domingo, 3 de julho de 2022

HONRAI VOSSO PAI E VOSSA MÃE - PIEDADE FILIAL

1. Vós sabeis os mandamentos: não cometereis adultério; não matareis; não roubareis; não dareis falso testemunho; não fareis mal a ninguém, honrai vosso pai e vossa mãe. (Marcos, 10:19; Lucas, 18:20; Mateus, 19:19)

2. Honrai vosso pai e vossa mãe a fim de viverdes por muito tempo na Terra que o Senhor vosso Deus vos dará. (Decálogo; Êxodo, 20:12)

3. O mandamento “Honrai vosso pai e vossa mãe” é uma decorrência da lei geral de caridade e de amor ao próximo, pois não podemos amar ao nosso próximo sem amar a nosso pai e a nossa mãe. Porém, a palavra honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Deus quis mostrar que ao amor é preciso acrescentar o respeito, as atenções, a submissão e a concordância, o que resulta na obrigação de fazer aos pais, com maiores cuidados, tudo o que a caridade ordena para com o próximo. Este dever se estende, naturalmente, às pessoas que assumem o compromisso de pais, e que tão maior mérito terão quanto menos obrigatório for o seu devotamento. Deus sempre pune de uma maneira rigorosa toda violação a este mandamento.

Honrar pai e mãe não é apenas respeitá-los, é também ajudá-los na necessidade; é proporcionar-lhes o repouso em seus dias de velhice e rodeá-los de atenções como fizeram conosco em nossa infância.

Principalmente para com os pais sem recursos é que se demonstra a verdadeira piedade filial. Acaso julgam que cumprem este mandamento aqueles que pensam estar fazendo muito, dando-lhes apenas o necessário para que não morram de fome, enquanto eles mesmos não se privam de nada? Deixando-os nos piores cômodos da casa, só para não deixá-los na rua, enquanto reservam para si o que há de melhor e de mais confortável? Menos mal, quando não o fazem de má-vontade, obrigando os pais a viverem o resto de suas vidas fazendo os trabalhos de casa! Caberá aos pais, velhos e fracos, serem os servidores dos filhos jovens e fortes? Sua mãe, ao embalá-los no berço, cobrou-lhes o leite com que os alimentava? Contou suas vigílias quando estavam doentes e passos que deu para lhes proporcionar o de que tinham necessidade? Não, não é só o estritamente necessário que os filhos devem a seus pais pobres; devem-lhes também, enquanto puderem, as pequenas doçuras dos agrados, as atenções, os cuidados carinhosos, que são apenas a retribuição do amor que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Essa é a única piedade filial aceita por Deus.

Infeliz daquele que esquece o que deve aos que o sustentaram em sua infância, que, com a vida material, deram-lhe a vida moral e muitas vezes se obrigaram a duras privações para assegurar seu bem estar.

Infeliz do ingrato, porque será punido com a ingratidão e o abandono; será atingido em suas mais caras afeições, algumas vezes já na vida presente, mas, com toda a certeza, numa outra existência, em que sofrerá o que fez os outros sofrerem.

Alguns pais, é bem verdade, descuidam-se dos seus deveres, e não são para seus filhos o que deveriam ser. Cabe a Deus puni-los e não aos filhos. Não cabe a estes censurá-los, porque talvez eles mesmos merecessem que assim fosse. Se a lei de caridade estabelece pagar o mal com o bem, ser indulgente para com as imperfeições dos outros, não maldizer seu próximo, esquecer e perdoar as faltas, até mesmo amar aos inimigos, quanto maior não é esta obrigação em relação aos pais! Os filhos devem, portanto, tomar por regra de conduta para com os pais todos os ensinamentos de Jesus para com o próximo, dizendo a si mesmos que todo procedimento reprovável em relação a estranhos é ainda mais condenável em relação aos pais, e o que pode ser apenas uma falta no primeiro caso pode, no segundo, considerar-se um crime, porque à ingratidão junta-se a falta de caridade.

4. Deus disse: Honrai vosso pai e vossa mãe, a fim de viverdes por muito tempo na Terra que o Senhor vosso Deus vos dará; por que então promete como recompensa a vida na Terra e não a vida celeste? A explicação se encontra nestas palavras: “que Deus vos dará”, que foram suprimidas na forma moderna do Decálogo e por isso alteram-lhe completamente a significação. Para compreender estas palavras, é preciso voltar às ideias, aos pensamentos dos hebreus naquela época em que foram ditas. Como não sabiam nada sobre a vida futura, sua visão não se estendia além da vida corporal; deviam, portanto, ser impressionados mais com o que viam do que com o que não viam. É por isto que a mensagem de Deus lhes fala numa linguagem ao alcance do que podiam compreender, como se falasse a crianças, e lhes faz uma promessa que poderia satisfazê-los. Eles estavam ainda no deserto; a terra que Deus dará a eles é a Terra da Promissão, objetivo de seus desejos. Eles nada desejavam além disso e Deus lhes diz que viveriam lá por muito tempo, ou seja, que eles a possuiriam se cumprissem seus mandamentos.

Mas, quando da vinda de Jesus, as ideias deles já estavam mais desenvolvidas e o momento de lhes dar um alimento menos grosseiro era chegado. Ele os inicia na vida espiritual dizendo: Meu reino não é deste mundo; é nele, e não na Terra, que recebereis a recompensa das vossas boas obras. Com estas palavras, a Terra da Promissão passa a ser uma pátria celeste; assim, quando lhes recomenda o respeito ao mandamento: Honrai vosso pai e vossa mãe, já não é mais a Terra que lhes promete, mas sim o Céu.

EM FAMÍLIA

“Aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua

própria família e a recompensar seus pais,

porque isto é bom e agradável diante de Deus.”

Paulo. (1ª Epístola à Timóteo, Cap. 5, Vers. 4.)

A luta em família é problema fundamental da redenção do homem na Terra. Como seremos benfeitores de cem ou mil pessoas, se ainda não aprendemos a servir cinco ou dez criaturas? Esta é indagação lógica que se estende a todos os discípulos sinceros do Cristianismo.

Bom pregador e mau servidor são dois títulos que se não coadunam.

O apóstolo aconselha o exercício da piedade no centro das atividades domésticas, entretanto, não alude à piedade que chora sem coragem ante os enigmas aflitivos, mas àquela que conhece as zonas nevrálgicas da casa e se esforça por eliminá-las, aguardando a decisão divina a seu tempo.

Conhecemos numerosos irmãos que se sentem sozinhos, espiritualmente, entre os que se lhes agregaram ao círculo pessoal, através dos laços consanguíneos, entregando-se, por isso, a lamentável desânimo.

É imprescindível, contudo, examinar a transitoriedade das ligações corpóreas, ponderando que não existem uniões casuais no lar terreno. Preponderam aí, por enquanto, as provas salvadoras ou regenerativas. Ninguém despreze, portanto, esse campo sagrado de serviço por mais se sinta acabrunhado na incompreensão.

Constituiria falta grave esquecer-lhe as infinitas possibilidades de trabalho iluminativo.

É impossível auxiliar o mundo, quando ainda não conseguimos ser úteis nem mesmo a uma casa pequena — aquela em que a Vontade do Pai nos situou, a título precário.

Antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, aprenda o discípulo a cooperar, em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que semelhante esforço representa realização essencial.

Livro Pão Nosso – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

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