domingo, 26 de setembro de 2021

MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA

Ferdinando, Espírito Protetor - Bordeaux, 1862

13. Não vos orgulheis do que sabeis, pois esse saber tem limites bem estreitos no mundo que habitais. Mesmo supondo que sejais uma das intelectualidades na Terra, não tendes nenhum direito de vos envaidecer por isso. Se Deus vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver vossa inteligência, foi porque Ele quis que fizésseis uso dela para o bem de todos. Esta é uma missão que Ele vos dá, ao colocar em vossas mãos o instrumento com a ajuda do qual podereis desenvolver, a vosso modo, as inteligências mais atrasadas e conduzi-las a Deus. A natureza do instrumento não indica o uso que dele se deve fazer? A enxada que o jardineiro coloca nas mãos de seu aprendiz não lhe mostra que ele deve cavar? E que diríeis se esse aprendiz, ao invés de trabalhar, levantasse sua enxada para atingir o seu mestre? Diríeis que é horrível e que ele merece ser expulso. Pois bem, assim ocorre com aquele que se serve de sua inteligência para destruir a ideia de Deus e da Providência entre seus irmãos. Ele ergue contra seu mestre a enxada que lhe foi dada para limpar o terreno. Terá assim direito ao salário prometido, ou merece, ao contrário, ser expulso do jardim? Ele o será, não há dúvida, e carregará consigo existências miseráveis e repletas de humilhações até que se curve diante d’Aquele a quem tudo deve.

A inteligência é rica de méritos para o futuro, desde que bem empregada. Se todos os homens talentosos dela se servissem conforme a vontade de Deus, a tarefa dos Espíritos seria fácil, para fazer a Humanidade avançar. Infelizmente, muitos fazem dela um instrumento de orgulho e de perdição para eles próprios. O homem abusa de sua inteligência como de todas as suas outras capacidades e, entretanto, não lhe faltam lições para adverti-lo de que uma poderosa mão pode lhe retirar aquilo que lhe deu.

ROGATIVA E COOPERAÇÃO

Rogamos a assistência e o poder de Deus, em nosso benefício, entretanto, é forçoso lembrar que Deus igualmente espera por nosso apoio e cooperação.

Deus é a sabedoria infinita.

Guardas a inteligência capaz de discernir.

Deus é paz.

Consegues, em qualquer situação, colaborar claramente na edificação da concórdia.

Deus é amor.

Podes ser, em todas as circunstâncias, uma parcela de bondade.

Deus é a luz da vida.

Seja qual seja o lance do caminho, conservas a prerrogativa de acender a chama da esperança.

***

Em Deus, todas as doenças se extinguem.

Em ti, a possibilidade de socorrer aos enfermos.

Em Deus, a força de sustentar a todos.

Em ti, os recursos de amparar alguns ou de ajudar em favor de alguém.

Em Deus, a alegria perfeita.

Em ti, o privilégio de sorrir encorajando os outros.

Em Deus, a tolerância.

Em ti, o perdão.

Deus é a providência da humanidade.

Onde estiveres, podes ser, se o desejas, a bênção e o apoio na família ou no grupo de trabalho a que pertences.

Deus pode tudo.

Cada criatura pode algo.

Sempre que nos dirijamos a Deus, pedindo auxílio, - e sempre solicitamos de Deus o auxílio máximo, - não nos esqueçamos, pelo menos, do mínimo de bem que todos nós já podemos fazer. 

Emmanuel

Livro Encontro de Paz – Espíritos Diversos – Médium Chico Xavier.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

O ORGULHO E A HUMILDADE

Lacordaire, Constantina - 1863

11. Que a paz do Senhor esteja convosco, meus queridos amigos! Venho até vós para vos encorajar a seguir o bom caminho.

Aos pobres Espíritos que, antigamente, habitavam a Terra, Deus dá a missão de vir vos esclarecer. Bendito seja, pela graça que nos proporciona, em poder ajudar no vosso aperfeiçoamento. Que o Espírito Santo me ilumine e ajude a tornar minha palavra compreensível, e que me conceda a graça de colocá-la ao alcance de todos! Todos vós encarnados, que estais em provação e procurais a luz, que a vontade de Deus me ajude para fazê-la resplandecer aos vossos olhos!

A humildade é uma virtude muito esquecida entre vós; e os grandes exemplos que dela vos têm sido dados são pouco seguidos.

Será que podeis, sem a humildade, ser caridosos para com o vosso próximo? Não, pois a humildade iguala os homens; mostra-lhes que são irmãos, que devem se ajudar mutuamente, e os conduz ao bem.

Sem a humildade, apenas vos enfeitais de virtudes que não tendes, como se vestísseis uma roupa para ocultar as deformidades de vosso corpo. Lembrai-vos d’Aquele que nos salvou. Lembrai-vos de sua humildade que O fez tão grande e colocou-O acima de todos os profetas.

O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometeu o reino dos Céus aos mais humildes, foi porque os poderosos da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são as recompensas dadas ao seu mérito, e que sua origem é mais pura do que a do pobre. Acreditam que isso lhes é devido por direito e, quando Deus as retira, acusam-no de injustiça. Ridícula cegueira! Deus vos distingue pelo corpo? Acaso o do pobre não é igual ao do rico? O Criador fez duas espécies de homens? Tudo o que Deus fez é grandioso e sábio; nunca crediteis a Deus as ideias que os vossos cérebros orgulhosos imaginam.

Rico! Enquanto tu dormes sob tetos dourados, ao abrigo do frio, não pensas em milhares de irmãos teus, iguais a ti, estirados na sarjeta? Não é teu irmão, teu semelhante, o infeliz que passa fome?

Sei que, com estas palavras, teu orgulho se revolta. Concordarás em lhe dar uma esmola, mas nunca em lhe apertar fraternalmente a mão! “O quê!” – dirás tu. “Eu, descendente de sangue nobre, poderoso da Terra, serei igual a este miserável que se veste de trapos? Ilusória vaidade de pretensos filósofos! Se fôssemos iguais, por que Deus o teria colocado tão baixo e a mim tão alto?” É verdade que vossas roupas não se parecem em nada; mas se ambos ficassem sem elas, que diferença haveria entre vós? A nobreza de sangue, dirás tu, mas a química não encontrou diferença entre o sangue do nobre senhor e o do plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que também já não foste um miserável e infeliz como ele? Que não pediste esmola? Que não a pedirás um dia àquele mesmo que desprezas hoje? Não acabam para ti as tuas riquezas que imaginavas eternas, como o corpo envoltório perecível de teu Espírito? Volta-te humildemente para ti mesmo! Lança, enfim, os olhos sobre a realidade das coisas deste mundo e sobre o que faz a superioridade e a inferioridade no outro. Pensa que a morte virá para ti como para todos, que os títulos não te pouparão a ela; que pode te atingir amanhã, hoje, ou daqui a uma hora; e se te fechas no teu orgulho, então eu te lastimo, pois serás digno de piedade!

Orgulhoso! Que foste tu antes de ser nobre e poderoso? Talvez estivesses mais baixo que o último de teus criados. Curva a fronte orgulhosa, que Deus pode rebaixar no momento em que a elevas mais alto. Todos os homens são iguais na balança divina, apenas as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. Todos os Espíritos possuem a mesma origem e todos os corpos são moldados da mesma massa, nem títulos e nem nomes os mudam em nada; eles irão para o túmulo e não vos garantem a felicidade prometida aos eleitos. A caridade e a humildade, sim, são títulos de nobreza.

Pobre criatura! És mãe, teus filhos sofrem. Estão com frio e com fome, e vais, curvada sob o peso de tua cruz, humilhar-te para lhes conseguir um pedaço de pão. Eu me inclino diante de ti. Quanto és nobremente santa e grande aos meus olhos! Espera e ora. A felicidade ainda não é deste mundo. Aos pobres oprimidos que confiam em Deus Ele dá o reino dos Céus.

E tu, que és moça, pobre criança devotada ao trabalho, às voltas com privações, por que esses pensamentos tristes? Por que chorar?

Que teu olhar se eleve, piedoso e sereno, em direção a Deus: aos pequenos pássaros o Senhor dá o alimento. Tem confiança n’Ele, que não te abandonará. O ruído das festas e dos prazeres do mundo faz bater teu coração. Gostarias, também, de enfeitar tua cabeça com flores e misturar-te aos felizes da Terra. Dizes que poderias, como essas mulheres que vês passar, extravagantes e risonhas, ser rica também. Cala-te, criança! Se soubesses quantas lágrimas e dores sem conta estão escondidas sob essas roupas bordadas, quantos lamentos são abafados sob o ruído dessa orquestra alegre, preferirias teu humilde retiro e tua pobreza. Permanece pura aos olhos de Deus se não queres que teu anjo de guarda se retire e volte a Deus, escondendo o rosto com suas asas brancas, e te deixe neste mundo com os teus remorsos, onde estarás perdida e terás que aguardar a punição reparadora no outro mundo.

Todos vós que sofreis as injustiças dos homens, sede indulgentes para com as faltas de vossos irmãos, lembrando que vós mesmos não estais isentos de culpa; sereis assim caridosos e humildes. Se sofreis pelas calúnias, curvai a fronte sob essa prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se vossa conduta é pura, Deus não pode vos recompensar? Suportar com coragem as humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.

Meu Deus, será preciso que o Cristo venha uma segunda vez à Terra para ensinar aos homens as leis que eles esqueceram? Terá ainda de expulsar os mercadores do templo que desonram a tua casa, que deve ser somente um lugar de oração? Quem sabe? Homens! Como outrora, o renegaríeis, caso Deus vos concedesse essa graça, e o chamaríeis, outra vez, de maldito, porque atacaria o orgulho dos fariseus modernos. Talvez até O fizésseis recomeçar o caminho do Gólgota.

RESPOSTA EM JESUS

Recorda que todos os desafios do mal devem encontrar no campo de nossas almas a resposta em Jesus.

Para o sarcasmo a resposta é caridade em forma de silêncio.

Para a calúnia a resposta é caridade em forma de perdão.

Para o egoísmo a resposta é caridade em forma de renúncia.

Para o fanatismo a resposta é caridade em forma de tolerância.

Para a ingratidão a respostas é caridade em forma de esquecimento.

Para a preguiça a resposta é caridade em forma de trabalho.

Para a tentação a resposta é caridade em forma de resistência.

Para a ignorância a resposta é caridade em forma de educação.

Para a violência a resposta é caridade em forma de brandura.

Para o crime a resposta é caridade em forma de socorro às vítimas da delinquência.

Para as trevas a resposta é caridade em forma de luz.

Para todos os processos de atividade inferior a resposta é caridade em forma de auxílio à criação do melhor.

Em qualquer problema no caminho da vida, a resposta cristã será sempre desfazer a força do mal pela força do Bem.


Livro Perante Jesus – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 12 de setembro de 2021

MISTÉRIOS OCULTOS AOS SÁBIOS E AOS PRUDENTES

7. Então Jesus disse estas palavras: Eu vos rendo glória, meu Pai, Senhor do Céu e da Terra, por haverdes ocultado essas coisas aos sábios e aos prudentes e por as haver revelado aos simples e aos pequeninos. (Mateus, 11:25)

8. Pode parecer estranho que Jesus renda graças a Deus por ter revelado estas coisas aos humildes, aos simples e aos pequeninos, que são os pobres de espírito, e de tê-las ocultado aos sábios e aos prudentes, mais capazes, aparentemente, de compreendê-las. É preciso entender pelos primeiros, os humildes, os que se humilham diante de Deus e não acreditam ser superiores a ninguém, e pelos segundos, os orgulhosos, envaidecidos de seu saber mundano, que se acreditam prudentes, pois negam a Deus, tratando-O de igual para igual, quando não O rejeitam. Na antiguidade, prudente era sinônimo de empáfia, dono da verdade. É por isso que Deus lhes deixa à procura dos segredos da Terra e revela os do Céu aos simples e humildes que se inclinam diante da Sua glória.

9. Assim acontece agora com as grandes verdades reveladas pelo Espiritismo. Alguns incrédulos admiram-se que os Espíritos façam tão poucos esforços para os convencer. É que eles se ocupam dos que buscam a luz com humildade e de boa-fé, ao invés daqueles que acreditam possuir toda a verdade e pensam que Deus deveria primeiro provar-lhes que existe, para poderem aceitá-Lo, e ficar muito feliz em conduzi-los a Si.

O poder de Deus manifesta-se nas pequenas como nas grandes coisas. Ele não coloca a luz sob o alqueire, uma vez que a espalha com abundância por todas as partes; cegos são aqueles que não a veem. Deus não quer lhes abrir os olhos à força, uma vez que lhes convém mantê-los fechados. Sua vez chegará, mas primeiro é preciso que sintam as angústias das trevas e reconheçam a Deus, e não o acaso, na mão que atinge seu orgulho. Deus emprega, para vencer a incredulidade, os meios que julga conveniente, conforme os indivíduos. Não é o incrédulo que deve determinar a Deus o que fazer, ou o que dizer: “Se quiserdes me convencer, é preciso escolher esta ou aquela maneira, tal momento antes daquele outro, porque isto é o que me convém.”

Que os incrédulos não se espantem, portanto, se Deus e os Espíritos, que são os agentes de sua vontade, não se submetem às suas exigências. O que diriam se o mais simples de seus servidores quisesse se impor a eles? Deus impõe suas condições, e não se sujeita às deles. Ele ouve com bondade aqueles que O procuram com humildade, e não os que se acreditam maiores do que Ele.

10. Não poderia Deus mostrar-lhes pessoalmente fatos sobrenaturais na presença dos quais o incrédulo mais endurecido se convenceria? Sem dúvida, poderia; mas que mérito teriam eles e, aliás, de que isto serviria? Não os vemos, todos os dias, negarem-se à evidência e até mesmo dizerem: “Se eu visse, não acreditaria, pois sei que é impossível!” Se eles se recusam a reconhecer a verdade, é que seu Espírito ainda não está pronto para entendê-la, nem seu coração para senti-la. O orgulho é o véu que tampa sua visão. De que adianta mostrar a luz a um cego? É preciso, em primeiro lugar, curar a causa da cegueira, e, como médico hábil, Deus corrige, primeiramente, o orgulho. Não abandona seus filhos perdidos; sabe que cedo ou tarde seus olhos se abrirão, mas quer que isso aconteça por vontade própria e, então, vencidos pelas aflições da incredulidade, se lançarão por si mesmos em seus braços e, como filhos pródigos, Lhe pedirão perdão!

SIRVAMOS

“Servindo de boa-vontade, como sendo ao Senhor, e não aos homens.” – Paulo. (Efésios, 6:7.)

Se legislas, mas não aplicas a Lei segundo os desígnios do Senhor, que considera as necessidades de todos, caminhas entre perigosos abismos, cavados por tuas criações indébitas, sem recolheres os benefícios de tua gloriosa missão na ordem coletiva.

Se administras, mas não observas os interesses do Senhor, na estrada em que te movimentas na posição de mordomo da vida, sofres a ameaça de soterrar o coração em caprichos escuros, sem desfrutares as bênçãos da função que exerces no ministério público.

Se julgas os semelhantes e não te inspiras no Senhor, que conhece todas as particularidades e circunstâncias dos processos em trânsito nos tribunais, vives na probabilidade de cair, espetacularmente, na mesma senda a que se acolhem quantos precipitadamente aprecies, sem retirares, para teu proveito, os dons da sabedoria que a Justiça conserva em tua inteligência.

Se trabalhas na cor ou no mármore, no verbo ou na melodia, sem traduzires em tuas obras a correção, o amor e a luz do Senhor, guardas a tremenda responsabilidade de quem estabelece imagens delituosas para consumo da mente popular, perdendo, em vão, a glória que te enriquece os sentimentos.

Se foste chamado à obediência, na estruturação de utilidades para o mundo, sem o espírito de compreensão com o Senhor, que ajudou as criaturas, amando-as até o sacrifício pessoal, vives entre os fantasmas da indisciplina e do desânimo, sem fixares em ti mesmo a claridade divina do talento que repousa em tuas mãos.

Amigo, a passagem pela Terra é aprendizado sublime.

O trabalho é sempre o instrutor do aperfeiçoamento.

Sirvamos sem prender-nos.

Em todos os lugares do vale humano, há recursos de ação e aprimoramento para quem deseja seguir adiante. Sirvamos, em qualquer parte, de boa-vontade, como sendo ao Senhor e não às criaturas, e o Senhor nos conduzirá para os cimos da vida.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 5 de setembro de 2021

TODO AQUELE QUE SE ELEVA SERÁ REBAIXADO

3. Naquela hora, chegaram-se a Jesus seus discípulos, dizendo: Quem é o maior no reino dos Céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, e disse: Na verdade vos digo que, se não vos fizerdes como meninos, não entrareis no reino dos Céus. Todo aquele, pois, que se humilhar e se fizer pequeno como este menino, será o maior no reino dos Céus. E o que receber em meu nome um menino como este, a mim é que recebe. (Mateus, 18:1 a 5)

4. Então se chegou a Ele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o e pedindo-Lhe alguma coisa. Ele lhe disse: Que queres tu? Respondeu ela: Dize que estes meus dois filhos se assentarão no teu reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. E respondendo Jesus disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber? Disseram-Lhe eles: Podemos. Jesus disse: É verdade que haveis de beber o meu cálice; mas, pelo que toca a terdes assento à minha direita ou à minha esquerda, não pertence a mim conceder-vos, mas isso é para aqueles a quem meu Pai o tem preparado. E quando os dez ouviram isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Mas Jesus os chamou a si e lhes disse: Sabeis que os príncipes das nações dominam os seus vassalos e que os maiores exercem sobre eles o seu poder. Não será assim entre vós. Aquele que quiser ser o maior, esse seja o vosso servidor, e o que entre vós quiser ser o primeiro, seja o vosso escravo. Assim como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em redenção de muitos. (Mateus, 20:20 a 28)

5. E aconteceu que, entrando Jesus, num sábado, em casa de um dos principais fariseus, a tomar a sua refeição, ainda eles o estavam ali observando. E notando como os convidados escolhiam os primeiros assentos à mesa, propôs-lhes esta parábola: Quando fores convidado a alguma boda, não te assentes no primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa, mais considerada que tu, convidada pelo dono da casa, e que, vindo este, que convidou a ti e a ele, te diga: Dá o teu lugar a este; e tu, envergonhado, irás buscar o último lugar. Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Servir-te-á isto então de glória, na presença dos que estiverem juntamente sentados à mesa.

Porque todo aquele que se rebaixa será elevado, e todo aquele que se eleva será rebaixado. (Lucas, 14:1, 7 a 11)

6. Estes ensinamentos estão de acordo com o princípio de humildade, que Jesus não cessa de colocar como condição essencial da felicidade prometida aos eleitos do Senhor, e que formulou com estas palavras: Bem-aventurados os pobres de espírito, pois é deles o reino dos Céus. Ele toma uma criança como exemplo da simplicidade de coração e diz: Será maior no reino dos Céus aquele que se humilhar e se fizer pequeno como uma criança; ou seja, que não tiver nenhuma pretensão de superioridade ou de ser infalível.

O mesmo pensamento fundamental se encontra neste outro ensinamento: Que aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servidor, e também neste: Todo aquele que se rebaixa será elevado, e todo aquele que se eleva será rebaixado.

O Espiritismo vem confirmar os ensinamentos exemplificando-os e mostrando-nos que os grandes no mundo dos Espíritos são os que foram pequenos na Terra, e frequentemente são bem pequenos lá aqueles que foram os maiores e os mais poderosos na Terra. É que os primeiros levaram, ao morrer, aquilo que faz unicamente a verdadeira grandeza no Céu e não se perde: as virtudes; enquanto os outros tiveram que deixar o que fazia sua grandeza na Terra e que não se leva: a riqueza, os títulos, a glória, a nobreza. Não tendo nenhuma outra coisa, chegam ao outro mundo sem nada, como náufragos infelizes, que perderam tudo, até mesmo suas roupas. Conservaram apenas o orgulho que torna sua nova posição ainda mais humilhante, pois veem acima deles, resplandecentes de glória, aqueles que humilharam na Terra.

O Espiritismo nos mostra uma outra aplicação deste princípio: o das encarnações sucessivas, nas quais aqueles que foram mais elevados em uma existência terrena são rebaixados à última categoria na existência seguinte, caso tenham sido dominados pelo orgulho e pela ambição. Não procureis o primeiro lugar na Terra, nem vos coloqueis acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer.

Procurai, ao contrário, o mais humilde e o mais modesto, pois Deus saberá vos dar um lugar mais elevado no Céu, se o merecerdes.

APRENDAMOS COM JESUS

“Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa; assim como o Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.” – Paulo. (Colossenses, 3:13.)

É impossível qualquer ação de conjunto, sem base na tolerância.

Aprendamos com o Cristo.

O Homem identifica no próprio corpo a lei da cooperação, sem a qual não permaneceria na Terra.

Se o estômago não suportasse as extravagâncias da boca, se as mãos não obedecessem aos impulsos da mente, se os pés não tolerassem o peso da máquina orgânica, a harmonia física resultaria de todo impraticável.

A queixa desfigura a dignidade do trabalho, retardando-lhe a execução.

Indispensável cultivar a renúncia aos pequenos desejos que nos são peculiares, a fim de conquistarmos a capacidade de sacrifício, que nos estruturará a sublimação em mais altos níveis.

Para que o trabalho nos eleve, precisamos elevá-lo.

Para que a tarefa nos ajude, é imprescindível nos disponhamos a ajudá-la.

Recordemos que o supremo orientador das equipes de serviço cristão é sempre Jesus. Dentro delas, a nossa oportunidade de algo fazer constitui só por si valioso prêmio.

Esqueçamo-nos, assim, de todo o mal, para construirmos todo o bem ao nosso alcance.

E, para que possamos agir nessas normas, é imperioso suportar-nos como irmãos, aprendendo com o Senhor, que nos tem tolerado infinitamente.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.