23.
O homem está incessantemente à procura da felicidade que lhe foge sem parar,
pois a felicidade pura não existe na Terra. Entretanto, apesar dos sofrimentos
que formam o desfile inevitável desta vida, ele poderia pelo menos desfrutar de
uma felicidade relativa se não condicionasse essa felicidade às coisas
perecíveis e sujeitas às mesmas contrariedades, ou seja, aos prazeres
materiais, ao invés de procurá-la nos prazeres da alma, que são uma antecipação
dos prazeres celestes imperecíveis. Ao invés de procurar a paz do coração, única
felicidade real aqui na Terra, é ávido por tudo aquilo que pode agitá-lo e
perturbá-lo e, coisa curiosa, parece criar propositadamente tormentos que
dependia só dele evitar.
Haverá maiores tormentos do que aqueles
causados pela inveja e pelo ciúme? Para o invejoso e o ciumento não há repouso:
estão sempre excitados pelo desejo, o que eles não têm e os outros possuem causa-lhes
insônia. O sucesso de seus rivais lhes dá vertigem; seu único interesse é o de
menosprezar os outros, toda a sua alegria está em excitar, nos insensatos como
eles, a ira do ciúme de que estão possuídos. Pobres insensatos, de fato, nem
sonham que talvez amanhã será preciso deixar todas essas futilidades cuja
cobiça envenena suas vidas! Não é para eles que se aplicam estas palavras: Bem-aventurados
os aflitos, pois serão consolados, visto que suas preocupações não têm
recompensa no Céu.
De quantos tormentos, ao contrário, se poupa aquele que sabe se contentar com o que tem, que vê sem inveja aquilo que não é seu, que não procura parecer mais do que é. Ele está sempre rico, pois, se olha abaixo de si, ao invés de olhar acima, verá sempre pessoas que têm menos. É calmo, pois não cria necessidades ilusórias, e não é a calma, em si mesma, uma felicidade em meio às tempestades da vida?
ATRIBULADOS E PERPLEXOS
"Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados;
perplexos, mas não desanimados."
Paulo. (II CORÍNTIOS, 4:8.)
Desde os primeiros tempos do Evangelho, os leais
seguidores de Jesus conhecem tribulações e perplexidades, por permanecerem na
fé.
Quando se reuniam em Jerusalém, recordando o
Mestre nos serviços do Reino Divino, conheceram a lapidação, a tortura, o
exílio e o confisco dos bens; quando instituíram os trabalhos apostólicos de
Roma, ensinando a verdade e o amor fraterno, foram confiados aos leões do
circo, aos espetáculos sangrentos e aos postes de martírio.
Desde então, experimentam dolorosas surpresas em
todas as partes do mundo. A idade medieval, envolvida em sombras, tentou
desconhecer a missão do Cristo e acendeu-lhes fogueiras, conduzindo-os, além
disso, a tormentos inesperados e desconhecidos, através dos tribunais políticos
e religiosos da Inquisição.
E, ainda hoje, enquanto oram confiantes,
exemplificando o amor evangélico, reparam o progresso dos ímpios e sofrem a
dominação dos vaidosos de todos os matizes.
Enquanto triunfam os maus e os indiferentes, nas
facilidades terrestres, são eles relegados a dificuldades e tropeços, à frente
das situações mais simples.
Apesar da evolução inegável do direito no mundo,
ainda são chamados a contas pelo bem que fazem e vigiados, com rudeza, devido à
verdade consoladora que ensinam.
Mas todos os discípulos fiéis sabem, com Paulo de Tarso, que "em tudo serão atribulados e perplexos", todavia, jamais se entregarão à angústia e ao desânimo. Sabem que o Mestre Divino foi o Grande Atribulado e aprenderam com Ele que da perplexidade, da aflição, do martírio e da morte, transfere-se a alma para a Ressurreição Eterna
Livro Vinha de Luz – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.
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