INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
RECONHECE-SE O CRISTÃO POR
SUAS OBRAS
Simeão - Bordeaux, 1863
16.
Nem todos que dizem: Senhor, Senhor, entrarão no reino dos Céus, mas apenas
aqueles que fizerem a vontade de meu Pai que está nos Céus.
Escutai estas palavras do Mestre, todos
vós que rejeitais a Doutrina Espírita como obra do demônio.
Abri os ouvidos, pois chegou o momento
de ouvir.
Basta trazer os sinais do Senhor para
ser um fiel servidor? Basta dizer: “sou cristão”, para ser seguidor do Cristo?
Procurai os verdadeiros cristãos e os reconhecereis por suas obras. Eis as
palavras do Mestre: Uma boa árvore não pode dar maus frutos, nem uma árvore ruim
dar frutos bons. Toda árvore que não dá bons frutos será cortada e lançada ao
fogo. Discípulos de Cristo, compreendei-as bem. Quais são os frutos que
deve produzir a árvore do Cristianismo, árvore majestosa, cujos ramos frondosos
cobrem com sua sombra uma parte do mundo, mas que ainda não abrigaram todos
aqueles que devem se reunir ao seu redor? Os frutos da árvore da vida são
frutos de vida, de esperança e de fé. O Cristianismo, tal como tem feito há
muitos séculos, continua a pregar as divinas virtudes; procura distribuir seus
frutos, mas poucos os colhem! A árvore é sempre boa, mas os jardineiros são
maus. Eles a moldaram à sua vontade; talharam-na de acordo com suas
necessidades; cortaram-na, diminuíram-na, mutilaram-na; seus ramos estéreis já
nem maus frutos produzem, porque não produzem nada mais. O viajante cansado que
para, procurando em sua sombra o fruto da esperança que deve lhe dar força e
coragem, encontra apenas ramos áridos que prenunciam a tempestade. Pede em vão
o fruto de vida à árvore da vida: as folhas caem secas; a mão do homem as
manuseou e remanejou tanto que as secou! Abri, pois, vossos ouvidos e vossos
corações, meus bem-amados! Cultivai essa árvore da vida cujos frutos dão a vida
eterna. Aquele que a plantou vos convida a cuidar dela com amor, e a vereis dar
ainda, com abundância, seus frutos divinos. Deixai-a tal como o Cristo vô-la
deu: não a mutileis; ela quer estender sobre o Universo sua imensa sombra: não
corteis seus ramos. Seus frutos generosos caem em abundância para sustentar o
viajante faminto que quer atingir o seu objetivo; não os amontoeis para
guardá-los e deixá-los apodrecer para que não sirvam a ninguém. Muitos são
os chamados e poucos os escolhidos; é que existem monopolizadores do pão da
vida, como os há do pão material. Não vos coloqueis dentre eles; a árvore que
dá bons frutos deve distribuí-los para todos. Ide, então, procurar aqueles que
estão famintos; trazei-os para a sombra da árvore e partilhai com eles o abrigo
que ela vos oferece. Não se colhem uvas dos espinheiros. Meus irmãos,
afastai-vos daqueles que vos chamam para vos arrastar para os espinheiros do
caminho, e segui aqueles que vos conduzem à sombra da árvore da vida.
O Divino Salvador, o justo por
excelência, disse, e suas palavras não passarão: Nem todos aqueles que me
dizem: Senhor, Senhor, entrarão no reino dos Céus, mas só aqueles que fizerem a
vontade de meu pai que está nos Céus.
Que o Senhor de bênçãos vos abençoe;
que o Deus de luz vos ilumine; que a árvore da vida vos ofereça seus frutos com
abundância!
Crede e orai.
PELAS
OBRAS
"E que os tenhais em grande estima e amor
por causa da sua obra". -
Paulo. (I TESSALONICENSES, 5:13).
Esta passagem de Paulo, na Primeira Epístola aos
Tessalonicenses, é singularmente expressiva para a nossa luta cotidiana.
Todos experimentamos a tendência de consagrar a
maior estima apenas àqueles que leiam a vida pela cartilha dos nossos pontos de
vista. Nosso devotamento é sempre caloroso para quantos nos esposem os modos de
ver, os hábitos enraizados e os princípios sociais; todavia, nem sempre nossas
interpretações são as melhores, nossos costumes os mais nobres e nossas
diretrizes as mais elogiáveis.
Daí procede o impositivo de desintegração da
concha do nosso egoísmo para dedicarmos nossa amizade e respeito aos companheiros,
não pela servidão afetiva com que se liguem ao nosso roteiro pessoal, mas pela
fidelidade com que se norteiam em favor do bem comum.
Se amamos alguém tão-só pela beleza física, é
provável encontremos amanhã o objeto de nossa afeição a caminho do monturo.
Se estimamos em algum amigo apenas a oratória
brilhante, é possível esteja ele em aflitiva mudez, dentro em breve.
Se nos consagramos a determinada criatura só
porque nos obedeça cegamente, é provável estejamos provocando a queda de outros
nos mesmos erros em que temos incidido tantas vezes.
É imprescindível aperfeiçoar nosso modo de ver e
de sentir, a fim de avançarmos no rumo da vida Superior.
Busquemos as criaturas, acima de tudo, pelas
obras com que beneficiam o tempo e o espaço em que nos movimentamos, porque, um
dia, compreenderemos que o melhor raramente é aquele que concorda conosco, mas
é sempre aquele que concorda com o Senhor, colaborando com ele, na melhoria da
vida, dentro e fora de nós.
Livro Fonte Viva – Emmanuel – Chico Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário