segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

OS SUPERIORES E OS INFERIORES

9. A autoridade, assim como a riqueza, é uma delegação da qual terá que prestar contas aquele que dela estiver investido. Não acrediteis que ela seja dada para satisfazer o vão prazer de mandar, nem tampouco, conforme acredita falsamente a maior parte dos poderosos da Terra, como um direito ou uma propriedade.

Deus tem lhes provado constantemente que não é nem uma coisa nem outra, pois as retira deles quando quer. Se fosse um privilégio ligado à pessoa, seria intransferível. Ninguém pode dizer que uma coisa lhe pertence, quando ela pode lhe ser tirada sem o seu consentimento.

Deus concede a autoridade a título de missão ou de prova, quando quer, e a retira do mesmo modo.

Todo aquele que é depositário da autoridade, seja qual for em grau de importância, desde um senhor para com seu servidor até o soberano para com seu povo, não deve esquecer-se de que é um encarregado de almas e responderá pela boa ou a má orientação que der a seus subordinados. Vai arcar com as culpas das faltas que estes poderão cometer, dos vícios aos quais serão arrastados em consequência dessa orientação ou dos maus exemplos recebidos; mas, também, colherá os frutos do seu esforço por conduzi-los ao bem. Todo homem tem, na Terra, uma missão pequena ou grande; seja qual for, sempre lhe é dada para o bem; desviá-la do seu verdadeiro sentido é fracassar no seu cumprimento.

Se Deus pergunta ao rico: Que fizeste da riqueza que deveria ser nas tuas mãos uma fonte espalhando fecundidade ao seu redor? Também perguntará àquele que dispõe de alguma autoridade: Que uso fizeste dessa autoridade? Que mal impediste? Que progresso promoveste? Se te dei subordinados, não foi para fazer deles escravos de tua vontade, nem instrumentos dóceis dos teus caprichos ou de tua ambição; te fiz forte e te confiei os fracos para que, amparando-os, os ajudasses a subir até mim.

Aquele que, investido de autoridade, segue as palavras do Cristo não despreza nenhum dos que estão abaixo dele, porque sabe que as diferenças sociais não existem perante Deus. O Espiritismo lhe ensina que, se hoje eles lhe obedecem, já puderam tê-lo comandado, ou poderão vir a comandá-lo mais tarde e, então, será tratado como os tratou.

Se o superior tem deveres a cumprir, o subordinado também os tem por sua vez e não menos sagrados. Se este último é espírita, sua consciência lhe dirá, melhor ainda, que não está dispensado de os cumprir, mesmo que seu chefe não cumpra os que lhe competem, pois sabe que não se deve pagar o mal com o mal, e que as faltas de um não justificam as faltas de outros. Se sofre na sua condição de subalterno, sabe que é merecido, porque ele mesmo pode já ter também abusado da autoridade que tinha, e agora deve sentir, por sua vez, os inconvenientes daquilo que fez os outros sofrerem. Se é obrigado a suportar essa situação, na falta de encontrar outra melhor, o Espiritismo lhe ensina a resignar-se a isso, como uma prova para sua humildade, necessária a seu adiantamento. Sua crença o guia na sua conduta; ele age como gostaria que seus subordinados agissem para com ele, se fosse o chefe.

Por isso mesmo, é mais cuidadoso no cumprimento de suas obrigações, pois compreende que toda negligência no trabalho que lhe é confiado é um prejuízo para aquele que o remunera, a quem deve seu tempo e seus esforços. Em resumo, é guiado pelo sentimento do dever, que lhe advém de sua fé, e a certeza de que todo desvio do caminho correto é uma dívida que deverá pagar cedo ou tarde.

PÁGINAS

“Mas a sabedoria que vem do alto é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.” (TIAGO, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 17.)

Toda página escrita tem alma e o crente necessita auscultar-lhe a natureza. O exame sincero esclarecerá imediatamente a que esfera pertence, no círculo de atividade destruidora no mundo ou no centro dos esforços de edificação para a vida espiritual.

Primeiramente, o leitor amigo da verdade e do bem analisar-lhe-á as linhas, para ajuizar da pureza do seu conteúdo, compreendendo que, se as suas expressões foram nascidas de fontes superiores, aí encontrará os sinais inequívocos da paz, da moderação, da afabilidade fraternal, da compreensão amorosa e dos bons frutos, enfim.

Mas, se a página reflete os venenos sutis da parcialidade humana, semelhante mensagem do pensamento não procede das esferas mais nobres da vida. Ainda que se origine da ação dos Espíritos desencarnados, supostamente superiores, a folha que não faça benefício em harmonia e construção fraternal é, apenas, reflexo de condições inferiores.

Examina, pois, as páginas de teu contacto com o pensamento alheio, diariamente, e faze companhia àquelas que te desejam elevação. Não precisas das que se te figurem mais brilhantes, mas daquelas que te façam melhor.

Livro Pão Nosso – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

domingo, 18 de dezembro de 2022

A VIRTUDE

François, Nicolas, Madeleine, Cardeal Morlot - Paris, 1863

8. A virtude, no seu mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente são acompanhadas quase sempre de pequenas falhas morais que as desmerecem e as enfraquecem. Aquele que faz alarde de sua virtude não é virtuoso, pois lhe falta a principal qualidade: a modéstia. E tem o vício mais oposto: o orgulho. A virtude realmente digna desse nome não gosta de se exibir; ela é sentida, mas se esconde no anonimato e foge da admiração das multidões. São Vicente de Paulo era virtuoso; o digno Cura de Ars era virtuoso, e muitos outros não muito conhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que eram virtuosos; deixavam-se ir pela corrente de suas santas inspirações e praticavam o bem com total desinteresse e completo esquecimento de si mesmos.

À virtude, assim compreendida e praticada, é que eu vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita que eu vos convido a consagrar-vos. Afastai de vossos corações o sentimento do orgulho, da vaidade, do amor-próprio, que sempre desvalorizam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se coloca como um modelo e se gaba de suas próprias qualidades para todos os ouvidos tolerantes. Essa virtude com ostentação esconde, muitas vezes, uma multidão de pequenas mesquinharias e odiosas fraquezas.

Em princípio, o homem que exalta a si mesmo, que ergue uma estátua à sua própria virtude, aniquila, por essa única razão, todo mérito efetivo que possa ter. Mas o que direi daquele que dá valor em parecer aquilo que não é? Compreendo muito bem que o homem que faz o bem sinta no fundo do coração uma satisfação íntima, mas, uma vez que essa satisfação se exteriorize para provocar elogios, degenera em amor-próprio.

Vós todos, a quem a fé espírita reanimou com seus raios, e que sabeis o quanto o homem está longe da perfeição, não façais nunca uma tolice dessas. A virtude é uma graça que eu desejo a todos os espíritas sinceros, mas advirto: Mais vale poucas virtudes com modéstia do que muitas com orgulho. Foi pelo orgulho que as humanidades se perderam sucessivamente, e será pela humildade que deverão um dia redimir-se.

BUSQUEMOS O MELHOR

“Por que reparas o argueiro no olho de teu irmão?”

Jesus. (Mateus, 7:3.)

A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.

Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz igualmente consigo os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na virtude, ele revela as mãos calejadas no trabalho e tem o coração ferido por mil golpes da ignorância e da inexperiência.

É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria.

Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo das grandes realizações.

Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento em serviço poderia sanar ou dissipar.

Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na produção da semente nobre.

Aproveitemos o irmão de boa-vontade, na plantação do bem, olvidando as insignificâncias que lhe cercam a vida.

Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia?

E se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?

Consagremo-nos à tarefa que o Senhor nos reservou na edificação do bem e da luz e estejamos convictos de que, assim agindo, o argueiro que incomoda o olho do vizinho, tanto quanto a trave que nos obscurece o olhar, se desfarão espontaneamente, restituindo-nos a felicidade e o equilíbrio, através da incessante renovação.

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

domingo, 11 de dezembro de 2022

O DEVER

Lázaro - Paris, 1863

7. O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida: encontra-se desde os menores detalhes, assim como nos mais elevados atos. Refiro-me apenas ao dever moral e não ao dever que as profissões impõem.

Na ordem dos sentimentos o dever é muito difícil de ser cumprido, pois se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do coração. Suas vitórias não têm testemunhos e suas derrotas não estão sujeitas à repressão. O dever íntimo do homem é governado pelo seu livre-arbítrio, este aguilhão da consciência, guardião da integridade interior, o adverte e o sustenta, mas permanece, muitas vezes, impotente perante os enganos da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem, mas, como este dever pode ser determinado? Onde ele começa? Onde termina? O dever começa precisamente no ponto onde ameaçais a felicidade ou a tranquilidade de vosso próximo, e termina no limite em que não desejaríeis vê-lo transposto em relação a vós mesmos.

Deus criou todos os homens iguais perante a dor; pequenos ou grandes, incultos ou esclarecidos, sofrem todos pelas mesmas causas, a fim de que cada um avalie com sensatez o mal que pôde fazer. O critério para o bem, infinitamente mais variado em suas expressões, não é o mesmo. A igualdade perante a dor é uma sublime providência de Deus, que quer que seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal, alegando a ignorância de seus efeitos.

O dever reflete, na prática, todas as virtudes morais; é uma fortaleza da alma que enfrenta as angústias da luta; é severo e dócil; pronto para dobrar-se às diversas complicações, mas permanece inflexível perante suas tentações. O homem que cumpre seu dever ama mais a Deus do que às criaturas, e às criaturas mais do que a si mesmo. É, ao mesmo tempo, juiz e escravo em sua própria causa.

O dever é o mais belo laurel* da razão; provém dela, como um filho nasce de sua mãe. O homem deve amar o dever, não porque o preserve dos males da vida, aos quais a Humanidade não pode subtrair-se, mas sim por dar à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.

O dever cresce e se irradia, sob forma mais elevada, em cada uma das etapas superiores da Humanidade; a obrigação moral da criatura para com Deus nunca cessa; ela deve refletir as virtudes do Eterno, que não aceita um esboço imperfeito, pois quer que a beleza de sua obra resplandeça perante Ele.

NÃO SOMENTE

“Nem só de pão vive o homem.” – Jesus. (Mateus, 4:4.)

Não somente agasalho que proteja o corpo, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma.

Não só a beleza da máscara fisionômica, mas igualmente a formosura e nobreza dos sentimentos.

Não apenas a eugenia que aprimora os músculos, mas também a educação que aperfeiçoa as maneiras.

Não somente a cirurgia que extirpa o defeito orgânico, mas igualmente o esforço próprio que anula o defeito íntimo.

Não só o domicílio confortável para a vida física, mas também a casa invisível dos princípios edificantes em que o espírito se faça útil, estimado e respeitável.

Não apenas os títulos honrosos que ilustram a personalidade transitória, mas igualmente as virtudes comprovadas, na luta objetiva, que enriqueçam a consciência eterna.

Não somente claridade para os olhos mortais, mas também luz divina para o entendimento imperecível.

Não só aspecto agradável, mas igualmente utilidade viva.

Não apenas flores, mas também frutos. Não somente ensino continuado, mas igualmente demonstração ativa.

Não só teoria excelente, mas também prática santificante.

Não apenas nós, mas igualmente os outros.

Disse o Mestre: – “Nem só de pão vive o homem.”

Apliquemos o sublime conceito ao imenso campo do mundo.

Bom gosto, harmonia e dignidade na vida exterior constituem dever, mas não nos esqueçamos da pureza, da elevação e dos recursos sublimes da vida interior, com que nos dirigimos para a Eternidade.

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

domingo, 27 de novembro de 2022

PARÁBOLA DO SEMEADOR

5. Nesse mesmo dia, Jesus, ao sair de casa, sentou-se à beira do mar; reuniu-se ao seu redor uma grande multidão de pessoas; foi por isso que subiu numa barca e todo o povo ficou em pé na margem; e Ele lhes disse, então, muitas coisas em parábolas:

Saiu aquele que semeia a semear; e enquanto semeava, caiu ao longo do caminho um pouco de semente, e os pássaros do céu vieram e comeram-na.

Uma outra quantidade caiu nas pedras, onde não havia muita terra; e logo germinou, pois a terra onde estava não era muito profunda. Mas queimou-se com o sol, pois tinha acabado de nascer; e, como não tinha raízes, secou.

Outra igualmente caiu nos espinhos, e os espinhos cresceram e afogaram-na.

Uma outra, enfim, caiu na boa terra que dava frutos, havendo grãos que rendiam cem por um, outros sessenta e outros trinta.

Que ouça aquele que tem ouvidos para ouvir. (Mateus, 13:1 a 9)

Escutai, pois, vós outros, a parábola do semeador.

Todo aquele que ouve a palavra do reino e não presta a menor atenção, surge o Espírito mau e arrebata o que se havia semeado em seu coração; este é aquele que recebeu a semente ao longo da estrada.

Aquele que recebeu a semente junto às pedras, é o que ouve a palavra e que a recebe na mesma hora com alegria; mas não tem raízes em si, e isso dura pouco tempo; e quando lhe sobrevêm tribulações e perseguições por causa da palavra, logo se escandaliza.

Aquele que recebeu a semente entre os espinhos, é o que ouve a palavra; mas, em seguida, as solicitudes deste século e a ilusão das riquezas sufocam nele essa palavra e a tornam infrutífera.

Mas aquele que recebeu a semente em uma boa terra, é aquele que ouve a palavra, que lhe dá atenção e ela frutifica, e rende cem ou sessenta, ou trinta por um. (Mateus, 13:18 a 23)

6. A parábola do semeador representa perfeitamente as várias faces que existem na maneira de se pôr em prática os ensinamentos do Evangelho. Quantas pessoas há, de fato, para as quais os ensinamentos não passam de letra morta e, semelhantes às sementes caídas sobre as pedras, nada produzem, nada frutificam!

A parábola encontra aplicação igualmente justa nas diferentes categorias de espíritas. Não é o símbolo daqueles que apenas se apegam aos fenômenos materiais, e deles não tiram nenhuma consequência? Que apenas os veem como objeto de curiosidade? Não simboliza os que procuram o lado brilhante nas comunicações dos Espíritos, interessando-se somente enquanto lhes satisfazem a imaginação, mas que, após ouvi-las, continuam frios e indiferentes como antes? Daqueles que acham os conselhos muito bons e os admiram, aplicados a outrem e não a si mesmos? E, finalmente, daqueles para quem os ensinamentos são como a semente que caiu em terra boa e produz frutos?

SEMEADORES

“Eis que o semeador saiu a semear.” – Jesus. (Mateus, 13:3.)

Todo ensinamento do Divino Mestre é profundo e sublime na menor expressão. Quando se dispõe a contar a parábola do semeador, começa com ensinamento de inestimável importância que vale relembrar.

Não nos fala que o semeador deva agir, através do contrato com terceiras pessoas, e sim que ele mesmo saiu a semear.

Transferindo a imagem para o solo do espírito, em que tantos imperativos de renovação convidam os obreiros da boa-vontade à santificante lavoura da elevação, somos levados a reconhecer que o servidor do Evangelho é compelido a sair de si próprio, a fim de beneficiar corações alheios.

É necessário desintegrar o velho cárcere do “ponto de vista” para nos devotarmos ao serviço do próximo.

Aprendendo a ciência de nos retirarmos da escura cadeia do “eu”, excursionaremos através do grande continente denominado “interesse geral”. E, na infinita extensão dele, encontraremos a “terra das almas”, sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir a benefício de todos.

Foi nesse roteiro que o Divino Semeador pautou o ministério da luz, iniciando a celeste missão do auxílio entre humildes tratadores de animais e continuando-a através dos amigos de Nazaré e dos doutores de Jerusalém, dos fariseus palavrosos e dos pescadores simples, dos justos e dos injustos, ricos e pobres, doentes do corpo e da alma, velhos e jovens, mulheres e crianças.

Segundo observamos, o semeador do Céu ausentou-se da grandeza a que se acolhe e veio até nós, espalhando as claridades da Revelação e aumentando-nos a visão e o discernimento.

Humilhou-se para que nos exaltássemos e confundiu-se com a sombra a fim de que a nossa luz pudesse brilhar, embora lhe fosse fácil fazer-se substituído por milhões de mensageiros, se desejasse.

Afastemo-nos, pois, das nossas inibições e aprendamos com o Cristo a “sair para semear”.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 13 de novembro de 2022

O HOMEM DE BEM

3. O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Questiona sua consciência sobre seus próprios atos, perguntará se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se negligenciou voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem queixa dele, enfim, se fez aos outros tudo o que gostaria que lhe fizessem.

Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria divina. Sabe que nada acontece sem a sua permissão e submete-se, em todas as coisas, à sua vontade.

Tem fé no futuro; por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

Sabe que todas as alternativas da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações, e as aceita sem lamentações.

O homem de bem que tem o sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar retorno, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sempre sacrifica seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas alegrias que proporciona aos seus semelhantes, nas lágrimas que seca, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros antes de si, acudir aos interesses dos outros antes de procurar os seus. O egoísta, ao contrário, calcula os ganhos e as perdas de toda ação generosa.

É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, pois vê irmãos em todos os homens.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não amaldiçoa quem não pensa como ele.

Em todos os momentos, a caridade é o seu guia; tendo como certo que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, que agride os sentimentos de alguém com seu orgulho e seu desdém, que não recua perante a ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando poderia evitá-la, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não tem nem ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e apenas se recorda dos benefícios, pois sabe que será perdoado conforme perdoou.

É indulgente para com as fraquezas dos outros, porque sabe que ele mesmo precisa de indulgência, e se recorda das palavras do Cristo: Que aquele que estiver sem pecado lhe atire a primeira pedra.

Não se satisfaz em procurar defeitos nos outros, nem colocá-los em evidência. Se a necessidade o obriga a fazer isso, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha sem cessar para combatê-las. Emprega todos os seus esforços para poder dizer no dia seguinte que há nele algo de melhor do que no dia anterior.

Não se exalta a si mesmo nem seus talentos à custa de outrem, ao contrário, aproveita todas as ocasiões para ressaltar as qualidades dos outros.

Não se envaidece de sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, pois sabe que tudo o que lhe foi dado pode ser retirado.

Usa, sem exagero, dos bens que lhe são concedidos, pois sabe que se trata de um depósito do qual deverá prestar contas, e que o emprego, que resultaria mais prejudicial para si mesmo, seria o de fazê-los servir à satisfação de suas paixões.

Se, na ordem social, alguns homens estão sob seu mando, dependem dele, trata-os com bondade e benevolência, pois são seus semelhantes perante Deus; usa da sua autoridade para erguer-lhes o moral, e não para esmagá-los com seu orgulho; evita tudo o que poderia dificultar-lhes a posição subalterna.

O subordinado, por sua vez, compreende os deveres de sua posição e se empenha em cumpri-los conscientemente. (Veja Cap. 17:9.)

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que as leis da Natureza dão aos seus semelhantes, como gosta que os seus sejam respeitados.

Esta não é a relação completa de todas as qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las está no caminho que conduz a todas as outras.

ADMINISTRAÇÃO

“Dá conta de tua administração.” – Jesus. (Lucas, 16:2.)

Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura humana detém possibilidades enormes no plano em que moureja.

Mordomo do mundo não é somente aquele que encanece os cabelos, à frente dos interesses coletivos, nas empresas públicas ou particulares, combatendo tricas mil, a fim de cumprir a missão a que se dedica.

Cada inteligência da Terra dará conta dos recursos que lhe foram confiados.

A fortuna e a autoridade não são valores únicos de que devemos dar conta hoje e amanhã.

O corpo é um templo sagrado.

A saúde física é um tesouro.

A oportunidade de trabalhar é uma bênção.

A possibilidade de servir é um obséquio divino.

O ensejo de aprender é uma porta libertadora.

O tempo é um patrimônio inestimável.

O lar é uma dádiva do Céu.

O amigo é um benfeitor.

A experiência benéfica é uma grande conquista. A ocasião de viver em harmonia com o Senhor, com os semelhantes e com a Natureza é uma glória comum a todos.

A hora de ajudar os menos favorecidos de recursos ou entendimento é valiosa.

O chão para semear, a ignorância para ser instruída e a dor para ser consolada são apelos que o Céu envia sem palavras ao mundo inteiro.

Que fazes, portanto, dos talentos preciosos que repousam em teu coração, em tuas mãos e no teu caminho? Vela por tua própria tarefa no bem, diante do Eterno, porque chegará o momento em que o Poder Divino te pedirá: – “Dá conta de tua administração.”

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

domingo, 6 de novembro de 2022

CARACTERÍSTICAS DA PERFEIÇÃO

1. Amai aos vossos inimigos; fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e vos caluniam; pois, se amais apenas àqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos também não fazem isso? E se apenas saudardes vossos irmãos, o que fazeis mais que os outros? Os pagãos não fazem o mesmo? Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito. (Mateus, 5:44, 46 a 48)

2. Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas; assim, este ensinamento moral: Sede perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito, tomado ao pé da letra, dá a entender a possibilidade de se atingir a perfeição absoluta. Se fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto o Criador, ela O igualaria, o que é inadmissível. Mas os homens aos quais Jesus se dirigia não teriam compreendido essa questão; por isso, Ele se limitou a apresentar-lhes um modelo e dizer que se esforçassem para atingi-lo.

É preciso entender por estas palavras a perfeição relativa que a Humanidade é capaz de compreender e que mais a aproxima da Divindade.

Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: Amar aos inimigos, fazer o bem àqueles que nos odeiam, orar por aqueles que nos perseguem.

Ele mostra que a essência da perfeição é a caridade em sua mais ampla significação, porque define a prática de todas as outras virtudes.

De fato, se observarmos as consequências de todos os vícios e até mesmo dos pequenos defeitos, reconheceremos que não há nenhum que não altere de alguma forma, um pouco mais, um pouco menos, o sentimento da caridade, porque todos têm o seu princípio no egoísmo e no orgulho, que são sua negação; visto que o que estimula exageradamente o sentimento da personalidade destrói, ou pelo menos enfraquece, os princípios da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento. O amor ao próximo, levado até o amar aos inimigos, não podendo se aliar a nenhum defeito contrário à caridade, é, por isso mesmo, sempre o indício de uma maior ou menor superioridade moral; de onde resulta que o grau de perfeição se dá em razão da extensão desse amor. Eis porque Jesus, após ter dado a seus discípulos as regras da caridade, no que ela tem de mais sublime, disse: Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito.

RENOVEMO-NOS DIA-A-DIA

“Transformai-vos pela renovação de vossa mente, para

que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade

de Deus.” – Paulo. (Romanos, 12:2.)

Não adianta a transformação aparente da nossa personalidade na feição exterior.

Mais títulos, mais recursos financeiros, mais possibilidades de conforto e maiores considerações sociais podem ser simples agravo de responsabilidade.

Renovemo-nos por dentro.

É preciso avançar no conhecimento superior, ainda mesmo que a marcha nos custe suor e lágrimas.

Aceitar os problemas do mundo e superá-los, à força de nosso trabalho e de nossa serenidade, é a fórmula justa de aquisição do discernimento.

Dor e sacrifício, aflição e amargura, são processos de sublimação que o Mundo Maior nos oferece, a fim de que a nossa visão espiritual seja acrescentada.

Facilidades materiais costumam estagnar-nos a mente, quando não sabemos vencer os perigos fascinantes das vantagens terrestres.

Renovemos nossa alma, dia a dia, estudando as lições dos vanguardeiros do progresso e vivendo a nossa existência sob a inspiração do serviço incessante.

Apliquemo-nos à construção da vida equilibrada, onde estivermos, mas não nos esqueçamos de que somente pela execução de nossos deveres, na concretização do bem, alcançaremos a compreensão da vida e, com ela, o conhecimento da “perfeita vontade de Deus”, a nosso respeito.

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel. 

domingo, 30 de outubro de 2022

DESPRENDIMENTO DOS BENS TERRENOS

Lacordaire - Constantina, Argel, 1863

14. Venho, meus irmãos, meus amigos, trazer meu auxílio para ajudar corajosamente no caminho de melhoria em que entrastes. Somos devedores uns dos outros; somente pela união sincera e fraternal entre os desencarnados e os encarnados é que será possível esse melhoramento.

O apego aos bens terrenos é um dos maiores obstáculos ao vosso adiantamento moral e espiritual; pelo desejo de possuí-los, destruís o sentimento do amor, voltando-o para coisas materiais. Sede sinceros: a riqueza dá uma felicidade pura? Quando vossos cofres estão cheios, não há sempre um vazio no coração? No fundo dessa cesta de flores não há sempre um réptil escondido? Compreendo que um homem, que por um trabalho constante e honrado ganhou a riqueza, experimente uma satisfação, muito justa, que Deus aprova. Porém, daí a um apego que absorva todos os outros sentimentos e provoque a frieza do coração, há uma distância tão grande quanto da avareza sórdida ao esbanjamento exagerado, dois vícios contra os quais Deus colocou a caridade, santa e salutar virtude, que ensina ao rico a dar sem orgulho, para que o pobre receba sem humilhação.

Quer a riqueza se tenha originado de vossa família, quer a tenhais ganho pelo vosso trabalho, há uma coisa que não deveis vos esquecer nunca: tudo o que vem de Deus retorna a Deus. Nada vos pertence na Terra, nem mesmo vosso corpo: a morte vos liberta dele, como de todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários, não vos enganeis. Deus vos emprestou, deveis restituir, e Ele vos empresta sob a condição de que o supérfluo, pelo menos, reverta em favor daqueles que não têm o necessário.

Um dos vossos amigos vos empresta uma soma; por pouco que sejais honesto, tereis a preocupação de lhe restituir o empréstimo, e lhe ficareis agradecido. Pois bem, essa é a posição de todo homem rico: Deus é o amigo celeste que lhe emprestou a riqueza; pede-lhe apenas o amor e o reconhecimento, mas exige que, por sua vez, o rico dê também aos pobres, que são, tanto quanto ele, seus filhos.

O bem que Deus vos confiou desperta em vossos corações uma ardente e desvairada cobiça. Quando vos apegais imoderadamente a uma riqueza tão perecível e passageira quanto vós, já pensastes que chegará o dia em que devereis prestar contas ao Senhor do que Ele vos emprestou? Esqueceis que, pela riqueza, estais revestidos do caráter sagrado de ministros da caridade na Terra para serdes os seus inteligentes distribuidores? Que sois, portanto, quando usais em vosso próprio proveito o que vos foi confiado, senão depositários infiéis? Que resulta desse esquecimento voluntário de vossos deveres? A morte certa, implacável, rasga o véu sob o qual vos escondíeis e vos força a prestar contas até mesmo ao amigo esquecido que vos favoreceu e que, nesse momento, se apresenta diante de vós com a autoridade de juiz.

É em vão que na Terra procurais iludir a vós mesmos, colorindo com o nome de virtude o que frequentemente não passa de egoísmo. O que chamais de economia e previdência não passa de ambição e avareza, e de generosidade, o que não passa de esbanjamento em vosso favor. Um pai de família, por exemplo, ao deixar de fazer a caridade, economizará, amontoará ouro sobre ouro, e isso, diz ele, para deixar a seus filhos a maior quantidade de bens possíveis, e evitar deixá-los na miséria. Isto é bastante justo e paternal, convenhamos, e não se pode censurá-lo por isso, mas será este o objetivo que o orienta? Não é isso frequentemente uma desculpa para com sua consciência, para justificar aos próprios olhos e aos olhos do mundo o apego pessoal aos bens terrenos? Admitindo-se que o amor paternal seja seu único propósito, será motivo para esquecer-se de seus irmãos perante Deus? Se ele mesmo já tem o supérfluo, deixará seus filhos na miséria só porque terão um pouco menos desse supérfluo? Não estará dando-lhes uma lição de egoísmo a endurecer-lhes os corações? Não será sufocar neles o amor ao próximo? Pais e mães, cometeis um grande erro se acreditais que, desse modo, aumentais a afeição de vossos filhos por vós; ao ensinar-lhes a ser egoístas para com os outros, ensinais a sê-lo para convosco.

Quando um homem trabalhou bastante, e com o suor do seu rosto acumulou bens, ouvireis dizer frequentemente que, quando o dinheiro é ganho, sabemos dar-lhe valor. É a mais pura verdade. Pois bem! Que este homem que confessa conhecer todo valor do dinheiro faça a caridade segundo suas possibilidades, e terá maior mérito do que aquele que, nascido na fartura, ignora as rudes fadigas do trabalho. Mas, se esse homem que se recorda de suas lutas, seus esforços, tornar-se egoísta, impiedoso para com os pobres, será bem mais culpado do que aquele outro; pois, quanto mais cada um conhece por si mesmo as dores ocultas da miséria, tanto mais deve se empenhar em ajudar aos outros.

Infelizmente, o homem de posses sempre carrega consigo um outro sentimento tão forte quanto o apego à riqueza: o orgulho. É comum ver-se o novo-rico atormentar o infeliz que implora sua ajuda, com a história de seus trabalhos e suas habilidades, ao invés de ajudá-lo, e por fim dizer-lhe: “faça como eu fiz”. Na sua opinião, a bondade de Deus não influiu em nada na sua riqueza; o mérito cabe somente a ele; seu orgulho põe-lhe uma venda nos olhos e um tampão nos ouvidos. Apesar de toda sua inteligência e toda sua capacidade, não compreende que Deus pode derrubá-lo com uma só palavra.

Desperdiçar a riqueza não é desprendimento dos bens terrenos: é descaso e indiferença. O homem, como depositário desses bens, não tem direito de os esbanjar ou usá-los só em seu proveito. O gasto irresponsável não é generosidade. É, muitas vezes, uma forma de egoísmo. Aquele que esbanja ouro para satisfazer uma fantasia talvez não dê um centavo para prestar auxílio. O desapego aos bens terrenos consiste em apreciar a riqueza no seu justo valor, saber usufruir dela em benefício de todos e não somente para si, em não sacrificar por sua causa os interesses da vida futura e, se Deus a retirar, perdê-la sem reclamar. Se, por infortúnios imprevistos, vos tornardes como Jó, dizei como ele: Senhor, vós me destes, vós me tirastes; que seja feita a vossa vontade. Eis o verdadeiro desprendimento. Sede, antes de tudo, submissos; tende fé n’Aquele que, assim como vos deu e tirou, pode devolver-vos; resisti com coragem ao abatimento, ao desespero que paralisa vossas forças; não vos esqueçais nunca de que, quando Deus vos prova por uma aflição, sempre coloca uma consolação ao lado de uma rude prova. Pensai também que há bens infinitamente mais preciosos do que os da Terra, e esse pensamento vos ajudará a desapegar destes últimos. Quanto menos valor se dá a uma coisa, menos sensível se fica à sua perda. O homem que se apega aos bens da Terra é como uma criança que apenas vê o momento presente; aquele que não é apegado é como o adulto, que vê coisas mais importantes, pois compreende essas palavras proféticas do Salvador: Meu reino não é deste mundo.

O Senhor não ordena a ninguém desfazer-se do que possua para se reduzir a mendigo voluntário, porque, então, se tornaria uma carga para a sociedade. Agir desse modo seria compreender mal o desprendimento aos bens terrenos; é um egoísmo de outro modo. Seria fugir à responsabilidade que a riqueza faz pesar sobre aquele que a possui. Deus a dá a quem Lhe parece ser bom para administrá-la em benefício de todos; o rico tem, portanto, uma missão que pode tornar-se bela e proveitosa para si mesmo. Rejeitar a riqueza, quando é dada por Deus, é renunciar ao benefício do bem que se pode fazer administrando-a com sabedoria. Saber passar sem ela quando não a temos, saber empregá-la utilmente quando a recebemos, saber sacrificá-la quando for necessário é agir de acordo com a vontade do Senhor. Que diga, pois, aquele que recebe o que o mundo chama de uma boa fortuna: meu Deus, vós me enviastes um novo encargo; dai-me a força para desempenhá-lo conforme vossa santa vontade.

Eis, meus amigos, o que vos queria ensinar quanto ao desprendimento dos bens terrenos; posso resumir dizendo: contentai-vos com pouco. Se sois pobres, não invejeis aos ricos, pois a riqueza não é necessária para a felicidade. Sois ricos, não vos esqueçais de que vossos bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como uma prestação de contas de um empréstimo. Não sejais depositários infiéis, fazendo com que eles sirvam apenas para a satisfação de vosso orgulho e sensualidade; não vos acrediteis com o direito de dispor para vós unicamente o que recebestes, não como doação, mas somente como um empréstimo. Se não sabeis restituir, não tendes o direito de pedir, e lembrai-vos de que aquele que dá aos pobres salda a dívida que contrai para com Deus.

POSSUIMOS O QUE DAMOS

“É mais bem-aventurado dar do que receber.”

Paulo. (Atos, 20:35.)

Quando alguém se refere à passagem evangélica que considera a ação de dar mais alta bem-aventurança que a ação de receber, quase todos os aprendizes da Boa Nova se recordam da palavra “dinheiro”.

Sem dúvida, em nos reportando aos bens materiais, há sempre mais alegria em ajudar que em ser ajudado, contudo, é imperioso não esquecer os bens espirituais que, irradiados de nós mesmos, aumentam o teor e a intensidade da alegria em torno de nossos passos.

Quem dá recolhe a felicidade de ver a multiplicação daquilo que deu.

Oferece a gentileza e encorajarás a plantação da fraternidade.

Estende a bênção do perdão e fortalecerás a justiça.

Administra a bondade e terás o crescimento da confiança.

Dá o teu bom exemplo e garantirás a nobreza do caráter.

Os recursos da Criação são distribuídos pelo Criador com as criaturas a fim de que, em doação permanente, se multipliquem ao Infinito.

Serás ajudado pelo Céu, conforme estiveres ajudando na Terra.

Possuímos aquilo que damos.

Não te esqueças, pois, de que és mordomo da vida em que te encontras.

Cede ao próximo algo mais que o dinheiro de que possas dispor.

Dá também teu interesse afetivo, tua saúde, tua alegria e teu tempo e, em verdade, entrarás na posse dos sublimes dons do amor, do equilíbrio, da felicidade e da paz, hoje e amanhã, neste mundo e na vida eterna.

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.