domingo, 26 de dezembro de 2021

O SACRIFÍCIO MAIS AGRADÁVEL A DEUS

7. Se, portanto, quando apresentardes vossa oferenda ao altar, vos lembrardes de que vosso irmão tem algo contra vós, deixai vosso donativo aos pés do altar e ide antes de mais nada vos reconciliar com vosso irmão e, só depois, voltai para oferecer vossa oferta. (Mateus, 5:23 e 24)

8. Quando Jesus disse: Ide vos reconciliar com vosso irmão antes de apresentar vossa oferenda ao altar, ensinou ao homem que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o de sacrificar o seu próprio ressentimento; que, antes de se apresentar a Ele para ser perdoado, é preciso perdoar e, se cometemos alguma injustiça contra um de nossos irmãos, é preciso tê-la corrigido. Então, só assim a oferenda será agradável, pois virá de um coração puro e isento de qualquer mau pensamento. Ele explicou assim este ensinamento porque os judeus ofereciam sacrifícios de coisas materiais e suas palavras deviam estar de acordo com os costumes em vigor naquela época. Mas, como o cristão espiritualizou o sacrifício, não oferece mais dádivas materiais a Deus; para ele, o ensinamento ganha mais força. Oferecendo sua alma a Deus, ela deve estar purificada. Entrando no templo do Senhor, deve deixar do lado de fora todo sentimento de ódio e de animosidade, todo mau pensamento contra seu irmão e só então sua prece será levada pelos anjos aos pés do Eterno. Eis o que Jesus ensina com estas palavras: Deixai vosso donativo ao pé do altar e ide primeiro vos reconciliar com vosso irmão, se quiserdes ser agradável ao Senhor.

DESCULPA SEMPRE

“Se perdoardes aos homens as suas ofensas,

Também vosso Pai Celestial vos perdoará.”

Jesus. (Mateus, 6:14.)

Por mais graves te pareçam as faltas do próximo, não te detenhas na reprovação.

Condenar é cristalizar as trevas, opondo barreiras ao serviço da luz.

Procura nas vítimas da maldade algum bem com que possas soerguê-las, assim como a vida opera o milagre do reverdecimento nas árvores aparentemente mortas.

Antes de tudo, lembra quão difícil é julgar as decisões de criaturas em experiências que divergem da nossa!

Como refletir, apropriando-nos da consciência alheia, e como sentir a realidade, usando um coração que não nos pertence?

Se o mundo, hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos, faze silêncio e espera...

A observação justa é impraticável quando a neblina nos cerca.

Amanhã, quando o equilíbrio for restaurado, conseguirás suficiente clareza para que a sombra te não altere o entendimento.

Além disso, nos problemas de crítica, não te suponhas isento dela.

Através da nociva complacência para contigo mesmo, não percebes quantas vezes te mostras menos simpático aos semelhantes!

Se há quem nos ame as qualidades louváveis, há quem nos destaque as cicatrizes e os defeitos.

Se há quem ajude, exaltando-nos o porvir luminoso, há quem nos perturbe, constrangendo-nos à revisão do passado escuro.

Usa, pois, a bondade, e desculpa incessantemente.

Ensina-nos a Boa Nova que o Amor cobre a multidão dos pecados.

Quem perdoa, esquecendo o mal e avivando o bem, recebe do Pai Celestial, na simpatia e na cooperação do próximo, o alvará da libertação de si mesmo, habilitando-se a sublimes renovações.

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 19 de dezembro de 2021

RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVERSÁRIOS

5. Reconciliai-vos o mais cedo possível com vosso adversário, enquanto estiverdes com ele a caminho, para que não suceda que o vosso adversário vos entregue ao juiz e que o juiz vos leve ao ministro da justiça, e que sejais mandado para a prisão. Eu vos digo, em verdade, que não saireis de lá, enquanto não houverdes pago até o último ceitil. (Mateus, 5:25 e 26)

6. Há, na prática do perdão assim como na do bem, geralmente, além do efeito moral, também um efeito material. Sabemos que a morte não nos livra dos nossos inimigos. Em muitos casos, os Espíritos desejosos de vingança, no além-túmulo, movidos por seu ódio, perseguem aqueles contra os quais conservaram seu rancor. Por isso, o provérbio que diz: “Morta a cobra, cessa o veneno”, é falso, quando aplicado ao homem. O Espírito mau aproveita o fato de que aquele a quem ele quer mal esteja ainda preso ao corpo e, portanto, menos livre, para mais facilmente atormentá-lo e atingi-lo em seus interesses ou afeições mais caras. Esta é a causa da maior parte dos casos de obsessão, principalmente daqueles que apresentam uma certa gravidade, como a subjugação e a possessão. O obsediado e o possesso são, quase sempre, vítimas de uma vingança, à qual eles deram motivo por sua conduta e cuja ação se acha numa vida anterior. Deus consente esta situação como uma punição pelo mal que fizeram ou, se não o fizeram, por terem faltado com a indulgência e a caridade, não perdoando. É importante, pois, do ponto de vista da sua tranquilidade futura, corrigir o mais rápido possível os erros que cada um tenha cometido contra seu próximo, perdoando aos inimigos, a fim de eliminar, antes de desencarnar, qualquer motivo de desavenças ou ódios, ou qualquer causa motivada por rancor. Deste modo, de um inimigo enfurecido neste mundo pode-se fazer um amigo no outro, ou, pelo menos, ficar do lado do bem, e Deus ampara aqueles que perdoam. Quando Jesus recomenda reconciliar-se o mais cedo possível com seu adversário não é apenas com o objetivo de eliminar as discórdias durante a atual existência, mas para evitar que elas continuem nas existências futuras. Não saireis de lá, disse Jesus, enquanto não houverdes pago até o último ceitil, isto quer dizer que, enquanto não nos perdoarmos uns aos outros, estaremos presos em cadeias de ódio e rancor, das quais só nos libertaremos quando estiver satisfeita completamente a justiça de Deus.

CONCILIAÇÃO

“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho

com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz e o juiz te

entregue ao oficial de justiça, e te encerrem na prisão.”

Jesus. (Mateus, Capítulo 5, Versículo 25.)

Muitas almas enobrecidas, após receberem a exortação desta passagem, sofrem intimamente por esbarrarem com a dureza do adversário de ontem, inacessível a qualquer conciliação.

A advertência do Mestre, no entanto, é fundamentalmente consoladora para a consciência individual.

Assevera a palavra do Senhor — “concilia-te”, o que equivale a dizer “faze de tua parte”.

Corrige quanto for possível, relativamente aos erros do passado, movimenta-te no sentido de revelar a boa-vontade perseverante. Insiste na bondade e na compreensão.

Se o adversário é ignorante, medita na época em que também desconhecias as obrigações primordiais e observa se não agiste com piores características; se é perverso, categoriza-o à conta de doente e dementado em vias de cura.

Faze o bem que puderes, enquanto palmilhas os mesmos caminhos, porque se for o inimigo tão implacável que te busque entregar ao juiz, de qualquer modo, terás então igualmente provas e testemunhos a apresentar. Um julgamento legítimo inclui todas as peças e somente os espíritos francamente impenetráveis ao bem, sofrerão o rigor da extrema justiça.

Trabalha, pois, quanto seja possível no capítulo da harmonização, mas se o adversário te desdenha os bons desejos, concilia-te com a própria consciência e espera confiante.

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

domingo, 12 de dezembro de 2021

PERDOAI PARA QUE DEUS VOS PERDOE

1. Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque eles próprios alcançarão misericórdia. (Mateus, 5:7)

2. Se perdoardes aos homens as faltas que cometem contra vós, vosso Pai celeste também perdoará vossos pecados; mas se não perdoardes aos homens quando vos ofendem, vosso Pai também não perdoará vossos pecados. (Mateus, 6:14 e 15)

3. Se vosso irmão pecou contra vós, ide acertar a falta em particular, entre vós e ele. Se ele vos ouvir, tereis ganho o vosso irmão. Então Pedro, se aproximando, Lhe disse: Senhor, quantas vezes perdoarei ao meu irmão quando pecar contra mim? Será até sete vezes? Jesus lhe respondeu: Não vos digo que apenas sete vezes e sim setenta vezes sete vezes. (Mateus, 18:15, 21 e 22)

4. A misericórdia é o complemento da doçura; porque aquele que não é misericordioso não será também dócil nem pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor revelam uma alma sem elevação e sem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que está acima do mal que lhe quiseram fazer. Uma é sempre ansiosa, de uma irritabilidade desconfiada e cheia de amargura; a outra é calma, cheia de mansidão e de caridade.

Infeliz daquele que diz: “Nunca perdoarei!” Este, se não for condenado pelos homens, certamente o será por Deus. Com que direito pedirá o perdão das suas próprias faltas, se ele próprio não perdoa as dos outros? Quando diz para perdoarmos ao nosso irmão não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites.

Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma é grandiosa e nobre, verdadeiramente generosa, sem pensar no que passou, que evita com delicadeza ferir o amor-próprio e os sentimentos do agressor, ainda que este último tenha toda a culpa. A outra maneira é quando o ofendido, ou aquele que assim se julga, impõe ao ofensor condições humilhantes e o faz sentir todo o peso de um perdão que irrita ao invés de acalmar. Se estende a mão, não é com benevolência e sim com ostentação para se mostrar, a fim de poder dizer a todos: “Vede o quanto sou generoso!” Em tais condições é impossível que a reconciliação seja sincera de ambas as partes. Isto não é generosidade; é, antes, uma maneira de satisfação do orgulho. Em todas as

contendas, aquele que se mostra mais pacificador, que demonstra maior tolerância, caridade e verdadeira grandeza da alma, conquistará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

SE SOUBÉSSEMOS 

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”

Jesus. (Lucas, 23:34.)

Se o homicida conhecesse, de antemão, o tributo de dor que a vida lhe cobrará, no reajuste do seu destino, preferiria não ter braços para desferir qualquer golpe.

Se o caluniador pudesse eliminar a crosta de sombra que lhe enlouquece a visão, observando o sofrimento que o espera no acerto de contas com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou imobilizaria a pena, a fim de não se confiar à acusação descabida.

Se o desertor do bem conseguisse enxergar as perigosas ciladas com que as trevas lhe furtarão o contentamento de viver, deter-se-ia feliz, sob as algemas santificantes dos mais pesados deveres.

Se o ingrato percebesse o fel de amargura que lhe invadirá, mais tarde, o coração, não perpetraria o delito da indiferença.

Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se apartaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.

Se o glutão enxergasse os desequilíbrios para os quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha para a morte, renderia culto invariável à frugalidade e à harmonia.

Se soubéssemos quão terrível é o resultado de nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto.

Perdoa, pois, a quem te fere e calunia...

Em verdade, quantos se rendem às sugestões perturbadoras do mal não sabem o que fazem. 

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 5 de dezembro de 2021

A CÓLERA

Um Espírito Protetor - Bordeaux, 1863

9. Levados pelo orgulho, vos julgais mais do que sois a ponto de não suportardes uma comparação que possa vos rebaixar, e vos considerais tão acima de vossos irmãos, seja como Espírito, seja em posição social ou em superioridade pessoal, que o menor paralelo vos irrita e vos fere. E o que acontece então? Ficais encolerizados.

Procurai a origem desses acessos de demência passageira que vos igualam aos brutos e vos fazem perder a razão e o sangue frio. Procurai o porquê disso, e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido.

Não é o orgulho ferido por uma opinião contrária que vos faz rejeitar as observações justas, que vos faz repelir com cólera os mais sábios conselhos? A própria impaciência, decorrente das contrariedades frequentemente fúteis, prende-se à importância que cada um atribui à sua própria personalidade, diante da qual acreditais que tudo deve se curvar.

Na sua impaciência, o homem colérico se volta contra tudo: desde a natureza bruta até os objetos, que acaba por destruir, por não lhe obedecerem. Se nesse momento ele pudesse ver-se a sangue frio, teria medo de si próprio, ou se acharia ridículo. Que julgue por aí a impressão que deve causar aos outros. Ainda que seja por respeito a si mesmo, cumpre-lhe esforçar-se para vencer uma tendência que faz dele objeto de piedade.

Se soubesse que a impaciência e a exaltação não resolvem nada, que alteram sua saúde e até mesmo comprometem sua vida, veria que ele próprio é sua primeira vítima. Além disso, uma outra consideração deveria detê-lo: o pensamento de que torna infelizes todos aqueles que o rodeiam. Se tem coração, não sentirá remorso em fazer sofrer os seres que mais ama? E que desgosto mortal se, num acesso de raiva, cometer um ato do qual tiver de se arrepender por toda a sua vida!

Em resumo, o homem que tem um temperamento colérico não deixa de ter certas qualidades no coração, mas pode impedi-lo de praticar muito o bem e pode levá-lo a praticar muito o mal. Isto basta para fazer esforços para dominá-la. O espírita deve ainda levar em conta uma outra razão: ela é contrária à caridade e à humildade cristãs.

Hahnemann - Paris, 1863

10. Segundo a ideia muito falsa de que não se pode alterar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos nos quais se satisfaz de bom grado, ou que lhe exigiriam muita perseverança para serem eliminados. É desse modo, por exemplo, que aquele que é inclinado à cólera quase sempre se desculpa por seu temperamento. Antes de se considerar culpado, atribui a falta ao seu organismo, acusando assim a Deus de seus próprios defeitos. É ainda uma consequência do orgulho que se encontra ligado a todas as suas imperfeições.

Não há dúvida de que há temperamentos que se prestam, mais do que outros, a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam às exibições de força. Mas não acrediteis que aí esteja a causa principal da cólera, e podeis ter a certeza de que um Espírito pacífico, mesmo num corpo guerreiro, será sempre pacífico; e que um Espírito violento, num corpo debilitado, não será por isso mais dócil. A violência tomará apenas uma outra feição; se não possuir um organismo apropriado para se manifestar, a cólera ficará contida e, no outro caso, será expansiva.

O corpo não dá cólera àquele que não a possui, assim como também não lhe dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são próprios da natureza do Espírito. Do contrário, onde estaria o mérito e a responsabilidade? O homem que tem uma deformação física não pode tornar-se sadio porque o Espírito nada tem a ver com isso; mas pode modificar o que é do Espírito, quando tem uma vontade firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que vedes acontecer? Convencei-vos, portanto, de que o homem apenas permanece vicioso porque assim o quer; mas aquele que quer se corrigir sempre tem a oportunidade. De outra maneira, a lei do progresso não existiria para o homem.

NA OBRA DE SALVAÇÃO

“Porque Deus não nos tem designado para a ira, mas

para a aquisição da salvação por Nosso Senhor Jesus-

Cristo”. – Paulo. (2ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:9.)

Por que não somos compreendidos?

Por que motivo a solidão nos invade a existência?

Por que razões a dificuldade nos cerca?

Por que tanta sombra e tanta aspereza, em torno de nossos passos?

E a cada pergunta, feita de nós para nós mesmos, seguem-se, comumente, o desespero e a inconformação, reclamando, sob os raios mortíferos da cólera, as vantagens de que nos sentimos credores.

Declaramo-nos decepcionados com a nossa família, desamparados por nossos amigos, incompreendidos pelos companheiros e até mesmo perseguidos por nossos irmãos.

A intemperança mental carreia para nosso íntimo os espinhos do desencanto e os desequilíbrios orgânicos inabordáveis, transformando-nos a existência num rosário de queixas preguiçosas e enfermiças.

Isso, porém, acontece porque não fomos designados pelo Senhor para o despenhadeiro escuro da ira e sim para a obra de salvação.

Ninguém restaura um serviço sob as trevas da desordem.

Ninguém auxilia ferindo sistematicamente, pelo simples prazer de dilacerar.

Ninguém abençoará as tarefas de cada dia amaldiçoando-as, ao mesmo tempo.

Ninguém pode ser simultaneamente amigo e verdugo.

Se tens noticia do Evangelho, no mundo de tua alma, prepara-te para ajudar, infinitamente...

A Terra é a nossa escola e a nossa oficina.

A Humanidade é a nossa família.

Cada dia é o ensejo bendito de aprender e auxiliar.

Por mais aflitiva seja a tua situação, ampara sempre e estarás agindo no abençoado serviço de salvação a que o Senhor nos chamou. 

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 28 de novembro de 2021

OBEDIÊNCIA E RESIGNAÇÃO

Lázaro - Paris, 1863

8. A doutrina de Jesus ensina sempre a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras muito ativas da doçura, embora os homens erroneamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. Ambas são forças ativas, pois carregam o fardo das provas que a revolta insensata não suporta. O covarde não é uma criatura resignada, assim como o orgulhoso e o egoísta não são obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes desprezadas pela antiguidade materialista. Veio no momento em que a sociedade romana agonizava, destruída pela corrupção. Veio fazer resplandecer, no seio da Humanidade moralmente enfraquecida, os triunfos do sacrifício e da renúncia carnal.

Cada época é assim marcada com a característica da virtude ou do vício que a devem salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral. Digo que é apenas atividade, pois o homem de gênio se eleva de repente e descobre sozinho os horizontes que a multidão só verá muito depois dele, enquanto a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um objetivo menos brilhante, mas que comprova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos ao impulso que viemos dar aos vossos Espíritos. Obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Infeliz do Espírito preguiçoso, daquele que fecha seu entendimento! Infeliz! Pois nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, o atingiremos com o chicote e forçaremos sua vontade rebelde com a dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa deverá ceder, cedo ou tarde. Mas, bem-aventurados aqueles que são mansos, pois receberão com doçura os ensinamentos.

OBEDIÊNCIA CONSTRUTIVA

"E assim vos rogo eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados."

Paulo. (EFÉSIOS, 4:1.)

Na leitura do Evangelho, é necessário fixar o pensamento nas lições divinas, para que lhes sorvamos o conteúdo de sabedoria.

No versículo sob nossa atenção, reparamos em Paulo de Tarso o exemplo da suprema humildade, perante os desígnios da Providência.

Escrevendo aos Efésios, declara-se o apóstolo prisioneiro do Senhor.

Aquele homem sábio e vigoroso, que se rendera a Jesus, incondicionalmente, às portas de Damasco, revela à comunidade cristã a sublime qualidade de sua fé.

Não se afirma detento dos romanos, nem comenta a situação que resultava da intriga judaica. Não nomeia os algozes, nem se refere às sentinelas que o acompanham de perto.

Não examina serviços prestados.

Não relaciona lamentações.

Compreendendo que permanece a serviço do Cristo e cônscio dos deveres sagrados que lhe competem, dá-se por prisioneiro da Ordem Celestial e continua tranquilamente a própria missão.

Simples frase demonstra-lhe a elevada concepção de obediência.

Anotando-lhe a nobre atitude, conviria lembrar a nossa necessidade de conferir primazia à vontade de Jesus, em nossas experiências.

Quando predominarem, nos quadros da evolução terrestre, os discípulos que se sentem administradores do Senhor, operários do Senhor e cooperadores do Senhor, a Terra alcançará expressiva posição no seio das esferas.

Imitando o exemplo de Paulo, sejamos fiéis servidores do Cristo, em toda parte.

Somente assim, abandonaremos a caverna da impulsividade primitiva, colocando-nos a caminho do mundo melhor.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

domingo, 21 de novembro de 2021

A PACIÊNCIA

Um Espírito Amigo - Havre, 1862

7. A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos. Não vos atormenteis, portanto, quando sofrerdes, mas, ao contrário, bendizei a Deus Todo-Poderoso que vos marcou pela dor neste mundo, para a glória no Céu.

Sede pacientes. A paciência é também caridade e deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade da esmola dada aos pobres é a mais fácil delas. No entanto, há uma bem mais difícil, e consequentemente bem mais louvável, que é perdoar aqueles que Deus colocou em nosso caminho para nos servirem de teste em nossos sofrimentos e colocar nossa paciência à prova.

Sei que a vida é difícil; ela se compõe de mil coisinhas que são como alfinetadas que acabam por ferir, mas é preciso observar os deveres que nos são impostos, as consolações e as compensações que temos em contrapartida. Então, reconheceremos que as bênçãos são mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado quando olhamos para o alto do que quando curvamos a fronte para a terra.

Coragem, amigos! O Cristo é o vosso modelo; sofreu mais do que qualquer um de vós e não tinha nada de que pudesse ser acusado, enquanto vós tendes vosso passado a expiar e tendes de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes; sede cristãos, esta palavra resume tudo.

ESPERAR E ALCANÇAR 

“E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.”

Paulo. (Hebreus, 6:15.)

A esperança de atingir a paz divina, com felicidade inalterável, vibra em todas as criaturas.

O anseio dos patriarcas da antiguidade é análogo ao dos homens modernos.

O lar coroado de bênçãos.

O dever bem cumprido.

A consciência edificada.

O ideal superior convenientemente atendido.

O trabalho vitorioso.

A colheita feliz.

As aspirações da alma são sempre as mesmas em toda parte.

Contudo, esperar significa persistir sem cansaço, e alcançar significa triunfar definitivamente.

Entre o objetivo e a meta, faz-se imperativo o esforço constante e inadiável.

Esperança não é inação.

E paciência traduz obstinação pacífica na obra que nos propomos realizar.

Se pretendes materializar os teus propósitos com o Cristo, guarda a fórmula da paciência como a única porta aberta para a vitória.

Há sofrimento em teus sonhos torturados? Incompreensão de muitos em derredor de teus desejos? A ingratidão e a dor te visitam o espírito?

Não chores perdendo os minutos, nem maldigas a dificuldade.

Aguarda as surpresas do tempo, agindo sem precipitação.

Se cada noite é nova sombra, cada dia é nova luz.

Lembra-te de que nem todas as águas se acham no mesmo nível e nem todas as árvores são iguais no tamanho, no crescimento ou na espécie.

Recorda as palavras do apóstolo dos gentios. Esperando com paciência, alcançaremos a promessa.

Não te esqueças de que o êxito seguro não é de quem o assalta, mas sim daquele que sabe agir, perseverar e esperar por Ele.                                                      

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 14 de novembro de 2021

A AFABILIDADE E A DOÇURA

Lázaro - Paris, 1861

6. A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são as formas de sua manifestação. Entretanto, nem sempre se deve confiar nas aparências; a educação e a vivência do mundo podem dar o verniz dessas qualidades.

Quantos há cuja fingida bondade nada mais é do que uma máscara para o exterior, uma roupagem, cuja aparência bem talhada e calculada disfarça as deformidades escondidas! O mundo está repleto de pessoas que têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são mansas sob a condição de nada lhes machucar, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua dourada, quando falam face a face, se transforma em dardo envenenado, quando estão por detrás.

A essa classe pertencem ainda aqueles homens benignos por fora e que, tiranos domésticos, fazem sua família e seus subordinados sofrer com o peso de seu orgulho e de sua tirania, querendo compensar assim o constrangimento a que se submetem fora de casa. Não ousando agir autoritariamente com estranhos, que os recolocariam no seu lugar, querem pelo menos ser temidos pelos que não podem resistir-lhes. Sua vaidade alegra-se por poderem dizer: “Aqui, eu mando e sou obedecido”; sem se lembrar de que poderiam acrescentar com mais razão: “E sou detestado”.

Não basta que os lábios falem leite e mel; se o coração nada tem a ver com isso, trata-se de hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se contradiz. É o mesmo, sempre, diante do mundo e na intimidade. Ele sabe, aliás, que pode enganar os homens pelas aparências, mas não pode enganar a Deus.

NA OBRA REGENERATIVA

 "Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa

vós, que sois espirituais, orientai-o com espírito de mansidão,

velando por vós mesmos para que não sejais igualmente tentados."

Paulo. (GÁLATAS, 6:1.)

Se tentamos orientar o irmão perdido nos cipoais do erro, com aguilhões de cólera, nada mais fazemos que lhe despertar a ira contra nós mesmos.

Se lhe impusermos golpes, revidará com outros tantos.

Se lhe destacamos as falhas, poderá salientar os nossos gestos menos felizes.

Se opinamos para que sofra o mesmo mal com que feriu a outrem, apenas aumentamos a percentagem do mal, em derredor de nós.

Se lhe aplaudimos a conduta errônea, aprovamos o crime.

Se permanecemos indiferentes, sustentamos a perturbação.

Mas se tratarmos o erro do semelhante, como quem cogita de afastar a enfermidade de um amigo doente, estamos, na realidade, concretizando a obra regenerativa.

Nas horas difíceis, em que vemos um companheiro despenhar-se nas sombras interiores, não olvidemos que, para auxiliá-lo, é tão desaconselhável a condenação, quanto o elogio.

Se não é justo atirar petróleo às chamas, com o propósito de apagar a fogueira, ninguém cura chagas com a projeção de perfume.

Sejamos humanos, antes de tudo.

Abeiremo-nos do companheiro infeliz, com os valores da compreensão e da fraternidade.

Ninguém perderá, exercendo o respeito que devemos a todas as criaturas e a todas as coisas.

Situemo-nos na posição do acusado e reflitamos se, nas condições dele, teríamos resistido às sugestões do mal. Relacionemos as nossas vantagens e os prejuízos do próximo, com imparcialidade e boa intenção.

Toda vez que assim procedermos, o quadro se modifica nos mínimos aspectos.

De outro modo será sempre fácil zurzir e condenar, para cairmos, com certeza, nos mesmos delitos, quando formos, por nossa vez, visitados pela tentação.                                                 

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

sábado, 6 de novembro de 2021

INJÚRIAS E VIOLÊNCIAS

1. Bem-aventurados aqueles que são mansos, porque possuirão a Terra. (Mateus, 5:4)

2. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus, 5:9)

3. Aprendestes o que foi dito aos antigos: Não matarás; todo aquele que matar merecerá ser condenado pelo julgamento. Porém, eu vos digo que aquele que se encolerizar contra seu irmão merecerá ser condenado pelo julgamento; que aquele que disser a seu irmão: "racca", merecerá ser condenado pelo conselho. E que aquele que lhe disser: "és louco", merecerá ser condenado ao fogo do inferno. (Mateus, 5:21 e 22)

4. Por estes ensinamentos morais, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansidão, a afabilidade e a paciência.

Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até mesmo qualquer expressão descortês para com os nossos semelhantes.

Racca era, entre os hebreus, um termo de desprezo que significava homem de má conduta e era pronunciado cuspindo-se e virando-se o rosto. Ele vai ainda mais longe, visto que ameaça lançar ao fogo do inferno aquele que disser a seu irmão: És louco.

É evidente que, nesta como em qualquer situação, a intenção agrava ou atenua a falta. Mas, por que uma simples palavra pode ser tão grave e suficiente para merecer uma reprovação tão severa? É que toda palavra que ofenda é a expressão de um sentimento contrário à lei de amor e de caridade, que deve estabelecer as relações entre os homens e manter entre eles a concórdia e a união; que é um insulto à benevolência recíproca e à fraternidade; que alimenta o ódio e o rancor; enfim, que, depois da humildade perante Deus, a caridade para com o próximo é a primeira lei de todo cristão.

5. Mas como entender o significado destas palavras: Bem-aventurados aqueles que são mansos, porque possuirão a Terra, se Jesus havia recomendado renunciar aos bens desse mundo e prometia os do Céu?

O homem, enquanto aguarda os bens do Céu, tem necessidade dos da Terra para viver. O que Jesus recomenda é que não se dê aos bens da Terra mais importância do que aos do Céu.

Por estas palavras, Jesus quis dizer que, até agora, os bens da Terra foram um privilégio exclusivo dos quais os violentos se apossaram, em prejuízo daqueles que são mansos e pacíficos; que frequentemente estes não têm o necessário, enquanto os outros têm em excesso. Promete Jesus que a justiça lhes será feita assim na Terra como no Céu; porque eles serão chamados filhos de Deus. Quando a lei do amor e da caridade for a lei da Humanidade, não havendo mais egoísmo, o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem esmagados pelo forte e pelo violento. Assim será a Terra, quando, de acordo com a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela se tornar um mundo feliz em razão do afastamento dos maus.

Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 9, itens 1 a 5.

O HOMEM COM JESUS

“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.”

Paulo (Filipenses, Cap. 4, Vers. 4.)

Com Jesus, ergue-se o Homem Da treva à luz...

Da inércia ao serviço...

Da ignorância à sabedoria...

Do instinto à razão...

Da força ao direito...

Do egoísmo à fraternidade...

Da tirania à compaixão...

Da violência ao entendimento...

Do ódio ao amor...

Da posse mentirosa à procura dos bens imperecíveis...

Da conquista sanguinolenta à renúncia edificante...

Da extorsão à justiça...

Da dureza à piedade...

Da palavra vazia ao verbo criador...

Da monstruosidade à beleza...

Do vício à virtude...

Do desequilíbrio à harmonia...

Da aflição ao contentamento...

Do pântano ao monte...

Do lodo à glória...

Homem, meu irmão, regozijemo-nos em plena luta redentora!

Que píncaros de angelitude poderemos alcançar se nos consagrarmos realmente ao Divino Amigo que desceu e se humilhou por nós?                                                 

Livro Pão Nosso – Emmanuel – Médium Chico Xavier.