domingo, 6 de outubro de 2019

EMPREGO DA RIQUEZA


11. Não podeis servir a Deus e a Mamon; guardai bem isso, vós, a quem o amor pelo ouro domina, que venderíeis vossa alma para possuir tesouros, pois eles podem vos elevar acima dos outros homens e vos dar as alegrias das paixões. Não, não podeis servir a Deus e a Mamon! Se, portanto, sentirdes vossa alma dominada pela cobiça da carne, apressai-vos em vos libertar desse domínio que vos esmaga, pois Deus, justo e severo, vos dirá: O que fizeste, depositário infiel, dos bens que te confiei? Tu empregaste esse poderoso instrumento das boas obras apenas para a tua satisfação pessoal.
Qual é, pois, o melhor emprego da riqueza? Procurai nestas palavras: Amai-vos uns aos outros, a solução desse problema; aí está o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que ama ao seu próximo já tem a sua linha de conduta traçada. A aplicação da riqueza que mais agrada a Deus é na caridade: não na caridade fria e egoísta, que consiste em distribuir ao redor de si o supérfluo de uma existência dourada, mas na caridade plena de amor, que procura a desgraça e a socorre sem humilhá-la. Rico, dá do teu supérfluo; faze melhor: dá um pouco do teu necessário, pois teu necessário ainda é excessivo, e dá com sabedoria. Não rejeites o pranto, com medo de seres enganado, mas vai à origem do mal; ajuda primeiro, informa-te em seguida, e vê se o trabalho, os conselhos, até mesmo a afeição não serão mais eficientes do que a tua esmola. Espalha ao redor de ti, com abundância, o amor a Deus, o amor ao trabalho e o amor ao próximo. Coloca tuas riquezas sobre uma base segura que te garantirá grandes lucros: as boas obras. A riqueza da inteligência deve te servir como a do ouro; espalha ao teu redor os tesouros da instrução, e sobre teus irmãos os tesouros do teu amor, e eles frutificarão.

Um Espírito Protetor - Cracóvia, 1861

12. Quando considero a brevidade da vida, causa-me dolorosa impressão o fato de terdes como objetivo incessante a conquista do bem-estar material, ao passo que dedicais tão pouca importância e consagrais apenas pouco ou nenhum tempo ao vosso aperfeiçoamento moral, que vos será levado em conta por toda eternidade. Diante da atividade que desenvolveis, seria de se acreditar tratar-se de uma questão do mais elevado interesse para a Humanidade, mas ela, quase sempre, é para atender aos vossos exageros, às vaidades e ao vosso gosto pelos excessos. Quantas penas, quantos cuidados e tormentos, quantas noites em claro para aumentar uma fortuna muitas das vezes já mais do que suficiente! O cúmulo do absurdo é ver, não raro, aqueles que têm um amor imoderado pela fortuna e pelos prazeres que ela proporciona sujeitarem-se a um trabalho árduo, vangloriarem-se de uma existência dita de sacrifício e mérito, como se trabalhassem para os outros e não para si mesmos. Insensatos! Acreditais, então, realmente, que vos serão levados em conta os cuidados e os esforços que fazeis movidos pelo egoísmo, a vaidade e o orgulho, enquanto esqueceis o cuidado com o vosso futuro, assim como dos deveres de solidariedade fraterna, obrigatórios a todos os que desfrutam das vantagens da vida social? Pensastes apenas em vosso corpo; seu bem-estar, seus prazeres, foram o objetivo único de vossa preocupação egoísta; pelo corpo que morre, vos esqueceis do Espírito que viverá eternamente. Assim, esse senhor tão estimado e acariciado tornou-se o vosso tirano; comanda vosso Espírito, que se fez escravo dele. Seria essa a finalidade da existência que Deus vos concedeu?

Fénelon - Argel, 1860

13. O homem, sendo o depositário, o administrador dos bens que Deus lhe depositou nas mãos, terá que prestar contas rigorosas do emprego que deles fizer, por seu livre-arbítrio. O mau uso consiste em fazê-los servir apenas à satisfação pessoal; ao contrário, o uso é bom todas as vezes que resultar num benefício para o próximo, e o mérito será proporcional ao sacrifício que para isso se impôs. A beneficência é apenas um dos modos de empregar a riqueza. Ela alivia a miséria atual, mata a fome, protege do frio e dá asilo ao abandonado. Além disso, há um dever igualmente imperioso, meritório, o de prevenir a miséria. Eis a missão das grandes fortunas: gerar trabalhos de toda a espécie e executá-los; e ainda que dessa atividade resulte um legítimo ganho em favor dos que assim as empregam, o bem não deixaria de existir, pois o trabalho desenvolve a inteligência e eleva a dignidade do homem, permitindo-lhe dizer com satisfação que ganha o pão que o alimenta, enquanto a esmola humilha e envergonha.
A fortuna concentrada em uma só mão deve ser como uma fonte de água viva, que espalha a fecundidade e o bem-estar ao seu redor. Ricos, vós que a empregardes conforme a vontade de vosso Senhor, vosso próprio coração será o primeiro a beneficiar-se dessa fonte generosa; tereis nesta vida os indescritíveis prazeres da alma, ao invés dos prazeres materiais do egoísta, que deixam um vazio no coração. Vosso nome será abençoado na Terra, e, quando a deixardes, o soberano Senhor vos dirigirá a palavra da parábola dos talentos: Bom e fiel servidor, entrai no gozo de vosso Senhor! Nesta parábola, o servidor que enterrou na terra o dinheiro que lhe foi confiado não é a imagem das pessoas avarentas, nas mãos das quais a riqueza é improdutiva? Se, no entanto, Jesus fala principalmente das esmolas, é que no seu tempo, e no país onde vivia, ainda não se conheciam os trabalhos que as artes e as indústrias mais tarde criariam, e nos quais a riqueza pode ser empregue utilmente, para o bem geral. A todos os que podem dar, pouco ou muito, direi: Dai a esmola quando for necessário, mas, tanto quanto possível, convertei-a em salário, a fim de que aquele que a recebe não tenha do que se envergonhar.

CARIDADE DO ENTENDIMENTO

"Agora, pois, permanecem estas três, a fé, a esperança e a caridade;
porém, a maior destas é a caridade". - PAULO (I Corintíos, 13:13.)

Na sustentação do progresso espiritual precisamos tanto da caridade quanto do ar que nos assegura o equilíbrio orgânico.
Lembra-te de que a interdependência é o regime instituído por Deus para a estabilidade de todo o Universo e não olvides a compreensão que devemos as todas as criaturas.
Compreensão que se exprima, através de tolerância e bondade incessantes, na sadia convicção de que ajudando aos outros é que poderemos encontrar o auxílio indispensável à própria segurança.
À frente de qualquer problema complexo naqueles que te rodeiam, recorda que não seria justa a imposição de teus pontos de vista para que se orientem na estrada que lhes é própria O criador não dá cópias e cada coração obedece a sistema particular de impulsos evolutivos.
Só o amor é o clima adequado ao entrelaçamento de todos os seres da Criação e somente através dele integrar-nos-emos na sintonia excelsa da vida.
Guarda, em todas as fases do caminho, a caridade que identifica a presença do Senhor nos caminhos alheios, respeitando-lhes a configuração com que se apresentam.
Não te esqueças de que ninguém é ignorante porque o deseje e, estendendo fraternos braços aos que respiram atribulados na sombra, diminuirás a penúria que se extinguirá, por fim, no mundo, quando cada consciência ajustar-se à obrigação de servir sem mágoa e sem reclamar é que permaneceremos felizes na ascensão para Deus.

Livro Ceifa de Luz – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

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