domingo, 16 de agosto de 2020

NÃO VOS INQUIETEIS PELA POSSE DO OURO


9. e 10. Não vos inquieteis pela posse do ouro ou da prata, ou de outra moeda em vosso bolso. Não prepareis nem um saco para o caminho, nem duas roupas, nem sapatos, nem bastões, pois aquele que trabalha merece ser alimentado.

Em qualquer cidade ou em qualquer vila que entrardes, informai-vos de quem é digno de vos hospedar, e permanecei na sua casa até que vos retireis. Ao entrar na casa, saudai-a dizendo: Que a paz esteja nesta casa. Se essa casa for digna disso, vossa paz virá sobre ela; e se não for digna, vossa paz voltará para vós.

Quando alguém não quiser vos receber, nem escutar vossas palavras, sacudi a poeira de vossos pés ao sair dessa casa. Eu vos digo em verdade que, no dia do julgamento, Sodoma e Gomorra serão tratadas menos rigorosamente do que essa cidade.(Mateus, 10:9 a 15)

11. Estas palavras, que Jesus dirigiu a seus apóstolos quando os enviou pela primeira vez para anunciar a boa-nova, nada tinham de estranho naquela época; elas estavam de acordo com os costumes patriarcais do Oriente, onde o viajante era sempre recebido na tenda. Mas, então, os viajantes eram raros. Entre os povos modernos, o crescimento das viagens criou novos costumes. Encontram-se viajores dos tempos antigos apenas em regiões afastadas, onde o grande tráfego ainda não penetrou. Se Jesus voltasse hoje, não diria mais a seus apóstolos: Colocai-vos a caminho sem provisões.

Além do seu sentido próprio, estas palavras têm um conteúdo moral muito profundo: Jesus ensinava seus discípulos a confiar na Providência. Além disso, eles, nada tendo, não poderiam provocar a cobiça naqueles que os recebessem; era o meio de distinguir os caridosos dos egoístas, e é por isso que lhes diz: Informai-vos quem é digno de vos hospedar; isto é, quem é bastante humano para abrigar o viajante que não tem com o que pagar, é digno de ouvir vossas palavras, e é pela caridade que os reconhecereis.

Quanto àqueles que não os quisessem receber e escutar, acaso recomendou que os amaldiçoassem, que se impusessem a eles, que usassem de violência e de força para os converter? Não. Simplesmente recomendou irem a outros lugares, procurar pessoas de boa-vontade.

O mesmo diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: Não violenteis nenhuma consciência; não forceis ninguém a deixar sua crença para adotar a vossa; não amaldiçoeis os que não pensem como vós; acolhei os que vêm até vós e deixai em paz os que vos repelem.

Lembrai-vos das palavras do Cristo: Antigamente o Céu era tomado com violência, mas hoje o é pela brandura.

DIANTE DO SENHOR

“Por que não entendeis a minha linguagem?

Por não poderdes ouvir a minha palavra.”

Jesus. (João, 8:43.)

A linguagem do Cristo sempre se afigurou a muitos aprendizes indecifrável e estranha.

Fazer todo o bem possível, ainda quando os males sejam crescentes e numerosos.

Emprestar sem exigir retribuição.

Desculpar incessantemente.

Amar os próprios adversários.

Ajudar aos caluniadores e aos maus.

Muita gente escuta a Boa Nova, mas não lhe penetra os ensinamentos.

Isso ocorre a muitos seguidores do Evangelho, porque se utilizam da força mental em outros setores.

Crêem vagamente no socorro celeste, nas horas de amargura, mostrando, porém, absoluto desinteresse ante o estudo e ante a aplicação das leis divinas. A preocupação da posse lhes absorve a existência.

Reclamam o ouro do solo, o pão do celeiro, o linho usável, o equilíbrio da carne, o prazer dos sentidos e a consideração social, com tamanha volúpia que não se recordam da posição de simples usufrutuários do mundo em que se encontram e nunca refletem na transitoriedade de todos os patrimônios materiais, cuja função única é a de lhes proporcionar adequado clima ao trabalho na caridade e na luz, para engrandecimento do espírito eterno.

Registram os chamamentos do Cristo, todavia, algemam furiosamente a atenção aos apelos da vida primária.

Percebem, mas não ouvem.

Informam-se, mas não entendem.

Nesse campo de contradições, temos sempre respeitáveis personalidades humanas e, por vezes, admiráveis amigos.

Conservam no coração enormes potenciais de bondade, contudo, a mente deles vive empenhada no jogo das formas perecíveis.

São preciosas estações de serviço aproveitável, com o equipamento, porém, ocupado em atividades mais ou menos inúteis.

Não nos esqueçamos, pois, de que é sempre fácil assinalar a linguagem do Senhor, mas é preciso apresentar-lhe o coração vazio de resíduos da Terra, para receber-lhe, em espírito e verdade, a palavra divina.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier.

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