amor, os povos se emocionaram, e os mártires, cheios de esperança, desceram ao circo.
O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Ficai atentos, pois esta palavra ergue a laje das sepulturas vazias: é a reencarnação, que, triunfando sobre a morte, revela ao homem deslumbrado seu patrimônio intelectual. Ela já não o conduz mais aos suplícios, mas sim à conquista de seu ser, elevado e transformado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito deve agora resgatar o homem da matéria.
Disse-lhes eu que, na sua origem, o homem possuía apenas instintos, e aquele em que os instintos dominam está mais próximo do ponto de partida do que da chegada. Para alcançar a meta a que o homem se destina, é preciso vencer os instintos aperfeiçoando os sentimentos, ou
seja, melhorando-os, sufocando os germens latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões dos sentimentos e trazem consigo o progresso, assim como a semente contém em si a árvore. Os seres menos avançados são aqueles que, libertando-se pouco a pouco de sua crisálida, estão escravizados aos seus instintos. O Espírito deve ser cultivado como um campo. Toda riqueza futura depende do trabalho atual e, mais do que os bens terrenos, ele vos levará à gloriosa elevação. É então que, entendendo a lei de amor que une todos os seres, encontrareis os suaves prazeres da alma, que são o início das alegrias celestes.(Lázaro - Paris, 1862)

domingo, 13 de janeiro de 2019

DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR


5. Então os fariseus, ao se retirarem, decidiram entre si comprometê-Lo em suas palavras. Juntaram-se aos herodianos, para lhe dizer: Senhor, sabemos que sois verdadeiro e que ensinais o caminho de Deus pela verdade, sem considerar a quem quer que seja, pois não discriminais a ninguém entre os homens; dizei-nos, então, qual é vossa opinião sobre o seguinte: Devemos ou não pagar o tributo a César?
Mas Jesus, conhecendo sua malícia, lhes disse: Hipócritas, por que quereis me tentar? Mostrai-me a moeda exigida para o tributo. E então, tendo eles mostrado a moeda, disse-lhes: De quem é esta imagem e esta inscrição? De César, disseram. Então Jesus lhes respondeu: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Ao ouvirem isso, admiraram-se com sua resposta e, deixando-o, se retiraram. (Mateus, 22:15 a 22; Marcos, 12:13 a 17)
6. A pergunta feita a Jesus era motivada pelo fato de que os judeus, tendo horror ao pagamento dos impostos que os romanos os obrigavam a pagar, haviam feito disto uma questão religiosa. Um numeroso partido havia se formado para lutar contra o pagamento do imposto. O pagamento do tributo era, portanto, para eles, um tema de discussões daqueles dias que os enfurecia, sem o que a pergunta a Jesus: Devemos ou não pagar o tributo a César?, não teria o menor sentido. A pergunta em si já era uma cilada, e conforme a resposta, pretendiam jogar contra Ele a autoridade romana e os judeus discordantes. Mas Jesus, conhecendo sua malícia, contornou a dificuldade, dando-lhes uma lição de justiça, mandando que se dê a cada um o que se lhe deve.
7. Este ensinamento: Dai a César o que é de César, não deve ser entendido de uma maneira ilimitada e indiscutível. Neste, como em todos os ensinamentos de Jesus, há um princípio geral, resumido sob forma prática e usual, extraído de uma situação particular. Esse princípio é consequente daquele que nos diz: devemos agir para com os outros como gostaríamos que eles agissem para conosco. Ele condena todo prejuízo material e moral que se possa causar ao próximo e toda violação dos seus interesses, determinando que se respeitem os direitos de cada um, como cada um deseja que se respeitem os seus. Este princípio estende-se ao cumprimento dos deveres em relação à família, à sociedade, à autoridade, bem como a todos os indivíduos.

DIANTE DE DEUS E DE CÉSAR

Em nosso relacionamento habitual com César – simbolizando o governo político – não nos esqueçamos de que o mundo é de Deus e não de César, a fim de que não sejamos parasitas na organização social em que fomos chamados a viver.

Muitos se acreditam plenamente exonerados de quaisquer obrigações para com o poder administrativo da Terra, simplesmente porque, certo dia, pagaram à máquina governamental que os dirige os impostos de estilo, exigindo-lhes em troca serviços sacrificiais por longo tempo.

É justo não olvidar que somos de Deus e não de César e que César não dispõe de meios para substituir junto de nós a assistência de Deus.

Por isso mesmo, a Lei, expressando as determinações do Alto, conta com a nossa participação constante no bem, se nos propomos alcançar a vitória com progresso real.

Examinando o assunto nestes termos, ouçamos a voz do Senhor que nos fala na acústica da própria consciência e procuremos a execução de nossos deveres sem esperar que César nos visite com exigências ou aguilhões.

O trabalho é regulamento da vida e cultivemo-lo com diligência, utilizando os recursos de que dispomos na consolidação do melhor para todos os que nos cercam.

Auxiliar aos outros é recomendação do Céu e em razão disso, auxiliemos sempre, seja amparando a um companheiro infeliz, protegendo uma fonte ameaçada pela secura ou plantando uma árvore benfeitora que amanhã falará por nós à margem do caminho.

Todos prestaremos contas à Divina Providência quanto aos bens que nos são temporariamente emprestados e, sem qualquer constrangimento da autoridade humana, exercitemos a compreensão e a bondade, a paciência e a tolerância, o otimismo e a fé, apagando os incêndios da rebelião ou da crítica onde estiverem e estimulando, em toda parte, a plantação de valores suscetíveis de estabelecer a harmonia e a prosperidade em torno de nós.

Não vale dar a César algumas moedas por ano, cobrindo-o de acusações e reprovações, todos os dias.

Doemos a Deus o que é de Deus, oferecendo o melhor de nós mesmos, em favor dos outros e, desse modo, César estará realmente habilitado a amparar-nos e a servir-nos, hoje e sempre, em nome do Senhor.

Livro Dinheiro – Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

sábado, 5 de janeiro de 2019

O MAIOR MANDAMENTO


1. Os fariseus, ao ouvirem que Jesus havia feito os saduceus se calarem, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, perguntou-Lhe para tentá-Lo: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante àquele: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas estão contidos nestes dois mandamentos. (Mateus, 22:34 a 40)
2. Fazei aos homens tudo o que gostaríeis que eles vos fizessem; pois esta é a lei e os profetas. (Mateus, 7:12)
Tratai todos os homens da mesma maneira que gostaríeis que eles vos tratassem. (Lucas, 6:31)
3. O reino dos Céus é comparável a um rei que quis pedir contas aos seus servidores. E tendo começado a fazer isso, apresentaram-lhe um, que lhe devia dez mil talentos. Mas como ele não tinha condições de pagar-lhe, seu senhor lhe ordenou que vendesse sua mulher, seus filhos e tudo o que possuía, para liquidar sua dívida. O servidor, lançando-se aos seus pés, suplicou-lhe, dizendo: Senhor, tende um pouco de paciência, pois eu vos pagarei tudo. Então o senhor desse servidor, ficando tocado de compaixão, deixou-o ir e perdoou-lhe a dívida. Mas, esse servidor, mal tendo saído, encontrando um de seus companheiros que lhe devia cem moedas, agarrou-o pelo pescoço sufocando-o e dizia: Paga-me o que me deves. E seu companheiro, atirando-se aos seus pés, suplicou-lhe dizendo: Tende um pouco de paciência que vos pagarei tudo. Mas ele não quis escutá-lo; e, indo embora, fez com que o prendessem, até que lhe pagasse o que devia.
Os outros servidores, seus companheiros, vendo o que se passava, ficaram extremamente aflitos e avisaram seu senhor de tudo o que tinha acontecido. Então o senhor, fazendo-o vir, disse-lhe: Mau servidor, perdoei tudo pelo que me devias, pois me pediste isso. Não deverias então ter tido piedade do teu companheiro como tive de ti? E seu senhor, furioso, deixou-o nas mãos dos carrascos até que pagasse tudo o que lhe devia.
É deste modo que meu Pai que está no Céu vos tratará, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão, do fundo do coração, as faltas que tiverem cometido contra vós. (Mateus, 18:23 a 35)
4. Amar o próximo como a si mesmo; fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem por nós é a expressão mais completa da caridade, pois resume todos os deveres em relação ao próximo. Não há guia mais seguro sobre isso do que ter como regra fazer aos outros o que desejamos para nós. Com que direito exigiremos de nossos semelhantes bom procedimento, indulgência, benevolência, dedicação, se não lhes damos isso? A prática destes ensinamentos morais orienta e conduz à destruição do egoísmo. Quando os homens as tomarem como regra de conduta e como base de suas instituições, entenderão a verdadeira fraternidade e farão reinar entre eles a paz e a justiça. Não haverá mais ódios nem desavenças e sim união, concórdia e benevolência mútua.

PROBLEMAS DO AMOR

"...que vosso amor cresça cada vez mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento." - Paulo FILIPENSES. 1 :9.

O amor é a força divina do Universo.
É imprescindível, porém, muita vigilância para que não a desviemos na justa aplicação.
Quando um homem se devota, de maneira absoluta, aos seus cofres perecíveis, essa energia, no coração dele, denomina-se "avareza"; quando se atormenta, de modo exclusivo, pela defesa do que possui, julgando-se o centro da vida, no lugar em que se encontra, essa mesma força converte-se nele em "egoísmo"; quando só vê motivos para louvar o que representa, o que sente e o que faz, com manifesto desrespeito pelos valores alheios, o sentimento que predomina em sua órbita chama-se "inveja".
Paulo, escrevendo a amorosa comunidade filipense, formula indicação de elevado alcance. Assegura que "o amor deve crescer, cada vez mais, no conhecimento e no discernimento, a fim de que o aprendiz possa aprovar as coisas que são excelentes" Instruamo-nos, pois. para conhecer.
Eduquemo-nos para discernir.
Cultura intelectual e aprimoramento moral são imperativos da vida, possibilitando-nos a manifestação do amor, no império da sublimação que nos aproxima de Deus.
Atendamos ao conselho apostólico e cresçamos em valores espirituais para a eternidade, porque, muitas vezes, o nosso amor é simplesmente querer e tão-somente com o "querer" é possível desfigurar, impensadamente, os mais belos quadros da vida.

Livro Fonte Viva – Chico Xavier – Espírito Emmanuel.