domingo, 26 de junho de 2022

BENEFÍCIOS PAGOS COM A INGRATIDÃO

Guia Protetor - Sens, 1862

19. O que pensar das pessoas que, recebendo a ingratidão em troca de um benefício prestado, negam-se a fazer outra vez o bem com temor de encontrar pessoas ingratas?

Tais pessoas são mais egoístas do que caridosas, pois fazer o bem esperando reconhecimento não é fazê-lo com desinteresse. O benefício desinteressado é o único que agrada a Deus. São também orgulhosas, pois se envaidecem pela humildade do beneficiado, que deve vir fazer o reconhecimento a seus pés. Aquele que procura na Terra a recompensa do bem que faz, não a receberá no Céu; Deus recompensará aquele que não a procura na Terra.

É preciso sempre ajudar os fracos, mesmo sabendo antecipadamente que aqueles a quem fazemos o bem não nos agradecerão.

Sabei que se aquele a quem ajudais esquece o benefício, Deus levará isso mais em conta do que se já fôsseis recompensados pela gratidão.

Deus permite que às vezes sejais pagos com a ingratidão, para provar vossa perseverança em fazer o bem.

Como podeis saber se esse benefício, esquecido no momento, não trará mais tarde bons frutos? Ficai certos de que é uma semente que com o tempo germinará. Infelizmente, vedes apenas o presente.

Trabalhais para vós e não para os outros. Os favores acabam por abrandar os corações mais endurecidos; podem até ser esquecidos aqui na Terra, mas, quando o Espírito se livrar de seu envoltório carnal, ele se lembrará, e esse será o seu castigo. Então, lamentará sua ingratidão e desejará reparar sua falta, pagar sua dívida em uma outra existência, até mesmo, muitas vezes, aceitando uma vida de dedicação ao seu benfeitor. É assim que, sem suspeitardes, tereis contribuído para seu adiantamento moral e reconhecereis mais tarde toda verdade desse ensinamento: um benefício jamais se perde. Mas tereis também trabalhado para vós, pois tereis o mérito de ter feito o bem com desinteresse e sem vos deixar desencorajar pelas decepções.

Meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que, na vida presente, vos unem às vossas existências anteriores, e se pudésseis entender a grande multiplicidade de relações que unem os seres uns aos outros para o progresso de todos, admiraríeis ainda muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos permite reviver para chegar até Ele.

GUARDA A PACIÊNCIA

“Porque necessitais de paciência, para que,

depois de haverdes feito a Vontade de Deus,

possais alcançar a promessa.”

Paulo. (Hebreus, 10:36.)

Provavelmente estarás retendo, há muito tempo, a esperança torturada.

Desejarias que a resposta do mundo aos teus anseios surgisse, imediata, agasalhando-te o coração; entretanto, que paz desfrutarias no triunfo aparente dos próprios sonhos, sem resgatares os débitos que te encadeiam ao problema e à dificuldade?

Como repousar, ante a exigência do credor que nos requisita?

Descansará o delinquente antes da justa reparação à falta cometida?

Sabes que o destino materializar-te-á os planos de ventura, que a vitória te coroará, enfim, a senda de luta, mas reconheceste preso ao círculo de certas obrigações.

O lar convertido em forja de angústia...

A instituição a que serves, onde sofres a intromissão da calúnia ou o golpe da crueldade...

O parente a quem deves respeito e carinho, do qual recolhes menosprezo e ingratidão...

A rede dos obstáculos...

A conspiração das sombras...

A perseguição gratuita, a enfermidade do corpo, a imposição do ambiente...

Se as provas te encarceram nas grades constringentes do dever a cumprir, tem paciência e satisfaze as obrigações a que te enlaçaste!...

Não renuncies ao trabalho renovador!

Recorda que a Vontade de Deus se expressa, cada hora, nas circunstâncias que nos cercam!

Paguemos nossas contas com a sombra, para que a Luz nos favoreça!

Em verdade, alcançaremos a concretização dos nossos projetos de felicidade, mas, antes disso, é necessário liquidar com paciência as dívidas que contraímos perante a Lei.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 19 de junho de 2022

OS ÓRFÃOS

Um Espírito Familiar - Paris, 1860 

18. Meus irmãos, amai os órfãos. Se soubésseis o quanto é triste estar só e abandonado, principalmente na infância! Deus permite que haja órfãos para nos animar a lhes servir de pais. Que divina caridade é ajudar uma pobre e pequena criatura abandonada, impedi-la de sofrer fome e frio, conduzir sua alma a fim de que ela não se perca no vício! Quem estende a mão à criança abandonada agrada a Deus, pois compreende e pratica sua lei. Considerai também que, muitas vezes, a criança que socorreis vos foi querida noutra encarnação e, se caso pudésseis vos lembrar, isso não seria mais caridade e sim um dever. Assim, portanto, meus amigos, todo ser que sofre é vosso irmão e tem o direito à vossa caridade, mas não aquela caridade que fere o coração, não aquela esmola que queima a mão que a recebe, pois vossas esmolas são, muitas vezes, bem amargas! Quantas vezes seriam recusadas se, em casa, a doença e a miséria não precisassem delas! Dai delicadamente, acrescentai à vossa dádiva o mais precioso de todos os benefícios: uma boa palavra, uma carícia, um sorriso amigo. Evitai esse tom de proteção que fere o coração já aflito e pensai que, ao fazer o bem, trabalhais para vós e para os vossos. 

ANTE A ORFANDADE

Cultivarás a semente nobre que te supre de pão.

Protegerás a árvore respeitável que te assegura a benção do reconforto.

E plantarás na infância o porvir que te espera.

Recolhe, sim, a criança que chora a ausência do braço paterno ou que se lastima ante a falta do regaço materno que a morte lhe suprimiu.

A dor dos que vagueiam sem rumo é grito de aflição que clama no seio augusto da Eterna Bondade.

Não abandones à orfandade moral os corações pequeninos que o Céu te confia ao apoio à vizinhança.

Não te julgues exonerado do dever de assistir a todos aqueles que, em plena aurora da vida humana, te defrontam a marcha.

Todos eles aguardam-te a palavra de instrução e carinho e a tua demonstração de solidariedade e de amor.

Orientam-se por teus passos, guiam-se, por teu verbo e atendem por teu chamado.

Agora, assimilam-te os gestos e ouvem-te as assertivas e, mais tarde, reconduzir-te-ão a mensagem do exemplo às existências de que se rodeiam.

O mundo de hoje é o retrato fiel dos homens de ontem que no-lo transmitiram com as qualidades e os defeitos de que se nutriam no campo das próprias almas.

A Terra de amanhã será, inelutavelmente, o reflexo de nós mesmos.

Não te comovas tão somente perante o sofrimento que sufoca milhares de pequeninos.

Faze algo.

Começa diante daqueles que o Senhor te localiza junto aos próprios sonhos, no instituto doméstico, para que as tuas esperanças no bem não se resumam à fantasia.

Recorda que os meninos da atualidade estão endereçados à posição de senhores do lar que te acolherá no grande futuro e neles encontrarás a colheita do que houvermos semeado, de vez que a lei é sempre a lei multiplicando os bens e os males da vida, conforme a plantação que fizemos, no descaso ou na vigilância, no trabalho ou na preguiça, nos princípios da sombra ou nas eminências da luz.

Livro Família – Mensagem de Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 12 de junho de 2022

A PIEDADE

Michel - Bordeaux, 1862

17. A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos, ela é irmã da caridade que vos conduz a Deus. Deixai o vosso coração se comover diante das misérias e dos sofrimentos de vossos semelhantes.

Vossas lágrimas são como uma consolação que lhes aplicais sobre as feridas e, quando, por uma doce simpatia, conseguis lhes dar a esperança e a resignação, que alegria experimentais! Essa ventura, é bem verdade, tem um certo pesar, visto que nasce ao lado da infelicidade; mas, se não possui a ilusão dos prazeres terrenos, não tem as decepções angustiantes do vazio que eles deixam atrás de si. Há uma suavidade penetrante que alegra a alma. A piedade, uma piedade bem sentida, é amor. O amor é devotamento. O devotamento é o esquecimento de si mesmo. Esse esquecimento, essa renúncia em favor dos infelizes, é a virtude no seu mais alto grau; a que o divino Messias praticou durante sua vida e que ensinou em sua doutrina tão santa e tão sublime. Quando esta doutrina for restabelecida na sua pureza primitiva e quando for praticada por todos os povos, garantirá a felicidade à Terra, fazendo, finalmente, reinar a concórdia, a paz e o amor.

A piedade é o sentimento mais apropriado para vos fazer progredir, dominando o vosso egoísmo e vosso orgulho; é o sentimento que prepara vossa alma para a humildade, a beneficência e para o amor ao vosso próximo. Essa piedade vos comove profundamente, diante do sofrimento de vossos irmãos, vos faz estender-lhes a mão caridosa e vos arranca lágrimas de simpatia. Não oculteis, portanto, jamais em vossos corações essa emoção celeste, não façais como os egoístas endurecidos que se afastam dos aflitos, porque a visão da miséria perturbaria por instantes sua feliz existência. Temei ficar indiferentes, quando puderdes ser úteis. A tranquilidade comprada a preço de uma indiferença condenável é semelhante a tranquilidade do Mar Morto, que esconde no fundo de suas águas o lodo apodrecido e a corrupção.

Quanto a piedade está longe, entretanto, de causar a perturbação e o aborrecimento que apavoram o egoísta! Sem dúvida, ao tomar contato com a desgraça do próximo e voltando-se para si mesma, a alma experimenta um abalo natural e profundo, que faz vibrar todo o vosso ser e vos afeta dolorosamente. Mas a compensação será grande, todas as vezes que conseguirdes devolver a coragem e a esperança a um irmão infeliz, que se emociona com o aperto de mão, e cujo olhar, em lágrimas, ao mesmo tempo de emoção e de reconhecimento, fixar-se docemente em vós, antes de elevar-se ao Céu, em agradecimento por lhe ter enviado um consolador, um apoio. A piedade compadece-se dos males alheios, é a celeste precursora da caridade, a primeira das virtudes, da qual é irmã, e cujos benefícios prepara e enobrece.

NUNCA SEM ESPERANÇA

Nunca percas a esperança.

Se o pranto te encharca a existência, recorre a Deus no exercício do bem e acharás Deus nas entranhas da própria alma, a propiciar-te consolo.

Se sofres incompreensão, auxilia ainda e sempre aos que te não entendem e encontrarás Deus no imo do próprio espírito, a fortalecer-te com o bálsamo da piedade pelos que se desequilibram na sombra.

Se te menosprezam ou te injuriam, guarda-te em silêncio no auxílio ao próximo e surpreenderás Deus no íntimo de teus mais íntimos pensamentos, prestigiando-te as intenções.

Se te golpeiam ou censuram, cala-te edificando a felicidade dos que te rodeiam e Deus falará por ti na voz inarticulada do tempo.

E, se arraste, não tombes em desespero, mas, trabalhando e servindo receberá de Deus a oportunidade da retificação e da paz.

Sejam quais forem as aflições e problemas que te agitem a estrada, confia em Deus, amando e construindo, perdoando e amparando sempre, porque Deus, acima de todas as calamidades e de todas as lágrimas, te fará sobreviver, abençoando-te a vida e sustentando-te o coração.

Livro Coragem – Meimei – Médium Chico Xavier.

domingo, 5 de junho de 2022

A BENEFICÊNCIA

Cáritas - Martirizada, em Roma, Lyon, 1861

13. Meu nome é Caridade, sou o caminho principal que leva a Deus; segui-me, pois sou o objetivo a que todos deveis visar.

Fiz esta manhã minha caminhada habitual e, com o coração aflito, vos digo: Meus amigos, quantas misérias, quantas lágrimas e quanto tendes a fazer para secá-las! Procurei em vão consolar pobres mães, dizendo-lhes ao ouvido: Coragem! Há bons corações que vos protejem. Não sereis abandonadas. Paciência! Deus está aí, sois suas amadas, sois suas eleitas. Elas pareciam ter me ouvido e voltavam para mim os seus grandes olhos ansiosos. Via-se em seus pobres rostos que o corpo, esse tirano do Espírito, estava com fome e que, se minhas palavras tranqüilizavam um pouco seu coração, não enchiam seu estômago. Eu repetia ainda: Coragem! Coragem! Então uma pobre mãe, bem jovem, que amamentava uma criancinha, tomou-a em seus braços e a estendeu no espaço vazio, como a me pedir para proteger esse pobre e pequeno ser, que se alimentava ao seio estéril apenas de um alimento insuficiente.

Mais adiante, meus amigos, vi pobres velhos sem trabalho e também sem abrigo, atormentados por todos os sofrimentos da necessidade e envergonhados da sua miséria, sem coragem, eles, que nunca mendigaram, a implorar a piedade dos passantes. Eu, com o coração tomado de compaixão e que nada tenho, fiz-me de mendiga para eles e vou por toda parte estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e sensíveis. Por isso, venho até vós, meus amigos, e vos digo: Há por aí infelizes cujo prato não tem pão, cuja lareira não tem fogo e cuja cama não tem cobertor.

Não vos digo o que deveis fazer. Deixo a iniciativa aos vossos bons corações. Se vos ditasse vossa linha de conduta, não teríeis o mérito de vossa boa ação. Apenas vos digo: Eu sou a caridade e vos estendo a mão pelos vossos irmãos sofredores.

Mas se peço, também dou e dou muito. Convido-vos a um grande banquete e vos forneço a árvore onde vos fartareis! Vede como é bela, como está carregada de flores e frutos! Vinde, colhei, pegai todos os frutos dessa bela árvore que se chama beneficência. No lugar dos ramos que tirardes dela, fixarei todas as boas ações que fizerdes e levarei essa árvore até Deus para que a carregue de novo, pois a beneficência é inesgotável. Segui-me, portanto, meus amigos, a fim de que sejais anotados entre aqueles que se alistam sob minha bandeira. Nada receeis: eu vos conduzirei pelo caminho da salvação, pois sou a Caridade.

SEMENTEIRA E CONSTRUÇÃO

“Porque nós somos cooperadores de Deus;

vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.”

Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 3:9.)

Asseverando Paulo a sua condição de cooperador de Deus e designando a lavoura e o edifício do Senhor nos seguidores e beneficiários do Evangelho que o cercavam, traçou o quadro espiritual que sempre existirá na Terra em aperfeiçoamento, entre os que conhecem e os que ignoram a verdade divina.

Se já recebemos da Boa Nova a lâmpada acesa para a nossa jornada, somos compulsoriamente considerados colaboradores do ministério de Jesus, competindo-nos a sementeira e a construção dele em todas as criaturas que nos partilham a estrada.

Conhecemos, pois, na essência, qual o serviço que a Revelação nos indica, logo nos aproximemos da luz cristã.

Se já guardamos a bênção do Mestre, cabe-nos restaurar o equilíbrio das correntes da vida, onde permanecemos, ajudando aos que se desajudam, enxergando algo para os que jazem cegos e ouvindo alguma coisa em proveito dos que permanecem surdos, a fim de que a obra do Reino Divino cresça, progrida e santifique toda a Terra.

O serviço é de plantação e edificação, reclamando esforço pessoal e boa-vontade para com todos, porquanto, de conformidade com a própria simbologia do apóstolo, o vegetal pede tempo e carinho para desenvolver-se e a casa sólida não se ergue num dia.

Em toda parte, porém, vemos pedreiros que clamam contra o peso do tijolo e da areia e cultivadores que detestam as exigências de adubo e proteção à planta frágil.

O ensinamento do Evangelho, contudo, não deixa margem a qualquer dúvida.

Se já conheces os benefícios de Jesus, és colaborador dele, na vinha do mundo e na edificação do espírito humano para a Eternidade.

Avança na tarefa que te foi confiada e não temas. Se a fé representa a nossa coroa de luz, o trabalho em favor de todos é a nossa bênção de cada dia.

Livro Fonte Viva – Emmanuel – Médium Chico Xavier.