domingo, 4 de março de 2018

O MAL E O REMÉDIO


19. Será a vossa Terra um lugar de alegria, um paraíso de delícias? A voz do profeta não ressoa mais aos vossos ouvidos? Não vos avisou que haveria pranto e ranger de dentes para aqueles que nascessem neste vale de dores? Vós que viestes viver aqui, esperai lágrimas sofridas e amarguras, e, quanto mais vossas dores forem agudas e profundas, olhai o Céu e bendizei ao Senhor por ter querido vos experimentar!... Homens! Será que apenas reconhecereis o poder de vosso Mestre quando tiver curado as chagas de vosso corpo e coroado vossos dias de bem-aventurança e alegria? Será que apenas reconhecereis seu amor quando tiver enfeitado o vosso corpo com todas as glórias e lhe tiver devolvido o brilho e a brancura? Imitai aquele que vos foi dado como exemplo; chegado ao último degrau do desprezo e da miséria, estendido no monte de lixo, disse a Deus: “Senhor! Conheci todas as alegrias da riqueza e me reduzistes à miséria mais profunda; obrigado, obrigado, meu Deus, por quererdes experimentar bem este vosso servidor!” Até quando vossos olhares se fixarão nos horizontes cujo limite é a morte? Quando vossa alma irá querer enfim se lançar além dos limites do túmulo? Mas, mesmo se devêsseis chorar e sofrer toda uma vida, o que representaria isso comparado à eterna glória reservada àquele que tiver suportado a prova com fé, amor e resignação? Compreendei agora que as vossas desventuras são as consequências dos vossos males no passado e elas terão consolação no futuro que Deus vos prepara. Vós que mais sofreis, considerai-vos os bem-aventurados da Terra.
No estado de desencarnados, quando estáveis no Espaço, escolhestes vossa prova, pois acreditastes ser suficientemente fortes para suportá-la; por que lamentar agora? Vós que pedistes a fortuna e a glória, era para enfrentar a luta da tentação e vencê-la. Vós que pedistes para lutar de corpo e alma contra o mal moral e físico, sabíeis que quanto mais difícil fosse a prova, mais a vitória seria gloriosa e que, se saísseis triunfantes, mesmo que o vosso corpo fosse jogado num monte de lixo, quando de sua morte, deixaria escapar uma alma brilhante, alva, purificada pela expiação e pelo sofrimento.
Que remédio receitar aos que são atacados por obsessões cruéis e males dolorosos? Um só é infalível: a fé, o apelo ao Céu. Se, no extremo dos vossos mais cruéis sofrimentos, vossa voz canta ao Senhor, o anjo à vossa cabeceira, com sua mão, vos mostrará o sinal da salvação e o lugar que vós devereis ocupar um dia. A fé é o remédio certo para o sofrimento; ela sempre mostra os horizontes do infinito diante dos quais se apagam os poucos dias sombrios do presente. Não pergunteis qual remédio é preciso empregar para curar tal úlcera ou tal chaga, tal tentação ou tal prova. Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pela certeza da fé e que aquele que duvida um segundo de sua eficiência é punido na hora, pois experimenta no mesmo instante as angústias dolorosas da aflição.
O Senhor marcou com seu selo todos aqueles que creem n’Ele. Cristo vos disse que com a fé removem-se montanhas. Eu vos digo que aquele que sofre e que tem a fé como base será colocado sob sua proteção e não sofrerá mais. Os momentos de maior dor serão para ele as primeiras notas da alegria da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal modo do seu corpo que, enquanto este estiver morrendo, ela planará nas regiões celestes, cantando com os anjos os hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor.
Felizes os que sofrem e os que choram! Que suas almas se alegrem, pois serão abençoadas por Deus. (Santo Agostinho - Paris, 1863)

O Evangelho Segundo O Espiritismo – Capítulo V – Item 19.

Nenhum comentário:

Postar um comentário