domingo, 15 de maio de 2022

O ÓBOLO DA VIÚVA

5. Jesus, estando sentado em frente ao gazofilácio, observava como o povo nele deitava o dinheiro, como as pessoas ricas davam muito. Veio então uma pobre viúva que colocou apenas duas pequenas moedas. Então Jesus, tendo chamado seus discípulos, lhes disse: Eu vos digo, em verdade, que essa pobre viúva deu mais do que todos os que colocaram no gazofilácio, pois todos os outros deram o que era de sua abundância, mas esta deu de sua penúria, até mesmo tudo o que tinha e tudo o que lhe restava para viver. (Marcos, 12:41 a 44; Lucas, 21:1 a 4)

6. Muitas pessoas lamentam não poder fazer todo o bem que desejariam por falta de recursos suficientes e desejam a riqueza, dizem elas, para fazer da fortuna um bom uso. Sem dúvida a intenção é louvável e talvez muito sincera em alguns, mas será que é totalmente desinteressada em todos? Não há aqueles que, desejando fazer o bem aos outros, ficariam felizes se começassem primeiro a fazer o bem para si mesmos? Se permitirem mais prazeres, se proporcionarem um pouco mais do luxo que lhes falta, com a condição de darem o resto aos pobres? Esta segunda intenção, oculta, disfarçada, que encontrariam no fundo de seus corações se o interrogassem, anula o mérito da intenção, visto que a verdadeira caridade faz o homem pensar primeiro nos outros, para depois pensar em si mesmo. O sublime da caridade, neste caso, seria procurar em seu próprio trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência e de seus talentos, os recursos que faltam para realizar suas intenções generosas. Aí estaria o sacrifício mais agradável ao Senhor. Infelizmente a maior parte das pessoas sonha com meios fáceis de se enriquecer rapidamente e sem trabalho, correndo atrás de ilusões, como as descobertas de tesouros, uma oportunidade favorável, recebimento de heranças inesperadas, etc. O que dizer daqueles que esperam encontrar auxiliares, entre os Espíritos, para ajudá-los nas pesquisas dessa natureza? Certamente não conhecem o objetivo sagrado do Espiritismo, muito menos a missão dos Espíritos, a quem Deus permite se comunicar com os homens. Decorre, por isso, serem punidos pelas decepções. (O Livro dos Médiuns, questões 294 e 295)

Aqueles cuja intenção está isenta de todo interesse pessoal devem se consolar com a sua impossibilidade em fazer o bem que gostariam, sabendo que a dádiva do pobre, como no caso da viúva no ensinamento de Jesus, que deu do pouco que possuía, pesou mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de nada. Sem dúvida, seria grande a satisfação de poder socorrer largamente a pobreza; mas, se isso é impossível, é preciso se submeter e se limitar a fazer o que se pode. Aliás, não é apenas com dinheiro que se podem secar as lágrimas e não é preciso ficar inativo por não possuí-lo! Aquele que quer, sinceramente, ser útil aos seus irmãos encontra mil ocasiões para fazê-lo. Quem as procura, as encontrará, seja de uma maneira ou de outra, pois não há ninguém que, dentro de um padrão de vida normal, não possa prestar um serviço, prestar-se a uma consolação, aliviar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Na falta de dinheiro, cada um não possui seu trabalho, seu tempo, seu repouso, dos quais pode dar uma pequena parte? Aí também está a dádiva do pobre, o óbolo, a esmola da viúva.

A POBREZA FELIZ

Quem se empobrece de ambições inferiores, adquire a luz que nasce da sede de perfeição espiritual.

Quem se empobrece de orgulho, encontra a fonte oculta da humildade vitoriosa.

Quem se empobrece de exigências da vida física, recebe os tesouros inapreciáveis da alma.

Quem se empobrece de aflições inúteis, em torno das posses efêmeras da Terra, surpreende a riqueza da paz em si mesmo.

Quem se empobrece de vaidade, amealha as bênçãos do serviço.

Quem se empobrece de ignorância, ilumina-se com a chama da sabedoria.

Não vale amontoar ilusões que nos enganam somente no transcurso de um dia.

Não vale sermos ricos de mentira, no dia de hoje, para sermos indigentes da verdade, no dia de amanhã.

Ser grande, à frente dos homens, é sempre fácil. A astúcia consegue semelhante fantasia sem qualquer obstáculo.

Mas ser pequenino, diante das criaturas, para servirmos realmente aos interesses do Senhor, junto da Humanidade, é trabalho de raros.

Bem aventurada será sempre a pobreza que sabe se enriquecer de luz para a imortalidade, porque o rico ocioso da Terra é o indigente da Vida Mais Alta e o pobre esclarecido do mundo é o espírito enobrecido das Esferas Superiores, que será aproveitado na extensão da Obra de Deus.

Livro Dinheiro – Emmanuel – Médium Chico Xavier.

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