quinta-feira, 6 de abril de 2023

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS

Constantino, Espírito Protetor - Bordeaux, 1863

2. O trabalhador da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que sua boa vontade permaneça à disposição do senhor que devia empregá-lo, e que o seu atraso não seja fruto de preguiça ou de má vontade. Ele tem direito ao salário, porque, desde o alvorecer, esperava impacientemente aquele que, enfim, o chamaria ao trabalho. Era trabalhador; apenas lhe faltava trabalho.

Mas, se houvesse recusado o trabalho a qualquer hora do dia, se dissesse: “Tenham paciência! O repouso me faz bem; quando a última hora chegar, será o momento de pensar no salário da jornada.

Que me importa um patrão que não conheço nem estimo! Quanto mais tarde, melhor”. Este, meus amigos, não receberia o salário do trabalhador e sim o da preguiça.

E o que será daquele que, ao invés de permanecer ocioso, tiver empregado as horas destinadas ao labor do dia para praticar a delinquência? Que tiver blasfemado contra Deus, derramado o sangue de seus irmãos, lançado a desarmonia nas famílias, arruinado os homens de boa-fé, abusado da inocência e que tiver praticado todas as maldades humanas? O que será dele? Será suficiente dizer na última hora: Senhor, utilizei mal meu tempo; emprega-me, até o fim do dia, para que eu faça, pelo menos, um pouco de minha tarefa, e dá-me o salário do trabalhador de boa vontade? Não, não; o Senhor lhe dirá: Não tenho trabalho para ti no momento; tu desperdiçaste teu tempo; esqueceste o que aprendeste; tu não sabes mais trabalhar na minha vinha. Recomeça, aprendendo, e, quando estiveres mais disposto, virás até mim e abrirei meu vasto campo e, poderás trabalhar a qualquer hora do dia.

Bons espíritas, meus bem-amados, sois os trabalhadores da última hora. Bem orgulhoso seria o que dissesse: Comecei meu trabalho no alvorecer do dia e só o terminarei ao escurecer. Todos vós viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujas correntes arrastais; mas, há quantos séculos o Senhor vos chamava para sua vinha, sem que quisésseis entrar! Eis chegado o momento de receber o salário; empregai bem essa hora que vos resta, e não vos esqueçais nunca de que vossa existência, por mais longa que possa parecer, é apenas um momento muito breve na imensidade dos tempos que formam para vós a eternidade.

Henri Heine - Paris, 1863

3. Jesus empregava a simplicidade dos símbolos. Na sua vigorosa linguagem, os trabalhadores chegados à primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, continuadas no decorrer dos séculos pelos apóstolos, pelos mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios, pelos filósofos e, por fim, pelos espíritas. Estes, que vieram por último, foram anunciados e profetizados desde a vinda do Messias e receberão a mesma recompensa. Que digo eu? Receberão uma recompensa ainda maior. Sendo os últimos a chegar, os espíritas aproveitam dos trabalhos intelectuais de seus antecessores, pois o homem deve herdar do homem, e porque seus trabalhos e seus resultados são coletivos: Deus abençoa a solidariedade.

Muitos daquela época revivem hoje, ou reviverão amanhã, para completar a obra que começaram outrora. Mais de um patriarca, mais de um profeta, mais de um discípulo do Cristo, mais de um propagador da fé cristã se encontram entre vós, porém mais esclarecidos, mais avançados, trabalhando não mais na base e sim na cúpula do edifício; seu salário será proporcional ao mérito do trabalho.

A reencarnação, esse belo dogma, eterniza e certifica a filiação espiritual. O Espírito, chamado para prestar contas de seu mandato terreno, compreende a continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada; ele vê, sente que apanhou no “ar” o pensamento de seus antecessores; reinicia a luta, amadurecido pela experiência, para avançar mais e mais, e todos, trabalhadores da primeira e da última hora, com os olhos bem abertos sobre a profunda justiça de Deus, não se queixam mais e O adoram.

Este é um dos verdadeiros sentidos desta parábola, cujo ensinamento contém, como todas as que Jesus dirigiu ao povo, o gérmen do futuro, e também, sob todas as formas, e sob todas as imagens, a revelação da magnífica unidade que harmoniza todas as coisas no Universo, da solidariedade que liga todos os seres presentes ao passado e ao futuro.

APASCENTA 

“Apascenta as minhas ovelhas.” – Jesus. (João, 21:17.)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero. “Pedro, apascenta as minhas ovelhas!” Isso equivale a dizer:

– Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para diante. A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

Livro Fonte Viva – Espírito Emmanuel – Médium Chico Xavier. 

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