domingo, 17 de julho de 2022

PARENTESCO CORPORAL E PARENTESCO ESPIRITUAL

8. Os laços de sangue não determinam necessariamente os laços espirituais. O corpo gera o corpo, porém o Espírito não é gerado pelo Espírito, porque já existia antes da gestação do corpo. Não foram os pais que geraram o Espírito de seu filho, eles apenas forneceram-lhe um corpo carnal. Além disso, devem ajudá-lo no seu desenvolvimento intelectual e moral para fazê-lo progredir.

Os Espíritos que encarnam numa mesma família, principalmente como parentes próximos, são quase sempre ligados por laços de simpatia, unidos por relações anteriores, que são demonstrados na afeição mútua durante a vida terrena. Pode acontecer, também, que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns aos outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se manifestam por suas aversões na Terra, e elas servirão de provação entre eles. Portanto, os verdadeiros laços de família não são os da consanguinidade, mas sim os da simpatia e da afinidade de pensamentos que unem os Espíritos antes, durante e depois da encarnação. É assim que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito do que se o fossem pelo sangue. Eles se querem, se procuram, sentem prazer em estar juntos, enquanto dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, como aliás se vê todos os dias, questão que só o Espiritismo pode explicar pela pluralidade das existências. (Veja nesta obra Cap. 4:13.)

Há, portanto, duas espécies de famílias: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. As primeiras, duráveis, se fortificam pela purificação e prosseguirão no mundo dos Espíritos, por meio das muitas migrações da alma; as segundas, frágeis como a própria matéria, acabam com o tempo e, muitas vezes, se desfazem moralmente já na existência atual. Foi isto o que Jesus quis ensinar naquele momento dizendo aos seus discípulos: Eis minha mãe e meus irmãos, ou seja, minha família pelos laços do Espírito, pois quem quer que faça a vontade de meu Pai que está nos Céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

A hostilidade de seus irmãos está claramente expressa no relato de São Marcos, que diz terem eles a intenção de prender Jesus sob o pretexto de que estava fora de si*. Jesus, informado da chegada de seus parentes e sabedor do que pensavam a seu respeito, aproveita a oportunidade para transmitir aos seus discípulos o ensinamento sobre o ponto de vista da família espiritual: Eis meus verdadeiros irmãos, e, como sua mãe se achava entre eles, generaliza o ensinamento.

Não devemos de nenhuma forma entender, entretanto, que sua mãe, segundo o corpo, não Lhe era nada como Espírito, ou que tinha por ela indiferença; sua conduta, em outras ocasiões, comprova suficientemente o contrário. 

AMOR FRATERNAL 

“Permaneça o amor fraternal.”

Paulo. (Hebreus, Capítulo 13, Versículo 1.)

As afeições familiares, os laços consanguíneos, as simpatias naturais podem ser manifestações muito santas da alma, quando a criatura as eleva no altar do sentimento superior, contudo, é razoável que o espírito não venha a cair sob o peso das inclinações próprias.

O equilíbrio é a posição ideal.

Por demasia de cuidado, inúmeros pais prejudicam os filhos.

Por excesso de preocupações, muitos cônjuges descem às cavernas do desespero, defrontados pelos insaciáveis monstros do ciúme que lhes aniquilam a felicidade.

Em razão da invigilância, belas amizades terminam em abismo de sombra.

O apelo evangélico, por isto mesmo, reveste-se de imensa importância.

A fraternidade pura é o mais sublime dos sistemas de relações entre as almas.

O homem que se sente filho de Deus e sincero irmão das criaturas não é vitima dos fantasmas do despeito, da inveja, da ambição, da desconfiança. Os que se amam fraternalmente alegram-se com o júbilo dos companheiros; sentem-se felizes com a ventura que lhes visita os semelhantes.

As afeições violentas, comumente conhecidas na Terra, passam vulcânicas e inúteis.

Na teia das reencarnações, os títulos afetivos modificam-se constantemente. É que o amor fraternal, sublime e puro, representando o objetivo supremo do esforço de compreensão, é a luz imperecível que sobreviverá no caminho eterno.

Livro Pão Nosso – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

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