domingo, 26 de dezembro de 2021

O SACRIFÍCIO MAIS AGRADÁVEL A DEUS

7. Se, portanto, quando apresentardes vossa oferenda ao altar, vos lembrardes de que vosso irmão tem algo contra vós, deixai vosso donativo aos pés do altar e ide antes de mais nada vos reconciliar com vosso irmão e, só depois, voltai para oferecer vossa oferta. (Mateus, 5:23 e 24)

8. Quando Jesus disse: Ide vos reconciliar com vosso irmão antes de apresentar vossa oferenda ao altar, ensinou ao homem que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o de sacrificar o seu próprio ressentimento; que, antes de se apresentar a Ele para ser perdoado, é preciso perdoar e, se cometemos alguma injustiça contra um de nossos irmãos, é preciso tê-la corrigido. Então, só assim a oferenda será agradável, pois virá de um coração puro e isento de qualquer mau pensamento. Ele explicou assim este ensinamento porque os judeus ofereciam sacrifícios de coisas materiais e suas palavras deviam estar de acordo com os costumes em vigor naquela época. Mas, como o cristão espiritualizou o sacrifício, não oferece mais dádivas materiais a Deus; para ele, o ensinamento ganha mais força. Oferecendo sua alma a Deus, ela deve estar purificada. Entrando no templo do Senhor, deve deixar do lado de fora todo sentimento de ódio e de animosidade, todo mau pensamento contra seu irmão e só então sua prece será levada pelos anjos aos pés do Eterno. Eis o que Jesus ensina com estas palavras: Deixai vosso donativo ao pé do altar e ide primeiro vos reconciliar com vosso irmão, se quiserdes ser agradável ao Senhor.

DESCULPA SEMPRE

“Se perdoardes aos homens as suas ofensas,

Também vosso Pai Celestial vos perdoará.”

Jesus. (Mateus, 6:14.)

Por mais graves te pareçam as faltas do próximo, não te detenhas na reprovação.

Condenar é cristalizar as trevas, opondo barreiras ao serviço da luz.

Procura nas vítimas da maldade algum bem com que possas soerguê-las, assim como a vida opera o milagre do reverdecimento nas árvores aparentemente mortas.

Antes de tudo, lembra quão difícil é julgar as decisões de criaturas em experiências que divergem da nossa!

Como refletir, apropriando-nos da consciência alheia, e como sentir a realidade, usando um coração que não nos pertence?

Se o mundo, hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos, faze silêncio e espera...

A observação justa é impraticável quando a neblina nos cerca.

Amanhã, quando o equilíbrio for restaurado, conseguirás suficiente clareza para que a sombra te não altere o entendimento.

Além disso, nos problemas de crítica, não te suponhas isento dela.

Através da nociva complacência para contigo mesmo, não percebes quantas vezes te mostras menos simpático aos semelhantes!

Se há quem nos ame as qualidades louváveis, há quem nos destaque as cicatrizes e os defeitos.

Se há quem ajude, exaltando-nos o porvir luminoso, há quem nos perturbe, constrangendo-nos à revisão do passado escuro.

Usa, pois, a bondade, e desculpa incessantemente.

Ensina-nos a Boa Nova que o Amor cobre a multidão dos pecados.

Quem perdoa, esquecendo o mal e avivando o bem, recebe do Pai Celestial, na simpatia e na cooperação do próximo, o alvará da libertação de si mesmo, habilitando-se a sublimes renovações.

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 19 de dezembro de 2021

RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVERSÁRIOS

5. Reconciliai-vos o mais cedo possível com vosso adversário, enquanto estiverdes com ele a caminho, para que não suceda que o vosso adversário vos entregue ao juiz e que o juiz vos leve ao ministro da justiça, e que sejais mandado para a prisão. Eu vos digo, em verdade, que não saireis de lá, enquanto não houverdes pago até o último ceitil. (Mateus, 5:25 e 26)

6. Há, na prática do perdão assim como na do bem, geralmente, além do efeito moral, também um efeito material. Sabemos que a morte não nos livra dos nossos inimigos. Em muitos casos, os Espíritos desejosos de vingança, no além-túmulo, movidos por seu ódio, perseguem aqueles contra os quais conservaram seu rancor. Por isso, o provérbio que diz: “Morta a cobra, cessa o veneno”, é falso, quando aplicado ao homem. O Espírito mau aproveita o fato de que aquele a quem ele quer mal esteja ainda preso ao corpo e, portanto, menos livre, para mais facilmente atormentá-lo e atingi-lo em seus interesses ou afeições mais caras. Esta é a causa da maior parte dos casos de obsessão, principalmente daqueles que apresentam uma certa gravidade, como a subjugação e a possessão. O obsediado e o possesso são, quase sempre, vítimas de uma vingança, à qual eles deram motivo por sua conduta e cuja ação se acha numa vida anterior. Deus consente esta situação como uma punição pelo mal que fizeram ou, se não o fizeram, por terem faltado com a indulgência e a caridade, não perdoando. É importante, pois, do ponto de vista da sua tranquilidade futura, corrigir o mais rápido possível os erros que cada um tenha cometido contra seu próximo, perdoando aos inimigos, a fim de eliminar, antes de desencarnar, qualquer motivo de desavenças ou ódios, ou qualquer causa motivada por rancor. Deste modo, de um inimigo enfurecido neste mundo pode-se fazer um amigo no outro, ou, pelo menos, ficar do lado do bem, e Deus ampara aqueles que perdoam. Quando Jesus recomenda reconciliar-se o mais cedo possível com seu adversário não é apenas com o objetivo de eliminar as discórdias durante a atual existência, mas para evitar que elas continuem nas existências futuras. Não saireis de lá, disse Jesus, enquanto não houverdes pago até o último ceitil, isto quer dizer que, enquanto não nos perdoarmos uns aos outros, estaremos presos em cadeias de ódio e rancor, das quais só nos libertaremos quando estiver satisfeita completamente a justiça de Deus.

CONCILIAÇÃO

“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho

com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz e o juiz te

entregue ao oficial de justiça, e te encerrem na prisão.”

Jesus. (Mateus, Capítulo 5, Versículo 25.)

Muitas almas enobrecidas, após receberem a exortação desta passagem, sofrem intimamente por esbarrarem com a dureza do adversário de ontem, inacessível a qualquer conciliação.

A advertência do Mestre, no entanto, é fundamentalmente consoladora para a consciência individual.

Assevera a palavra do Senhor — “concilia-te”, o que equivale a dizer “faze de tua parte”.

Corrige quanto for possível, relativamente aos erros do passado, movimenta-te no sentido de revelar a boa-vontade perseverante. Insiste na bondade e na compreensão.

Se o adversário é ignorante, medita na época em que também desconhecias as obrigações primordiais e observa se não agiste com piores características; se é perverso, categoriza-o à conta de doente e dementado em vias de cura.

Faze o bem que puderes, enquanto palmilhas os mesmos caminhos, porque se for o inimigo tão implacável que te busque entregar ao juiz, de qualquer modo, terás então igualmente provas e testemunhos a apresentar. Um julgamento legítimo inclui todas as peças e somente os espíritos francamente impenetráveis ao bem, sofrerão o rigor da extrema justiça.

Trabalha, pois, quanto seja possível no capítulo da harmonização, mas se o adversário te desdenha os bons desejos, concilia-te com a própria consciência e espera confiante.

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

domingo, 12 de dezembro de 2021

PERDOAI PARA QUE DEUS VOS PERDOE

1. Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque eles próprios alcançarão misericórdia. (Mateus, 5:7)

2. Se perdoardes aos homens as faltas que cometem contra vós, vosso Pai celeste também perdoará vossos pecados; mas se não perdoardes aos homens quando vos ofendem, vosso Pai também não perdoará vossos pecados. (Mateus, 6:14 e 15)

3. Se vosso irmão pecou contra vós, ide acertar a falta em particular, entre vós e ele. Se ele vos ouvir, tereis ganho o vosso irmão. Então Pedro, se aproximando, Lhe disse: Senhor, quantas vezes perdoarei ao meu irmão quando pecar contra mim? Será até sete vezes? Jesus lhe respondeu: Não vos digo que apenas sete vezes e sim setenta vezes sete vezes. (Mateus, 18:15, 21 e 22)

4. A misericórdia é o complemento da doçura; porque aquele que não é misericordioso não será também dócil nem pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor revelam uma alma sem elevação e sem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que está acima do mal que lhe quiseram fazer. Uma é sempre ansiosa, de uma irritabilidade desconfiada e cheia de amargura; a outra é calma, cheia de mansidão e de caridade.

Infeliz daquele que diz: “Nunca perdoarei!” Este, se não for condenado pelos homens, certamente o será por Deus. Com que direito pedirá o perdão das suas próprias faltas, se ele próprio não perdoa as dos outros? Quando diz para perdoarmos ao nosso irmão não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites.

Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma é grandiosa e nobre, verdadeiramente generosa, sem pensar no que passou, que evita com delicadeza ferir o amor-próprio e os sentimentos do agressor, ainda que este último tenha toda a culpa. A outra maneira é quando o ofendido, ou aquele que assim se julga, impõe ao ofensor condições humilhantes e o faz sentir todo o peso de um perdão que irrita ao invés de acalmar. Se estende a mão, não é com benevolência e sim com ostentação para se mostrar, a fim de poder dizer a todos: “Vede o quanto sou generoso!” Em tais condições é impossível que a reconciliação seja sincera de ambas as partes. Isto não é generosidade; é, antes, uma maneira de satisfação do orgulho. Em todas as

contendas, aquele que se mostra mais pacificador, que demonstra maior tolerância, caridade e verdadeira grandeza da alma, conquistará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

SE SOUBÉSSEMOS 

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”

Jesus. (Lucas, 23:34.)

Se o homicida conhecesse, de antemão, o tributo de dor que a vida lhe cobrará, no reajuste do seu destino, preferiria não ter braços para desferir qualquer golpe.

Se o caluniador pudesse eliminar a crosta de sombra que lhe enlouquece a visão, observando o sofrimento que o espera no acerto de contas com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou imobilizaria a pena, a fim de não se confiar à acusação descabida.

Se o desertor do bem conseguisse enxergar as perigosas ciladas com que as trevas lhe furtarão o contentamento de viver, deter-se-ia feliz, sob as algemas santificantes dos mais pesados deveres.

Se o ingrato percebesse o fel de amargura que lhe invadirá, mais tarde, o coração, não perpetraria o delito da indiferença.

Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se apartaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.

Se o glutão enxergasse os desequilíbrios para os quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha para a morte, renderia culto invariável à frugalidade e à harmonia.

Se soubéssemos quão terrível é o resultado de nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto.

Perdoa, pois, a quem te fere e calunia...

Em verdade, quantos se rendem às sugestões perturbadoras do mal não sabem o que fazem. 

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 5 de dezembro de 2021

A CÓLERA

Um Espírito Protetor - Bordeaux, 1863

9. Levados pelo orgulho, vos julgais mais do que sois a ponto de não suportardes uma comparação que possa vos rebaixar, e vos considerais tão acima de vossos irmãos, seja como Espírito, seja em posição social ou em superioridade pessoal, que o menor paralelo vos irrita e vos fere. E o que acontece então? Ficais encolerizados.

Procurai a origem desses acessos de demência passageira que vos igualam aos brutos e vos fazem perder a razão e o sangue frio. Procurai o porquê disso, e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido.

Não é o orgulho ferido por uma opinião contrária que vos faz rejeitar as observações justas, que vos faz repelir com cólera os mais sábios conselhos? A própria impaciência, decorrente das contrariedades frequentemente fúteis, prende-se à importância que cada um atribui à sua própria personalidade, diante da qual acreditais que tudo deve se curvar.

Na sua impaciência, o homem colérico se volta contra tudo: desde a natureza bruta até os objetos, que acaba por destruir, por não lhe obedecerem. Se nesse momento ele pudesse ver-se a sangue frio, teria medo de si próprio, ou se acharia ridículo. Que julgue por aí a impressão que deve causar aos outros. Ainda que seja por respeito a si mesmo, cumpre-lhe esforçar-se para vencer uma tendência que faz dele objeto de piedade.

Se soubesse que a impaciência e a exaltação não resolvem nada, que alteram sua saúde e até mesmo comprometem sua vida, veria que ele próprio é sua primeira vítima. Além disso, uma outra consideração deveria detê-lo: o pensamento de que torna infelizes todos aqueles que o rodeiam. Se tem coração, não sentirá remorso em fazer sofrer os seres que mais ama? E que desgosto mortal se, num acesso de raiva, cometer um ato do qual tiver de se arrepender por toda a sua vida!

Em resumo, o homem que tem um temperamento colérico não deixa de ter certas qualidades no coração, mas pode impedi-lo de praticar muito o bem e pode levá-lo a praticar muito o mal. Isto basta para fazer esforços para dominá-la. O espírita deve ainda levar em conta uma outra razão: ela é contrária à caridade e à humildade cristãs.

Hahnemann - Paris, 1863

10. Segundo a ideia muito falsa de que não se pode alterar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos nos quais se satisfaz de bom grado, ou que lhe exigiriam muita perseverança para serem eliminados. É desse modo, por exemplo, que aquele que é inclinado à cólera quase sempre se desculpa por seu temperamento. Antes de se considerar culpado, atribui a falta ao seu organismo, acusando assim a Deus de seus próprios defeitos. É ainda uma consequência do orgulho que se encontra ligado a todas as suas imperfeições.

Não há dúvida de que há temperamentos que se prestam, mais do que outros, a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam às exibições de força. Mas não acrediteis que aí esteja a causa principal da cólera, e podeis ter a certeza de que um Espírito pacífico, mesmo num corpo guerreiro, será sempre pacífico; e que um Espírito violento, num corpo debilitado, não será por isso mais dócil. A violência tomará apenas uma outra feição; se não possuir um organismo apropriado para se manifestar, a cólera ficará contida e, no outro caso, será expansiva.

O corpo não dá cólera àquele que não a possui, assim como também não lhe dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são próprios da natureza do Espírito. Do contrário, onde estaria o mérito e a responsabilidade? O homem que tem uma deformação física não pode tornar-se sadio porque o Espírito nada tem a ver com isso; mas pode modificar o que é do Espírito, quando tem uma vontade firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que vedes acontecer? Convencei-vos, portanto, de que o homem apenas permanece vicioso porque assim o quer; mas aquele que quer se corrigir sempre tem a oportunidade. De outra maneira, a lei do progresso não existiria para o homem.

NA OBRA DE SALVAÇÃO

“Porque Deus não nos tem designado para a ira, mas

para a aquisição da salvação por Nosso Senhor Jesus-

Cristo”. – Paulo. (2ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:9.)

Por que não somos compreendidos?

Por que motivo a solidão nos invade a existência?

Por que razões a dificuldade nos cerca?

Por que tanta sombra e tanta aspereza, em torno de nossos passos?

E a cada pergunta, feita de nós para nós mesmos, seguem-se, comumente, o desespero e a inconformação, reclamando, sob os raios mortíferos da cólera, as vantagens de que nos sentimos credores.

Declaramo-nos decepcionados com a nossa família, desamparados por nossos amigos, incompreendidos pelos companheiros e até mesmo perseguidos por nossos irmãos.

A intemperança mental carreia para nosso íntimo os espinhos do desencanto e os desequilíbrios orgânicos inabordáveis, transformando-nos a existência num rosário de queixas preguiçosas e enfermiças.

Isso, porém, acontece porque não fomos designados pelo Senhor para o despenhadeiro escuro da ira e sim para a obra de salvação.

Ninguém restaura um serviço sob as trevas da desordem.

Ninguém auxilia ferindo sistematicamente, pelo simples prazer de dilacerar.

Ninguém abençoará as tarefas de cada dia amaldiçoando-as, ao mesmo tempo.

Ninguém pode ser simultaneamente amigo e verdugo.

Se tens noticia do Evangelho, no mundo de tua alma, prepara-te para ajudar, infinitamente...

A Terra é a nossa escola e a nossa oficina.

A Humanidade é a nossa família.

Cada dia é o ensejo bendito de aprender e auxiliar.

Por mais aflitiva seja a tua situação, ampara sempre e estarás agindo no abençoado serviço de salvação a que o Senhor nos chamou. 

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.