sábado, 20 de abril de 2019

O ÓBOLO DA VIÚVA


5. Jesus, estando sentado em frente ao gazofilácio, observava como o povo nele deitava o dinheiro, como as pessoas ricas davam muito. Veio então uma pobre viúva que colocou apenas duas pequenas moedas. Então Jesus, tendo chamado seus discípulos, lhes disse: Eu vos digo, em verdade, que essa pobre viúva deu mais do que todos os que colocaram no gazofilácio, pois todos os outros deram o que era de sua abundância, mas esta deu de sua penúria, até mesmo tudo o que tinha e tudo o que lhe restava para viver. (Marcos, 12:41 a 44; Lucas, 21:1 a 4)
6. Muitas pessoas lamentam não poder fazer todo o bem que desejariam por falta de recursos suficientes e desejam a riqueza, dizem elas, para fazer da fortuna um bom uso. Sem dúvida a intenção é louvável e talvez muito sincera em alguns, mas será que é totalmente desinteressada em todos? Não há aqueles que, desejando fazer o bem aos outros, ficariam felizes se começassem primeiro a fazer o bem para si mesmos? Se permitirem mais prazeres, se proporcionarem um pouco mais do luxo que lhes falta, com a condição de darem o resto aos pobres? Esta segunda intenção, oculta, disfarçada, que encontrariam no fundo de seus corações se o interrogassem, anula o mérito da intenção, visto que a verdadeira caridade faz o homem pensar primeiro nos outros, para depois pensar em si mesmo. O sublime da caridade, neste caso, seria procurar em seu próprio trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência e de seus talentos, os recursos que faltam para realizar suas intenções generosas. Aí estaria o sacrifício mais agradável ao Senhor. Infelizmente a maior parte das pessoas sonha com meios fáceis de se enriquecer rapidamente e sem trabalho, correndo atrás de ilusões, como as descobertas de tesouros, uma oportunidade favorável, recebimento de heranças inesperadas, etc. O que dizer daqueles que esperam encontrar auxiliares, entre os Espíritos, para ajudá-los nas pesquisas dessa natureza? Certamente não conhecem o objetivo sagrado do Espiritismo, muito menos a missão dos Espíritos, a quem Deus permite se comunicar com os homens. Decorre, por isso, serem punidos pelas decepções. (O Livro dos Médiuns, questões 294 e 295)
Aqueles cuja intenção está isenta de todo interesse pessoal devem se consolar com a sua impossibilidade em fazer o bem que gostariam, sabendo que a dádiva do pobre, como no caso da viúva no ensinamento de Jesus, que deu do pouco que possuía, pesou mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de nada. Sem dúvida, seria grande a satisfação de poder socorrer largamente a pobreza; mas, se isso é impossível, é preciso se submeter e se limitar a fazer o que se pode. Aliás, não é apenas com dinheiro que se podem secar as lágrimas e não é preciso ficar inativo por não possuí-lo! Aquele que quer, sinceramente, ser útil aos seus irmãos encontra mil ocasiões para fazê-lo. Quem as procura, as encontrará, seja de uma maneira ou de outra, pois não há ninguém que, dentro de um padrão de vida normal, não possa prestar um serviço, prestar-se a uma consolação, aliviar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Na falta de dinheiro, cada um não possui seu trabalho, seu tempo, seu repouso, dos quais pode dar uma pequena parte? Aí também está a dádiva do pobre, o óbolo, a esmola da viúva.

CARIDADE E VOCÊ

Acredita você que só a caridade pode salvar o mundo; entretanto, não se demore na posição de comentarista.
Não nos diga que é pobre e incapaz de contribuir na campanha renovadora da sublime virtude.
Senão vejamos.
Se você destinar a quantia correspondente a um refrigerante ou um aperitivo em cinco doses, segundo os seus hábitos, aos serviços de qualquer hospital, no fim de um mês haverá mais decisiva medicação para certo doente.
Se você renunciar ao cinema de uma vez em cada cinco, endereçando o dinheiro respectivo a uma creche, ao término de duas ou três semanas, a instituição contará com mais leite em favor das crianças necessitadas.
Se você suprimir um maço de cigarros em cada cinco de seu uso particular, dedicando o fruto dessa renúncia a uma casa erguida para os irmãos distanciados do conforto doméstico, em breve tempo o agasalho devido a eles será mais rico.
Se você economizar as peças do vestuário, guardando a importância equivalente a uma delas em cada cinco, para socorro ao próximo menos feliz, no fim de um ano disporá você mesmo de recursos suficientes para vestir alguém que a nudez ameaça.
Não espere pela bondade dos outros.
Lembre-se daquela que você mesmo pode fazer.
É possível que você nos responda que o supérfluo é seu próprio suor, que não nos cabe opinar em seu caminho e que o copo e o filme, o fumo e a moda são movimentados à sua custa.
Você naturalmente está certo na afirmativa e não seremos nós quem lhe contestará semelhante direito.
A vontade é sagrado atributo do espírito, dádiva de Deus a nós outros, para que decidamos, por nós, quanto à direção do próprio destino.
Todavia, nosso lembrete é apenas uma sugestão aos companheiros que acreditam na força da caridade e só ganhará realmente algum valor se houver algum laço entre a caridade e você.

André Luiz

Livro O Espírito Verdade – Chico Xavier – Espíritos Diversos.

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