domingo, 29 de novembro de 2020

ALIANÇA DA CIÊNCIA E DA RELIGIÃO

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. A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana. Uma revela as leis do mundo material e a outra, as leis do mundo moral. Ambas as leis, tendo no entanto o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se, visto que, se uma contrariar a outra, uma terá necessariamente razão enquanto a outra não a terá, já que Deus não destruiria sua própria obra. A falta de harmonia e coerência que se acreditou existir entre essas duas ordens de ideias baseia-se num erro de observação e nos princípios exclusivistas de uma e de outra parte. Daí resultou uma luta e uma colisão de ideias que deram origem à incredulidade e à intolerância.

São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo devem receber seu complemento; em que o véu propositadamente deixado sobre algumas partes desses ensinamentos deve ser erguido. A Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual; a Religião deve reconhecer as leis orgânicas e imutáveis da matéria. Então, essas duas forças, juntas, apoiando-se uma na outra, se ajudarão mutuamente. A Religião, não sendo mais desmentida pela Ciência, adquirirá um poder inabalável, estará de acordo com a razão, já não podendo mais se opor à irresistível lógica dos fatos.

A Ciência e a Religião não puderam se entender até os dias atuais, pois cada uma examinando as coisas do seu ponto de vista exclusivo, repeliam-se mutuamente. Seria preciso alguma coisa para preencher o espaço que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e da sua afinidade e harmonia com o mundo corporal, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Estas afinidades, uma vez constatadas pela experiência, fazem surgir uma nova luz: a fé se dirigiu à razão, a razão não encontrou nada de ilógico na fé, e o materialismo foi vencido. Mas, nisso, como em tudo, há pessoas que ficam para trás, até serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir ao invés de o acompanhar. É toda uma revolução moral que se opera neste momento e que trabalha e aperfeiçoa os espíritos. Após ser elaborada durante mais de dezoito séculos, ela chega à sua plena realização e vai marcar uma nova era da Humanidade. As consequências dessa revolução são fáceis de se prever: deve trazer para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém poderá se opor, porque estão na vontade de Deus e resultam da lei do progresso, que é sua Lei.

CIÊNCIA E AMOR

“A ciência incha, mas o amor edifica.”

Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, cap. 8, versículo 1.)

A ciência pode estar cheia de poder, mas só o amor beneficia. A ciência, em todas as épocas, conseguiu inúmeras expressões evolutivas. Vemo-la no mundo, exibindo realizações que pareciam quase inatingíveis. Máquinas enormes cruzam os ares e o fundo dos oceanos. A palavra é transmitida, sem fios, a longas distâncias. A imprensa difunde raciocínios mundiais. Mas, para essa mesma ciência pouco importa que o homem lhe use os frutos para o bem ou para o mal. Não compreende o desinteresse, nem as finalidades santas.

O amor, porém, aproxima-se de seus labores e retifica-os, conferindo-lhe a consciência do bem. Ensina que cada máquina deve servir como utilidade divina, no caminho dos homens para Deus, que somente se deveria transmitir a palavra edificante como dádiva do Altíssimo, que apenas seria justa a publicação dos raciocínios elevados para o esforço redentor das criaturas.

Se a ciência descobre explosivos, esclarece o amor quanto à utilização deles na abertura de estradas que liguem os povos; se a primeira confecciona um livro, ensina o segundo como gravar a verdade consoladora. A ciência pode concretizar muitas obras úteis, mas só o amor institui as obras mais altas. Não duvidamos de que a primeira, bem interpretada, possa dotar o homem de um coração corajoso; entretanto, somente o segundo pode dar um coração iluminado.

O mundo permanece em obscuridade e sofrimento, porque a ciência foi assalariada pelo ódio, que aniquila e perverte, e só alcançará o porto de segurança quando se render plenamente ao amor de Jesus-Cristo.

Livro Caminho, Verdade e Vida – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.

domingo, 22 de novembro de 2020

AS TRÊS REVELAÇÕES: O ESPIRITISMO.

5. O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo físico. O Espiritismo nos revela esse mundo espiritual, não mais como algo sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente ativas da Natureza, como a fonte de uma multidão de fenômenos incompreendidos até então e, por esta razão, encarados como coisas do fantástico e do maravilhoso. É a esses aspectos que o Cristo se referiu em muitas circunstâncias, e é por isso que muitos dos seus ensinamentos permaneceram incompreendidos ou foram interpretados erroneamente. O Espiritismo é a chave com a ajuda da qual tudo se explica com facilidade.

6. A Lei do Antigo Testamento, a primeira revelação, está personificada em Moisés; a segunda é a do Novo Testamento, do Cristo; o Espiritismo é a terceira revelação da Lei de Deus. O Espiritismo não foi personificado em nenhum indivíduo, pois ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, servindo-se para isso de uma multidão incontável de médiuns. É, de algum modo, um ser coletivo, abrangendo o conjunto de seres do mundo espiritual, vindo, cada um, trazer aos homens a contribuição de suas luzes para fazê-los conhecer aquele mundo e a sorte que nele os espera.

7. Da mesma forma que o Cristo disse: Não vim destruir a lei, mas cumpri-la, o Espiritismo igualmente diz: Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução. Ele não ensina nada em contrário ao que o Cristo ensinou, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que só foi dito sob forma alegórica. Ele vem cumprir, no tempo anunciado, o que o Cristo prometeu e preparar a realização das coisas futuras. É, portanto, obra do Cristo, que o preside e que igualmente preside ao que anunciou: a regeneração que se opera e prepara o Reino de Deus na Terra.

O QUE É O ESPIRITISMO

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.

Podemos defini-lo assim:

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.

Livro O Que é o Espiritismo – Allan Kardec.

SOBRE O ESTUDO DO ESPIRITISMO

Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

Anfibologia (substantivo feminino)

Duplicidade de sentido em uma construção sintática; ambiguidade, anfibolia. (Dicionário da Lingua portuguesa-Wikipédia).

domingo, 15 de novembro de 2020

AS TRÊS REVELAÇÕES: JESUS CRISTO.

3. Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus. Ele veio cumpri-la, ou seja, desenvolvê-la, dar-lhe seu sentido verdadeiro e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. É por isso que encontramos nessa lei os princípios dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constituem a base de sua doutrina. Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, Jesus, ao contrário, modificou-as profundamente, tanto no conteúdo quanto na forma. Combateu constantemente os abusos das práticas exteriores e as falsas interpretações, e não lhes podia ter dado uma reforma mais radical do que reduzindo-as a estas palavras: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, e acrescentando: Está aí toda a lei e os profetas.

Por estas palavras, O Céu e a Terra não passarão antes que tudo seja cumprido até o último jota, Jesus quis dizer que era preciso que a lei de Deus fosse cumprida, ou seja, fosse praticada na Terra, em toda sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências; pois de que serviria estabelecer essa lei, se fosse para o privilégio de alguns homens, ou mesmo de um único povo? Sendo todos os homens filhos de Deus, são todos, sem distinção, objeto da mesma dedicação.

4. Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de um legislador moralista, apenas com a autoridade de sua palavra. Ele veio cumprir as profecias que tinham anunciado sua vinda. Sua autoridade vinha da natureza excepcional de seu Espírito e de sua missão divina. Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no reino dos Céus; ensinar-lhes o caminho que os conduz até lá, os meios de se reconciliarem com Deus e de preveni-los sobre a marcha das coisas que hão de vir, para o cumprimento dos destinos humanos. Entretanto, Jesus não podia dizer tudo e, em relação a muitos pontos, conforme Ele mesmo disse, limitou-se a lançar os germens das verdades que não podiam ainda ser compreendidas. Ao falar de tudo, o fez em termos às vezes mais, às vezes menos claros. Para compreender o sentido oculto dessas palavras, seria preciso que novas ideias e novos conhecimentos viessem nos dar a chave, e essas ideias não poderiam vir antes que o Espírito humano adquirisse um certo grau de maturidade. A Ciência deveria contribuir decididamente para que essas ideias viessem à luz e se desenvolvessem. Seria, portanto, preciso dar à Ciência o tempo de progredir.

JESUS

Com o nascimento de Jesus, há como que uma comunhão direta do Céu com a Terra.

Estranhas e admiráveis revelações perfumam as almas e o Enviado oferece aos seres humanos toda a grandeza do seu amor, da sua sabedoria e da sua misericórdia.

Aos corações abre-se nova torrente de esperanças e a Humanidade, na Manjedoura, no Tabor e no Calvário, sente as manifestações da vida celeste, sublime em sua gloriosa espiritualidade.

Com o tesouro dos seus exemplos e das suas palavras, deixa o Mestre entre os homens a sua Boa Nova. O Evangelho do Cristo é o transunto de todas as filosofias que procuram aprimorar o espírito, norteando-lhe a vida e as aspirações.

Jesus foi a manifestação do amor de Deus, a personificação de sua bondade infinita.

 Livro Emmanuel – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.

domingo, 8 de novembro de 2020

AS TRÊS REVELAÇÕES: MOISÉS.

1. “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas, não vim destruí-los, mas dar-lhes cumprimento. Eu vos digo em verdade que o Céu e a Terra não passarão antes que tudo o que está na lei seja cumprido completamente, até o último jota e o último ponto.” (Mateus, 5:17 e 18).

MOISÉS

2. A lei de Moisés é composta por duas partes distintas: a lei de Deus, recebida no Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida pelo próprio Moisés. A lei de Deus é inalterável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.

A lei de Deus está formulada nos seguintes dez mandamentos:

1. Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses estrangeiros diante de mim. Não farás imagem talhada, nem figura nenhuma de tudo o que está no Céu e na Terra, nem de tudo o que está nas águas e debaixo da terra. Não os adorarás, nem lhes renderás cultos soberanos.

2. Não tomarás em vão o nome do Senhor, teu Deus.

3. Lembra-te de santificar o dia de sábado.

4. Honra a teu pai e à tua mãe, a fim de viveres muito tempo na Terra que o Senhor teu Deus te dará.

5. Não matarás.

6. Não cometerás adultério.

7. Não roubarás.

8. Não prestarás falso testemunho contra o teu próximo.

9. Não desejarás a mulher de teu próximo.

10. Não desejarás a casa de teu próximo, nem seu servo, ou serva, nem seu boi, seu asno, ou qualquer outra coisa que lhe pertença.

Esta é a lei de todos os tempos e de todos os países e que, por isso mesmo, tem um caráter divino. Todas as outras são leis estabelecidas por Moisés, que se via obrigado a conter pelo temor um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha de combater os abusos e os preconceitos enraizados adquiridos durante a época da escravidão no Egito. Para dar autoridade às suas leis, ele atribuiu-lhes origem divina, assim como o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos: a autoridade do homem precisava se apoiar sobre a autoridade de Deus.

Mas apenas a ideia de um Deus terrível podia impressionar homens ignorantes, nos quais o sentido moral e o sentimento de uma delicada justiça ainda estavam pouco desenvolvidos. É evidente que aquele que tinha incluído entre os seus mandamentos: Não matarás; não farás mal a teu próximo, não poderia se contradizer fazendo do extermínio um dever.

As leis mosaicas, propriamente ditas, tinham, portanto, um caráter essencialmente transitório.

A LEI – MOISÉS E OS DEZ MANDAMENTOS

268 – Os dez mandamentos recebidos por Moisés no Sinai, base de toda justiça até hoje no mundo, foram alterados pelas seitas religiosas?

- As seitas religiosas, de todos os tempos, pela influenciação de seus sacerdotes, procuram modificar os textos sagrados; todavia, apesar das alterações transitórias, os dez mandamentos, transmitidos à Terra por intermédio de Moisés, voltam sempre a ressurgir na sua pureza primitiva, como base de todo o direito no mundo, sustentáculo de todos os códigos da justiça terrestre.

269 – Como entender a palavra do Velho Testamento quando nos diz que Deus falou a Moisés no Sinai?

- Estais atualmente em condições de compreender que Moisés trazia consigo as mais elevadas faculdades mediúnicas, apesar de suas características de legislador humano.

É inconcebível que o grande missionário dos judeus e da Humanidade pudesse ouvir o Espírito de Deus. Estais, porém habilitados a compreender, agora, que a Lei ou a base da Lei, nos dez mandamentos, foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus, porquanto todos os movimentos de evolução material e espiritual do orbe se processaram, como até hoje se processam, sob o seu augusto e misericordioso patrocínio.

270 – Apesar de suas expressões tão humanas, Moisés veio ao mundo como missionário divino?

Examinando-se os seus atos enérgicos de homem, há a considerar as características da época em que se verificou a grande tarefa do missionário hebreu, legítimo emissário do plano superior, para entregar ao mundo terrestre a grande e sublime mensagem da primeira revelação.

Com expressões diversas, o grande enviado não poderia dar conta exata de suas preciosas obrigações, em face da Humanidade ignorante e materialista.

271 – Moises transmitiu ao mundo a lei definitiva?

- O profeta de Israel deu à Terra as bases da Lei divina e imutável, mas não toda a Lei, integral e definitiva.

Aliás, somos obrigados a reconhecer que os homens receberão sempre as revelações divinas de conformidade com a sua posição evolutiva.

Livro O CONSOLADOR – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.

domingo, 1 de novembro de 2020

A FELICIDADE QUE A PRECE OFERECE

23. Vinde, vós que desejais crer. Os Espíritos celestes vêm vos socorrer e anunciar grandes coisas. Deus, meus filhos, abre seus tesouros para vos dar todos os seus benefícios. Homens de pouca fé!

Se soubésseis o quanto a fé faz bem ao coração e leva a alma ao arrependimento e à prece! A prece! Como são tocantes as palavras que saem dos lábios na hora da prece! A prece é o orvalho divino que tranquiliza o calor excessivo das paixões. A prece, filha primeira da fé, nos conduz ao caminho que nos leva a Deus. No recolhimento e na solidão, estais com Deus. Para vós, não há mais mistérios: na prece Deus se revela. Apóstolos do pensamento, a prece vos leva a conhecer a verdadeira vida. Vossa alma se desprende da matéria e se eleva a mundos infinitos e celestes que os pobres humanos desconhecem.

Caminhai, caminhai pelas sendas da prece, e ouvireis as vozes dos anjos. Que harmonia! Não é mais o ruído confuso e os sons estridentes da Terra; são as liras dos arcanjos; são as vozes doces e suaves dos serafins, mais leves que as brisas da manhã quando brincam nas folhagens de vossos bosques. Em que delícias caminhareis!

Vossa linguagem é pobre para poder definir a felicidade que vos envolverá, por assim dizer, por todos os poros, quando, ao orar, se atinge essa fonte de frescor e de vida! Doces vozes, deliciosos perfumes, que a alma ouve e sente quando se lança nessas esferas desconhecidas e habitadas pela prece! Sem o peso dos desejos carnais, todas as aspirações são divinas. E vós também orai como o Cristo levando sua cruz ao Gólgota, ao Calvário.

Carregai a vossa cruz, e sentireis em vossas almas as mesmas doces emoções que o Senhor sentiu, embora carregando a cruz infame.

O Senhor ia morrer, mas para viver a vida celeste na morada do Pai.

A PRECE

A oração não será um processo de fuga do caminho escuro que nos cabe percorrer, mas constituirá uma abençoada luz em nosso coração, clareando-nos a marcha.

Não representará uma porta de escape ao sofrimento regenerativo de que ainda carecemos, mas expressará um bordão de arrimo, com o auxílio do qual superaremos a ventania da adversidade, no rumo da bonança.

Não será um privilégio que nos exonere da enfermidade retificadora, ambientada em nosso próprio templo orgânico pela nossa incúria e pela nossa irreflexão, no abuso dos bens do mundo, entretanto, comparecerá por remédio balsamizante e salutar, que nos renove as energias, em favor de nossa própria cura.

Não será uma prerrogativa indébita que nos isente da luta humana, imprescindível ao nosso aperfeiçoamento individual, todavia, brilhará em nossa experiência por sublime posto de reabastecimento espiritual, suscetível de garantir-nos a resistência e o valor na tarefa de renunciação e sacrifício em que nos cabe perseverar.

Não será uma outorga de recursos para que os nossos caprichos pessoas sejam atendidos, no jardim de nossas predileções afetivas, contudo, será uma dispensação de forças para que possamos tolerar galhardamente as situações mais difíceis, diante daqueles que nos desagradam, em sociedade ou em família, ajudando-nos, pouco a pouco, a edificar o santuário da verdadeira fraternidade, no próprio coração, em cujo altar amealharemos o tesouro da paz e do discernimento.

Ainda mesmo que te encontres no labirinto quase inextricável das provações inflexíveis, ainda mesmo que a tua jornada se alongue sob o granizo da discórdia e da incompreensão, em plena sombra cultiva a prece, com a mesma persistência em empregas na procura diária da água para a sede e do pão para a fome do corpo.

Na dor, ser-te-á divino consolo, na perturbação constituirá tua bússola.

Não olvides que a permanência na Terra é uma simples viagem educativa de nossa alma, no espaço e no tempo, e não te esqueças de que somente pela oração descobriremos, cada dia, o rumo que nos conduzirá de retorno aos braços amorosos de Deus. 

Livro Escrínio de Luz – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.