domingo, 16 de maio de 2021

BEM E MAL SOFRER

Lacordaire - Havre, 1863

18. Quando Cristo disse: Bem-aventurados os aflitos, pois deles é o reino dos Céus, não se referia àqueles que sofrem em geral, pois todos os que estão na Terra sofrem, estejam ou num trono, ou na extrema miséria. Mas poucos sabem sofrer, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir o homem ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações se vos falta coragem. A prece é a sustentação para a alma, mas não é suficiente: é preciso que se apoie sobre uma fé viva na bondade de Deus. Jesus vos disse muitas vezes que não se colocava um fardo pesado sobre ombros fracos, e sim que o fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem.

A recompensa será tão mais generosa quanto mais difícil tiver sido a aflição. Mas é preciso merecer a recompensa e é por isso que a vida está cheia de tribulações.

O militar que não é enviado à frente de batalha não fica feliz, pois o descanso no acampamento não lhe proporciona promoção.

Sede como o militar e não desejeis um descanso que enfraqueceria vosso corpo e entorpeceria vossa alma. Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo da batalha, mas as amarguras da vida, em que algumas vezes é preciso mais coragem do que inimigo poderá fracassar sob a pressão de um sofrimento moral. O homem não tem recompensa por esse tipo de coragem, mas Deus lhe reserva coroas e um lugar glorioso. Quando vos atinge um motivo de dor ou de contrariedade, esforçai-vos para superar isso, e quando chegardes a dominar os ataques da impaciência, da raiva ou do desespero, podeis dizer com uma justa satisfação: “Fui o mais forte”.

Bem-aventurados os aflitos pode traduzir-se assim: Bem-aventurados aqueles que têm a ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão cem vezes a alegria que lhes falta na Terra, e depois do trabalho virá o descanso.

FERMENTO ESPIRITUAL

“Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?”

Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 5:6.)

O fermento é uma substância que excita outras substâncias e nossa vida é sempre um fermento espiritual com que influenciamos as existências alheias.

Ninguém vive só.

Temos conosco milhares de expressões do pensamento dos outros e milhares de outras pessoas nos guardam a atuação mental, inevitavelmente.

Os raios de nossa influência entrosam-se com as emissões de quantos nos conhecem direta ou indiretamente, e pesam na balança do mundo para o bem ou para o mal.

Nossas palavras determinam palavras em quem nos ouve e, toda vez que não formos sinceros, é provável que o interlocutor seja igualmente desleal.

Nossos modos e costumes geram modos e costumes da mesma natureza, em torno de nossos passos, mormente naqueles que se situam em posição inferior à nossa, nos círculos da experiência e do conhecimento.

Nossas atitudes e atos criam atitudes e atos do mesmo teor, em quantos nos rodeiam, porquanto aquilo que fazemos atinge o domínio da observação alheia, interferindo no centro de elaboração das forças mentais de nossos semelhantes.

O único processo, portanto, de reformar edificando é aceitar as sugestões do bem e praticá-las intensivamente, por intermédio de nossas ações.

Nas origens de nossas determinações, porém, reside a ideia.

A mente, em razão disso, é a sede de nossa atuação pessoal, onde estivermos.

Pensamento é fermentação espiritual. Em primeiro lugar estabelece atitudes, em segundo gera hábitos e, depois, governa expressões e palavras, através das quais a individualidade influencia na vida e no mundo. Regenerado, pois, o pensamento de um homem, o caminho que o conduz ao Senhor se lhe revela reto e limpo.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

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