29. Aquele que está desgostoso com a vida, mas, não querendo se suicidar, é culpado se procurar a morte no campo de batalha, com o propósito de tornar útil o seu gesto?
Quer o homem se mate ou se faça matar,
o objetivo é sempre encurtar sua vida e, portanto, há a intenção do suicídio,
embora não ocorra de fato. O pensamento de que sua morte servirá para alguma coisa
é ilusório. É apenas uma desculpa para disfarçar sua ação e justificá-la aos
seus próprios olhos. Se realmente tivesse o desejo de servir a seu país,
procuraria viver defendendo-o e não morrendo, pois, uma vez morto, ele não
servirá mais para nada. A verdadeira dedicação consiste em não recear a morte
quando se trata de ser útil, enfrentar o perigo e oferecer sem temor o
sacrifício da vida, se isso for necessário.
No entanto, a intenção premeditada de
procurar a morte expondo-se a um perigo, mesmo para prestar serviço, anula o
mérito da ação.
30. Um homem se expõe a um perigo iminente para
salvar a vida de um de seus semelhantes, sabendo antecipadamente que ele
próprio morrerá. Isto pode ser visto como um suicídio?
A partir do momento em que a intenção de procurar a morte não existe, não há suicídio, mas dedicação e abnegação, embora haja a certeza de morrer. Mas quem pode ter essa certeza? Quem disse que a Providência não reserva um meio inesperado de salvação no momento mais crítico? Não pode salvar até mesmo aquele que estiver na boca de um canhão? Muitas vezes pode querer levar a prova da resignação até as últimas consequências, quando um acontecimento inesperado afasta o golpe fatal.
VÊ
E SEGUE
“Uma
coisa sei: eu era cego e agora vejo.” – (João, 9:25.)
Apesar de o trabalho renovador do Evangelho,
nos círculos da consolação e da pregação, desdobrar-se, diante das massas, semeando
milagres de reconforto na alma do povo, o serviço sutil e quase desconhecido do
aproveitamento da Boa Nova é sempre individual e intransferível.
Os aprendizes da vida cristã, na atividade
vulgar do caminho, desfrutam do conceito de normalidade, mas se não gozam de vantagens
observáveis no imediatismo da experiência humana, quais sejam as da consolação,
do estímulo ou da prosperidade material, de maneira a gravarem o ensinamento
vivo de Jesus, nas próprias vidas, passam à categoria de pessoas estranhas, muita
vez ante os próprios companheiros de ministério.
Chegado a semelhante posição, e se sabe
aproveitar a sublime oportunidade pela submissão e diligência, o discípulo
experimenta completa transposição de plano.
Modifica a tabela de valores que o rodeiam.
Sabe onde se ocultam os fundamentos eternos.
Descortina esferas novas de luta, através da
visão interior que outros não compreendem.
Descobre diferentes motivos de elevação, por
intermédio do sacrifício pessoal, e identifica fontes mais altas de incentivo
ao esforço próprio.
Em vista disso, frequentemente provoca
discussões acesas, com respeito à atitude que adota à frente de Jesus.
Por ver, com mais clareza, as instruções
reveladas pelo Mestre, é tido à conta de fanático ou retrógrado, idiota ou
louco.
Se, porém, procuras efetivamente a redenção com o Senhor, prossegue seguro de ti mesmo; repara, sem aflição e sem desânimo, as contendas que a ação genuína de Jesus em ti recebe de corações incompreensivos e estacionários, repete as palavras do cego que alcançou a visão e segue para diante.
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