Michel - Bordeaux, 1862
17.
A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos, ela é irmã da caridade
que vos conduz a Deus. Deixai o vosso coração se comover diante das misérias e
dos sofrimentos de vossos semelhantes.
Vossas lágrimas são como uma consolação
que lhes aplicais sobre as feridas e, quando, por uma doce simpatia, conseguis
lhes dar a esperança e a resignação, que alegria experimentais! Essa ventura, é
bem verdade, tem um certo pesar, visto que nasce ao lado da infelicidade; mas,
se não possui a ilusão dos prazeres terrenos, não tem as decepções angustiantes
do vazio que eles deixam atrás de si. Há uma suavidade penetrante que alegra a
alma. A piedade, uma piedade bem sentida, é amor. O amor é devotamento. O
devotamento é o esquecimento de si mesmo. Esse esquecimento, essa renúncia em
favor dos infelizes, é a virtude no seu mais alto grau; a que o divino Messias praticou
durante sua vida e que ensinou em sua doutrina tão santa e tão sublime. Quando
esta doutrina for restabelecida na sua pureza primitiva e quando for praticada
por todos os povos, garantirá a felicidade à Terra, fazendo, finalmente, reinar
a concórdia, a paz e o amor.
A piedade é o sentimento mais apropriado para vos
fazer progredir, dominando o vosso egoísmo e vosso orgulho; é o sentimento que prepara
vossa alma para a humildade, a beneficência e para o amor ao vosso próximo.
Essa piedade vos comove profundamente, diante do sofrimento de vossos irmãos,
vos faz estender-lhes a mão caridosa e vos arranca lágrimas de simpatia. Não
oculteis, portanto, jamais em vossos corações essa emoção celeste, não façais
como os egoístas endurecidos que se afastam dos aflitos, porque a visão da
miséria perturbaria por instantes sua feliz existência. Temei ficar
indiferentes, quando puderdes ser úteis. A tranquilidade comprada a preço de uma
indiferença condenável é semelhante a tranquilidade do Mar Morto, que esconde
no fundo de suas águas o lodo apodrecido e a corrupção.
Quanto a piedade está longe, entretanto, de causar a perturbação e o aborrecimento que apavoram o egoísta! Sem dúvida, ao tomar contato com a desgraça do próximo e voltando-se para si mesma, a alma experimenta um abalo natural e profundo, que faz vibrar todo o vosso ser e vos afeta dolorosamente. Mas a compensação será grande, todas as vezes que conseguirdes devolver a coragem e a esperança a um irmão infeliz, que se emociona com o aperto de mão, e cujo olhar, em lágrimas, ao mesmo tempo de emoção e de reconhecimento, fixar-se docemente em vós, antes de elevar-se ao Céu, em agradecimento por lhe ter enviado um consolador, um apoio. A piedade compadece-se dos males alheios, é a celeste precursora da caridade, a primeira das virtudes, da qual é irmã, e cujos benefícios prepara e enobrece.
NUNCA SEM ESPERANÇA
Nunca percas a esperança.
Se o pranto te encharca a existência, recorre a Deus no exercício do bem e acharás Deus nas entranhas da própria alma, a propiciar-te consolo.
Se sofres incompreensão, auxilia ainda e sempre aos que te não entendem e encontrarás Deus no imo do próprio espírito, a fortalecer-te com o bálsamo da piedade pelos que se desequilibram na sombra.
Se te menosprezam ou te injuriam, guarda-te em silêncio no auxílio ao próximo e surpreenderás Deus no íntimo de teus mais íntimos pensamentos, prestigiando-te as intenções.
Se te golpeiam ou censuram, cala-te edificando a felicidade dos que te rodeiam e Deus falará por ti na voz inarticulada do tempo.
E, se arraste, não tombes em desespero, mas, trabalhando e servindo receberá de Deus a oportunidade da retificação e da paz.
Sejam quais forem as aflições e problemas que te agitem a estrada, confia em Deus, amando e construindo, perdoando e amparando sempre, porque Deus, acima de todas as calamidades e de todas as lágrimas, te fará sobreviver, abençoando-te a vida e sustentando-te o coração.
Livro Coragem – Meimei – Médium Chico Xavier.
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