domingo, 2 de maio de 2021

MOTIVOS DE RESIGNAÇÃO

12. Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois serão consolados, Jesus indica, ao mesmo tempo, a recompensa que espera os que sofrem e a resignação que os faz compreender o porquê do sofrimento como o início da cura.

Estas palavras podem ser também entendidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrer, visto que vossas dores aqui na Terra são os pagamentos das dívidas de vossas faltas passadas, e essas dores suportadas pacientemente na Terra vos poupam séculos de sofrimento na vida futura. Deveis estar felizes, por Deus reduzir vossa dívida, permitindo pagá-la no presente, o que vos assegura a tranquilidade para o futuro.

O homem que sofre assemelha-se a um devedor de uma grande quantia e a quem o credor diz: “Se me pagares hoje mesmo a centésima parte, dou-te quitação de toda a dívida, e estarás livre. Se não o fizeres, te cobrarei até que me pagues o último centavo”. Qual o devedor que não ficaria feliz mesmo passando por privações para se libertar de uma grande dívida, sabendo que pagaria apenas a centésima parte do que devia? Ao invés de reclamar do seu credor, não lhe agradeceria?

Este é o sentido das palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois serão consolados. São felizes, porque estão pagando suas dívidas e, depois de pagar, ficarão livres. Porém, se ao procurar quitá-las de uma maneira se endividarem de outra, tornam maior o tempo para sua libertação. Portanto, cada nova falta aumenta a dívida, pois não há uma única falta, qualquer que ela seja, que não arraste consigo sua punição forçada e inevitável. Se não for hoje, será amanhã; se não for nesta vida, será noutra. Entre essas faltas, é preciso colocar em primeiro lugar a falta de submissão à vontade de Deus. Se lamentamos as aflições, se não as aceitamos com resignação e como algo que se deva merecer, se acusamos Deus de injusto, contraímos uma nova dívida que nos faz perder os frutos que a lição dos sofrimentos nos poderia dar. É por isso que recomeçaremos sempre, como se, a um credor que nos cobra, pagássemos algumas parcelas e ao mesmo tempo contraíssemos novas dívidas.

Quando entra no mundo dos Espíritos, o homem assemelha-se ao operário que comparece no dia do pagamento. A uns o Senhor dirá: “Eis o prêmio da tua jornada de trabalho”. A outros, aqueles que se julgaram felizes na Terra, viveram ociosamente e cuja felicidade constituiu-se na satisfação do seu amor-próprio e nos gozos terrenos, Ele dirá: “A ti nada cabe, pois já recebeste teu salário na Terra. Vai e recomeça tua tarefa”.

13. O homem pode suavizar ou agravar a amargura de suas provas pela maneira de encarar a vida terrena. Ele sofre mais quando acredita numa duração mais longa do seu sofrimento. Porém, se encara a vida terrena pelo lado da vida eterna do Espírito, ele a entende como um ponto no infinito e compreende o quanto é breve, dizendo a si mesmo que esse momento difícil vai passar bem depressa. A certeza de um futuro próximo, mais feliz, o sustenta e o encoraja e, ao invés de se lamentar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar. Ao contrário, para aquele que só valoriza a vida corpórea, esta lhe parece interminável e a dor cai sobre ele com todo o seu peso. O resultado da maneira espiritual de encarar a vida diminui a importância das coisas deste mundo, faz com que o homem modere seus desejos, se contente com sua posição sem invejar a dos outros, e atenua a impressão moral dos reveses e das decepções que ele experimenta. O homem adquire uma calma e uma resignação tão úteis à saúde do corpo quanto à da alma, ao passo que, pela inveja, pelo ciúme e pela ambição, tortura-se voluntariamente e assim aumenta as misérias e as angústias de sua curta existência.

NA ESFERA ÍNTIMA

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu,

como bons dispensadores da multiforme graça de Deus.”

Pedro. (1ª Epístola de Pedro, 4:10.)

A vida é máquina divina da qual todos os seres são peças importantes, e a cooperação é o fator essencial na produção da harmonia e do bem para todos.

Nada existe sem significação.

Ninguém é inútil.

Cada criatura recebeu determinado talento da Providência Divina para servir no mundo e para receber do mundo o salário da elevação.

Velho ou moço, com saúde do corpo ou sem ela, recorda que é necessário movimentar o dom que recebeste do Senhor, para avançares na direção da Grande Luz.

Ninguém é tão pobre que nada possa dar de si mesmo.

O próprio paralítico, atado ao catre da enfermidade, pode fornecer aos outros a paciência e a calma, em forma de paz e resignação.

Não olvides, pois, o trabalho que o Céu te conferiu e foge à preocupação de interferir na tarefa do próximo, a pretexto de ajudar.

Quem cumpre o dever que lhe é próprio, age naturalmente a benefício do equilíbrio geral.

Muitas vezes, acreditando fazer mais corretamente que os outros o serviço que lhes compete, não somos senão agentes de desarmonia e perturbação.

Onde estivermos, atendamos com diligência e nobreza à missão que a vida nos oferece.

Lembra-te de que as horas são as mesmas para todos e de que o tempo é o nosso silencioso e inflexível julgador.

Ontem, hoje e amanhã são três fases do caminho único.

Todo dia é ocasião de semear e colher.

Observemos, assim, a tarefa que nos cabe e recordemos a palavra do Evangelho:

– “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons dispensadores da multiforme graça de Deus”, para que a graça de Deus nos enriqueça de novas graças. 

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

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