domingo, 29 de janeiro de 2023

A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ PEDIDO.

10. O servidor que soube a vontade de seu mestre e que não se apercebeu, e não fez o que lhe foi pedido, apanhará rudemente; mas aquele que não soube de sua vontade e que fizer coisas dignas de castigo, apanhará menos. Pedir-se-á muito àquele que muito recebeu, e prestará contas aquele a quem foram confiadas muitas coisas. (Lucas, 12:47 e 48)

11. Vim a este mundo para fazer um julgamento, a fim de que aqueles que não veem vejam, e aqueles que veem se tornem cegos. Alguns fariseus que com Ele estavam, ouviram estas palavras e Lhe disseram: Somos nós, acaso, também cegos? Jesus lhes respondeu: Se fôsseis cegos, não teríeis pecados; mas agora dizeis que vedes, e é por isso que o pecado permanece em vós. (João, 9:39 a 41)

12. É principalmente aos ensinamentos dos Espíritos que se aplicam estas palavras de Jesus. Todo aquele que conhece os ensinamentos do Cristo é certamente culpado se não os praticar, mas, além do Evangelho que os contém estar somente divulgado entre as religiões cristãs, mesmo entre estas muitas pessoas não o leem e, entre as que o leem, muitas não o compreendem! Disso resulta que as palavras de Jesus ficam perdidas para grande número de pessoas.

O ensino dos Espíritos reproduz estas palavras de Jesus sob diferentes formas e por isso desenvolve-as e comenta-as para colocá-las ao alcance de todos e tem uma característica própria: é universal. Qualquer um, letrado ou não, tenha ou não uma crença, cristão ou não, pode recebê-lo, porque os Espíritos se manifestam em todos os lugares. Nenhum daqueles que recebe o ensinamento, diretamente ou por intermédio de outras pessoas, pode alegar ignorância ou desculpar-se, nem por sua falta de instrução, nem por falta de clareza ou sentido alegórico. Aquele, pois, que conhece os ensinamentos de Jesus e não os coloca em prática para melhorar-se, que os admira como coisas interessantes e curiosas, sem que o coração seja tocado por eles, que ao seu contato não se torna menos fútil, menos orgulhoso, menos egoísta, menos apegado aos bens materiais, nem melhor para com seu próximo, é tanto mais culpado quanto mais haja tido meios de conhecer a verdade.

Os médiuns que obtêm boas comunicações são ainda mais repreensíveis se persistirem no mal, pois, muitas vezes, escrevem sua própria condenação e, se não fossem cegos pelo orgulho, reconheceriam que é a eles mesmos que os Espíritos se dirigem. Mas, ao invés de tomar para si as lições que escrevem ou que vem escrever, seu único pensamento é aplicá-las aos outros, confirmando, assim, estas palavras de Jesus: Vedes um argueiro no olho de vosso próximo e não vedes a trave no vosso.

Por estas outras palavras: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado, Jesus quer dizer que a culpa existe em razão do conhecimento que se possui. Portanto, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e que eram de fato, a parte mais esclarecida da nação, eram mais repreensíveis aos olhos de Deus do que o povo sem esclarecimento, inculto.

O mesmo acontece hoje.

Aos espíritas, muito será pedido, porque muito receberam, mas, àqueles que aproveitarem os ensinamentos, muito será dado.

O primeiro pensamento de todo espírita sincero deve ser o de procurar nos conselhos dados pelos Espíritos se não há algo que lhe diga respeito.

O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados; pela fé que proporciona, multiplicará também o número dos escolhidos.

Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 18.

SIGAMOS ATÉ LÁ

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis

tudo o que quiserdes, e vos será feito.” — Jesus. (João, Cap. 15, Ves. 7.)

Na oração dominical, Jesus ensina aos cooperadores a necessidade de observância plena dos desígnios do Pai.

Sabia o Mestre que a vontade humana é ainda muito frágil e que inúmeras lutas rodeiam a criatura até que aprenda a estabelecer a união com o Divino.

Apesar disso, a lição da prece foi sempre interpretada pela maioria dos crentes como recurso de fácil obtenção do amparo celestial.

Muitos pedem determinados favores e recitam maquinalmente as fórmulas verbais.

Certamente, não podem receber imediata satisfação aos caprichos próprios, porque, no estado de queda ou de ignorância, o espírito necessita, antes de tudo, aprender a submeter-se aos desígnios divinos, a seu respeito.

Alcançaremos, porém, a época das orações integralmente atendidas. Atingiremos semelhante realização quando estivermos espiritualmente em Cristo. Então, quanto quisermos, ser-nos-á feito, porquanto teremos penetrado o justo sentido de cada coisa e a finalidade de cada circunstância.

Estaremos habilitados a querer e a pedir, em Jesus, e a vida se nos apresentará, em suas verdadeiras características de infinito, eternidade, renovação e beleza.

Na condição de encarnados ou desencarnados, ainda estamos caminhando para o Mestre, a fim de que possamos experimentar a união gloriosa com o seu amor. Até lá, trabalhemos e vigiemos para compreender a vontade divina.

Livro Pão Nosso – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

domingo, 22 de janeiro de 2023

NEM TODOS AQUELES QUE DIZEM: SENHOR! SENHOR! ENTRARÃO NO REINO DOS CÉUS.

6. Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos Céus; mas apenas entrará aquele que faz a vontade de meu pai que está nos Céus. Muitos me dirão: Senhor! Senhor! Não profetizamos em vosso nome? Não expulsamos os demônios em vosso nome, e não fizemos diversos milagres em vosso nome? E então lhes direi em voz alta: Afastai-vos de mim, vós que cometeis atos de iniquidade. (Mateus, 7:21 a 23)

7. Todo aquele que ouvir estas palavras que Eu digo e as praticar, será comparado a um homem sábio que construiu sua casa sobre a rocha; e quando a chuva caiu, e os rios transbordaram, e os ventos sopraram e se abateram sobre esta casa, ela não caiu, pois foi fundada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve estas palavras que Eu digo e não as pratica, será como o homem insensato que construiu sua casa sobre a areia; e quando a chuva veio, e os rios transbordaram, e os ventos sopraram e se abateram sobre essa casa, ela então desmoronou e foi grande a sua ruína. (Mateus 7:24 a 27; Lucas, 6:46 a 49)

8. Aquele, pois, que violar um desses menores mandamentos, e que ensinar aos homens a violá-los, será tido como o último no reino dos Céus; porém, aquele que os cumprir e ensinar, será grande no reino dos Céus. (Mateus, 5:19)

9. Todos aqueles que reconhecem a missão de Jesus dizem: Senhor! Senhor! Mas de que serve chamá-Lo de Mestre ou Senhor se seus ensinamentos não são seguidos? São cristãos aqueles que o honram por seus atos exteriores de devoção e o sacrificam, ao mesmo tempo, no altar do orgulho, do egoísmo, da ambição e de todas as paixões? São seus discípulos aqueles que passam dias orando e não são nem melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com seus semelhantes? Não, porque, assim como os fariseus, têm a prece nos lábios e não no coração. Com a forma cerimonial podem impor-se aos homens, mas não a Deus. É em vão que dirão a Jesus: “Senhor, profetizamos, ou seja, ensinamos em vosso nome; expulsamos os demônios em vosso nome; bebemos e comemos convosco”; Ele responderá: “Não sei quem sois; afastai-vos de mim, vós que cometeis iniquidades, vós que desmentis as vossas palavras com as vossas ações, que caluniais vosso próximo, que espoliais as viúvas e cometeis adultério; afastai-vos de mim, vós cujo coração destila ódio e fel, vós que derramais o sangue de vossos irmãos em meu nome, que fazeis correr as lágrimas ao invés de secá-las. Para vós, haverá choro e ranger de dentes, pois o reino de Deus é para aqueles que são dóceis, humildes e caridosos. Não espereis dobrar a justiça do Senhor pela multiplicidade de vossas palavras e vossas genuflexões; o único caminho que está aberto para vós, para encontrar a graça perante Ele, é a prática sincera da lei do amor e da caridade.”

As palavras de Jesus são eternas, pois são a verdade. Elas são não somente a salvaguarda da vida celeste como também são a garantia da paz, da tranquilidade e da estabilidade para os homens nas coisas da vida terrena. Eis por que todas as instituições humanas, políticas, sociais e religiosas que se apoiarem nas suas palavras serão estáveis como a casa construída sobre a rocha, e os homens as conservarão, pois nelas encontrarão a felicidade; mas as que, porém, forem violação daquelas palavras, serão como a casa construída sobre a areia: o vento das transformações e o rio do progresso as levarão de arrastão.

ELUCIDAÇÕES

“Porque não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus,

o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.”

Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 4:5.)

Nós, os aprendizes da Boa Nova, quando em verdadeira comunhão com o Senhor, não podemos desconhecer a necessidade de retraimento da nossa individualidade, a fim de projetarmos para a multidão, com o proveito desejável, os ensinamentos do Mestre.

Em assuntos da vida cristã, propriamente considerada, as únicas paixões justificáveis são as de aprender, ajudar e servir, porquanto sabemos que o Cristo é o Grande Planificador das nossas realizações.

Se recordarmos que a supervisão dele age sempre em favor de quanto possamos produzir de melhor, viveremos atentos ao trabalho que nos toque, convencidos de que a sua pronunciação permanece invariável nas circunstâncias da vida.

A nossa preocupação fundamental, em qualquer parte, portanto, deve ser a da prestação de serviço em Seu Nome, compreendendo que a pregação de nós mesmos, com a propaganda dos particularismos peculiares à nossa personalidade, será a simples interferência do nosso “eu” em obras da vida eterna que se reportam ao Reino de Deus.

Escrevendo aos Coríntios, Paulo define a posição dele e dos demais apóstolos, como sendo a de servidores da comunidade por amor a Jesus. Não existe indicação mais clara das funções que nos cabem.

A chefia do Divino Mestre está sempre mais viva e a programação geral dos serviços reservados aos discípulos de todas as condições permanece estruturada em seu Evangelho de Sabedoria e de Amor.

Procuremos as bases do Cristo para não agirmos em vão.

Ajustemo-nos à consciência do Grande Renovador, a fim de não sermos tentados pelos nossos impulsos de dominação, porque, em todos os climas e situações, o companheiro da Boa Nova é convidado, chamado e constrangido a servir.

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A PORTA ESTREITA

3. Entrai pela porta estreita, pois a porta da perdição é larga e o caminho que a ela conduz é espaçoso, e há muitos que por ela entram.

Como a porta da vida é pequena! Como o caminho que a ela conduz é estreito! E como há poucos que a encontram! (Mateus, 7:13 e 14)

4. Alguém da multidão Lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ele respondeu: Fazei esforços para entrardes pela porta estreita, pois vos asseguro que muitos procurarão por ela entrar, e não poderão. E quando o pai de família tiver entrado, e tiver fechado a porta, e que, estando do lado de fora, começardes a bater à porta dizendo: Senhor, abre-nos; Ele vos responderá: Eu não sei de onde sois. Então, recomeçareis a dizer: Comemos e bebemos em vossa presença, e ensinastes em nossas praças públicas. E Ele vos responderá: Não sei de onde sois; afastai-vos de mim, vós todos que cometeis iniquidades.

E então haverá choros e ranger de dentes quando virdes que Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas estarão no reino de Deus, e que vós outros ficareis excluídos. Virão do Oriente e do Ocidente, do Setentrião e do Meio-dia, muitos que terão lugar na festa do reino de Deus. Então,

aqueles que forem os últimos serão os primeiros, e os que forem os primeiros serão os últimos. (Lucas, 13:23 a 30)

5. Larga é a porta da perdição, porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal é frequentado pela maioria. A da salvação é estreita, pois o homem que quer transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer suas más tendências, e poucos se submetem a isso; é o complemento do ensinamento moral: muitos são os chamados e poucos os escolhidos.

Tal é o estado atual da Humanidade terrena, pois, sendo a Terra um mundo de expiação, nela o mal predomina, mas quando se transformar, o caminho do bem será o mais frequentado. Este ensinamento deve ser entendido na sua verdadeira significação e não no sentido que as palavras expressam. Se fosse esse o estado normal da Humanidade, Deus teria voluntariamente condenado à perdição a imensa maioria de suas criaturas; suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e bondade.

Mas de quais faltas esta Humanidade seria culpada para merecer uma sorte tão triste, no presente e no futuro, se estivesse na sua totalidade relegada à Terra e se a alma não tivesse tido outras existências?

Por que tantos entraves no caminho? Por que essa porta tão estreita, para ser transposta por tão poucos, se a sorte da alma está definitivamente fixada após a morte? É assim que, com a ideia de uma única vida, o homem está sempre em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a vivência anterior da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga; a luz ilumina os pontos menos esclarecidos da fé; o presente e o futuro tornam-se solidários com o passado e, então, só assim se pode compreender toda a grandeza, toda a verdade e toda a sabedoria dos ensinamentos morais do Cristo.

AVANCEMOS ALÉM

“Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina do

Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de

novo o fundamento do arrependimento de obras mortas.”

– Paulo. (Hebreus, 6:1.)

Aceitar o poder de Jesus, guardar certeza da própria ressurreição além da morte, reconfortar-se ante os benefícios da crença, constituem fase rudimentar no aprendizado do Evangelho.

Praticar as lições recebidas, afeiçoando a elas nossas experiências pessoais de cada dia, representa o curso vivo e santificante.

O aluno que não se retira dos exercícios no alfabeto nunca penetra o luminoso domínio mental dos grandes mestres.

Não basta situar nossa alma no pórtico do templo e aí dobrar os joelhos reverentemente; é imprescindível regressar aos caminhos vulgares e concretizar, em nós mesmos, os princípios da fé redentora, sublimando a vida comum.

Que dizer do operário que somente visitasse a porta de sua oficina, louvando-lhe a grandeza, sem, contudo, dedicar-se ao trabalho que ela reclama? Que dizer do navio admiravelmente equipado que vivesse indefinidamente na praia sem navegar?

Existem milhares de crentes da Boa Nova nessa lastimável posição de estacionamento. São quase sempre pessoas corretas em todos os rudimentos da doutrina do Cristo. Crêem, adoram e consolam-se, irrepreensivelmente; todavia, não marcham para diante, no sentido de se tornarem mais sábias e mais nobres. Não sabem agir, nem lutar e nem sofrer, em se vendo sozinhas, sob o ponto de vista humano.

Precavendo-se contra semelhantes males, afirmou Paulo, com profundo acerto: – “Deixando os rudimentos da doutrina de Jesus, prossigamos até à perfeição, abstendo-nos de repetir muitos arrependimentos porque então não passaremos de autores de obras mortas.”

Evitemos, assim, a posição do aluno que estuda e jamais se harmoniza com a lição, recordando também que se o arrependimento é útil, de quando em quando, o arrepender-se a toda hora é sinal de teimosia e viciação.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

PARÁBOLA DA FESTA DE NÚPCIAS

1. Jesus falando ainda em parábolas lhes disse: O reino dos Céus é semelhante a um rei que, querendo fazer as bodas de seu filho, enviou seus servidores para chamar às bodas aqueles que foram convidados; mas eles se recusaram a ir. Ele ainda enviou outros servidores com ordem de dizer de sua parte aos convidados: preparei meu banquete; matei meus bois e tudo o que tinha engordado; tudo está pronto, vinde às bodas. Mas eles, desprezando o convite, se foram, um à casa de campo e o outro para seu negócio. Os outros lançaram mão de seus servidores e os mataram, após lhes terem feito vários ultrajes. O rei, tendo ouvido isto, irou-se e, tendo enviado seus soldados, exterminou esses homicidas e queimou a cidade deles.

Então disse a seus servidores: a festa de bodas está pronta; mas os que foram convidados não foram dignos. Ide, pois, às encruzilhadas, e chamai às núpcias todos que encontrardes. Seus servidores foram então para as ruas e chamaram todos aqueles que encontraram, bons e maus; e a sala de bodas ficou repleta de pessoas que se sentaram à mesa.

Entrou o rei, em seguida, para ver aqueles que estavam à mesa e, tendo percebido um homem que não estava vestido com a roupa nupcial, lhe disse: Meu amigo, como entraste aqui sem ter a roupa nupcial? E esse homem ficou mudo. Então o rei disse às pessoas: Atai-lhe as mãos e os pés, e lançai-o nas trevas exteriores: lá, haverá prantos e ranger de dentes; pois muitos são os chamados e poucos os escolhidos. (Mateus, 22:1 a 14)

Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 18 - Item 1.

NA GRANDE ROMAGEM

“Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.” – Paulo. (Hebreus, 11:8.)

Pela fé, o aprendiz do Evangelho é chamado, como Abraão, à sublime herança que lhe é destinada.

A conscrição atinge a todos.

O grande patriarca hebreu saiu sem saber para onde ia...

E nós, por nossa vez, devemos erguer o coração e partir igualmente.

Ignoramos as estações de contacto na romagem enorme, mas estamos informados de que o nosso objetivo é Cristo Jesus.

Quantas vezes seremos constrangidos a pisar sobre espinheiros da calúnia? quantas vezes transitaremos pelo trilho escabroso da incompreensão? quantos aguaceiros de lágrimas nos alcançarão o espírito? quantas nuvens estarão interpostas, entre o nosso pensamento e o Céu, em largos trechos da senda?

Insolúvel a resposta.

Importa, contudo, marchar sempre, no caminho interior da própria redenção, sem esmorecimento.

Hoje, é o suor intensivo; amanhã, é a responsabilidade; depois, é o sofrimento e, em seguida, é a solidão...

Ainda assim, é indispensável seguir sem desânimo.

Quando não seja possível avançar dois passos por dia, desloquemo-nos para diante, pelo menos, alguns milímetros.

Abre-se a vanguarda em horizontes novos de entendimento e bondade, iluminação espiritual e progresso na virtude.

Subamos, sem repouso, pela montanha escarpada:

- vencendo desertos;

- superando dificuldades;

- varando nevoeiros;

- eliminando obstáculos.

Abraão obedeceu, sem saber para onde ia, e encontrou a realização da sua felicidade.

Obedeçamos, por nossa vez, conscientes de nossa destinação e convictos de que o Senhor nos espera, além da nossa cruz, nos cimos resplandecentes da eterna ressurreição.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

O HOMEM NO MUNDO

Um Espírito Protetor - Bordeaux, 1863

10. Um sentimento de piedade deve sempre orientar o coração daqueles que se reúnem sob os olhos do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, vossos corações; não vos deixeis perturbar por nenhum pensamento fútil ou de prazeres materiais; elevai vosso Espírito em direção àqueles que vós chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias condições, possam lançar em quantidade a semente que deve germinar em vossos corações, e nele produzir os frutos da caridade e da justiça. Não acrediteis, contudo, que, incentivando vossa dedicação à prece e à evocação mental, desejamos vos levar a viver uma vida mística, que vos coloque fora das leis da sociedade, onde estais obrigados a viver. Não; vivei com os homens de vossa época, como devem viver os homens. Mas se renunciardes às necessidades, ou mesmo às banalidades do dia-a-dia, fazei-o com um sentimento de pureza que possa santificá-las.

Se sois obrigados a estar em contato com homens cujos espíritos são de natureza diferente da vossa e de caracteres opostos, não deveis afrontá-los; não os contrarieis. Sede alegres, felizes, mas com a alegria que provém da consciência limpa da felicidade de um herdeiro do Céu que conta os dias que o aproximam de sua herança.

A virtude não consiste em assumir um aspecto severo e sombrio, em rejeitar os prazeres que a vossa condição humana permite; basta reger todos os vossos atos pela lei do Criador, que vos deu a vida.

Quando se começa ou termina uma obra, deveis elevar o pensamento a Ele e pedir-Lhe, num impulso da alma, a proteção para nela ter êxito ou sua bênção para a obra acabada. O que quer que façais, ligai vosso pensamento à fonte suprema de todas as coisas e não façais nada sem que a lembrança de Deus purifique e santifique vossos atos.

A perfeição encontra-se inteiramente, como disse o Cristo, na prática da caridade sem limites, porém, os deveres da caridade se estendem a todas as posições sociais, desde a mais elevada à mais simples. O homem, se vivesse só, não teria como exercitar a caridade, e, somente no contato com seus semelhantes, nas lutas mais difíceis é que ele encontra a ocasião de exercê-la. Aquele que se isola, priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se e, pensando apenas nele, sua vida é a de um egoísta.

Não imagineis que, para viver em comunicação constante conosco, para viver sob a observação do Senhor, seja preciso entregar-se ao martírio e cobrir-se de cinzas. Não; mais uma vez não! Sede felizes, de acordo com as necessidades humanas, mas que na vossa felicidade nunca entre um pensamento ou um ato que possa ofender a Deus, ou entristecer a face daqueles que vos amam e vos dirigem.

Deus é amor e abençoa aqueles que amam com pureza.

NOS DONS DO CRISTO 

“Mas a graça foi dada a cada um de nós, segundo a

medida do dom do Cristo.” – Paulo. (Efésios, 4:7.)

A alma humana, nestes vinte séculos de Cristianismo, é uma consciência esclarecida pela razão, em plena batalha pela conquista dos valores iluminativos.

O campo de luta permanece situado em nossa vida íntima.

Animalidade versus espiritualidade.

Milênios de sombras cristalizadas contra a luz nascente.

E o homem, pouco a pouco, entre as alternativas de vida e morte, renascimento no corpo e retorno à atividade espiritual, vai plasmando em si mesmo as qualidades sublimes, indispensáveis

à ascensão, e que, no fundo, constituem as virtudes do Cristo, progressivas em cada um de nós.

Daí a razão de a graça divina ocupar a existência humana ou crescer dentro dela, à medida que os dons de Jesus, incipientes, reduzidos, regulares ou enormes, nela se possam expressar.

Onde estiveres, seja o que fores, procura aclimatar as qualidades cristãs em ti mesmo, com a vigilante atenção dispensada à cultura das plantas preciosas, ao pé do lar.

Quanto à Terra, todos somos suscetíveis de produzir para o bem ou para o mal.

Ofereçamos ao Divino Cultivador o vaso do coração, recordando que se o “solo consciente” do nosso espírito aceitar as sementes do Celeste Pomicultor, cada migalha de nossa boa vontade será convertida em canal milagroso para a exteriorização do bem, com a multiplicação permanente das graças do Senhor, ao redor de nós.

Observa a tua “boa parte” e lembra que podes dilatá-la ao Infinito.

Não intentes destruir milênios de treva de um momento para outro.

Vale-te do esforço de auto-aperfeiçoamento cada dia.

Persiste em aprender com o Mestre do Amor e da Renúncia.

Não nos esqueçamos de que a Graça Divina ocupará o nosso espaço individual, na medida de nosso crescimento real nos dons do Cristo.

Livro Fonte Viva – Médium Chico Xavier – Espírito Emmanuel.