domingo, 14 de abril de 2019

OS INFORTÚNIOS OCULTOS


4. Nas grandes calamidades, a caridade se manifesta e veem-se campanhas nobres e generosas para remediar os desastres. Mas, ao lado dessas tragédias gerais, existem milhares de tragédias particulares, que passam despercebidas: é o caso das pessoas que jazem num leito de dor sem se queixarem. São a esses desventurados discretos e ocultos que a verdadeira generosidade sabe procurar sem esperar que lhe venham pedir assistência.
Quem é esta mulher com ar distinto, vestida de modo simples, embora com distinção, seguida de uma jovem também vestida modestamente? Ela entra numa casa de miserável aspecto, onde, sem dúvida, é conhecida, pois, à porta, saúdam-na com respeito. Onde ela vai? Sobe até um quarto humilde. Ali mora uma mãe de família cercada de criancinhas. Com sua chegada, a alegria brilha nas faces enfraquecidas. É porque ela vem acalmar todas as dores. Traz o necessário, acompanhada de doces e consoladoras palavras, que fazem aceitar o benefício sem se sentirem envergonhados, uma vez que esses infortunados não são de maneira alguma profissionais da mendicância. O pai está no hospital e, durante esse tempo, a mãe não pode suprir as necessidades da família. Graças a esta senhora, as pobres crianças não sofrerão nem com o frio nem com a fome. Irão à escola bem agasalhadas, no seio da mãe haverá o sustento para amamentar os pequeninos e, se entre elas alguma adoece, a boa senhora nenhuma dúvida terá em tratá-la em tudo o que necessite. Dali se dirigirá ao hospital para levar ao pai algum consolo e tranquilizá-lo sobre a situação de sua família. Na esquina, um veículo a espera, verdadeiro depósito de tudo o que doa a seus protegidos, que visita sucessivamente. Ela não lhes pergunta a sua crença nem sua opinião, pois, para ela, todos os homens são irmãos e filhos de Deus. Quando termina a visita, diz a si mesma: Comecei bem o meu dia. Qual é seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe. Para os infelizes, é um nome que não revela nada, mas é o anjo da consolação. E, à noite, um cântico de bênçãos se eleva por ela até o Criador: católicos, judeus, protestantes, todos a bendizem.
Por que se veste de uma maneira tão simples? É que não quer insultar a miséria com seu luxo. Por que sua jovem filha a acompanha? É para ensinar-lhe como se deve praticar o bem. Sua filha também quer fazer a caridade, mas sua mãe lhe diz: “O que podes dar, minha filha, se nada tens de teu? Se te dou algo para dar aos outros que mérito terás? Na realidade serei eu quem estará fazendo a caridade, e tu terás o mérito. Isso não é justo. Quando formos visitar os doentes, tu me ajudarás, já que cuidar deles é dar alguma coisa. Isso não te parece suficiente? Nada é mais simples: aprende a fazer coisas úteis, e confeccionarás roupinhas para essas crianças. Dessa maneira, darás algo que vem de ti”. É assim que essa mãe verdadeiramente cristã forma sua filha para a prática das virtudes, ensinadas pelo Cristo. É espírita? O que importa!
Para a sociedade, é a mulher do mundo, pois sua posição o exige. Mas ninguém sabe o que ela faz, pois não quer outra aprovação senão a de Deus e da sua consciência. Entretanto, um dia, um acontecimento imprevisto conduziu até sua casa uma de suas protegidas a oferecer-lhe serviços manuais. Esta a reconheceu e quis pedir a bênção à sua benfeitora. “Silêncio!”, disse-lhe ela. “Não diga nada a ninguém”. Assim também falava Jesus.

CARIDADE DO ENTENDIMENTO

"Agora, pois, permanecem estas três, a fé, a esperança e a caridade; porém, a maior destas é a caridade". - PAULO (I Corintíos, 13:13.)

Na sustentação do progresso espiritual precisamos tanto da caridade quanto do ar que nos assegura o equilíbrio orgânico.
Lembra-te de que a interdependência é o regime instituído por Deus para a estabilidade de  todo o Universo e não olvides a compreensão que devemos a todas as criaturas.
Compreensão que se exprima, através de tolerância e bondade incessantes, na sadia convicção de que ajudando aos outros é que poderemos encontrar o auxílio indispensável à própria segurança.
À frente de qualquer problema complexo naqueles que te rodeiam, recorda que não seria justa a imposição de teus pontos de vista para que se orientem na estrada que lhes é própria.
O criador não dá cópias e cada coração obedece a sistema particular de impulsos evolutivos.
Só o amor é o clima adequado ao entrelaçamento de todos os seres da Criação e somente através dele integrar-nos-emos na sintonia excelsa da vida.
Guarda, em todas as fases do caminho, a caridade que identifica a presença do Senhor nos caminhos alheios, respeitando-lhes a configuração com que se apresentam.
Não te esqueças de que ninguém é ignorante porque o deseje e, estendendo fraternos braços aos que respiram atribulados na sombra, diminuirás a penúria que se extinguirá, por fim, no mundo, quando cada consciência ajustar-se à obrigação de servir sem mágoa e sem reclamar é que permaneceremos felizes na ascensão para Deus.

Livro Ceifa de Luz – Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

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