segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

MOTIVOS DE RESIGNAÇÃO

12. Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois serão consolados, Jesus indica, ao mesmo tempo, a recompensa que espera os que sofrem e a resignação que os faz compreender o porquê do sofrimento como o início da cura.
Estas palavras podem ser também entendidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrer, visto que vossas dores aqui na Terra são os pagamentos das dívidas de vossas faltas passadas, e essas dores suportadas pacientemente na Terra vos poupam séculos de sofrimento na vida futura. Deveis estar felizes, por Deus reduzir vossa dívida, permitindo pagá-la no presente, o que vos assegura a tranquilidade para o futuro.
O homem que sofre assemelha-se a um devedor de uma grande quantia e a quem o credor diz: “Se me pagares hoje mesmo a centésima parte, dou-te quitação de toda a dívida, e estarás livre. Se não o fizeres, te cobrarei até que me pagues o último centavo”. Qual o devedor que não ficaria feliz mesmo passando por privações para se libertar de uma grande dívida, sabendo que pagaria apenas a centésima parte do que devia? Ao invés de reclamar do seu credor, não lhe agradeceria?
Este é o sentido das palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois serão consolados. São felizes, porque estão pagando suas dívidas e, depois de pagar, ficarão livres. Porém, se ao procurar quitá-las de uma maneira se endividarem de outra, tornam maior o tempo para sua libertação. Portanto, cada nova falta aumenta a dívida, pois não há uma única falta, qualquer que ela seja, que não arraste consigo sua punição forçada e inevitável. Se não for hoje, será amanhã; se não for nesta vida, será noutra. Entre essas faltas, é preciso colocar em primeiro lugar a falta de submissão à vontade de Deus. Se lamentamos as aflições, se não as aceitamos com resignação e como algo que se deva merecer, se acusamos Deus de injusto, contraímos uma nova dívida que nos faz perder os frutos que a lição dos sofrimentos nos poderia dar. É por isso que recomeçaremos sempre, como se, a um credor que nos cobra, pagássemos algumas parcelas e ao mesmo tempo contraíssemos novas dívidas.
Quando entra no mundo dos Espíritos, o homem assemelha-se ao operário que comparece no dia do pagamento. A uns o Senhor dirá: “Eis o prêmio da tua jornada de trabalho”. A outros, aqueles que se julgaram felizes na Terra, viveram ociosamente e cuja felicidade constituiu-se na satisfação do seu amor-próprio e nos gozos terrenos, Ele dirá: “A ti nada cabe, pois já recebeste teu salário na Terra. Vai e recomeça tua tarefa”.
13. O homem pode suavizar ou agravar a amargura de suas provas pela maneira de encarar a vida terrena. Ele sofre mais quando acredita numa duração mais longa do seu sofrimento. Porém, se encara a vida terrena pelo lado da vida eterna do Espírito, ele a entende como um ponto no infinito e compreende o quanto é breve, dizendo a si mesmo que esse momento difícil vai passar bem depressa. A certeza de um futuro próximo, mais feliz, o sustenta e o encoraja e, ao invés de se lamentar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar. Ao contrário, para aquele que só valoriza a vida corpórea, esta lhe parece interminável e a dor cai sobre ele com todo o seu peso. O resultado da maneira espiritual de encarar a vida diminui a importância das coisas deste mundo, faz com que o homem modere seus desejos, se contente com sua posição sem invejar a dos outros, e atenua a impressão moral dos reveses e das decepções que ele experimenta. O homem adquire uma calma e uma resignação tão úteis à saúde do corpo quanto à da alma, ao passo que, pela inveja, pelo ciúme e pela ambição, tortura-se voluntariamente e assim aumenta as misérias e as angústias de sua curta existência.


O Evangelho Segundo O Espiritismo – Capítulo V – Itens 12 e 13.

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