sábado, 29 de agosto de 2020

PRECES PAGAS


3.
Disse em seguida a seus discípulos, na presença de todo o povo que o escutava: Guardai-vos dos escribas que se exibem passeando em longas túnicas, que adoram ser saudados em lugares públicos, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nas festas; que, sob o pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas.

Essas pessoas receberão uma condenação mais rigorosa. (Lucas, 20:45 a 47; Marcos, 12:38 a 40; Mateus, 23:14)

4. Jesus ensinou também: Não façais que vos paguem pelas vossas preces como fazem os escribas que, sob o pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas, ou seja, apossam-se de suas fortunas. A prece é um ato de caridade, um impulso do coração.

Exigir pagamento por orar a Deus por outrem é transformar-se em intermediário assalariado. A prece, desse modo, seria uma fórmula cuja duração seria proporcional à soma que se pagou. Portanto, de duas uma: ou Deus mede ou não mede as suas graças pela quantidade de palavras; se é preciso muitas, por que dizer poucas, ou quase nenhuma, por aquele que não pode pagar? É falta de caridade e, se uma só basta, as demais são inúteis. Por que, então, cobrá-las? É falta de caridade, é prevaricação.

Como sabemos, Deus não cobra pelos benefícios que concede.

Como pode alguém, que nem mesmo é o distribuidor deles, que não pode garantir sua obtenção, pretender cobrar por um pedido que talvez nenhum resultado produza? Deus não condicionaria um ato de clemência, de bondade ou de justiça que solicitamos à sua misericórdia, em troca de dinheiro. Por outro lado, se a soma não fosse paga, ou fosse insuficiente, resultaria que a justiça, a bondade e a clemência de Deus seriam suspensas. A razão, o bom senso, a lógica nos dizem ser impossível que Deus, a perfeição absoluta, encarregue criaturas imperfeitas de colocar preço à sua justiça. A justiça de Deus é como o sol: se distribui para todos, tanto para pobres quanto para ricos. Se consideramos imoral traficar com as graças de um soberano da Terra, quanto mais não será fazer o mesmo com as do soberano do Universo?

As preces pagas têm ainda um outro inconveniente: é que aquele que as compra se julga, na maioria das vezes, dispensado de orar, pois considera-se quite desde que deu o seu dinheiro. Sabe-se que os Espíritos são tocados pelo fervor do pensamento de quem por eles se interessa. Qual pode ser o fervor daquele que encarrega um terceiro para orar por ele, pagando? Qual é o fervor desse terceiro quando delega seu mandato a um outro, esse a um outro, e assim por diante? Isso não é reduzir a eficácia da prece ao valor de uma moeda corrente?

* N. E. - Covil: buraco de feras. Esconderijo de ladrões.

ALTAR INTIMO 

“Temos um altar.” – Paulo. (Hebreus, 13:10.)

Até agora, construímos altares em toda parte, reverenciando o Mestre e Senhor.

De ouro, de mármore, de madeira, de barro, recamados de perfumes, preciosidades e flores, erguemos santuários e convocamos o concurso da arte para os retoques de iluminação artificial e beleza exterior.

Materializado o monumento da fé, ajoelhamo-nos em atitude de prece e procuramos a inspiração divina.

Realmente, toda movimentação nesse sentido é respeitável, ainda mesmo quando cometemos o erro comum de esquecer os famintos da estrada, em favor das suntuosidades do culto, porque o amor e a gratidão ao Poder Celeste, mesmo quando mal conduzidos, merecem veneração.

Todavia, é imprescindível crescer para a vida maior.

O próprio Mestre nos advertiu, junto à Samaritana, que tempos viriam em que o Pai seria adorado em espírito e verdade.

E Paulo acrescenta que temos um altar.

A finalidade máxima dos templos de pedra é a de despertar-nos a consciência.

O cristão acordado, porém, caminha oficiando como sacerdote de si mesmo, glorificando o amor perante o ódio, a paz diante da discórdia, a serenidade à frente da perturbação, o bem à vista do mal...

Não olvidemos, pois, o altar íntimo que nos cabe consagrar ao Divino Poder e à Celeste Bondade.

Comparecer, ante os altares de pedra, de alma cerrada à luz e à inspiração do Mestre, é o mesmo que lançar um cofre impermeável de trevas à plena claridade solar. Se as ondas luminosas continuam sendo ondas luminosas, as sombras não se alteram igualmente.

Apresentemos, portanto, ao Senhor as nossas oferendas e sacrifícios em quotas abençoadas de amor ao próximo, adorando-o, através do altar do coração, e prossigamos no trabalho que nos cabe realizar.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier. 

domingo, 23 de agosto de 2020

DOM DE CURAR

1. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente. (Mateus, 10:8)

2. Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente, disse Jesus a seus discípulos. Por este ensinamento recomenda não cobrar por aquilo que nada se pagou; portanto, o que tinham recebido gratuitamente era o dom de curar as doenças e de expulsar os demônios, ou seja, os maus Espíritos; esse dom lhes havia sido dado gratuitamente por Deus para o alívio dos que sofrem, para ajudar a propagação da fé, e lhes disse para não fazerem dele um meio de comércio, nem de especulação, nem um meio de vida.


ESTÁS DOENTE?

 

“E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará.”

(Tiago, 5:15.)

 

Todas as criaturas humanas adoecem, todavia, são raros aqueles que cogitam de cura real.

Se te encontras enfermo, não acredites que a ação medicamentosa, através da boca ou dos poros, te possa restaurar integralmente.

O comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto, nunca te esqueças de que os verdadeiros males procedem do coração.

A mente é fonte criadora.

A vida, pouco a pouco, plasma em torno de teus passos aquilo que desejas.

De que vale a medicação exterior, se prossegues triste, acabrunhado ou insubmisso?

De outras vezes, pedes o socorro de médicos humanos ou de benfeitores espirituais, mas, ao surgirem as primeiras melhoras, abandonas o remédio ou o conselho salutar e voltas aos mesmos

abusos que te conduziram à enfermidade.

Como regenerar a saúde, se perdes longas horas na posição da cólera ou do desânimo? A indignação rara, quando justa e construtiva no interesse geral, é sempre um bem, quando sabemos orientá-la em serviços de elevação; contudo, a indignação diária, a propósito de tudo, de todos e de nós mesmos, é um hábito pernicioso, de consequências imprevisíveis.

O desalento, por sua vez, é clima anestesiante, que entorpece e destrói.

E que falar da maledicência ou da inutilidade, com as quais despendes tempo valioso e longo em conversação infrutífera, extinguindo as tuas forças?

Que gênio milagroso te doará o equilíbrio orgânico, se não sabes calar, nem desculpar, se não ajudas, nem compreendes, se não te humilhas para os desígnios superiores, nem procuras harmonia com os homens?

Por mais se apressem socorristas da Terra e do Plano Espiritual, em teu favor, devoras as próprias energias, vítima imprevidente do suicídio indireto.

Se estás doente, meu amigo, acima de qualquer medicação, aprende a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a Grande Mudança.

Desapega-te de bens transitórios que te foram emprestados pelo Poder Divino, de acordo com a Lei do Uso, e lembra-te de que serás, agora ou depois, reconduzido à Vida Maior, onde encontramos sempre a própria consciência.

Foge à brutalidade.

Enriquece os teus fatores de simpatia pessoal, pela prática do amor fraterno.

Busca a intimidade com a sabedoria, pelo estudo e pela meditação.

Não manches teu caminho.

Serve sempre.

Trabalha na extensão do bem.

Guarda lealdade ao ideal superior que te ilumina o coração e permanece convicto de que se cultivas a oração da fé viva, em todos os teus passos, aqui ou além, o Senhor te levantará.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.

domingo, 16 de agosto de 2020

NÃO VOS INQUIETEIS PELA POSSE DO OURO


9. e 10. Não vos inquieteis pela posse do ouro ou da prata, ou de outra moeda em vosso bolso. Não prepareis nem um saco para o caminho, nem duas roupas, nem sapatos, nem bastões, pois aquele que trabalha merece ser alimentado.

Em qualquer cidade ou em qualquer vila que entrardes, informai-vos de quem é digno de vos hospedar, e permanecei na sua casa até que vos retireis. Ao entrar na casa, saudai-a dizendo: Que a paz esteja nesta casa. Se essa casa for digna disso, vossa paz virá sobre ela; e se não for digna, vossa paz voltará para vós.

Quando alguém não quiser vos receber, nem escutar vossas palavras, sacudi a poeira de vossos pés ao sair dessa casa. Eu vos digo em verdade que, no dia do julgamento, Sodoma e Gomorra serão tratadas menos rigorosamente do que essa cidade.(Mateus, 10:9 a 15)

11. Estas palavras, que Jesus dirigiu a seus apóstolos quando os enviou pela primeira vez para anunciar a boa-nova, nada tinham de estranho naquela época; elas estavam de acordo com os costumes patriarcais do Oriente, onde o viajante era sempre recebido na tenda. Mas, então, os viajantes eram raros. Entre os povos modernos, o crescimento das viagens criou novos costumes. Encontram-se viajores dos tempos antigos apenas em regiões afastadas, onde o grande tráfego ainda não penetrou. Se Jesus voltasse hoje, não diria mais a seus apóstolos: Colocai-vos a caminho sem provisões.

Além do seu sentido próprio, estas palavras têm um conteúdo moral muito profundo: Jesus ensinava seus discípulos a confiar na Providência. Além disso, eles, nada tendo, não poderiam provocar a cobiça naqueles que os recebessem; era o meio de distinguir os caridosos dos egoístas, e é por isso que lhes diz: Informai-vos quem é digno de vos hospedar; isto é, quem é bastante humano para abrigar o viajante que não tem com o que pagar, é digno de ouvir vossas palavras, e é pela caridade que os reconhecereis.

Quanto àqueles que não os quisessem receber e escutar, acaso recomendou que os amaldiçoassem, que se impusessem a eles, que usassem de violência e de força para os converter? Não. Simplesmente recomendou irem a outros lugares, procurar pessoas de boa-vontade.

O mesmo diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: Não violenteis nenhuma consciência; não forceis ninguém a deixar sua crença para adotar a vossa; não amaldiçoeis os que não pensem como vós; acolhei os que vêm até vós e deixai em paz os que vos repelem.

Lembrai-vos das palavras do Cristo: Antigamente o Céu era tomado com violência, mas hoje o é pela brandura.

DIANTE DO SENHOR

“Por que não entendeis a minha linguagem?

Por não poderdes ouvir a minha palavra.”

Jesus. (João, 8:43.)

A linguagem do Cristo sempre se afigurou a muitos aprendizes indecifrável e estranha.

Fazer todo o bem possível, ainda quando os males sejam crescentes e numerosos.

Emprestar sem exigir retribuição.

Desculpar incessantemente.

Amar os próprios adversários.

Ajudar aos caluniadores e aos maus.

Muita gente escuta a Boa Nova, mas não lhe penetra os ensinamentos.

Isso ocorre a muitos seguidores do Evangelho, porque se utilizam da força mental em outros setores.

Crêem vagamente no socorro celeste, nas horas de amargura, mostrando, porém, absoluto desinteresse ante o estudo e ante a aplicação das leis divinas. A preocupação da posse lhes absorve a existência.

Reclamam o ouro do solo, o pão do celeiro, o linho usável, o equilíbrio da carne, o prazer dos sentidos e a consideração social, com tamanha volúpia que não se recordam da posição de simples usufrutuários do mundo em que se encontram e nunca refletem na transitoriedade de todos os patrimônios materiais, cuja função única é a de lhes proporcionar adequado clima ao trabalho na caridade e na luz, para engrandecimento do espírito eterno.

Registram os chamamentos do Cristo, todavia, algemam furiosamente a atenção aos apelos da vida primária.

Percebem, mas não ouvem.

Informam-se, mas não entendem.

Nesse campo de contradições, temos sempre respeitáveis personalidades humanas e, por vezes, admiráveis amigos.

Conservam no coração enormes potenciais de bondade, contudo, a mente deles vive empenhada no jogo das formas perecíveis.

São preciosas estações de serviço aproveitável, com o equipamento, porém, ocupado em atividades mais ou menos inúteis.

Não nos esqueçamos, pois, de que é sempre fácil assinalar a linguagem do Senhor, mas é preciso apresentar-lhe o coração vazio de resíduos da Terra, para receber-lhe, em espírito e verdade, a palavra divina.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.

domingo, 9 de agosto de 2020

OBSERVAI OS PÁSSAROS DO CÉU

6. Não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes os consumirão, onde os ladrões os desenterram e os roubam; acumulai tesouros no Céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os consumirão; onde os ladrões não penetram nem roubam, pois, onde está vosso tesouro, também está o vosso coração.

É por isso que vos digo: Não vos inquieteis por encontrar o que comer para o sustento de vossa vida, nem por terdes roupas para cobrir vosso corpo. A vida não é mais do que o alimento, e o corpo mais do que a roupa?

Observai os pássaros do céu: eles não semeiam e não colhem, e não guardam nada nos celeiros; mas vosso Pai Celeste os alimenta; vós não sois muito mais do que eles? E quem é aquele dentre vós que pode, com todos os seus cuidados, acrescentar à sua estatura a altura de um côvado?

Por que também vos inquietais pela roupa? Observai como crescem os lírios dos campos; eles não trabalham, nem fiam; e entretanto, eu vos declaro que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, nunca se vestiu como um deles. Se, pois, Deus tem o cuidado de vestir desse modo uma erva dos campos, que hoje existe e que amanhã será lançada na fornalha, quanto mais cuidado terá em vos vestir, homens de pouca fé!

Não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos, ou o que beberemos, ou com o que nos vestiremos? – como fazem os pagãos que procuram todas essas coisas; vosso Pai sabe que tendes necessidades delas.

Buscai, pois, primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo. Por isso, não fiqueis inquietos pelo dia de amanhã, pois o amanhã cuidará de si mesmo. A cada dia basta a sua aflição. (Mateus, 6:19 a 21, 25 a 34)

7. As palavras do ensinamento de Jesus, interpretadas ao pé da letra, seriam a negação de toda a previdência, de todo o trabalho e, por conseguinte, de todo o progresso. Dessa forma, o homem seria reduzido a um espectador passivo; suas forças físicas e intelectuais não teriam atividade. Se essa tivesse sido sua condição normal na Terra, jamais teria saído do estado primitivo e, se fizesse dessa condição sua lei atual, viveria sem ter nada a fazer. Esse não pode ter sido o pensamento de Jesus, pois estaria em contradição com o que disse, em outras vezes, e com as próprias leis da Natureza. Deus criou o homem sem roupas e sem abrigo, mas deu-lhe a inteligência para fabricá-los. (Veja nesta obra Caps. 16:6; e 25:2.)

Estas palavras devem ser entendidas apenas como uma alegoria poética da Providência, que jamais abandona os que nela depositam sua confiança, mas que, por seu lado, trabalham. Se nem sempre vem em ajuda com o socorro material, inspira-lhes ideias com as quais encontram os meios de se livrar das dificuldades por si mesmos. (Veja nesta obra Cap. 27:8.)

Deus conhece nossas necessidades, e as atende segundo o necessário. O homem, sempre insatisfeito em seus desejos, nem sempre se contenta com o que tem. O necessário já não lhe basta, tem necessidade do supérfluo. A Providência deixa-o entregue à própria sorte. Torna-se então infeliz por sua própria culpa e por ter ignorado a voz interior que o advertia em sua consciência. Deus o deixa sofrer as consequências disso, a fim de que lhe sirvam de lição para o futuro. (Veja nesta obra Cap. 5:4.)

8. A Terra produzirá o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes quando os homens souberem administrar os bens que ela dá, segundo as leis de justiça, de caridade e de amor ao próximo. Quando a fraternidade reinar entre os diversos povos, como entre as províncias de um mesmo império, o supérfluo momentâneo de um suprirá a insuficiência momentânea do outro, e todos terão o necessário. O rico, então, se considerará como um homem que tem uma grande quantidade de sementes. Se as plantar, produzirão ao cêntuplo para ele e para os outros. Se as comer sozinho, ou se desperdiçar o excedente do que não conseguiu comer, elas não produzirão nada, e delas não tirará proveito para os outros. Se as guardar em seu celeiro, os vermes as comerão. Foi por isso que Jesus disse: Não acumuleis tesouros na Terra, pois são perecíveis, mas acumulai-os no Céu, onde são eternos. Em outras palavras, não vos apegueis demasiadamente aos bens materiais e nem lhes deis mais importância do que aos bens espirituais, e aprendei a sacrificar os primeiros em benefício dos segundos. (Veja nesta obra Cap. 16:7 e seguintes.)

Não é com leis que se decretam a caridade e a fraternidade. Se elas não estiverem no coração do homem, o egoísmo imperará sempre.

Cabe ao Espiritismo fazê-las penetrar nele.

 

VIVER EM PAZ

“... Vivei em paz...” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 13:11.)

 Mantém-te em paz.

É provável que os outros te guerreiem gratuitamente, hostilizando-te a maneira de viver; entretanto, podes avançar em teu roteiro, sem guerrear a ninguém.

Para isso, contudo – para que a tranquilidade te banhe o pensamento –, é necessário que a compaixão e a bondade te sigam todos os passos.

Assume contigo mesmo o compromisso de evitar a exasperação.

Junto da serenidade, poderás analisar cada acontecimento e cada pessoa no lugar e na posição que lhes dizem respeito.

Repara, carinhosamente, os que te procuram no caminho...

Todos os que surgem, aflitos ou desesperados, coléricos ou desabridos, trazem chagas ou ilusões. Prisioneiros da vaidade ou da ignorância, não souberam tolerar a luz da verdade e clamam irritadiços... Unge-te de piedade e penetra-lhes os recessos do ser, e identificarás em todos eles crianças espirituais que se sentem ultrajadas ou contundidas.

Uns acusam, outros choram.

Ajuda-os, enquanto podes.

Pacificando-lhes a alma, harmonizarás, ainda mais, a tua vida.

Aprendamos a compreender cada mente em seu problema.

Recorda-te de que a Natureza, sempre divina em seus fundamentos, respeita a lei do equilíbrio e conserva-a sem cessar.

Ainda mesmo quando os homens se mostram desvairados, nos conflitos abertos, a Terra é sempre firme e o Sol fulgura sempre.

Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.


domingo, 2 de agosto de 2020

AJUDA-TE E O CÉU TE AJUDARÁ


1. Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; pois todo aquele que pede recebe, e quem procura acha, e se abrirá àquele que bater à porta. Qual é o homem dentre vós que dá uma pedra a seu filho quando lhe pede pão? Ou, em lhe pedindo um peixe, dá uma serpente? Se, pois, sendo maus como sois, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, com quanto mais forte razão vosso Pai, que está nos Céus, dará os verdadeiros bens àqueles que Lhe pedirem. (Mateus, 7:7 a 11)

2. Do ponto de vista terreno, o ensinamento: Buscai e achareis, é semelhante a este: Ajuda-te, e o Céu te ajudará. É o fundamento da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso, uma vez que o progresso é filho do trabalho, e que põe em ação todas as forças da inteligência do homem.

Na infância da Humanidade, o homem apenas usa da sua inteligência à procura dos alimentos, dos meios de proteger-se das tempestades e defender-se de seus inimigos. Deus, porém, diferenciando-o dos animais irracionais, deu-lhe o desejo incessante de melhorar-se. É esse desejo que o leva a pesquisar meios de melhorar sempre suas condições de vida e o conduz às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da Ciência, visto que é a Ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Por essas pesquisas, sua inteligência se desenvolve, sua moral se purifica. Às necessidades do corpo sucedem as do Espírito. Além do alimento material, é preciso a alimentação espiritual, e é assim que o homem passa do estado de selvagem para o de civilizado.

Porém, o progresso que cada homem realiza individualmente durante sua vida é muito pequeno, até mesmo imperceptível para um grande número deles. Como é que então a Humanidade poderia ter progredido sem a preexistência e a reexistência da alma? Supondo-se que as almas deixassem a Terra todos os dias para não mais voltar, a Humanidade não progrediria, visto que seres primitivos encarnariam incessantemente, e teriam de fazer tudo de novo e aprender tudo outra vez. Se isto ocorresse, não haveria razão para que o homem fosse hoje mais avançado do que nas primeiras idades do mundo, uma vez que, a cada nascimento, todo o trabalho intelectual teria que recomeçar. Ao contrário, retornando com o progresso que adquiriu, e acrescentando a cada reencarnação alguma experiência a mais, a alma passa gradualmente do estado de selvagem à civilização material, e desta à civilização moral.

3. Se Deus tivesse desobrigado o homem do trabalho físico, seus membros ficariam atrofiados, e se não o obrigasse ao trabalho da inteligência, seu Espírito permaneceria na infância, no estado de instinto animal. É por isso que fez do trabalho uma necessidade, e disse-lhe: Buscai e achareis; trabalhai e produzireis. Deste modo, sereis filho de vossas obras, tereis o mérito da sua realização e sereis recompensado segundo o que fizerdes.

4. É por causa deste princípio que os Espíritos não vêm isentar o homem ao trabalho de pesquisas, trazendo-lhe descobertas e invenções já feitas e prontas para serem utilizadas, porque o levaria a usar apenas o que fosse colocado em suas mãos, sem ao menos ter o trabalho de abaixar-se para pegar e, nem mesmo, o trabalho de pensar. Se assim fosse, o mais preguiçoso dos homens poderia ficar rico, o mais inculto se tornaria sábio, ambos sem nenhum esforço, e se atribuiriam o mérito do que não fizeram.

Não. Os Espíritos não vêm desobrigar o homem da lei do trabalho e, sim, mostrar-lhe o objetivo que deve atingir e o caminho que o conduz até lá, ao lhe dizer: Andai e chegareis. Encontrareis pedras no caminho; olhai-as e afastai-as; nós vos daremos a força necessária se quiserdes empregá-la.

5. Do ponto de vista moral, estas palavras de Jesus significam: Pedi a luz que deve iluminar vosso caminho e ela vos será dada; pedi a força para resistir ao mal e a tereis; pedi a assistência dos bons Espíritos e eles virão vos acompanhar e, como o anjo de Tobias*, vos servirão de guias; pedi bons conselhos e nunca vos serão recusados; batei à nossa porta e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças, e as quedas que sofrereis serão a punição de vosso orgulho. É este o sentido destas palavras do Cristo: Buscai e achareis, batei e se vos abrirá. 

* N. E. - Tobias: patriarca judeu do 1o- século a.C., autor do Livro de Tobias, em que relata a sua convivência com um Espírito.

GLORIFIQUEMOS

“Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre.”

Paulo. (Filipenses, 4:20.)

Quando o vaso se retirou da cerâmica, dizia sem palavras:

Bendito seja o fogo que me proporcionou a solidez. 

Quando o arado se ausentou da forja, afirmava em silêncio:

Bendito seja o malho que me deu forma.

Quando a madeira aprimorada passou a brilhar no palácio, exclamava, sem voz:

Bendita seja a lâmina que me cortou cruelmente, preparando-me a beleza.

Quando a seda luziu, formosa, no templo, asseverava no íntimo:

Bendita seja a feia lagarta que me deu vida.

Quando a flor se entreabriu, veludosa e sublime, agradeceu, apressada:

Bendita a terra escura que me encheu de perfume.

Quando o enfermo recuperou a saúde, gritou, feliz:

Bendita seja a dor que me trouxe a lição do equilíbrio.

Tudo é belo, tudo é grande, tudo é santo na casa de Deus.

Agradeçamos a tempestade que renova, a luta que aperfeiçoa, o sofrimento que ilumina.

A alvorada é maravilha do céu que vem após a noite na Terra.

Que em todas as nossas dificuldades e sombras seja nosso Pai glorificado para sempre.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.