domingo, 27 de novembro de 2022

PARÁBOLA DO SEMEADOR

5. Nesse mesmo dia, Jesus, ao sair de casa, sentou-se à beira do mar; reuniu-se ao seu redor uma grande multidão de pessoas; foi por isso que subiu numa barca e todo o povo ficou em pé na margem; e Ele lhes disse, então, muitas coisas em parábolas:

Saiu aquele que semeia a semear; e enquanto semeava, caiu ao longo do caminho um pouco de semente, e os pássaros do céu vieram e comeram-na.

Uma outra quantidade caiu nas pedras, onde não havia muita terra; e logo germinou, pois a terra onde estava não era muito profunda. Mas queimou-se com o sol, pois tinha acabado de nascer; e, como não tinha raízes, secou.

Outra igualmente caiu nos espinhos, e os espinhos cresceram e afogaram-na.

Uma outra, enfim, caiu na boa terra que dava frutos, havendo grãos que rendiam cem por um, outros sessenta e outros trinta.

Que ouça aquele que tem ouvidos para ouvir. (Mateus, 13:1 a 9)

Escutai, pois, vós outros, a parábola do semeador.

Todo aquele que ouve a palavra do reino e não presta a menor atenção, surge o Espírito mau e arrebata o que se havia semeado em seu coração; este é aquele que recebeu a semente ao longo da estrada.

Aquele que recebeu a semente junto às pedras, é o que ouve a palavra e que a recebe na mesma hora com alegria; mas não tem raízes em si, e isso dura pouco tempo; e quando lhe sobrevêm tribulações e perseguições por causa da palavra, logo se escandaliza.

Aquele que recebeu a semente entre os espinhos, é o que ouve a palavra; mas, em seguida, as solicitudes deste século e a ilusão das riquezas sufocam nele essa palavra e a tornam infrutífera.

Mas aquele que recebeu a semente em uma boa terra, é aquele que ouve a palavra, que lhe dá atenção e ela frutifica, e rende cem ou sessenta, ou trinta por um. (Mateus, 13:18 a 23)

6. A parábola do semeador representa perfeitamente as várias faces que existem na maneira de se pôr em prática os ensinamentos do Evangelho. Quantas pessoas há, de fato, para as quais os ensinamentos não passam de letra morta e, semelhantes às sementes caídas sobre as pedras, nada produzem, nada frutificam!

A parábola encontra aplicação igualmente justa nas diferentes categorias de espíritas. Não é o símbolo daqueles que apenas se apegam aos fenômenos materiais, e deles não tiram nenhuma consequência? Que apenas os veem como objeto de curiosidade? Não simboliza os que procuram o lado brilhante nas comunicações dos Espíritos, interessando-se somente enquanto lhes satisfazem a imaginação, mas que, após ouvi-las, continuam frios e indiferentes como antes? Daqueles que acham os conselhos muito bons e os admiram, aplicados a outrem e não a si mesmos? E, finalmente, daqueles para quem os ensinamentos são como a semente que caiu em terra boa e produz frutos?

SEMEADORES

“Eis que o semeador saiu a semear.” – Jesus. (Mateus, 13:3.)

Todo ensinamento do Divino Mestre é profundo e sublime na menor expressão. Quando se dispõe a contar a parábola do semeador, começa com ensinamento de inestimável importância que vale relembrar.

Não nos fala que o semeador deva agir, através do contrato com terceiras pessoas, e sim que ele mesmo saiu a semear.

Transferindo a imagem para o solo do espírito, em que tantos imperativos de renovação convidam os obreiros da boa-vontade à santificante lavoura da elevação, somos levados a reconhecer que o servidor do Evangelho é compelido a sair de si próprio, a fim de beneficiar corações alheios.

É necessário desintegrar o velho cárcere do “ponto de vista” para nos devotarmos ao serviço do próximo.

Aprendendo a ciência de nos retirarmos da escura cadeia do “eu”, excursionaremos através do grande continente denominado “interesse geral”. E, na infinita extensão dele, encontraremos a “terra das almas”, sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir a benefício de todos.

Foi nesse roteiro que o Divino Semeador pautou o ministério da luz, iniciando a celeste missão do auxílio entre humildes tratadores de animais e continuando-a através dos amigos de Nazaré e dos doutores de Jerusalém, dos fariseus palavrosos e dos pescadores simples, dos justos e dos injustos, ricos e pobres, doentes do corpo e da alma, velhos e jovens, mulheres e crianças.

Segundo observamos, o semeador do Céu ausentou-se da grandeza a que se acolhe e veio até nós, espalhando as claridades da Revelação e aumentando-nos a visão e o discernimento.

Humilhou-se para que nos exaltássemos e confundiu-se com a sombra a fim de que a nossa luz pudesse brilhar, embora lhe fosse fácil fazer-se substituído por milhões de mensageiros, se desejasse.

Afastemo-nos, pois, das nossas inibições e aprendamos com o Cristo a “sair para semear”.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 13 de novembro de 2022

O HOMEM DE BEM

3. O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Questiona sua consciência sobre seus próprios atos, perguntará se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se negligenciou voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem queixa dele, enfim, se fez aos outros tudo o que gostaria que lhe fizessem.

Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria divina. Sabe que nada acontece sem a sua permissão e submete-se, em todas as coisas, à sua vontade.

Tem fé no futuro; por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

Sabe que todas as alternativas da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações, e as aceita sem lamentações.

O homem de bem que tem o sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar retorno, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sempre sacrifica seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas alegrias que proporciona aos seus semelhantes, nas lágrimas que seca, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros antes de si, acudir aos interesses dos outros antes de procurar os seus. O egoísta, ao contrário, calcula os ganhos e as perdas de toda ação generosa.

É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, pois vê irmãos em todos os homens.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não amaldiçoa quem não pensa como ele.

Em todos os momentos, a caridade é o seu guia; tendo como certo que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, que agride os sentimentos de alguém com seu orgulho e seu desdém, que não recua perante a ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando poderia evitá-la, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não tem nem ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e apenas se recorda dos benefícios, pois sabe que será perdoado conforme perdoou.

É indulgente para com as fraquezas dos outros, porque sabe que ele mesmo precisa de indulgência, e se recorda das palavras do Cristo: Que aquele que estiver sem pecado lhe atire a primeira pedra.

Não se satisfaz em procurar defeitos nos outros, nem colocá-los em evidência. Se a necessidade o obriga a fazer isso, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha sem cessar para combatê-las. Emprega todos os seus esforços para poder dizer no dia seguinte que há nele algo de melhor do que no dia anterior.

Não se exalta a si mesmo nem seus talentos à custa de outrem, ao contrário, aproveita todas as ocasiões para ressaltar as qualidades dos outros.

Não se envaidece de sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, pois sabe que tudo o que lhe foi dado pode ser retirado.

Usa, sem exagero, dos bens que lhe são concedidos, pois sabe que se trata de um depósito do qual deverá prestar contas, e que o emprego, que resultaria mais prejudicial para si mesmo, seria o de fazê-los servir à satisfação de suas paixões.

Se, na ordem social, alguns homens estão sob seu mando, dependem dele, trata-os com bondade e benevolência, pois são seus semelhantes perante Deus; usa da sua autoridade para erguer-lhes o moral, e não para esmagá-los com seu orgulho; evita tudo o que poderia dificultar-lhes a posição subalterna.

O subordinado, por sua vez, compreende os deveres de sua posição e se empenha em cumpri-los conscientemente. (Veja Cap. 17:9.)

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que as leis da Natureza dão aos seus semelhantes, como gosta que os seus sejam respeitados.

Esta não é a relação completa de todas as qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las está no caminho que conduz a todas as outras.

ADMINISTRAÇÃO

“Dá conta de tua administração.” – Jesus. (Lucas, 16:2.)

Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura humana detém possibilidades enormes no plano em que moureja.

Mordomo do mundo não é somente aquele que encanece os cabelos, à frente dos interesses coletivos, nas empresas públicas ou particulares, combatendo tricas mil, a fim de cumprir a missão a que se dedica.

Cada inteligência da Terra dará conta dos recursos que lhe foram confiados.

A fortuna e a autoridade não são valores únicos de que devemos dar conta hoje e amanhã.

O corpo é um templo sagrado.

A saúde física é um tesouro.

A oportunidade de trabalhar é uma bênção.

A possibilidade de servir é um obséquio divino.

O ensejo de aprender é uma porta libertadora.

O tempo é um patrimônio inestimável.

O lar é uma dádiva do Céu.

O amigo é um benfeitor.

A experiência benéfica é uma grande conquista. A ocasião de viver em harmonia com o Senhor, com os semelhantes e com a Natureza é uma glória comum a todos.

A hora de ajudar os menos favorecidos de recursos ou entendimento é valiosa.

O chão para semear, a ignorância para ser instruída e a dor para ser consolada são apelos que o Céu envia sem palavras ao mundo inteiro.

Que fazes, portanto, dos talentos preciosos que repousam em teu coração, em tuas mãos e no teu caminho? Vela por tua própria tarefa no bem, diante do Eterno, porque chegará o momento em que o Poder Divino te pedirá: – “Dá conta de tua administração.”

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

domingo, 6 de novembro de 2022

CARACTERÍSTICAS DA PERFEIÇÃO

1. Amai aos vossos inimigos; fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e vos caluniam; pois, se amais apenas àqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos também não fazem isso? E se apenas saudardes vossos irmãos, o que fazeis mais que os outros? Os pagãos não fazem o mesmo? Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito. (Mateus, 5:44, 46 a 48)

2. Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas; assim, este ensinamento moral: Sede perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito, tomado ao pé da letra, dá a entender a possibilidade de se atingir a perfeição absoluta. Se fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto o Criador, ela O igualaria, o que é inadmissível. Mas os homens aos quais Jesus se dirigia não teriam compreendido essa questão; por isso, Ele se limitou a apresentar-lhes um modelo e dizer que se esforçassem para atingi-lo.

É preciso entender por estas palavras a perfeição relativa que a Humanidade é capaz de compreender e que mais a aproxima da Divindade.

Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: Amar aos inimigos, fazer o bem àqueles que nos odeiam, orar por aqueles que nos perseguem.

Ele mostra que a essência da perfeição é a caridade em sua mais ampla significação, porque define a prática de todas as outras virtudes.

De fato, se observarmos as consequências de todos os vícios e até mesmo dos pequenos defeitos, reconheceremos que não há nenhum que não altere de alguma forma, um pouco mais, um pouco menos, o sentimento da caridade, porque todos têm o seu princípio no egoísmo e no orgulho, que são sua negação; visto que o que estimula exageradamente o sentimento da personalidade destrói, ou pelo menos enfraquece, os princípios da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento. O amor ao próximo, levado até o amar aos inimigos, não podendo se aliar a nenhum defeito contrário à caridade, é, por isso mesmo, sempre o indício de uma maior ou menor superioridade moral; de onde resulta que o grau de perfeição se dá em razão da extensão desse amor. Eis porque Jesus, após ter dado a seus discípulos as regras da caridade, no que ela tem de mais sublime, disse: Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito.

RENOVEMO-NOS DIA-A-DIA

“Transformai-vos pela renovação de vossa mente, para

que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade

de Deus.” – Paulo. (Romanos, 12:2.)

Não adianta a transformação aparente da nossa personalidade na feição exterior.

Mais títulos, mais recursos financeiros, mais possibilidades de conforto e maiores considerações sociais podem ser simples agravo de responsabilidade.

Renovemo-nos por dentro.

É preciso avançar no conhecimento superior, ainda mesmo que a marcha nos custe suor e lágrimas.

Aceitar os problemas do mundo e superá-los, à força de nosso trabalho e de nossa serenidade, é a fórmula justa de aquisição do discernimento.

Dor e sacrifício, aflição e amargura, são processos de sublimação que o Mundo Maior nos oferece, a fim de que a nossa visão espiritual seja acrescentada.

Facilidades materiais costumam estagnar-nos a mente, quando não sabemos vencer os perigos fascinantes das vantagens terrestres.

Renovemos nossa alma, dia a dia, estudando as lições dos vanguardeiros do progresso e vivendo a nossa existência sob a inspiração do serviço incessante.

Apliquemo-nos à construção da vida equilibrada, onde estivermos, mas não nos esqueçamos de que somente pela execução de nossos deveres, na concretização do bem, alcançaremos a compreensão da vida e, com ela, o conhecimento da “perfeita vontade de Deus”, a nosso respeito.

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.