domingo, 10 de fevereiro de 2019

CARIDADE PARA COM OS CRIMINOSOS

Elisabeth de França - Havre, 1862

14. A verdadeira caridade é um dos mais sublimes ensinamentos que Deus deu ao mundo por Jesus, e deve existir entre os autênticos discípulos de sua doutrina uma completa fraternidade. Deveis amar os infelizes e os criminosos como criaturas de Deus, aos quais o perdão e a misericórdia serão dados, desde que se arrependam, como também a vós mesmos pelas faltas que cometeis contra Sua lei. Imaginai que sois mais repreensíveis, mais culpados que aqueles aos quais recusais o perdão e a compaixão, pois, muitas vezes, eles não conhecem a Deus como vós e, por essa razão, menos se exigirá deles.
Não julgueis! Não julgueis meus queridos amigos, pois o julgamento que fizerdes vos será aplicado ainda mais severamente! E tendes necessidade de indulgência para as faltas que cometeis com frequência. Não sabeis que há muitas ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza e que o mundo não as considera sequer como faltas leves?
A verdadeira caridade não está apenas na esmola que dais, nem mesmo nas palavras de consolação que lhe acrescentais. Não, não é apenas isso o que Deus exige de vós! A caridade divina ensinada por Jesus baseia-se também na benevolência permanente e em tudo mais para com o vosso próximo. Podeis praticar essa sublime virtude com muitas criaturas que não precisam de esmolas e sim de palavras de amor, consolação e de encorajamento que as conduzirão ao Senhor.
Os tempos estão próximos, volto a dizer, em que a grande fraternidade reinará neste globo. A lei do Cristo é a que regerá os homens, será a moderação e a esperança e conduzirá as almas às moradas bem aventuradas.
Amai-vos, portanto, como filhos do mesmo Pai. Não façais distinção entre vós, pois Deus quer que todos sejam iguais; não desprezeis a ninguém. A presença de criminosos encarnados entre vós é um meio de que Deus se utiliza para que as más ações deles vos mostrem lições e ensinamentos. Brevemente, quando os homens praticarem as verdadeiras leis de Deus, não haverá mais necessidade destes ensinamentos e todos os Espíritos impuros e revoltados serão dispersados para mundos inferiores, de acordo com suas tendências.
Deveis, aos criminosos de quem falo, o socorro de vossas preces; esta é a verdadeira caridade. Não vos cabe dizer de um criminoso: “É um miserável; é preciso eliminá-lo da Terra; a morte que lhe é imposta é muito suave para um ser dessa espécie”. Não, não é assim que deveis falar. Observai Jesus, vosso modelo. Que diria Ele se visse este infeliz ao seu lado: o lamentaria; o consideraria como um doente miserável e lhe estenderia a mão. Em verdade, não podeis fazer isso, mas ao menos podeis orar por ele e dar assistência ao seu Espírito arrependimento pode tocar seu coração, se orardes com fé. Ele é vosso próximo também, como o melhor dentre os homens; sua alma desnorteada e revoltada foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar.
Ajudai-o, então, a sair do lamaçal e orai por ele.

Lamennais - Paris, 1862

15. Um homem corre perigo de morte. Para salvá-lo, é preciso arriscar a nossa própria vida; sabe-se que aquele homem é um malfeitor, e que, se escapar, poderá cometer novos crimes. Devemos, apesar disso, arriscar-nos para salvá-lo?
Esta é uma questão muito importante e que naturalmente pode ocorrer. Responderei segundo meu adiantamento moral, uma vez que se trata de saber se devemos arriscar a nossa vida ainda que seja por um malfeitor. O devotamento é cego. Se socorremos a um inimigo, devemos, portanto, socorrer um inimigo da sociedade, numa palavra, um malfeitor. Acreditais que é apenas à morte que se vai arrancar esse infeliz? É, talvez, a toda sua vida passada.
Pensai que, nesses rápidos instantes em que se acabam os últimos minutos de vida, o homem perdido revê sua vida passada, ou melhor, ela se ergue diante dele. Quem sabe, a morte estará chegando muito cedo para ele. A reencarnação poderá ser-lhe terrível.
Coragem, portanto, homens! Vós a quem a ciência espírita esclareceu; socorrei-o, arrancai-o à sua condenação e, então, talvez esse homem, que morreria vos insultando, se lançará em vossos braços. No entanto, não é preciso perguntar se ele o fará ou não; salvando-o, obedeceis a essa voz do coração que vos diz: “Podeis salvá-lo, salvai-o!”

CONVITE À CARIDADE

“Filho, vai hoje trabalhar na minha Vinha.” (Mateus: capítulo 21º, versículo 28.)

Enquanto a saúde enfloresce as tuas possibilidades de bem estar, reserva um dia por mês, ao menos, para visitar os irmãos enfermos, que ressarcem pesados tributos pretéritos, muitas vezes em dolorosa soledade, com o espírito tomado de apreensões e angústias.
Companheiros tuberculosos que expungem em leitos de asfixiante espera, em duros intervalos de hemoptises rudes.
Amigos leprosos em isolamento compulsório, acompanhando a dissolução dos tecidos que se desfazem em purulência desagradável.
Irmãos cancerosos sem esperança de recuperação orgânica entre dores e ásperas ansiedades.
Homens e mulheres em delírios de loucura ou presos por cruéis obsessões coercitivas, longe da lucidez, à margem do equilíbrio, em desoladora situação.
Crianças surpreendidas por enfermidades que as ferreteiam impiedosamente, roubando-lhes o frescor juvenil e macerando-as vigorosamente.
Anêmicos e penfigosos, operados em situação irreversível e distônicos vários que enxameiam nos leitos dos hospitais públicos e particulares, nos Nosocômios de Convênio governamental ou em Clínicas diversas sob azorrague incessante.
Seja teu o sorriso de cordialidade franca, através da lembrança de uma palavra fraterna, de uma flor delicada, de uma pergunta gentil em que esteja expresso o interesse pela sua recuperação, de uma prece discreta ao lado do seu leito, de uma vibração refazente com que podes diminuir os males que inquietam esses seres em necessário resgate.
Lembra-te, porém, que acima do bem que lhes possas fazer, a ti fará muito bem verificar o de que dispões e pouco consideras, bem precioso e de alto valor com que o Senhor te concede a honra de crescer: a saúde!
Vai desde hoje trabalhar na vinha do Senhor.
Caridade para com os que sofrem, em última análise é caridade para contigo mesmo.

Livro Convites da Vida – Divaldo Franco – Espírito Joanna de Ângelis.

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