domingo, 28 de agosto de 2022

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Paulo, Apóstolo - Paris, 1860

10. Meus filhos, fora da caridade não há salvação é o ensinamento moral que contém a destinação dos homens, tanto na Terra quanto no Céu. Na Terra, porque à sombra dessa bandeira viverão em paz; no Céu, porque aqueles que a tiverem praticado encontrarão graça diante do Senhor. Este símbolo é a luz celeste, a coluna luminosa que guia o homem no deserto da vida para conduzi-lo à Terra da Promissão; e brilha no Céu como uma auréola santa na fronte dos eleitos e, na Terra, está gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: passai à direita, vós, os abençoados de meu Pai. Vós os reconhecereis pelo perfume de caridade que espalham ao seu redor. Nada exprime melhor o pensamento de Jesus, nada resume melhor os deveres do homem do que este ensinamento moral de ordem divina. O Espiritismo não podia provar melhor sua origem do que dando-a por regra, pois ela é o reflexo do mais puro Cristianismo, e, com esta orientação, o homem nunca se desencaminhará. Dedicai-vos, meus amigos, a compreender-lhe o profundo significado e suas consequências, e nela procurar, por vós mesmos, as suas aplicações. Deixai que a caridade governe todas as vossas ações, e vossa consciência responderá; ela não somente evitará a vós de fazer o mal, mas levar-vos a fazer o bem, porque não basta uma virtude passiva, é preciso uma virtude ativa. Para fazer o bem, é preciso sempre a ação da vontade; para não fazer o mal, basta frequentemente o não fazer nada e a indiferença.

Meus amigos, agradecei a Deus, que vos permitiu desfrutar da luz do Espiritismo. Não é porque só os que a possuem podem salvar-se, mas porque, ao vos ajudar a compreender melhor os ensinamentos do Cristo, ela faz de vós melhores cristãos. Que os vossos irmãos, ao vos observar, possam dizer que o verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, pois todos aqueles que praticam a caridade são discípulos de Jesus, qualquer que seja o culto a que pertençam.

COM CARIDADE

“Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade.”

Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 16, VERSÍCULO 14.)

Ainda existe muita gente que não entende outra caridade, além daquela que se veste de trajes humildes aos sábados ou domingos para repartir algum pão com os desfavorecidos da sorte, que aguarda calamidades públicas para manifestar-se ou que lança apelos comovedores nos cartazes da imprensa.

Não podemos discutir as intenções louváveis desse ou daquele grupo de pessoas; contudo, cabe-nos reconhecer que o dom sublime é de sublime extensão.

Paulo indica que a caridade, expressando amor cristão, deve abranger todas as manifestações de nossa vida.

Estender a mão e distribuir reconforto é iniciar a execução da virtude excelsa. Todas as potências do espírito, no entanto, devem ajustar-se ao preceito divino, porque há caridade em falar e ouvir, impedir e favorecer, esquecer e recordar. Tempo virá em que a boca, os ouvidos e os pés serão aliados das mãos fraternas nos serviços do bem supremo.

Cada pessoa, como cada coisa, necessita da contribuição da bondade, de modo particular.

Homens que dirigem ou que obedecem reclamam-lhe o concurso santo, a fim de que sejam esclarecidos no departamento da Casa de Deus, em que se encontram. Sem amor sublimado, haverá sempre obscuridade, gerando complicações.

Desempenha tuas mínimas tarefas com caridade, desde agora. Se não encontras retribuição espiritual, no domínio do entendimento, em sentido imediato, sabes que o Pai acompanha todos os filhos devotadamente.

Há pedras e espinheiros? Fixa-te em Jesus e passa.

Livro Pão Nosso – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

domingo, 21 de agosto de 2022

FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO. FORA DA VERDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.

8. Enquanto o ensinamento moral: fora da caridade não há salvação se apoia num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus o acesso à suprema felicidade, o dogma fora da Igreja não há salvação se apoia não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, mas numa fé especial em dogmas particulares; é separatista e incontestável. Ao invés de unir os filhos de Deus, divide-os; ao invés de estimulá-los ao amor fraterno, mantém e deixa evidente o rancor entre os seguidores de diferentes cultos, que se consideram reciprocamente como malditos na eternidade, ainda que eles sejam parentes ou amigos neste mundo. Desprezando a grande lei de igualdade diante do túmulo, separa-os até mesmo no cemitério. O ensinamento moral: fora da caridade não há salvação, consagra o princípio de igualdade perante Deus e da liberdade de consciência; tendo como norma que todos os homens são irmãos, seja qual for sua maneira de adorar ao Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros. Com o dogma: fora da Igreja não há salvação, eles se amaldiçoam, se perseguem e vivem como inimigos; o pai não ora por seu filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, por julgarem-se mutuamente condenados, para sempre. Este dogma da Igreja é, portanto, essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.
9. Fora da verdade não há salvação equivaleria a: fora da Igreja não há salvação, e seria também exclusivo, pois não existe uma única seita que não pretenda ter o privilégio da verdade. Qual é o homem que pode se vangloriar de possuí-la integralmente, se a área dos conhecimentos cresce sem cessar e as ideias evoluem a cada dia? A verdade absoluta é apenas acessível aos Espíritos da mais elevada ordem, e a Humanidade terrena não poderia pretender possuí-la, pois não lhe é permitido saber tudo; ela pode apenas conhecer uma verdade relativa e proporcional ao seu adiantamento. Se Deus tivesse feito da posse da verdade absoluta a condição expressa da felicidade futura, isso seria como um decreto de proscrição geral, enquanto a caridade, até mesmo no seu sentido mais amplo, pode ser praticada por todos. O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo que se pode ser salvo seja qual for a crença, contanto que se observe a Lei de Deus, não diz: fora do Espiritismo não há salvação e, como ele não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz: fora da verdade não há salvação, o que dividiria ao invés de unir e tornaria eternos os antagonismos, isto é, as rivalidades.

ANTE A LIÇÃO

“Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo.”

Paulo. (2ª Epístola a Timóteo, 2:7.)

Ante a exposição da verdade, não te esquives à meditação sobre as luzes que recebes.
Quem fita o céu, de relance, sem contemplá-lo, não enxerga as estrelas; e quem ouve uma sinfonia, sem abrir-lhe a acústica da alma, não lhe percebe as notas divinas.

Debalde escutarás a palavra inspirada de pregadores ardentes, se não descerrares o coração para que o teu sentimento mergulhe na claridade bendita daquela.

Inúmeros seguidores do Evangelho se queixam da incapacidade de retenção dos ensinos da Boa Nova, afirmando-se ineptos à frente das novas revelações, e isto porque não dispensam maior trato à lição ouvida, demorando-se longo tempo na província da distração e da leviandade.

Quando a câmara permanece sombria, somos nós quem desata o ferrolho à janela para que o sol nos visite.

Dediquemos algum esforço à graça da lição e a lição nos responderá com as suas graças.
O apóstolo dos gentios é claro na observação.

“Considera o que te digo, porque, então, o Senhor te dará entendimento em tudo.”

Considerar significa examinar, atender, refletir e apreciar.

Estejamos, pois, convencidos de que, prestando atenção aos apontamentos do Código da Vida Eterna, o Senhor, em retribuição à nossa boa-vontade, dar-nos-á entendimento em tudo.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 14 de agosto de 2022

NECESSIDADE DA CARIDADE SEGUNDO SÃO PAULO

6. Ainda que eu fale as línguas dos homens e até mesmo a língua dos anjos, se não tiver caridade, sou apenas como um metal que soa e um sino que tine; e ainda que tivesse o dom de profecia, e penetrasse em todos os mistérios, e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; e se tivesse toda a fé possível, capaz de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada serei. E quando tivesse distribuído meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, tudo isso de nada me servirá. A caridade é paciente, é doce e benigna; a caridade não é invejosa, não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho, não é desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não se vangloria e não se irrita com nada; não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, e sim com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera e tudo sofre. Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas entre elas, a mais excelente é a caridade. (Paulo, 1ª. Epístola aos Coríntios, 13:1 a 7, 13.)

7. O apóstolo Paulo compreendeu tão claramente esta grande verdade que disse: Ainda que eu tivesse a linguagem dos anjos; e ainda que tivesse o dom de profecia, e penetrasse em todos os mistérios; e ainda que tivesse toda fé possível capaz de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada serei. Destas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, a mais excelente é a caridade. Coloca assim, com clareza, a caridade até mesmo acima da fé, porque a caridade está ao alcance de todos: do inculto, do sábio, do rico e do pobre, e é independente de toda crença particular. E faz mais: define a verdadeira caridade; mostra-a não apenas na beneficência, como também no conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade e na benevolência para com o próximo.

CARIDADE ESSENCIAL

"E a caridade é esta: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o principio ouvistes; que andeis nele." - João. (II JOÃO, 6.)

Em todos os lugares e situações da vida, a caridade será sempre a fonte divina das bênçãos do Senhor.
Quem dá o pão ao faminto e água ao sedento, remédio ao enfermo e luz ao ignorante, está colaborando na edificação do Reino Divino, em qualquer setor da existência ou da fé religiosa a que foi chamado.

A voz compassiva e fraternal que ilumina o espírito é irmã das mãos que alimentam o corpo.
Assistência, medicação e ensinamento constituem modalidades santas da caridade generosa que executa os programas do bem. São vestiduras diferentes de uma virtude única. Conjugam-se e completam-se num todo nobre e digno.

Ninguém pode assistir a outrem, com eficiência, se não procurou a edificação de si mesmo; ninguém medicará, com proveito, se não adquiriu o espírito de boa vontade para com os que necessitam, e ninguém ensinará, com segurança, se não possui a seu favor os atos de amor ao próximo, no que se refira à compreensão e ao auxílio fraternais.

Em razão disso, as menores manifestações de caridade, nascidas da sincera disposição de servir com Jesus, são atividades sagradas e indiscutíveis. Em todos os lugares, serão sempre sublimes luzes da fraternidade, disseminando alegria, esperança, gratidão, conforto e intercessões benditas.
Antes, porém, da caridade que se manifesta exteriormente nos variados setores da vida, pratiquemos a caridade essencial, sem o que não poderemos efetuar a edificação e a redenção de nós mesmos. Trata-se da caridade de pensarmos, falarmos e agirmos, segundo os  ensinamentos do Divino Mestre, no Evangelho. É a caridade de vivermos verdadeiramente nEle para que Ele viva em nós. Sem esta, poderemos levar a efeito grandes serviços externos, alcançar intercessões valiosas, em nosso benefício, espalhar notáveis obras de pedra, mas, dentro de nós mesmos, nos instantes de supremo testemunho na fé, estaremos vazios e desolados, na condição de mendigos de luz.

Livro Vinha de Luz – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

domingo, 7 de agosto de 2022

O MAIOR MANDAMENTO

4. Mas os fariseus, ao verem que Jesus tinha feito calar a boca dos saduceus, reuniram-se, e um deles, que era doutor da lei, veio fazer essa pergunta para tentá-Lo: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amareis ao Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, e de todo o vosso Espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que lhe é semelhante: Amareis ao vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos. (Mateus, 22:34 a 40)

5. Caridade e humildade, eis portanto o único caminho para a salvação; egoísmo e orgulho, eis o caminho da perdição. Este ensinamento está formulado em termos precisos nestas palavras: Amareis a Deus de toda vossa alma e ao vosso próximo como a vós mesmos; toda lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos.

Jesus, para que não houvesse dúvidas na interpretação do amor a Deus e ao próximo, acrescentou: E eis o segundo mandamento que é semelhante ao primeiro, isto é: não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar ao próximo, nem amar ao próximo sem amar a Deus.

Portanto, tudo o que se faz contra o próximo, é o mesmo que fazê-lo contra Deus. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se encontram resumidos neste ensinamento moral: Fora da caridade não há salvação. 

O NOVO MANDAMENTO

“Um novo mandamento vos dou: que vos ameia uns aos outros,

como eu vos amei.” — Jesus. (JOÃO, capítulo 13, versículo 34.)

A leitura despercebida do texto induziria o leitor a sentir nessas palavras do Mestre absoluta identidade com o seu ensinamento relativo à regra áurea, entretanto, é preciso salientar a diferença.

O “amai a teu próximo como a ti mesmo” é diverso do “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”.

O primeiro institui um dever, em cuja execução não é razoável que o homem cogite da compreensão alheia. O aprendiz amará o próximo como a si mesmo.

Jesus, porém, engrandeceu a fórmula, criando o novo mandamento na comunidade cristã. O Mestre refere-se a isso na derradeira reunião com os amigos queridos, na intimidade dos corações.

A recomendação “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” assegura o regime da verdadeira solidariedade entre os discípulos, garante a confiança fraternal e a certeza do entendimento recíproco.

Em todas as relações comuns, o cristão amará o próximo como a si mesmo, reconhecendo, contudo, que no lar de sua fé conta com irmãos que se amparam efetivamente uns aos outros.

Esse é o novo mandamento que estabeleceu a intimidade legítima entre os que se entregaram ao Cristo, significando que, em seus ambientes de trabalho, há quem se sacrifique e quem compreenda o sacrifício, quem ame e se sinta amado, quem faz o bem e quem saiba agradecer.

Em qualquer círculo do Evangelho, onde essa característica não assinala as manifestações dos companheiros entre si, os argumentos da Boa Nova podem haver atingido os cérebros indagadores, mas ainda não penetraram o santuário dos corações. 

Livro Caminho, verdade e vida – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.