Um Espírito Familiar - Paris, 1860
18. Meus irmãos, amai os órfãos. Se soubésseis o quanto é triste estar só e abandonado, principalmente na infância! Deus permite que haja órfãos para nos animar a lhes servir de pais. Que divina caridade é ajudar uma pobre e pequena criatura abandonada, impedi-la de sofrer fome e frio, conduzir sua alma a fim de que ela não se perca no vício! Quem estende a mão à criança abandonada agrada a Deus, pois compreende e pratica sua lei. Considerai também que, muitas vezes, a criança que socorreis vos foi querida noutra encarnação e, se caso pudésseis vos lembrar, isso não seria mais caridade e sim um dever. Assim, portanto, meus amigos, todo ser que sofre é vosso irmão e tem o direito à vossa caridade, mas não aquela caridade que fere o coração, não aquela esmola que queima a mão que a recebe, pois vossas esmolas são, muitas vezes, bem amargas! Quantas vezes seriam recusadas se, em casa, a doença e a miséria não precisassem delas! Dai delicadamente, acrescentai à vossa dádiva o mais precioso de todos os benefícios: uma boa palavra, uma carícia, um sorriso amigo. Evitai esse tom de proteção que fere o coração já aflito e pensai que, ao fazer o bem, trabalhais para vós e para os vossos.
ANTE A ORFANDADE
Cultivarás a semente nobre que te supre de pão.
Protegerás a árvore respeitável que te assegura a
benção do reconforto.
E plantarás na infância o porvir que te espera.
Recolhe, sim, a criança que chora a ausência do
braço paterno ou que se lastima ante a falta do regaço materno que a morte lhe
suprimiu.
A dor dos que vagueiam sem rumo é grito de aflição
que clama no seio augusto da Eterna Bondade.
Não abandones à orfandade moral os corações
pequeninos que o Céu te confia ao apoio à vizinhança.
Não te julgues exonerado do dever de assistir a
todos aqueles que, em plena aurora da vida humana, te defrontam a marcha.
Todos eles aguardam-te a palavra de instrução e
carinho e a tua demonstração de solidariedade e de amor.
Orientam-se por teus passos, guiam-se, por teu
verbo e atendem por teu chamado.
Agora, assimilam-te os gestos e ouvem-te as
assertivas e, mais tarde, reconduzir-te-ão a mensagem do exemplo às existências
de que se rodeiam.
O mundo de hoje é o retrato fiel dos homens de
ontem que no-lo transmitiram com as qualidades e os defeitos de que se nutriam
no campo das próprias almas.
A Terra de amanhã será, inelutavelmente, o reflexo
de nós mesmos.
Não te comovas tão somente perante o sofrimento que
sufoca milhares de pequeninos.
Faze algo.
Começa diante daqueles que o Senhor te localiza
junto aos próprios sonhos, no instituto doméstico, para que as tuas esperanças
no bem não se resumam à fantasia.
Recorda que os meninos da atualidade estão endereçados à posição de senhores do lar que te acolherá no grande futuro e neles encontrarás a colheita do que houvermos semeado, de vez que a lei é sempre a lei multiplicando os bens e os males da vida, conforme a plantação que fizemos, no descaso ou na vigilância, no trabalho ou na preguiça, nos princípios da sombra ou nas eminências da luz.
Livro Família – Mensagem de Emmanuel – Médium Chico Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário