segunda-feira, 28 de agosto de 2023

OS SÃOS NÃO TÊM NECESSIDADE DE MÉDICO

11. Jesus, estando à mesa na casa deste homem (Mateus), vieram muitos publicanos e pessoas de má vida que se colocaram à mesa com Jesus e seus discípulos; e vendo isso, os fariseus disseram a seus discípulos: Por que vosso Mestre come com os publicanos e pessoas de má vida? Mas Jesus, os tendo escutado, lhes disse: Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos. (Mateus, 9:10 a 12)

12. Jesus dirigia-se, principalmente, aos pobres e aos deserdados, pois são eles os que têm maior necessidade de consolação; aos cegos dóceis e de boa-fé, porque pedem para ver, e não aos orgulhosos, que acreditam possuir toda luz e não ter necessidade de nada.

Estas palavras causam admiração como tantas outras, mas aplicam-se perfeitamente ao Espiritismo. A mediunidade está neste caso. Parece estranho que ela seja concedida a pessoas indignas e capazes de fazer mau uso dela; costuma-se dizer que um dom tão precioso deveria ser dado somente aos mais merecedores.

Digamos, primeiramente, que a mediunidade faz parte da condição orgânica de qualquer pessoa. Qualquer um a pode ter, assim como vê, ouve e fala, e qualquer criatura, em virtude do seu livre-arbítrio, pode delas abusar. Se Deus tivesse concedido a palavra apenas àqueles que fossem capazes de dizer coisas boas, haveria na Terra mais mudos do que falantes. Deus deu aos homens os dons, e os deixou livres para usá-los, embora sempre puna os que deles abusam.

Se o dom de comunicar-se com os Espíritos fosse dado apenas aos mais dignos, quem ousaria pretendê-lo? Onde estaria o limite da dignidade e da indignidade? A mediunidade é, portanto, dada a todos, a fim de que os Espíritos possam levar a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, tanto ao pobre quanto ao rico; aos sábios para fortalecê-los no bem, aos viciosos para corrigi-los. Não são estes últimos, os doentes, que têm necessidade de médico? Por que Deus, que não quer a morte do pecador, o privaria da ajuda que pode tirá-lo do lamaçal? Os bons Espíritos vêm ajudá-lo, e os conselhos que recebe diretamente são de natureza a impressioná-lo mais vivamente do que se os recebesse por outros caminhos. Deus, em sua bondade, para lhe poupar o trabalho de ir procurar a luz ao longe, a coloca em suas mãos; não será bem mais culpado se não quiser ver? Poderá se desculpar por sua ignorância, quando ele mesmo tiver escrito, visto com seus olhos, ouvido com seus ouvidos e pronunciado com a própria boca sua condenação? Se não aproveita, é então punido pela perda ou pela perversão do seu dom, do qual os maus Espíritos se aproveitam para obsediá-lo e enganá-lo, além das aflições comuns com que a Lei de Deus atinge seus servidores indignos e os corações endurecidos pelo orgulho e o egoísmo.

A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores; é simplesmente uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos útil aos Espíritos em geral. O bom médium não é, portanto, aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos, e que só deles recebe assistência.

É somente nesse sentido que a excelência das qualidades morais tem influência sobre a mediunidade.

ALGUMA COISA 

“Não necessitam de médico os que estão sãos, mas sim os que estão enfermos.”

Jesus. (Lucas, 5:31.)

Quem sabe ler não se esqueça de amparar o que ainda não se alfabetizou.

Quem dispõe de palavra esclarecida ajude ao companheiro, ensinando-lhe a ciência da frase correta e expressiva.

Quem desfruta o equilíbrio orgânico não despreze a possibilidade de auxiliar o doente.

Quem conseguiu acender alguma luz de fé no próprio espírito suporte com paciência o infeliz que ainda não se abriu à mínima noção de responsabilidade perante o Senhor, auxiliando-o a desvencilhar-se das trevas.

Quem possua recursos para trabalhar não olvide o irmão menos ajustado ao serviço, conduzindo-o, sempre que possível, a atividade digna.

Quem estime a prática da caridade compadeça-se das almas endurecidas, beneficiando-as com as vibrações da prece.

Quem já esteja entesourando a humildade não se afaste do orgulhoso, conferindo-lhe, com o exemplo, os elementos indispensáveis ao reajuste.

Quem seja detentor da bondade não recuse assistência aos maus, de vez que a maldade resulta invariavelmente da revolta ou da ignorância.

Quem estiver em companhia da paz ajude aos desesperados.

Quem guarde alegria divida a graça do contentamento com os tristes.

Asseverou o Senhor que os sãos não precisam de médico, mas, sim, os enfermos.

Lembra-te dos que transitam no mundo entre dificuldades maiores que as tuas.

A vida não reclama o teu sacrifício integral em favor dos outros, mas, a benefício de ti mesmo, não desdenhes fazer alguma coisa na extensão da felicidade comum.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

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