Um Espírito Protetor - Cracóvia, 1861
13. Eu vos disse, recentemente, meus queridos filhos, que a
caridade sem a fé não basta para manter entre os homens uma ordem social capaz
de torná-los felizes. Deveria ter dito que a caridade é impossível sem a fé.
Podereis encontrar, em verdade, impulsos generosos até mesmo junto a pessoas
sem religião, mas essa caridade verdadeira, que apenas se exerce pela
abnegação, pelo sacrifício constante de todo interesse egoísta, somente pela fé
poderá ser inspirada.
Nada, além dela, nos dá condições para
carregar com coragem e persistência a cruz desta vida.
Meus filhos, é em vão que o homem,
ansioso de prazeres, tenta se iludir quanto ao seu destino aqui na Terra, achando
que deve se ocupar apenas de sua felicidade. Deus nos criou com a certeza de
sermos felizes na eternidade, por isso a vida terrena deve servir
exclusivamente para o aperfeiçoamento moral, que se adquire mais facilmente com
o auxílio dos órgãos físicos e as exigências do mundo material, que devem ser
supridas. Além do mais, os problemas comuns da vida, a diversidade dos gostos,
das tendências e das vossas necessidades são um meio de vos aperfeiçoardes,
exercitando-vos na caridade. Portanto, apenas à custa de concessões e de
sacrifícios mútuos é que podeis manter a harmonia entre elementos tão diversos.
Tendes toda a razão ao afirmar que a
felicidade está destinada ao homem aqui na Terra, se a procurais na prática do
bem e não nos prazeres materiais. A história da cristandade nos fala de
mártires que foram para o suplício com alegria. Hoje, na vossa sociedade, para serdes
cristãos, não é necessário nem o sacrifício do mártir, nem o sacrifício da
vida, mas única e simplesmente o sacrifício do vosso egoísmo, do vosso orgulho
e da vossa vaidade. Triunfareis, se a caridade vos inspirar sempre, e se a fé
for a vossa sustentação.
Jesus. (Mateus, 5:46.)
Trabalhar no horário comum
irrepreensivelmente, cuidar dos deveres domésticos, satisfazer exigências
legais e exercitar a correção de proceder, fazendo o bastante na esfera das
obrigações inadiáveis, são tarefas peculiares a crentes e descrentes na senda diária.
Jesus, contudo, espera algo mais do
discípulo.
Correspondes aos impositivos do trabalho
diuturno, criando coragem, alegria e estímulo, em derredor de ti?
Sabes improvisar o bem, onde outras pessoas
se mostraram infrutíferas?
Aproveitas, com êxito, o material que outrem
desprezou por imprestável?
Aguardas, com paciência, onde outros
desesperaram?
Na posição de crente, conservas o espírito de
serviço, onde o descrente congelou o espírito de ação?
Partilhas a alegria de teus amigos, sem
inveja e sem ciúme, e participas do sofrimento de teus adversários, sem falsa
superioridade e sem alarde?
Que dás de ti mesmo no ministério da
caridade? Garantir o continuísmo da espécie, revelar utilidade geral e
adaptar-se aos movimentos da vida são característicos dos próprios irracionais.
O homem vulgar, de muitos milênios para cá,
vem comendo e bebendo, dormindo e agindo sem diferenças fundamentais, na ordem
coletiva. De vinte séculos a esta parte, todavia, abençoada luz resplandece na
Terra com os ensinamentos do Cristo, convidando-nos a escalar os cimos da
espiritualidade superior. Nem todos a percebem, ainda, não obstante envolver a
todos. Mas, para quantos se felicitam em suas bênçãos extraordinárias, surge o
desafio do Mestre, indagando sobre o que de extraordinário estamos fazendo.
Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário