O Espírito de Verdade - Paris, 1862
5. É chegado o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para
a transformação da Humanidade, e felizes serão aqueles que tiverem trabalhado
no campo do Senhor generosamente e sem outro interesse que não a caridade! Suas
jornadas de trabalho serão recompensadas cem vezes mais do que esperavam.
Felizes serão os que houverem dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos nossos
esforços a fim de que o Senhor encontre a obra terminada quando chegar”, e o
Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, que calastes
vossos melindres e discórdias para não deixar a obra prejudicada!” Mas,
infelizes daqueles que, por suas divergências vaidosas, houverem retardado a
hora da colheita, pois a tempestade virá e serão levados no turbilhão! E
clamarão: “Graça! Graça, Senhor!” Ele lhes dirá: “Por que pedis graças, vós que
não tivestes piedade de vossos irmãos? Que recusastes estender a mão ao fraco e o esmagastes ao invés de socorrê-lo? Por que pedis graças, vós
que procurastes na Terra vossa recompensa nos gozos e na satisfação de vosso
orgulho? Já recebestes a vossa recompensa de acordo com vossa vontade, nada
mais deveis pedir. As recompensas celestes são para aqueles que não tenham
recebido as recompensas na Terra”.
Deus faz neste momento a enumeração de seus
servidores fiéis, e marcou “a dedo” aqueles que do devotamento só têm a
aparência, a fim de que não se apoderem do salário dos servidores corajosos. A estes,
que não recuarem perante a tarefa, é que Ele vai confiar os postos mais
difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo, e estas palavras se
cumprirão: “Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros no
reino dos Céus”.
Aproveitamento
“Medita estas coisas; ocupa-te
nelas para que o teu
aproveitamento seja
manifesto a todos.”
Paulo (I Timóteo, 4:15)
Geralmente, o
primeiro impulso dos que ingressam na fé constitui a preocupação de transformar
compulsoriamente os outros.
Semelhante
propósito, às vezes, raia pela imprudência, pela obsessão. O novo crente
flagela a quantos lhe ouvem os argumentos calorosos, azorragando costumes,
condenando ideias alheias e violentando situações, esquecido de que a experiência
da alma é laboriosa e longa e de que há muitas esferas de serviço na casa de
Nosso Pai.
Aceitar a boa
doutrina, decorar-lhe as fórmulas verbais e estender-lhe os preceitos são
tarefas importantes, mas aproveitá-la é essencial.
Muitos
companheiros apregoam ensinamentos valiosos, todavia, no fundo, estão sempre
inclinados a rudes conflitos, em face da menor alfinetada no caminho da crença.
Não toleram pequeninos aborrecimentos domésticos e mantêm verdadeiro jogo de
máscara em todas as posições.
A palavra de
Paulo, no entanto, é muito clara.
A questão
fundamental é de aproveitamento.
Indubitável que
a cultura doutrinária representa conquista imprescindível ao seguro ministério
do bem; contudo, é imperioso reconhecer que se o coração do crente ambiciona a
santificação de si mesmo, a caminho das zonas superiores da vida, é
indispensável se ocupe nas coisas sagradas do espírito, não por vaidade, mas para
que o seu justo aproveitamento seja manifesto a todos.
Livro Vinha de Luz – Emmanuel – Chico Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário