segunda-feira, 2 de julho de 2018

O ORGULHO E A HUMILDADE


11. Que a paz do Senhor esteja convosco, meus queridos amigos! Venho até vós para vos encorajar a seguir o bom caminho.
Aos pobres Espíritos que, antigamente, habitavam a Terra, Deus dá a missão de vir vos esclarecer. Bendito seja, pela graça que nos proporciona, em poder ajudar no vosso aperfeiçoamento. Que o Espírito Santo me ilumine e ajude a tornar minha palavra compreensível, e que me conceda a graça de colocá-la ao alcance de todos! Todos vós encarnados, que estais em provação e procurais a luz, que a vontade de Deus me ajude para fazê-la resplandecer aos vossos olhos!
A humildade é uma virtude muito esquecida entre vós; e os grandes exemplos que dela vos têm sido dados são pouco seguidos. Será que podeis, sem a humildade, ser caridosos para com o vosso próximo? Não, pois a humildade iguala os homens; mostra-lhes que são irmãos, que devem se ajudar mutuamente, e os conduz ao bem. Sem a humildade, apenas vos enfeitais de virtudes que não tendes, como se vestísseis uma roupa para ocultar as deformidades de vosso corpo. Lembrai-vos d’Aquele que nos salvou. Lembrai-vos de sua humildade que O fez tão grande e colocou-O acima de todos os profetas.
O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometeu o reino dos Céus aos mais humildes, foi porque os poderosos da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são as recompensas dadas ao seu mérito, e que sua origem é mais pura do que a do pobre. Acreditam que isso lhes é devido por direito e, quando Deus as retira, acusam-no de injustiça. Ridícula cegueira! Deus vos distingue pelo corpo? Acaso o do pobre não é igual ao do rico? O Criador fez duas espécies de homens? Tudo o que Deus fez é grandioso e sábio; nunca crediteis a Deus as ideias que os vossos cérebros orgulhosos imaginam.
Rico! Enquanto tu dormes sob tetos dourados, ao abrigo do frio, não pensas em milhares de irmãos teus, iguais a ti, estirados na sarjeta? Não é teu irmão, teu semelhante, o infeliz que passa fome? Sei que, com estas palavras, teu orgulho se revolta. Concordarás em lhe dar uma esmola, mas nunca em lhe apertar fraternalmente a mão! “O quê!” – dirás tu. “Eu, descendente de sangue nobre, poderoso da Terra, serei igual a este miserável que se veste de
trapos? Ilusória vaidade de pretensos filósofos! Se fôssemos iguais, por que Deus o teria colocado tão baixo e a mim tão alto?” É verdade que vossas roupas não se parecem em nada; mas se ambos ficassem sem elas, que diferença haveria entre vós? A nobreza de sangue, dirás tu, mas a química não encontrou diferença entre o sangue do nobre senhor e o do plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que também já não foste um miserável e infeliz como ele? Que não pediste esmola? Que não a pedirás um dia àquele mesmo que desprezas hoje? Não acabam para ti as tuas riquezas que imaginavas eternas, como o corpo envoltório perecível de teu Espírito? Volta-te humildemente para ti mesmo! Lança, enfim, os olhos sobre a realidade das coisas deste mundo e sobre o que faz a superioridade e a inferioridade no outro. Pensa que a morte virá para ti como para todos, que os títulos não te pouparão a ela; que pode te atingir amanhã, hoje, ou daqui a uma hora; e se te fechas no teu
orgulho, então eu te lastimo, pois serás digno de piedade!
Orgulhoso! Que foste tu antes de ser nobre e poderoso? Talvez estivesses mais baixo que o último de teus criados. Curva a fronte orgulhosa, que Deus pode rebaixar no momento em que a elevas mais alto. Todos os homens são iguais na balança divina, apenas as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. Todos os Espíritos possuem a mesma origem e todos os corpos são moldados da mesma massa, nem títulos e nem nomes os mudam em nada; eles irão para o túmulo e não vos garantem a felicidade prometida aos eleitos. A caridade e a humildade, sim, são títulos de nobreza.
Pobre criatura! És mãe, teus filhos sofrem. Estão com frio e com fome, e vais, curvada sob o peso de tua cruz, humilhar-te para lhes conseguir um pedaço de pão. Eu me inclino diante de ti. Quanto és nobremente santa e grande aos meus olhos! Espera e ora. A felicidade ainda não é deste mundo. Aos pobres oprimidos que confiam em Deus Ele dá o reino dos Céus.
E tu, que és moça, pobre criança devotada ao trabalho, às voltas com privações, por que esses pensamentos tristes? Por que chorar? Que teu olhar se eleve, piedoso e sereno, em direção a Deus: aos pequenos pássaros o Senhor dá o alimento. Tem confiança n’Ele, que não te abandonará. O ruído das festas e dos prazeres do mundo faz bater teu coração. Gostarias, também, de enfeitar tua cabeça com flores e misturar-te aos felizes da Terra. Dizes que poderias, como essas mulheres que vês passar, extravagantes e risonhas, ser rica também. Cala-te, criança! Se soubesses quantas lágrimas e dores sem conta estão escondidas sob essas roupas bordadas, quantos lamentos são abafados sob o ruído dessa orquestra alegre, preferirias teu humilde retiro e tua pobreza. Permanece pura aos olhos de Deus se não queres que teu anjo de guarda se retire e volte a Deus, escondendo o rosto com suas asas brancas, e te deixe neste mundo com os teus remorsos, onde estarás perdida e terás que aguardar a punição reparadora no outro mundo.
Todos vós que sofreis as injustiças dos homens, sede indulgentes para com as faltas de vossos irmãos, lembrando que vós mesmos não estais isentos de culpa; sereis assim caridosos e humildes. Se sofreis pelas calúnias, curvai a fronte sob essa prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se vossa conduta é pura, Deus não pode vos recompensar? Suportar com coragem as humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.
Meu Deus, será preciso que o Cristo venha uma segunda vez à Terra para ensinar aos homens as leis que eles esqueceram? Terá ainda de expulsar os mercadores do templo que desonram a tua casa, que deve ser somente um lugar de oração? Quem sabe? Homens! Como outrora, o renegaríeis, caso Deus vos concedesse essa graça, e o chamaríeis, outra vez, de maldito, porque atacaria o orgulho dos fariseus modernos. Talvez até O fizésseis recomeçar o caminho do Gólgota.
Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o verdadeiro Deus. Homens e mulheres deram ouro e jóias para fazer um ídolo que pudessem adorar. Vós, homens civilizados, procedeis como eles, pois o Cristo vos deixou sua doutrina e vos deu o exemplo de todas as virtudes, e vós abandonastes tudo, exemplos e ensinamentos. Cada um de vós, com suas paixões, construiu um deus a seu gosto: para uns, terrível e sanguinário; para outros, despreocupado em relação aos interesses do mundo. O deus que fizestes é ainda o mesmo bezerro de ouro que cada um adapta a seu gosto e às suas ideias.
Despertai, meus irmãos, meus amigos! Que a voz dos Espíritos toque vossos corações. Sede generosos e caridosos sem ostentação, ou seja, fazei o bem com humildade. Que cada um destrua, pouco a pouco, os altares que levantou ao orgulho. Em uma palavra, sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não duvideis mais da bondade de Deus, agora que vos oferece tantas provas. Nós viemos preparar os caminhos para o cumprimento das profecias. Sempre que o Senhor vos der uma manifestação mais convincente de sua clemência, o enviado celeste deve apenas encontrar uma grande família, que vossos corações suaves e humildes sejam dignos para ouvir a palavra divina, que ele virá vos trazer. Que o mensageiro apenas encontre no caminho flores depositadas e voltadas para o bem, à caridade, à fraternidade, e, então, vosso mundo se tornará o paraíso terreno. Mas se permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados para purificar e renovar vossa sociedade civilizada, rica em ciências e, todavia, tão pobre em bons sentimentos, só nos restará chorar e lastimar por vossa sorte. Mas, não, não será assim! Voltai-vos para Deus vosso Pai e, então, todos nós, que tivermos servido ao cumprimento de sua vontade, entoaremos o cântico de ação de graças, para agradecer ao Senhor sua inesgotável bondade e para glorificá-Lo por todos os séculos dos séculos. Assim seja. (Lacordaire - Constantina, 1863).

NA INTIMIDADE DO SER

"Vós, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade." - Paulo. (COLOSSENSES, 3:12.)

Indubitavelmente, não basta apreciar os sentimentos sublimes que o Cristianismo inspira.
É indispensável revestirmo-nos deles.
O apóstolo não se refere a raciocínios.
Fala de profundidades.
O problema não é de pura celebração.
É de intimidade do ser.
Alguém que possua roteiro certo do caminho a seguir, entre multidões que o desconhecem, é naturalmente eleito para administrar a orientação.
Detendo tão copiosa bagagem de conhecimentos, acerca da eternidade, o cristão legítimo é pessoa indicada a proteger os interesses espirituais de seus irmãos na jornada evolutiva; no entanto, é preciso encarecer o testemunho, que não se limita à fraseologia brilhante.
Imprescindível é que estejamos revestidos de "entranhas de misericórdia" para enfrentarmos, com êxito, os perigos crescentes do caminho.
O mal, para ceder terreno, compreende apenas a linguagem do verdadeiro bem; o orgulho, a fim de renunciar aos seus propósitos infelizes, não entende senão a humildade.
Sem espírito fraternal, é impossível quebrar o escuro estilete do egoísmo. É necessário dilatar sempre as reservas de sentimento superior, de modo a avançarmos, vitoriosamente, na senda da ascensão.
Os espiritistas sinceros encontrarão luminoso estímulo nas palavras de Paulo.
Alguns companheiros por certo observarão em nossa lembrança mero problema de fé religiosa, segundo o seu modo de entender; todavia, entre fazer psiquismo por alguns dias e solucionar questões para a vida eterna, há sempre considerável diferença.

Do Livro Vinha de Luz – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

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