domingo, 26 de fevereiro de 2023

PODER DA FÉ

1. Quando se dirigia ao povo, um homem se aproximou d'Ele, ajoelhou-se a seus pés e disse: Senhor, tende piedade de meu filho que está lunático, sofre muito e frequentemente cai, ora no fogo ora na água. Apresentei-o a vossos discípulos, mas não puderam curá-lo. E Jesus respondeu dizendo: Oh, raça incrédula e depravada! Até quando vos sofrerei? Até quando deverei ficar convosco? Trazei-me até aqui essa criança. E Jesus, tendo ameaçado o demônio, fez com que ele saísse da criança, que foi curada no mesmo instante. Então, os discípulos vieram encontrar Jesus em particular, e Lhe disseram: Por que nós mesmos não pudemos tirar esse demônio? Jesus lhes respondeu: É por causa de vossa pouca fé. Pois eu vos digo em verdade que, se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daqui até lá, e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (Mateus, 17:14 a 19)

2. É certo que a confiança do homem em suas próprias forças o torna capaz de realizar coisas materiais que não se podem fazer quando se duvida de si mesmo; mas, aqui, é unicamente no sentido moral que é preciso entender estas palavras. As montanhas que a fé transporta são as dificuldades, as resistências, a má vontade, que se encontram entre os homens, mesmo quando se trata das melhores coisas. Os preconceitos rotineiros, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgulhosas são também montanhas que barram o caminho de todo aquele que trabalha pelo progresso da Humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem vencer os obstáculos, tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas. A fé, que é vacilante, provoca incerteza, hesitação, de que se aproveitam os adversários que devemos combater; ela não procura os meios de vencer, porque não crê na possibilidade de vitória.

3. Noutro sentido, entende-se como fé a confiança que se tem no cumprimento de uma coisa, na certeza de atingir um objetivo. Ela dá uma espécie de lucidez, que faz ver, pelo pensamento, os fins que se tem em vista e os meios para atingi-los, de modo que quem a possui caminha, por assim dizer, com total segurança. Num como noutro caso, ela leva a realizar grandes coisas.

A fé sincera e verdadeira é sempre calma, dá a paciência que sabe esperar, porque, apoiando-se na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de atingir o objetivo. A fé vacilante sente sua própria fraqueza; quando é estimulada pelo interesse, torna-se enfurecida e acredita que, aliando-se à violência, obterá a força que não tem.

A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, é uma prova de fraqueza e dúvida de si mesmo.

4. É preciso não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se alia à humildade; aquele que a possui confia mais em Deus do que em si mesmo; sabe que, simples instrumento da vontade de Deus, nada pode sem Ele e é por isso que os bons Espíritos o ajudam.

A presunção é mais orgulho do que fé, e o orgulho é sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos fracassos que lhe são impostos.

5. O poder da fé é demonstrado direta e especialmente no magnetismo.

Por ele, o homem age sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão, por assim dizer, irresistível. Aquele que, a um grande poder fluídico normal, juntar uma fé ardente pode, unicamente pela vontade dirigida para o bem, operar esses fenômenos especiais de cura e outros mais que antigamente eram tidos como prodígios e, no entanto, são apenas o efeito de uma lei natural. Este é o motivo pelo qual Jesus disse a seus apóstolos: Se não o curastes, é porque não tínheis fé.

TUA FÉ

“E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.”

(Lucas, Capítulo 8, Versículo 48.)

É importante observar que o Divino Mestre, após o benefício dispensado, sempre se reporta ao prodígio da fé, patrimônio sublime daqueles que O procuram.

Diversas vezes, ouvimo-lo na expressiva afirmação: — “A tua fé te salvou.” Doentes do corpo e da alma, depois do alívio ou da cura, escutam a frase generosa. É que a vontade e a confiança do homem são poderosos fatores no desenvolvimento e iluminação da vida.

O navegante sem rumo e que em nada confia, somente poderá atingir algum porto em virtude do jogo das forças sobre as quais se equilibra, desconhecendo, porém, de maneira absoluta, o que lhe possa ocorrer.

O enfermo, descrente da ação de todos os remédios, é o primeiro a trabalhar contra a própria segurança. O homem que se mostra desalentado em todas as coisas, não deverá aguardar a cooperação útil de coisa alguma.

As almas vazias embalde reclamam o quinhão de felicidade que o mundo lhes deve.

As negações, em que perambulam, transformam-nas, perante a vida, em zonas de amortecimento, quais isoladores em eletricidade. Passa corrente vitalizante, mas permanecem insensíveis.

Nos empreendimentos e necessidades de teu caminho, não te isoles nas posições negativas.

Jesus pode tudo, teus amigos verdadeiros farão o possível por ti; contudo, nem o Mestre e nem os companheiros realizarão em sentido integral a felicidade que ambicionas, sem o concurso de tua fé, porque também tu és filho do mesmo Deus, com as mesmas possibilidades de elevação.

Livro Pão Nosso – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

RECONHECE-SE O CRISTÃO POR SUAS OBRAS

Simeão - Bordeaux, 1863

16. Nem todos que dizem: Senhor, Senhor, entrarão no reino dos Céus, mas apenas aqueles que fizerem a vontade de meu Pai que está nos Céus.

Escutai estas palavras do Mestre, todos vós que rejeitais a Doutrina Espírita como obra do demônio.

Abri os ouvidos, pois chegou o momento de ouvir.

Basta trazer os sinais do Senhor para ser um fiel servidor? Basta dizer: “sou cristão”, para ser seguidor do Cristo? Procurai os verdadeiros cristãos e os reconhecereis por suas obras. Eis as palavras do Mestre: Uma boa árvore não pode dar maus frutos, nem uma árvore ruim dar frutos bons. Toda árvore que não dá bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Discípulos de Cristo, compreendei-as bem. Quais são os frutos que deve produzir a árvore do Cristianismo, árvore majestosa, cujos ramos frondosos cobrem com sua sombra uma parte do mundo, mas que ainda não abrigaram todos aqueles que devem se reunir ao seu redor? Os frutos da árvore da vida são frutos de vida, de esperança e de fé. O Cristianismo, tal como tem feito há muitos séculos, continua a pregar as divinas virtudes; procura distribuir seus frutos, mas poucos os colhem! A árvore é sempre boa, mas os jardineiros são maus. Eles a moldaram à sua vontade; talharam-na de acordo com suas necessidades; cortaram-na, diminuíram-na, mutilaram-na; seus ramos estéreis já nem maus frutos produzem, porque não produzem nada mais. O viajante cansado que para, procurando em sua sombra o fruto da esperança que deve lhe dar força e coragem, encontra apenas ramos áridos que prenunciam a tempestade. Pede em vão o fruto de vida à árvore da vida: as folhas caem secas; a mão do homem as manuseou e remanejou tanto que as secou!

Abri, pois, vossos ouvidos e vossos corações, meus bem-amados!

Cultivai essa árvore da vida cujos frutos dão a vida eterna. Aquele que a plantou vos convida a cuidar dela com amor, e a vereis dar ainda, com abundância, seus frutos divinos. Deixai-a tal como o Cristo vô-la deu: não a mutileis; ela quer estender sobre o Universo sua imensa sombra: não corteis seus ramos. Seus frutos generosos caem em abundância para sustentar o viajante faminto que quer atingir o seu objetivo; não os amontoeis para guardá-los e deixá-los apodrecer para que não sirvam a ninguém. Muitos são os chamados e poucos os escolhidos; é que existem monopolizadores do pão da vida, como os há do pão material. Não vos coloqueis dentre eles; a árvore que dá bons frutos deve distribuí-los para todos. Ide, então, procurar aqueles que estão famintos; trazei-os para a sombra da árvore e partilhai com eles o abrigo que ela vos oferece. Não se colhem uvas dos espinheiros. Meus irmãos, afastai-vos daqueles que vos chamam para vos arrastar para os espinheiros do caminho, e segui aqueles que vos conduzem à sombra da árvore da vida.

O Divino Salvador, o justo por excelência, disse, e suas palavras não passarão: Nem todos aqueles que me dizem: Senhor, Senhor, entrarão no reino dos Céus, mas só aqueles que fizerem a vontade de meu pai que está nos Céus.

Que o Senhor de bênçãos vos abençoe; que o Deus de luz vos ilumine; que a árvore da vida vos ofereça seus frutos com abundância!

Crede e orai.

EM TI PRÓPRIO

"De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus".

PAULO. (Romanos, 14:12.)

Escutarás muita gente a falar de compreensão e talvez que, sob o reflexo condicionado, repetirás os belos conceitos que ouviste, através de preleções que te angariarão simpatia e respeito.

Entretanto, se não colocares o assunto nas entranhas da alma, situando-te no lugar daqueles que precisam de entendimento, quase nada saberás de compreensão, além da certeza de que temos nela preciosa virtude.

Falarás de paciência e assinalarás muitas vozes, em torno de ti, referindo-se, no entanto, se no imo do próprio ser não tens necessidade de sofrer por algum ente amado, muito pouco perceberás acerca de calma e tolerância.

Exaltarás o amor, a bondade, a paz e a união, mas se nas profundezas do espírito não sentires, algum dia, o sofrimento a ensinar-te o valor da nota de consolação sobre a dor de que te lamentas; a significação da migalha de socorro que outrem te estenda em teus dias de carência material; a importância da desculpa de alguém a essa ou àquela falta que cometeste e o poder do gesto de pacificação da parte de algum amigo que te restituiu a harmonia, em tuas próprias vivências, ignorarás realmente o que sejam entendimento e generosidade, perdão e segurança íntima.

Seja qual a dificuldade em que te vejas, abstém de carregar o fardo das aflições e das perguntas sem remédio.

Penetra no silêncio da própria alma, escuta os pensamentos que te nascem do próprio ser e reconhecerás que a solução da vida surgirá de ti mesmo.

Livro Ceifa de Luz – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

SERÁ DADO ÀQUELE QUE TEM

Um Espírito Amigo - Bordeaux, 1862

13. Seus discípulos, se aproximando, Lhe disseram: Por que falais por parábolas? E lhes respondendo disse: É porque vos foi permitido conhecer o reino dos Céus, mas, quanto a eles, não lhes foi permitido. Pois a todo aquele que já tem será dado ainda mais, e ficará na abundância; mas daquele que nada tem será retirado até mesmo o que tem. Eis por que falo por parábolas; porque, ao ver, nada veem, e, ao ouvir, nada entendem nem compreendem. E a profecia de Isaías neles se cumpre quando disse: Escutareis com vossos ouvidos e não entendereis; olhareis com vossos olhos e não vereis. (Mateus, 13:10 a 14)

14. Prestai atenção ao que ouvis. Com a medida com que medirdes, medir-vos-ão a vós, e ainda darão de acréscimo. Porque, a quem tem dar-se-lhe-á, mas de quem não tem tirar-se-lhe-á ainda aquilo que possui. (Marcos, 4:24 e 25)

15. Dá-se àquele que tem e retira-se daquele que não tem; meditai sobre este grande ensinamento que, muitas vezes, vos parece contraditório.

Aquele que recebeu é aquele que possui o sentido da palavra divina; recebeu porque tentou tornar-se digno disso, e porque o Senhor, em seu amor misericordioso, encoraja-lhe os esforços que tendem para o bem.

Estes esforços contínuos, perseverantes, atraem as graças do Senhor; são como um ímã que atrai as melhoras progressivas, as graças abundantes que vos tornam fortes para subir a montanha sagrada, no cume da qual se encontra o repouso após o trabalho.

Tira-se daquele que nada tem, ou tem pouco; tomai isso como um ensinamento figurado. Deus não retira de suas criaturas o bem que se dignou a fazer-lhes. Homens cegos e surdos! Abri vossas inteligências e vossos corações; vede pelo Espírito, entendei pela alma, e não interpreteis de uma maneira tão grosseiramente injusta as palavras d’Aquele que fez resplandecer aos vossos olhos a justiça do Senhor.

Não é Deus que retira daquele que recebeu pouco, é o próprio Espírito que, dispersivo e descuidado, não sabe conservar o que tem e aumentar, na fecundidade, a dádiva semeada no seu coração.

Aquele que não cultiva o campo que o trabalho de seu pai conquistou e do qual é herdeiro vê esse campo cobrir-se de ervas daninhas.

É seu pai culpado pelas colheitas que ele não quis preparar? Se deixou esses grãos destinados a produzir nesse campo morrerem por falta de cuidado, deve acusar a seu pai se eles nada produzem? Não, não; ao invés de acusar ao pai que tudo lhe deu, e que agora lhe retoma os bens, deve acusar-se a si mesmo por ser o verdadeiro autor do seu fracasso e, então, arrependido e com fé, entregar-se ao trabalho com coragem. Que prepare o solo estéril pelo esforço de sua vontade; que o lavre até o coração com a ajuda do arrependimento e da esperança; que lance com confiança a semente que tiver escolhido como boa entre as más, que o regue com seu amor e sua caridade, e Deus, o Deus de amor e de caridade, dará àquele que já tem. Então, verá seus esforços coroados de sucessos, e um grão produzir cem, e outro, mil.

Coragem, trabalhadores! Pegai vossas grades e vossos arados; arai vossos corações; arrancai deles o joio, o mal; semeai neles o bom grão, o bem, que o Senhor vos confia, e o orvalho do amor os fará produzir frutos de caridade. 

Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 18.

EM NOSSA MARCHA

“Perguntou-lhe Jesus: – “Que queres que eu faça?”

(Marcos, 10:51.)

Cada aprendiz em sua lição.

Cada trabalhador na tarefa que lhe foi cometida.

Cada vaso em sua utilidade.

Cada lutador com a prova necessária.

Assim, cada um de nós tem o testemunho individual no caminho da vida.

Por vezes, falhamos aos compromissos assumidos e nos endividamos infinitamente. No serviço reparador, todavia, clamamos pela misericórdia do Senhor, rogando-lhe compaixão e socorro.

A pergunta endereçada pelo Mestre ao cego de Jericó é, porém, bastante expressiva.

“Que queres que eu faça?”

A indagação deixa perceber que a posição melindrosa do interessado se ajustava aos imperativos da Lei.

Nada ocorre à revelia dos Divinos Desígnios.

Bartimeu, o cego, soube responder, solicitando visão. Entretanto, quanta gente roga acesso à presença do Salvador e, quando por ele interpelada, responde em prejuízo próprio?

Lembremo-nos de que, por vezes, perdemos a casa terrestre a fim de aprendermos o caminho da casa celeste; em muitas ocasiões, somos abandonados pelos mais agradáveis laços humanos, de maneira a retornarmos aos vínculos divinos; há épocas em que as feridas do corpo são chamadas a curar as chagas da alma, e situações em que a paralisia ensina a preciosidade do movimento.

É natural peçamos o auxílio do Mestre em nossas dificuldades e dissabores; entrementes, não nos esqueçamos de trabalhar pelo bem, nas mais aflitivas passagens da retificação e da ascensão, convictos de que nos encontramos invariavelmente na mais justa e proveitosa oportunidade de trabalho que merecemos, e que talvez não saibamos, de pronto, escolher outra melhor.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.