sábado, 29 de agosto de 2020

PRECES PAGAS


3.
Disse em seguida a seus discípulos, na presença de todo o povo que o escutava: Guardai-vos dos escribas que se exibem passeando em longas túnicas, que adoram ser saudados em lugares públicos, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nas festas; que, sob o pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas.

Essas pessoas receberão uma condenação mais rigorosa. (Lucas, 20:45 a 47; Marcos, 12:38 a 40; Mateus, 23:14)

4. Jesus ensinou também: Não façais que vos paguem pelas vossas preces como fazem os escribas que, sob o pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas, ou seja, apossam-se de suas fortunas. A prece é um ato de caridade, um impulso do coração.

Exigir pagamento por orar a Deus por outrem é transformar-se em intermediário assalariado. A prece, desse modo, seria uma fórmula cuja duração seria proporcional à soma que se pagou. Portanto, de duas uma: ou Deus mede ou não mede as suas graças pela quantidade de palavras; se é preciso muitas, por que dizer poucas, ou quase nenhuma, por aquele que não pode pagar? É falta de caridade e, se uma só basta, as demais são inúteis. Por que, então, cobrá-las? É falta de caridade, é prevaricação.

Como sabemos, Deus não cobra pelos benefícios que concede.

Como pode alguém, que nem mesmo é o distribuidor deles, que não pode garantir sua obtenção, pretender cobrar por um pedido que talvez nenhum resultado produza? Deus não condicionaria um ato de clemência, de bondade ou de justiça que solicitamos à sua misericórdia, em troca de dinheiro. Por outro lado, se a soma não fosse paga, ou fosse insuficiente, resultaria que a justiça, a bondade e a clemência de Deus seriam suspensas. A razão, o bom senso, a lógica nos dizem ser impossível que Deus, a perfeição absoluta, encarregue criaturas imperfeitas de colocar preço à sua justiça. A justiça de Deus é como o sol: se distribui para todos, tanto para pobres quanto para ricos. Se consideramos imoral traficar com as graças de um soberano da Terra, quanto mais não será fazer o mesmo com as do soberano do Universo?

As preces pagas têm ainda um outro inconveniente: é que aquele que as compra se julga, na maioria das vezes, dispensado de orar, pois considera-se quite desde que deu o seu dinheiro. Sabe-se que os Espíritos são tocados pelo fervor do pensamento de quem por eles se interessa. Qual pode ser o fervor daquele que encarrega um terceiro para orar por ele, pagando? Qual é o fervor desse terceiro quando delega seu mandato a um outro, esse a um outro, e assim por diante? Isso não é reduzir a eficácia da prece ao valor de uma moeda corrente?

* N. E. - Covil: buraco de feras. Esconderijo de ladrões.

ALTAR INTIMO 

“Temos um altar.” – Paulo. (Hebreus, 13:10.)

Até agora, construímos altares em toda parte, reverenciando o Mestre e Senhor.

De ouro, de mármore, de madeira, de barro, recamados de perfumes, preciosidades e flores, erguemos santuários e convocamos o concurso da arte para os retoques de iluminação artificial e beleza exterior.

Materializado o monumento da fé, ajoelhamo-nos em atitude de prece e procuramos a inspiração divina.

Realmente, toda movimentação nesse sentido é respeitável, ainda mesmo quando cometemos o erro comum de esquecer os famintos da estrada, em favor das suntuosidades do culto, porque o amor e a gratidão ao Poder Celeste, mesmo quando mal conduzidos, merecem veneração.

Todavia, é imprescindível crescer para a vida maior.

O próprio Mestre nos advertiu, junto à Samaritana, que tempos viriam em que o Pai seria adorado em espírito e verdade.

E Paulo acrescenta que temos um altar.

A finalidade máxima dos templos de pedra é a de despertar-nos a consciência.

O cristão acordado, porém, caminha oficiando como sacerdote de si mesmo, glorificando o amor perante o ódio, a paz diante da discórdia, a serenidade à frente da perturbação, o bem à vista do mal...

Não olvidemos, pois, o altar íntimo que nos cabe consagrar ao Divino Poder e à Celeste Bondade.

Comparecer, ante os altares de pedra, de alma cerrada à luz e à inspiração do Mestre, é o mesmo que lançar um cofre impermeável de trevas à plena claridade solar. Se as ondas luminosas continuam sendo ondas luminosas, as sombras não se alteram igualmente.

Apresentemos, portanto, ao Senhor as nossas oferendas e sacrifícios em quotas abençoadas de amor ao próximo, adorando-o, através do altar do coração, e prossigamos no trabalho que nos cabe realizar.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Francisco Cândido Xavier. 

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