sábado, 2 de maio de 2020

PRODÍGIOS DOS FALSOS PROFETAS


5. Surgirão falsos cristos e falsos profetas que farão grandes prodígios e coisas surpreendentes para enganar os escolhidos. Estas palavras alertam para o verdadeiro sentido da palavra prodígio. No sentido teológico, os prodígios e os milagres são fenômenos excepcionais, fora das leis da Natureza. Estas leis, sendo obra unicamente de Deus, são passíveis de serem modificadas, sem dúvida, se Ele quiser. O simples bom-senso nos diz que Ele não pode ter dado a seres perversos e inferiores um poder igual ao seu e, ainda menos, o direito de desfazer o que Ele fez. Jesus não pode ter consagrado tal princípio. Se, pois, segundo o sentido que se atribui àquelas palavras, o Espírito do mal tem o poder de fazer tais prodígios, que até mesmo os eleitos seriam enganados, disso resultaria que, podendo fazer o que Deus faz, os prodígios e os milagres não são privilégio exclusivo dos enviados de Deus e, por isso, nada provam, uma vez que nada distingue os milagres dos santos dos milagres dos demônios. É preciso, pois, procurar um sentido mais racional para essas palavras de Jesus.
Aos olhos do povo, todo fenômeno cuja causa é desconhecida passa por algo sobrenatural, maravilhoso e miraculoso. Conhecida a causa, reconhece-se que o fenômeno, por mais extraordinário que possa parecer, nada mais é do que a aplicação de uma lei da Natureza.
Assim, o círculo dos fatos sobrenaturais se restringe à medida que se alarga o conhecimento das leis científicas. Em todos os tempos, os homens têm explorado, em benefício de sua ambição, de seu interesse e de seu desejo de dominação, certos conhecimentos que possuíam, a fim de usufruírem de um prestígio e de um poder supostamente sobre-humano, ou que uma pretensa missão divina lhes daria. Estes são os falsos Cristos e os falsos profetas. A propagação dos conhecimentos acaba por desacreditá-los, e eis por que seu número diminui, à medida que os homens se esclarecem. O fato de operarem o que, aos olhos de algumas pessoas, passa por prodígios não é, portanto, sinal de uma missão divina, uma vez que pode resultar de conhecimentos que qualquer um pode adquirir, ou capacidades orgânicas especiais, que tanto o mais digno quanto o mais indigno podem possuir. O verdadeiro profeta se reconhece por características mais sérias e, exclusivamente, de ordem moral.

ANTE FALSOS PROFETAS

Acautela-te em atribuir aos falsos profetas o fracasso de teus empreendimentos morais.
Recorda que todos somos tentados, segundo a espécie de nossas imperfeições.
Não despertarás a fome do peixe com uma isca de ouro, nem atrairás a atenção do cavalo com um prato de pérolas, mas, sim, ofertando-lhes à percepção leve bocado sangrento ou alguma concha de milho.
Desse modo, igualmente, todos somos induzidos ao erro, na pauta de nossa própria estultícia.
Dominados de orgulho, cremos naqueles que nos incitam à vaidade e, sedentos de posse, assimilamos as sugestões infelizes de quantos se proponham explorar-nos a insensatez e a cobiça.
É preciso lembrar que todos somos, no traje físico ou dele desenfaixados, espíritos a caminho, buscando na luta e na experiência os fatores da evolução que nos é necessária, e que, por isso mesmo, se já somos aprendizes do Cristo, temos a obrigação de buscar-lhe o exempio parametro ideal de nossa conduta.
Não vale, assim, alegar confiança na palavra de quantos nos sustentem a fantasia, com respeito a fictícios valores de que sejamos depositários, no pressuposto de que venham até nós, na condição de desencarnados; pois que a morte do corpo é, no fundo, simples mudança de vestimenta, sem afetar, na maioria das circunstâncias, a nossa formação espiritual.
Não creias, desse modo, em todo Espírito — diz-nos o Apóstolo —, porquanto semelhante atitude envolveria a crença cega em nossos próprios enganos, com a exaltação de reiterados caprichos.
O ouvido que escuta é irmão da boca que fala.
Ilusão admitida é nossa própria ilusão.  
Apetite insuflado é apetite que acalentamos.
Mentira acreditada é a própria mentira em nós.
Crueldade aceita é crueldade que nos pertence.
De alguma sorte, somos também a força com a qual entramos em sintonia.
Procuremos, pois, o Mestre dos mestres como sendo a luz de nosso caminho. E cotejando, com as lições dEle, avisos e informes, mensagens e advertências que nos sejam endereçados, desse ou daquele setor de esclarecimento, aprenderemos, sem sombra, que a humildade e o serviço são nossos deveres de cada hora, para que a verdade nos ilumine e para que o amor puro nos regenere, preservando-nos, por fim, contra o assédio de todo mal.

Livro Religião dos Espíritos – Emmanuel – Chico Xavier.

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