sábado, 9 de abril de 2022

A VINGANÇA

Jules Olivier - Paris, 1862

9. A vingança é um dos últimos vestígios dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. Ela é, juntamente com o duelo, um dos últimos vestígios desses costumes selvagens que faziam a Humanidade sofrer no início da era cristã. Por isso a vingança é um sinal da inferioridade dos homens que se deixam levar por ela e dos Espíritos que também podem sugeri-la. Portanto, meus amigos, esse sentimento nunca deve fazer vibrar o coração daquele que se diga e proclame espírita. Vingar-se é, bem o sabeis, totalmente contrário ao ensinamento do Cristo: Perdoai aos vossos inimigos, e aquele que se recusa a perdoar não é espírita, como também não é cristão. A vingança é um sentimento tão nocivo quanto a falsidade e a baixeza, que são suas companheiras constantes. De fato, todo aquele que se entrega a essa paixão cega e fatal quase nunca se vinga a céu aberto. Se ele é o mais forte, ataca ferozmente aquele a quem chama de inimigo, bastando para isso a simples presença do desafeto para que nele se inflamem a cólera, a paixão e o ódio. Porém, na maioria das vezes, ele toma uma aparência fingida, disfarçando no fundo de seu coração os maus sentimentos que o animam. Segue caminhos tortuosos, espreita na sombra o inimigo e, sem que ele sequer desconfie, espera o momento mais favorável para, sem correr nenhum risco e sem receio, executar a sua vingança. Ocultando-se, vigia-o sem cessar, prepara-lhe armadilhas odiosas e, na ocasião propícia, derrama-lhe no copo o veneno mortal. Quando seu ódio não vai até a esses extremos, então ataca sua honra e suas afeições. Não recua diante da calúnia e das falsas insinuações que, habilmente semeadas aos quatro ventos, vão aumentando pelo caminho. Desta forma, quando o perseguido se apresenta nos lugares onde aquele sopro envenenado passou, se admira de encontrar rostos frios, onde encontrava antigamente rostos amigos e benevolentes. Fica surpreso quando as mãos, que procuravam a sua, agora se recusam a apertá-la; enfim, fica arrasado quando seus amigos mais caros e mais próximos se desviam e fogem dele. O covarde que se vinga desta maneira é cem vezes mais culpado do que aquele que vai direto a seu inimigo e o insulta de cara limpa.

Parem, portanto, com estes costumes selvagens! Parem com estes costumes de outros tempos! Todo espírita que hoje pretender ainda ter o direito de se vingar será indigno de figurar por mais tempo entre aqueles que tomaram por lema: Fora da caridade não há salvação! Recuso-me a aceitar a simples ideia que um membro da grande família espírita possa ceder ao impulso da vingança ao invés de perdoar.

OBRA INDIVIDUAL

 "Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador,

salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados."

(TIAGO, 5:20.)

Quando um homem comete uma ação má, os reflexos dela perduram, por muito tempo, na atmosfera espiritual em que ele vive.

A criatura ignorante que a observa se faz pior.

Os olhos menos benevolentes que a veem se tornam mais duros.

O homem quase retificado que a identifica estaciona e desanima.

O missionário do bem que a surpreende encontra mais dificuldades para socorrer os outros.

Em derredor de um gesto descaridoso, congregam-se a indisciplina, o despeito, a revolta e a vingança, associando-se em operações mentais malignas e destrutivas.

Uma boa ação, contudo, edifica e ilumina sempre.

A criatura ignorante que a observa aprende a elevar-se.

Os olhos menos benevolentes que a veem recebem nova claridade para a vida íntima.

O homem quase retificado que a identifica adquire mais fortaleza para restaurar-se.

O missionário do bem que a surpreende nela se exalta, a benefício do seu apostolado de luz.

Em torno da manifestação cristã, enlaçam-se a gratidão, a alegria, a esperança e o otimismo, organizando criações mentais iluminativas e santificantes.

Se desejas, portanto, propagar o espírito sublime do Cristianismo, atende à obra individual com Jesus.

Afasta os corações amados do campo escuro do erro, através de teus atos que constituem lições vivas do amor edificante.

Recorda-te de que pela conversão verdadeira e substancial de um só espírito ao Infinito Bem, escuras multidões de males poderão desaparecer para sempre. 

Livro Vinha de Luz – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

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