28. Um homem está agonizante, vítima de cruéis
sofrimentos. Sabe-se que seu estado não tem esperanças. É permitido poupar-lhe alguns
instantes de agonia, apressando o seu fim?
Quem, no entanto, vos daria o direito
de prejulgar os planos de Deus? Não pode o Senhor conduzir um homem à margem do
abismo para retirá-lo de lá, a fim de fazê-lo voltar-se sobre si mesmo e de conduzi-lo
a outros pensamentos? Ainda que se pense que haja chegado o momento final para
um moribundo, ninguém pode dizer com certeza que essa hora tenha chegado. A
Ciência nunca se enganou nessas previsões?
Sei muito bem que há casos que se podem
considerar, com razão, como desesperadores. Mas, se não há nenhuma esperança fundada
de um retorno definitivo à vida e à saúde, não há também incontáveis exemplos
de que, no momento de dar o último suspiro, o doente se reanima e recobra sua
lucidez por alguns instantes?
Pois bem! Essa hora de graça que lhe é
concedida pode ser para ele da maior importância, pois ignorais os pensamentos
que seu Espírito pôde fazer nos momentos finais da sua agonia e quantos
tormentos pode lhe poupar um minuto, um momento de arrependimento.
O materialista que apenas vê o corpo e
não se dá conta da alma não pode compreender estas coisas. Mas o espírita, que
sabe o que se passa além-túmulo, conhece o valor do último pensamento.
Suavizai os últimos sofrimentos tanto quanto vos seja possível fazê-lo; mas guardai-vos de encurtar a vida, que seja apenas por um minuto, pois esse minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro.
PORTA ESTREITA
"Porfiai por entrar pela porta estreita,
porque eu vos digo que muitos
procurarão entrar, e não poderão." - Jesus. (LUCAS, 13:24.)
Antes da reencarnação necessária ao progresso, a
alma estima na "porta estreita" a sua oportunidade gloriosa nos
círculos carnais.
Reconhece a necessidade do sofrimento
purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina.
Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não
seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos
infinitos da vida.
Obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha
para o serviço de retificação e aperfeiçoamento.
Reconquistando, porém, a oportunidade da
existência terrestre, volta a procurar as "portas largas" por onde
transitam as multidões.
Fugindo à dificuldade, empenha-se pelo menor
esforço.
Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal.
Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.
E, no sono doentio do passado, atravessa os
campos de evolução, sem algo realizar de útil, menosprezando os compromissos
assumidos.
Em geral, quase todos os homens somente acordam
quando a enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte.
"Ah! se fosse possível voltar!..." -
pensam todos.
Com que aflição acariciam o desejo de tornar a
viver no mundo, a fim de aprenderem a humildade, a paciência e a fé!... com que
transporte de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros! ...
Mas... é tarde. Rogaram a "porta estreita" e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito bem nas "portas largas", volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.
Livro Vinha de Luz – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.
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