São chegados os tempos em que os
ensinamentos do Cristo devem receber seu complemento; em que o véu
propositadamente deixado sobre algumas partes desses ensinamentos deve ser erguido.
A Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o
elemento espiritual; a Religião deve reconhecer as leis orgânicas e imutáveis
da matéria. Então, essas duas forças, juntas, apoiando-se uma na outra, se
ajudarão mutuamente. A Religião, não sendo mais desmentida pela Ciência,
adquirirá um poder inabalável, estará de acordo com a razão, já não podendo mais
se opor à irresistível lógica dos fatos.
A Ciência e a Religião não puderam se
entender até os dias atuais, pois cada uma examinando as coisas do seu ponto de
vista exclusivo, repeliam-se mutuamente. Seria preciso alguma coisa para preencher
o espaço que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de
união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e da sua
afinidade e harmonia com o mundo corporal, leis tão imutáveis quanto as que regem
o movimento dos astros e a existência dos seres. Estas afinidades, uma vez constatadas
pela experiência, fazem surgir uma nova luz: a fé se dirigiu à razão, a razão
não encontrou nada de ilógico na fé, e o materialismo foi vencido. Mas, nisso,
como em tudo, há pessoas que ficam para trás, até serem arrastadas pelo
movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir ao invés de o acompanhar. É
toda uma revolução moral que se opera neste momento e que trabalha e aperfeiçoa
os espíritos. Após ser elaborada durante mais de dezoito séculos, ela chega à
sua plena realização e vai marcar uma nova era da Humanidade. As consequências
dessa revolução são fáceis de se prever: deve trazer para as relações sociais
inevitáveis modificações, às quais ninguém poderá se opor, porque estão na vontade
de Deus e resultam da lei do progresso, que é sua Lei.
CIÊNCIA E AMOR
“A ciência incha, mas o amor edifica.”
Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, cap. 8,
versículo 1.)
A ciência pode estar cheia de poder, mas só o amor beneficia. A ciência, em todas as épocas, conseguiu inúmeras expressões evolutivas. Vemo-la no mundo, exibindo realizações que pareciam quase inatingíveis. Máquinas enormes cruzam os ares e o fundo dos oceanos. A palavra é transmitida, sem fios, a longas distâncias. A imprensa difunde raciocínios mundiais. Mas, para essa mesma ciência pouco importa que o homem lhe use os frutos para o bem ou para o mal. Não compreende o desinteresse, nem as finalidades santas.
O amor, porém, aproxima-se de seus labores e
retifica-os, conferindo-lhe a consciência do bem. Ensina que cada máquina deve
servir como utilidade divina, no caminho dos homens para Deus, que somente se
deveria transmitir a palavra edificante como dádiva do Altíssimo, que apenas
seria justa a publicação dos raciocínios elevados para o esforço redentor das
criaturas.
Se a ciência descobre explosivos, esclarece o
amor quanto à utilização deles na abertura de estradas que liguem os povos; se
a primeira confecciona um livro, ensina o segundo como gravar a verdade
consoladora. A ciência pode concretizar muitas obras úteis, mas só o amor
institui as obras mais altas. Não duvidamos de que a primeira, bem
interpretada, possa dotar o homem de um coração corajoso; entretanto, somente o
segundo pode dar um coração iluminado.
O mundo permanece em obscuridade e sofrimento,
porque a ciência foi assalariada pelo ódio, que aniquila e perverte, e só
alcançará o porto de segurança quando se render plenamente ao amor de
Jesus-Cristo.
Livro Caminho, Verdade e Vida – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.