Um Espírito Amigo - Bordeaux, 1862
13. Seus discípulos, se aproximando, Lhe disseram: Por que falais por
parábolas? E lhes respondendo disse: É porque vos foi permitido conhecer o
reino dos Céus, mas, quanto a eles, não lhes foi permitido. Pois a todo aquele
que já tem será dado ainda mais, e ficará na abundância; mas daquele que nada
tem será retirado até mesmo o que tem. Eis por que falo por parábolas; porque,
ao ver, nada veem, e, ao ouvir, nada entendem nem compreendem. E a profecia de
Isaías neles se cumpre quando disse: Escutareis com vossos ouvidos e não
entendereis; olhareis com vossos olhos e não vereis. (Mateus, 13:10 a 14)
14. Prestai atenção ao que ouvis. Com a medida com que medirdes, medir-vos-ão
a vós, e ainda darão de acréscimo. Porque, a quem tem dar-se-lhe-á, mas de quem
não tem tirar-se-lhe-á ainda aquilo que possui. (Marcos, 4:24 e 25)
15.
Dá-se àquele que tem e retira-se daquele que não tem; meditai sobre este grande
ensinamento que, muitas vezes, vos parece contraditório.
Aquele que recebeu é aquele que possui
o sentido da palavra divina; recebeu porque tentou tornar-se digno disso, e
porque o Senhor, em seu amor misericordioso, encoraja-lhe os esforços que
tendem para o bem.
Estes esforços contínuos,
perseverantes, atraem as graças do Senhor; são como um ímã que atrai as
melhoras progressivas, as graças abundantes que vos tornam fortes para subir a
montanha sagrada, no cume da qual se encontra o repouso após o trabalho.
Tira-se daquele que nada tem, ou tem
pouco; tomai isso como um ensinamento figurado. Deus não retira de suas
criaturas o bem que se dignou a fazer-lhes. Homens cegos e surdos! Abri vossas
inteligências e vossos corações; vede pelo Espírito, entendei pela alma, e não interpreteis
de uma maneira tão grosseiramente injusta as palavras d’Aquele que fez
resplandecer aos vossos olhos a justiça do Senhor.
Não é Deus que retira daquele que
recebeu pouco, é o próprio Espírito que, dispersivo e descuidado, não sabe
conservar o que tem e aumentar, na fecundidade, a dádiva semeada no seu
coração.
Aquele que não cultiva o campo que o
trabalho de seu pai conquistou e do qual é herdeiro vê esse campo cobrir-se de
ervas daninhas.
É seu pai culpado pelas colheitas que
ele não quis preparar? Se deixou esses grãos destinados a produzir nesse campo
morrerem por falta de cuidado, deve acusar a seu pai se eles nada produzem?
Não, não; ao invés de acusar ao pai que tudo lhe deu, e que agora lhe retoma os
bens, deve acusar-se a si mesmo por ser o verdadeiro autor do seu fracasso e,
então, arrependido e com fé, entregar-se ao trabalho com coragem. Que prepare o
solo estéril pelo esforço de sua vontade; que o lavre até o coração com a ajuda
do arrependimento e da esperança; que lance com confiança a semente que tiver
escolhido como boa entre as más, que o regue com seu amor e sua caridade, e
Deus, o Deus de amor e de caridade, dará àquele que já tem. Então, verá seus
esforços coroados de sucessos, e um grão produzir cem, e outro, mil.
Coragem, trabalhadores! Pegai vossas
grades e vossos arados; arai vossos corações; arrancai deles o joio, o mal;
semeai neles o bom grão, o bem, que o Senhor vos confia, e o orvalho do amor os
fará produzir frutos de caridade.
EM NOSSA MARCHA
“Perguntou-lhe Jesus: – “Que queres que eu faça?”
(Marcos, 10:51.)
Cada aprendiz em sua lição.
Cada trabalhador na tarefa que lhe foi
cometida.
Cada vaso em sua utilidade.
Cada lutador com a prova necessária.
Assim, cada um de nós tem o testemunho
individual no caminho da vida.
Por vezes, falhamos aos compromissos
assumidos e nos endividamos infinitamente. No serviço reparador, todavia,
clamamos pela misericórdia do Senhor, rogando-lhe compaixão e socorro.
A pergunta endereçada pelo Mestre ao cego de
Jericó é, porém, bastante expressiva.
“Que queres que eu faça?”
A indagação deixa perceber que a posição
melindrosa do interessado se ajustava aos imperativos da Lei.
Nada ocorre à revelia dos Divinos Desígnios.
Bartimeu, o cego, soube responder,
solicitando visão. Entretanto, quanta gente roga acesso à presença do Salvador
e, quando por ele interpelada, responde em prejuízo próprio?
Lembremo-nos de que, por vezes, perdemos a
casa terrestre a fim de aprendermos o caminho da casa celeste; em muitas
ocasiões, somos abandonados pelos mais agradáveis laços humanos, de maneira a
retornarmos aos vínculos divinos; há épocas em que as feridas do corpo são
chamadas a curar as chagas da alma, e situações em que a paralisia ensina a
preciosidade do movimento.
É natural peçamos o auxílio do Mestre em nossas dificuldades e dissabores; entrementes, não nos esqueçamos de trabalhar pelo bem, nas mais aflitivas passagens da retificação e da ascensão, convictos de que nos encontramos invariavelmente na mais justa e proveitosa oportunidade de trabalho que merecemos, e que talvez não saibamos, de pronto, escolher outra melhor.
Livro Fonte
Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.
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