domingo, 28 de novembro de 2021

OBEDIÊNCIA E RESIGNAÇÃO

Lázaro - Paris, 1863

8. A doutrina de Jesus ensina sempre a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras muito ativas da doçura, embora os homens erroneamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. Ambas são forças ativas, pois carregam o fardo das provas que a revolta insensata não suporta. O covarde não é uma criatura resignada, assim como o orgulhoso e o egoísta não são obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes desprezadas pela antiguidade materialista. Veio no momento em que a sociedade romana agonizava, destruída pela corrupção. Veio fazer resplandecer, no seio da Humanidade moralmente enfraquecida, os triunfos do sacrifício e da renúncia carnal.

Cada época é assim marcada com a característica da virtude ou do vício que a devem salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral. Digo que é apenas atividade, pois o homem de gênio se eleva de repente e descobre sozinho os horizontes que a multidão só verá muito depois dele, enquanto a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um objetivo menos brilhante, mas que comprova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos ao impulso que viemos dar aos vossos Espíritos. Obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Infeliz do Espírito preguiçoso, daquele que fecha seu entendimento! Infeliz! Pois nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, o atingiremos com o chicote e forçaremos sua vontade rebelde com a dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa deverá ceder, cedo ou tarde. Mas, bem-aventurados aqueles que são mansos, pois receberão com doçura os ensinamentos.

OBEDIÊNCIA CONSTRUTIVA

"E assim vos rogo eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados."

Paulo. (EFÉSIOS, 4:1.)

Na leitura do Evangelho, é necessário fixar o pensamento nas lições divinas, para que lhes sorvamos o conteúdo de sabedoria.

No versículo sob nossa atenção, reparamos em Paulo de Tarso o exemplo da suprema humildade, perante os desígnios da Providência.

Escrevendo aos Efésios, declara-se o apóstolo prisioneiro do Senhor.

Aquele homem sábio e vigoroso, que se rendera a Jesus, incondicionalmente, às portas de Damasco, revela à comunidade cristã a sublime qualidade de sua fé.

Não se afirma detento dos romanos, nem comenta a situação que resultava da intriga judaica. Não nomeia os algozes, nem se refere às sentinelas que o acompanham de perto.

Não examina serviços prestados.

Não relaciona lamentações.

Compreendendo que permanece a serviço do Cristo e cônscio dos deveres sagrados que lhe competem, dá-se por prisioneiro da Ordem Celestial e continua tranquilamente a própria missão.

Simples frase demonstra-lhe a elevada concepção de obediência.

Anotando-lhe a nobre atitude, conviria lembrar a nossa necessidade de conferir primazia à vontade de Jesus, em nossas experiências.

Quando predominarem, nos quadros da evolução terrestre, os discípulos que se sentem administradores do Senhor, operários do Senhor e cooperadores do Senhor, a Terra alcançará expressiva posição no seio das esferas.

Imitando o exemplo de Paulo, sejamos fiéis servidores do Cristo, em toda parte.

Somente assim, abandonaremos a caverna da impulsividade primitiva, colocando-nos a caminho do mundo melhor.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

domingo, 21 de novembro de 2021

A PACIÊNCIA

Um Espírito Amigo - Havre, 1862

7. A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos. Não vos atormenteis, portanto, quando sofrerdes, mas, ao contrário, bendizei a Deus Todo-Poderoso que vos marcou pela dor neste mundo, para a glória no Céu.

Sede pacientes. A paciência é também caridade e deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade da esmola dada aos pobres é a mais fácil delas. No entanto, há uma bem mais difícil, e consequentemente bem mais louvável, que é perdoar aqueles que Deus colocou em nosso caminho para nos servirem de teste em nossos sofrimentos e colocar nossa paciência à prova.

Sei que a vida é difícil; ela se compõe de mil coisinhas que são como alfinetadas que acabam por ferir, mas é preciso observar os deveres que nos são impostos, as consolações e as compensações que temos em contrapartida. Então, reconheceremos que as bênçãos são mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado quando olhamos para o alto do que quando curvamos a fronte para a terra.

Coragem, amigos! O Cristo é o vosso modelo; sofreu mais do que qualquer um de vós e não tinha nada de que pudesse ser acusado, enquanto vós tendes vosso passado a expiar e tendes de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes; sede cristãos, esta palavra resume tudo.

ESPERAR E ALCANÇAR 

“E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.”

Paulo. (Hebreus, 6:15.)

A esperança de atingir a paz divina, com felicidade inalterável, vibra em todas as criaturas.

O anseio dos patriarcas da antiguidade é análogo ao dos homens modernos.

O lar coroado de bênçãos.

O dever bem cumprido.

A consciência edificada.

O ideal superior convenientemente atendido.

O trabalho vitorioso.

A colheita feliz.

As aspirações da alma são sempre as mesmas em toda parte.

Contudo, esperar significa persistir sem cansaço, e alcançar significa triunfar definitivamente.

Entre o objetivo e a meta, faz-se imperativo o esforço constante e inadiável.

Esperança não é inação.

E paciência traduz obstinação pacífica na obra que nos propomos realizar.

Se pretendes materializar os teus propósitos com o Cristo, guarda a fórmula da paciência como a única porta aberta para a vitória.

Há sofrimento em teus sonhos torturados? Incompreensão de muitos em derredor de teus desejos? A ingratidão e a dor te visitam o espírito?

Não chores perdendo os minutos, nem maldigas a dificuldade.

Aguarda as surpresas do tempo, agindo sem precipitação.

Se cada noite é nova sombra, cada dia é nova luz.

Lembra-te de que nem todas as águas se acham no mesmo nível e nem todas as árvores são iguais no tamanho, no crescimento ou na espécie.

Recorda as palavras do apóstolo dos gentios. Esperando com paciência, alcançaremos a promessa.

Não te esqueças de que o êxito seguro não é de quem o assalta, mas sim daquele que sabe agir, perseverar e esperar por Ele.                                                      

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 14 de novembro de 2021

A AFABILIDADE E A DOÇURA

Lázaro - Paris, 1861

6. A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são as formas de sua manifestação. Entretanto, nem sempre se deve confiar nas aparências; a educação e a vivência do mundo podem dar o verniz dessas qualidades.

Quantos há cuja fingida bondade nada mais é do que uma máscara para o exterior, uma roupagem, cuja aparência bem talhada e calculada disfarça as deformidades escondidas! O mundo está repleto de pessoas que têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são mansas sob a condição de nada lhes machucar, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua dourada, quando falam face a face, se transforma em dardo envenenado, quando estão por detrás.

A essa classe pertencem ainda aqueles homens benignos por fora e que, tiranos domésticos, fazem sua família e seus subordinados sofrer com o peso de seu orgulho e de sua tirania, querendo compensar assim o constrangimento a que se submetem fora de casa. Não ousando agir autoritariamente com estranhos, que os recolocariam no seu lugar, querem pelo menos ser temidos pelos que não podem resistir-lhes. Sua vaidade alegra-se por poderem dizer: “Aqui, eu mando e sou obedecido”; sem se lembrar de que poderiam acrescentar com mais razão: “E sou detestado”.

Não basta que os lábios falem leite e mel; se o coração nada tem a ver com isso, trata-se de hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se contradiz. É o mesmo, sempre, diante do mundo e na intimidade. Ele sabe, aliás, que pode enganar os homens pelas aparências, mas não pode enganar a Deus.

NA OBRA REGENERATIVA

 "Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa

vós, que sois espirituais, orientai-o com espírito de mansidão,

velando por vós mesmos para que não sejais igualmente tentados."

Paulo. (GÁLATAS, 6:1.)

Se tentamos orientar o irmão perdido nos cipoais do erro, com aguilhões de cólera, nada mais fazemos que lhe despertar a ira contra nós mesmos.

Se lhe impusermos golpes, revidará com outros tantos.

Se lhe destacamos as falhas, poderá salientar os nossos gestos menos felizes.

Se opinamos para que sofra o mesmo mal com que feriu a outrem, apenas aumentamos a percentagem do mal, em derredor de nós.

Se lhe aplaudimos a conduta errônea, aprovamos o crime.

Se permanecemos indiferentes, sustentamos a perturbação.

Mas se tratarmos o erro do semelhante, como quem cogita de afastar a enfermidade de um amigo doente, estamos, na realidade, concretizando a obra regenerativa.

Nas horas difíceis, em que vemos um companheiro despenhar-se nas sombras interiores, não olvidemos que, para auxiliá-lo, é tão desaconselhável a condenação, quanto o elogio.

Se não é justo atirar petróleo às chamas, com o propósito de apagar a fogueira, ninguém cura chagas com a projeção de perfume.

Sejamos humanos, antes de tudo.

Abeiremo-nos do companheiro infeliz, com os valores da compreensão e da fraternidade.

Ninguém perderá, exercendo o respeito que devemos a todas as criaturas e a todas as coisas.

Situemo-nos na posição do acusado e reflitamos se, nas condições dele, teríamos resistido às sugestões do mal. Relacionemos as nossas vantagens e os prejuízos do próximo, com imparcialidade e boa intenção.

Toda vez que assim procedermos, o quadro se modifica nos mínimos aspectos.

De outro modo será sempre fácil zurzir e condenar, para cairmos, com certeza, nos mesmos delitos, quando formos, por nossa vez, visitados pela tentação.                                                 

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

sábado, 6 de novembro de 2021

INJÚRIAS E VIOLÊNCIAS

1. Bem-aventurados aqueles que são mansos, porque possuirão a Terra. (Mateus, 5:4)

2. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus, 5:9)

3. Aprendestes o que foi dito aos antigos: Não matarás; todo aquele que matar merecerá ser condenado pelo julgamento. Porém, eu vos digo que aquele que se encolerizar contra seu irmão merecerá ser condenado pelo julgamento; que aquele que disser a seu irmão: "racca", merecerá ser condenado pelo conselho. E que aquele que lhe disser: "és louco", merecerá ser condenado ao fogo do inferno. (Mateus, 5:21 e 22)

4. Por estes ensinamentos morais, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansidão, a afabilidade e a paciência.

Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até mesmo qualquer expressão descortês para com os nossos semelhantes.

Racca era, entre os hebreus, um termo de desprezo que significava homem de má conduta e era pronunciado cuspindo-se e virando-se o rosto. Ele vai ainda mais longe, visto que ameaça lançar ao fogo do inferno aquele que disser a seu irmão: És louco.

É evidente que, nesta como em qualquer situação, a intenção agrava ou atenua a falta. Mas, por que uma simples palavra pode ser tão grave e suficiente para merecer uma reprovação tão severa? É que toda palavra que ofenda é a expressão de um sentimento contrário à lei de amor e de caridade, que deve estabelecer as relações entre os homens e manter entre eles a concórdia e a união; que é um insulto à benevolência recíproca e à fraternidade; que alimenta o ódio e o rancor; enfim, que, depois da humildade perante Deus, a caridade para com o próximo é a primeira lei de todo cristão.

5. Mas como entender o significado destas palavras: Bem-aventurados aqueles que são mansos, porque possuirão a Terra, se Jesus havia recomendado renunciar aos bens desse mundo e prometia os do Céu?

O homem, enquanto aguarda os bens do Céu, tem necessidade dos da Terra para viver. O que Jesus recomenda é que não se dê aos bens da Terra mais importância do que aos do Céu.

Por estas palavras, Jesus quis dizer que, até agora, os bens da Terra foram um privilégio exclusivo dos quais os violentos se apossaram, em prejuízo daqueles que são mansos e pacíficos; que frequentemente estes não têm o necessário, enquanto os outros têm em excesso. Promete Jesus que a justiça lhes será feita assim na Terra como no Céu; porque eles serão chamados filhos de Deus. Quando a lei do amor e da caridade for a lei da Humanidade, não havendo mais egoísmo, o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem esmagados pelo forte e pelo violento. Assim será a Terra, quando, de acordo com a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela se tornar um mundo feliz em razão do afastamento dos maus.

Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 9, itens 1 a 5.

O HOMEM COM JESUS

“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.”

Paulo (Filipenses, Cap. 4, Vers. 4.)

Com Jesus, ergue-se o Homem Da treva à luz...

Da inércia ao serviço...

Da ignorância à sabedoria...

Do instinto à razão...

Da força ao direito...

Do egoísmo à fraternidade...

Da tirania à compaixão...

Da violência ao entendimento...

Do ódio ao amor...

Da posse mentirosa à procura dos bens imperecíveis...

Da conquista sanguinolenta à renúncia edificante...

Da extorsão à justiça...

Da dureza à piedade...

Da palavra vazia ao verbo criador...

Da monstruosidade à beleza...

Do vício à virtude...

Do desequilíbrio à harmonia...

Da aflição ao contentamento...

Do pântano ao monte...

Do lodo à glória...

Homem, meu irmão, regozijemo-nos em plena luta redentora!

Que píncaros de angelitude poderemos alcançar se nos consagrarmos realmente ao Divino Amigo que desceu e se humilhou por nós?                                                 

Livro Pão Nosso – Emmanuel – Médium Chico Xavier.