Lacordaire, Constantina - 186311.
Que a paz do Senhor esteja convosco, meus queridos amigos! Venho até vós para
vos encorajar a seguir o bom caminho.
Aos pobres Espíritos que, antigamente,
habitavam a Terra, Deus dá a missão de vir vos esclarecer. Bendito seja, pela
graça que nos proporciona, em poder ajudar no vosso aperfeiçoamento. Que o
Espírito Santo me ilumine e ajude a tornar minha palavra compreensível, e que
me conceda a graça de colocá-la ao alcance de todos! Todos vós encarnados, que
estais em provação e procurais a luz, que a vontade de Deus me ajude para
fazê-la resplandecer aos vossos olhos!
A humildade é uma virtude muito
esquecida entre vós; e os grandes exemplos que dela vos têm sido dados são
pouco seguidos.
Será que podeis, sem a humildade, ser
caridosos para com o vosso próximo? Não, pois a humildade iguala os homens;
mostra-lhes que são irmãos, que devem se ajudar mutuamente, e os conduz ao bem.
Sem a humildade, apenas vos enfeitais de virtudes
que não tendes, como se vestísseis uma roupa para ocultar as deformidades de
vosso corpo. Lembrai-vos d’Aquele que nos salvou. Lembrai-vos de sua humildade
que O fez tão grande e colocou-O acima de todos os profetas.
O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se
o Cristo prometeu o reino dos Céus aos mais humildes, foi porque os poderosos
da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são as recompensas dadas ao seu
mérito, e que sua origem é mais pura do que a do pobre. Acreditam que isso lhes
é devido por direito e, quando Deus as retira, acusam-no de injustiça. Ridícula
cegueira! Deus vos distingue pelo corpo? Acaso o do pobre não é igual ao do
rico? O Criador fez duas espécies de homens? Tudo o que Deus fez é grandioso e
sábio; nunca crediteis a Deus as ideias que os vossos cérebros orgulhosos
imaginam.
Rico! Enquanto tu dormes sob tetos dourados, ao
abrigo do frio, não pensas em milhares de irmãos teus, iguais a ti, estirados
na sarjeta? Não é teu irmão, teu semelhante, o infeliz que passa fome?
Sei que, com estas palavras, teu orgulho se
revolta. Concordarás em lhe dar uma esmola, mas nunca em lhe apertar
fraternalmente a mão! “O quê!” – dirás tu. “Eu, descendente de sangue nobre, poderoso
da Terra, serei igual a este miserável que se veste de trapos? Ilusória vaidade
de pretensos filósofos! Se fôssemos iguais, por que Deus o teria colocado tão
baixo e a mim tão alto?” É verdade que vossas roupas não se parecem em nada;
mas se ambos ficassem sem elas, que diferença haveria entre vós? A nobreza de
sangue, dirás tu, mas a química não encontrou diferença entre o sangue do nobre
senhor e o do plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que
também já não foste um miserável e infeliz como ele? Que não pediste esmola?
Que não a pedirás um dia àquele mesmo que desprezas hoje? Não acabam para ti as
tuas riquezas que imaginavas eternas, como o corpo envoltório perecível de teu Espírito?
Volta-te humildemente para ti mesmo! Lança, enfim, os olhos sobre a realidade
das coisas deste mundo e sobre o que faz a superioridade e a inferioridade no
outro. Pensa que a morte virá para ti como para todos, que os títulos não te
pouparão a ela; que pode te atingir amanhã, hoje, ou daqui a uma hora; e se te
fechas no teu orgulho, então eu te lastimo, pois serás digno de piedade!
Orgulhoso! Que foste tu antes de ser nobre e
poderoso? Talvez estivesses mais baixo que o último de teus criados. Curva a
fronte orgulhosa, que Deus pode rebaixar no momento em que a elevas mais alto.
Todos os homens são iguais na balança divina, apenas as virtudes os distinguem
aos olhos de Deus. Todos os Espíritos possuem a mesma origem e todos os corpos
são moldados da mesma massa, nem títulos e nem nomes os mudam em nada; eles
irão para o túmulo e não vos garantem a felicidade prometida aos eleitos. A caridade
e a humildade, sim, são títulos de nobreza.
Pobre criatura! És mãe, teus filhos sofrem. Estão
com frio e com fome, e vais, curvada sob o peso de tua cruz, humilhar-te para
lhes conseguir um pedaço de pão. Eu me inclino diante de ti. Quanto és nobremente
santa e grande aos meus olhos! Espera e ora. A felicidade ainda não é deste
mundo. Aos pobres oprimidos que confiam em Deus Ele dá o reino dos Céus.
E tu, que és moça, pobre criança devotada ao
trabalho, às voltas com privações, por que esses pensamentos tristes? Por que
chorar?
Que teu olhar se eleve, piedoso e sereno, em
direção a Deus: aos pequenos pássaros o Senhor dá o alimento. Tem confiança
n’Ele, que não te abandonará. O ruído das festas e dos prazeres do mundo faz
bater teu coração. Gostarias, também, de enfeitar tua cabeça com flores e
misturar-te aos felizes da Terra. Dizes que poderias, como essas mulheres que
vês passar, extravagantes e risonhas, ser rica também. Cala-te, criança! Se
soubesses quantas lágrimas e dores sem conta estão escondidas sob essas roupas
bordadas, quantos lamentos são abafados sob o ruído dessa orquestra alegre, preferirias
teu humilde retiro e tua pobreza. Permanece pura aos olhos de Deus se não
queres que teu anjo de guarda se retire e volte a Deus, escondendo o rosto com
suas asas brancas, e te deixe neste mundo com os teus remorsos, onde estarás
perdida e terás que aguardar a punição reparadora no outro mundo.
Todos vós que sofreis as injustiças dos homens,
sede indulgentes para com as faltas de vossos irmãos, lembrando que vós mesmos não
estais isentos de culpa; sereis assim caridosos e humildes. Se sofreis pelas
calúnias, curvai a fronte sob essa prova. Que vos importam as calúnias do
mundo? Se vossa conduta é pura, Deus não pode vos recompensar? Suportar com
coragem as humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é
grande e poderoso.
Meu Deus, será preciso que o Cristo venha uma
segunda vez à Terra para ensinar aos homens as leis que eles esqueceram? Terá ainda
de expulsar os mercadores do templo que desonram a tua casa, que deve ser
somente um lugar de oração? Quem sabe? Homens! Como outrora, o renegaríeis,
caso Deus vos concedesse essa graça, e o chamaríeis, outra vez, de maldito,
porque atacaria o orgulho dos fariseus modernos. Talvez até O fizésseis
recomeçar o caminho do Gólgota.
RESPOSTA EM
JESUS
Recorda que todos os desafios do mal devem
encontrar no campo de nossas almas a resposta em Jesus.
Para o sarcasmo a resposta é caridade em forma de silêncio.
Para a calúnia a resposta é caridade em forma de perdão.
Para o egoísmo a resposta é caridade em forma de renúncia.
Para o fanatismo a resposta é caridade em forma de tolerância.
Para a ingratidão a respostas é caridade em forma de
esquecimento.
Para a preguiça a resposta é caridade em forma de trabalho.
Para a tentação a resposta é caridade em forma de resistência.
Para a ignorância a resposta é caridade em forma de educação.
Para a violência a resposta é caridade em forma de brandura.
Para o crime a resposta é caridade em forma de socorro às vítimas da delinquência.
Para as trevas a resposta é caridade em forma de luz.
Para todos os processos de atividade inferior a
resposta é caridade em forma
de auxílio à criação do melhor.
Em qualquer problema no caminho da vida, a resposta
cristã será sempre desfazer a força do mal pela força do Bem.
Livro Perante Jesus – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.