segunda-feira, 13 de maio de 2019

A BENEFICÊNCIA


Adolfo, Bispo de Argel - Bordeaux, 1861
11. A beneficência, meus amigos, vos proporcionará neste mundo os mais puros e os mais doces prazeres, as alegrias do coração que não são abaladas nem pelo remorso, nem pela indiferença. Se pudésseis compreender tudo o que existe de grande e doce na generosidade das belas almas, esse sentimento que faz com que vejamos nosso próximo como a nós mesmos, com que nos dispamos com alegria para cobrir nosso irmão. Pudésseis, meus amigos, não ter outra ocupação senão a de fazer os outros felizes! Quais as festas do mundo que poderíeis comparar a essas festas alegres, quando, como representantes da Divindade, dais alegria a essas pobres famílias, que conhecem da vida apenas dificuldades e decepções. Quando vedes subitamente essas faces descoradas ficarem iluminadas de esperança, pois não tinham pão, esses infelizes e seus filhos pequenos, ignorando que viver é sofrer, choravam, gritavam e repetiam estas palavras, que penetravam como punhais agudos no coração maternal: “Estou com fome!...” Compreendei o quanto são deliciosas as impressões daquele que encontra a alegria onde, no momento anterior, só havia desespero! Entendei quais são vossas obrigações para com os vossos irmãos! Ide! Ide ao encontro do infortúnio. Ide em socorro, principalmente, das misérias escondidas, pois essas são as mais dolorosas. Ide, meus bem-amados, e lembrai-vos destas palavras do Salvador: Quando vestirdes um destes pequenos, pensai que é a mim que estais vestindo!
Caridade! Palavra sublime, que resume todas as virtudes, és tu que deves conduzir os povos à felicidade! Praticando-te, terão prazeres infinitos no futuro e, durante seu exílio na Terra, tu serás sua consolação, a antecipação das alegrias que provarão mais tarde, quando se abraçarão todos juntos no amor de Deus. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de alegria que senti na Terra. Que meus amigos encarnados possam acreditar na voz do amigo que lhes fala e lhes diz: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio contra as aflições da vida. Quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar abaixo de vós e vereis quanta miséria há para aliviar, quantas pobres crianças sem família, quantos velhos que não têm uma mão amiga para os amparar e, na morte, lhes fechar os olhos! Quanto bem a ser feito! Não vos lamenteis, mas, pelo contrário, agradecei a Deus e distribuí sem limites, à vontade, vossa simpatia, vosso amor, vosso dinheiro, a todos que, pobres dos bens deste mundo, se enfraquecem no sofrimento e na solidão. Colhereis aqui na Terra alegrias muito doces e mais tarde... apenas Deus o sabe!...

São Vicente de Paulo - Paris, 1858

12. Sede bons e caridosos: esta é a chave dos Céus que tendes em vossas mãos. Toda felicidade eterna está contida neste ensinamento de Jesus: Amai-vos uns aos outros. A alma somente pode se elevar às regiões espirituais pelo devotamento ao próximo e apenas encontra felicidade e consolo na prática da caridade. Sede bons, amparai vossos irmãos, deixai de lado a terrível chaga do egoísmo. Se cumprido, este dever abrirá o caminho da felicidade eterna para vós. Quem dentre vós não sentiu seu coração pulsar, sua alegria interior se ampliar ao relato de uma boa ação, de uma obra verdadeiramente caridosa? Se procurásseis apenas o prazer que proporciona uma boa ação, estaríeis sempre no caminho do progresso espiritual. Os exemplos não vos faltam. O que falta é a boa vontade, que é rara. Notai que a história guarda lembranças de amor e respeito por muitos homens de bem.
Não vos ensinou o Cristo tudo o que diz respeito a essas virtudes de caridade e de amor? Por que deixar de lado os seus divinos ensinamentos? Por que fechar os olhos e os ouvidos às suas divinas palavras e o coração às suas bondosas recomendações? Gostaria que se desse mais importância, mais fé, às leituras evangélicas. No entanto, abandona-se esse livro, faz-se dele uma palavra vazia, uma carta fechada, deixa-se esse código admirável no esquecimento. Vossos males são consequência apenas do abandono voluntário desses resumos das leis divinas. Lede essas páginas ardentes do devotamento de Jesus e meditai sobre elas.
Homens fortes, armai-vos. Homens fracos, fazei de vossa doçura e de vossa fé armas decisivas; sede mais determinados e mais constantes na propagação de vossa nova doutrina. O que viemos vos dar é apenas um encorajamento. É apenas para estimular vosso zelo e vossas virtudes que Deus nos permite esta manifestação, porém, já vos bastaria a ajuda de Deus e da vossa própria vontade, pois as manifestações espíritas se produzem especialmente para aqueles que têm os olhos fechados e os corações indóceis. A caridade é a virtude fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela, as outras não existem. Sem a caridade não existe esperança num futuro melhor, não existe interesse moral que nos guie. Sem caridade não há fé, pois a fé é apenas um raio de luz que faz brilhar uma alma caridosa.
A caridade é a âncora eterna de salvação em todos os mundos. É a mais pura emanação do próprio Criador; é sua própria virtude dada por Ele à criatura. Como desconhecer esta suprema bondade? Qual seria o pensamento, o coração suficientemente perverso para reprimir e expulsar este sentimento inteiramente divino? Qual seria o filho suficientemente mau para se rebelar contra esse doce carinho: a caridade? Não ouso falar do que fiz, pois os Espíritos também são modestos quanto às suas obras. Mas acredito naquela que comecei como uma das que mais devem contribuir para o alívio dos vossos semelhantes. Vejo, freqüentemente, os Espíritos pedirem que lhes seja dada por missão continuar a minha tarefa. Eu as vejo, minhas doces e caras irmãs, em sua piedosa e divina missão, vejo-as praticar a virtude que eu recomendei, com toda alegria que proporciona essa existência de devotamento e sacrifícios. É uma grande alegria para mim ver o quanto seu caráter é honrado, o quanto sua missão é amada e docemente protegida. Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar amplamente a obra de propagação da caridade. Encontrareis a recompensa dessa virtude no seu próprio exercício; não há alegria espiritual que ela não proporcione já na vida presente. Sede unidos; amai-vos uns aos outros conforme os ensinamentos do Cristo. Que assim seja!

Cáritas - Martirizada, em Roma, Lyon, 1861

13. Meu nome é Caridade, sou o caminho principal que leva a Deus; segui-me, pois sou o objetivo a que todos deveis visar.
Fiz esta manhã minha caminhada habitual e, com o coração aflito, vos digo: Meus amigos, quantas misérias, quantas lágrimas e quanto tendes a fazer para secá-las! Procurei em vão consolar pobres mães, dizendo-lhes ao ouvido: Coragem! Há bons corações que vos protejem. Não sereis abandonadas. Paciência! Deus está aí, sois suas amadas, sois suas eleitas. Elas pareciam ter me ouvido e voltavam para mim os seus grandes olhos ansiosos. Via-se em seus pobres rostos que o corpo, esse tirano do Espírito, estava com fome e que, se minhas palavras tranquilizavam um pouco seu coração, não enchiam seu estômago. Eu repetia ainda: Coragem! Coragem! Então uma pobre mãe, bem jovem, que amamentava uma criancinha, tomou-a em seus braços e a estendeu no espaço vazio, como a me pedir para proteger esse pobre e pequeno ser, que se alimentava ao seio estéril apenas de um alimento insuficiente.
Mais adiante, meus amigos, vi pobres velhos sem trabalho e também sem abrigo, atormentados por todos os sofrimentos da necessidade e envergonhados da sua miséria, sem coragem, eles, que nunca mendigaram, a implorar a piedade dos passantes. Eu, com o coração tomado de compaixão e que nada tenho, fiz-me de mendiga para eles e vou por toda parte estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e sensíveis. Por isso, venho até vós, meus amigos, e vos digo: Há por aí infelizes cujo prato não tem pão, cuja lareira não tem fogo e cuja cama não tem cobertor. Não vos digo o que deveis fazer. Deixo a iniciativa aos vossos bons corações. Se vos ditasse vossa linha de conduta, não teríeis o mérito de vossa boa ação. Apenas vos digo: Eu sou a caridade e vos estendo a mão pelos vossos irmãos sofredores.
Mas se peço, também dou e dou muito. Convido-vos a um grande banquete e vos forneço a árvore onde vos fartareis! Vede como é bela, como está carregada de flores e frutos! Vinde, colhei, pegai todos os frutos dessa bela árvore que se chama beneficência. No lugar dos ramos que tirardes dela, fixarei todas as boas ações que fizerdes e levarei essa árvore até Deus para que a carregue de novo, pois a beneficência é inesgotável. Segui-me, portanto, meus amigos, a fim de que sejais anotados entre aqueles que se alistam sob minha bandeira. Nada receeis: eu vos conduzirei pelo caminho da salvação, pois sou a Caridade.

Cáritas - Lyon, 1861

14. Há muitas maneiras de se fazer a caridade, que muitos de vós julgais ser somente a esmola, mas entre esmola e caridade há uma grande diferença. A esmola, meus amigos, é algumas vezes útil, pois dá alívio aos pobres, mas é quase sempre humilhante tanto para quem a dá quanto para quem a recebe. A caridade, ao contrário, une o benfeitor ao ajudado e, além disso, disfarça-se de todas as maneiras! Pode-se ser caridoso até mesmo com os nossos familiares, com nossos amigos, sendo indulgentes uns para com os outros, perdoando as fraquezas, tendo cuidado para não ferir o amor-próprio de ninguém, e para vós, espíritas, em vossa maneira de agir para com aqueles que não pensam como vós; levando os menos esclarecidos a crer e isso sem ofendê-los, sem alterar sua maneira de pensar, mas levando-os alegremente a reuniões onde poderão nos ouvir e onde saberemos encontrar a brecha do coração por onde poderemos penetrar. Eis também uma das formas da caridade.
Escutai agora o que é a caridade para com os pobres, esses deserdados aqui da Terra, mas recompensados por Deus, e que, dependendo do que vós fizerdes por eles, saberão aceitar suas misérias sem queixumes. Vou vos esclarecer com um exemplo.
Observo, algumas vezes na semana, uma reunião de senhoras, de todas as idades, que, para nós, como sabeis, são todas irmãs. O que estão fazendo? Elas trabalham muito rápido. Os dedos são ágeis; vejo também como seus rostos estão radiantes e como seus corações vibram todos juntos! Mas qual é seu objetivo? É que elas vêem se aproximar o inverno, que será rude para as pobres famílias. As formigas não puderam guardar, durante o verão, o alimento necessário para o sustento, e a maior parte de seus pertences está empenhada. As pobres mães se preocupam e choram pensando nas suas criancinhas que, neste inverno, passarão frio e fome! Mas, paciência, minhas pobres mulheres! Deus inspirou a outras, mais afortunadas do que vós; elas estão reunidas e vos confeccionarão roupinhas, depois, num destes dias, quando a neve tiver coberto a terra e murmurardes dizendo: “Deus não é justo”, que esta é a expressão comum nos vossos períodos de sofrimento, então vereis aparecer um dos filhos dessas boas trabalhadoras, que se constituíram em operárias dos pobres. Era para vós que elas trabalhavam, e vossas lamentações se transformarão em bênçãos, porque, no coração dos infelizes, o amor aparece bem perto do ódio.
Como é preciso a todas essas trabalhadoras um estímulo, vejo as comunicações dos bons Espíritos lhes chegar de todas as partes. Os homens que fazem parte dessa sociedade trazem também sua ajuda, fazendo uma dessas leituras que tanto agradam. E nós, para recompensar o cuidado de todos e de cada um em particular, prometemos a essas trabalhadoras laboriosas uma boa clientela, que lhes pagará, à vista, em bênçãos, a única moeda que tem valor nos Céus, assegurando-lhes ainda, e sem temor de errar, que estas bênçãos jamais lhes faltarão.

Um Espírito Protetor - Lyon, 1861

15. Meus caros amigos, a cada dia ouço dentre vós os que dizem: “Sou pobre, não posso fazer a caridade”, e a cada dia vos vejo faltar com a indulgência para com os vossos semelhantes. Não lhes perdoais nada e vos colocais como juízes muitas vezes severos, sem vos perguntar se ficaríeis satisfeitos que fizessem o mesmo convosco. A indulgência também não é caridade? Vós que podeis fazer apenas a caridade indulgente, fazei pelo menos essa, mas fazei-a sem limitações. Em relação à caridade material, vou lhes contar uma história do outro mundo.
Dois homens acabavam de morrer. Deus tinha dito: “Enquanto esses dois homens viverem, serão colocados, em sacos separados, cada uma de suas boas ações e, quando de sua morte, serão pesados os sacos. Quando esses dois homens chegaram à sua hora final, Deus fez com que trouxessem os dois sacos. Um estava pesado, grande, bem cheio, nele ressoava o metal que o enchia. O outro era muito pequeno e tão fino que podiam-se ver as poucas moedas que continha. Cada um daqueles homens reconheceu seu saco: Eis o meu, disse o primeiro, posso reconhecê-lo; fui rico e dei muito. Eis o meu, disse o outro, sempre fui pobre. Não tinha quase nada para repartir. Mas que surpresa! Quando os dois sacos foram colocados na balança, o maior tornou-se leve e o menor ficou pesado, tanto que elevou muito o outro prato da balança. Então Deus disse ao rico: Tu deste muito, é verdade, mas deste por exibicionismo e vaidade e para ver teu nome figurar em todos os templos do orgulho, e, ainda que doando, não te privaste de nada. Vai para a esquerda e fica satisfeito que a esmola ainda te seja contada como alguma coisa. Depois disse ao pobre: Deste pouco, meu amigo, mas cada uma destas moedas que estão nesta balança representam uma privação para ti. Se não deste esmola, fizeste a caridade e, o que é melhor: fizeste a caridade naturalmente, sem pensar que a levariam em conta. Foste indulgente e não julgaste teu semelhante; pelo contrário, desculpaste-o de todas suas ações. Passa à direita e vai receber tua recompensa”.

João - Bordeaux, 1861

16. A mulher rica, feliz, que não tem necessidade de empregar seu tempo com o trabalho de casa, não pode dedicar algumas horas em benefício dos seus semelhantes? Compre, com as sobras do seus gastos desnecessários, algum agasalho para os que, infelizes, não têm o que vestir; que confeccione, com as suas delicadas mãos, alguma roupa que, embora simples, seja um aconchegante agasalho para quem precisa, e ajude a uma pobre mãe a vestir o filho que vai nascer e, ainda que o seu próprio filho fique sem algum pequeno enfeite de renda, o pobre, agasalhado, não ficará esquecido. Isto é trabalhar na seara do Senhor.
E tu, pobre trabalhadora, que não tens sobras, mas que queres, por amor aos teus irmãos, também dar do pouco do que possuis, dedica algumas horas de teu dia, de teu tempo, que é o teu único tesouro. Faze alguns trabalhos delicados que chamam a atenção dos mais afortunados. Com o produto do teu esforço poderás também proporcionar aos teus irmãos tua parte de consolo. Terás, talvez, algumas fitas a menos, mas darás sapatos àqueles que têm os pés descalços.
E vós, mulheres devotas a Deus, trabalhai também em sua obra, mas que vossos trabalhos delicados e dispendiosos não sejam feitos apenas para enfeitar vossas capelas, para chamar atenção sobre vossa habilidade e paciência. Trabalhai, minhas filhas, e que o produto do vosso trabalho seja destinado ao socorro dos vossos irmãos, os pobres, que como vós são filhos bem-amados de Deus. Trabalhar por eles é glorificá-Lo. Sede para eles a Providência que diz: Às aves do céu, Deus dá seu alimento. Que o ouro e a prata, tecidos pelas vossas mãos, se transformem em roupas e em alimentos para os necessitados. Fazei isso e vosso trabalho será abençoado.
E todos vós que podeis produzir, dai. Dai vosso talento, vossas inspirações, vosso coração, que Deus vos abençoará. Poetas, literatos, que sois lidos pelas pessoas da sociedade, satisfazei o gosto deles, mas que o produto de alguma de vossas obras seja consagrado ao consolo dos infelizes. Pintores, escultores, artistas de todos os gêneros, que vossa inteligência também venha em ajuda dos vossos irmãos, não tereis por isso diminuído a vossa glória e tereis aliviado o sofrimento de muitos.
Todos vós podeis dar. Qualquer que seja a vossa condição, tendes alguma coisa que podeis dividir. De tudo o que Deus vos tenha dado, disso deveis uma parte àquele que não tem nem o necessário, pois, em seu lugar, ficaríeis felizes se alguém dividisse convosco. Vossos tesouros na Terra serão um pouco menores, mas vossos tesouros no Céu serão maiores e lá colhereis cem vezes mais o que tiverdes semeado e ajudado aqui na Terra.

Beneficência e a Caridade

A beneficência alivia a provação.
A caridade extingue o mal.
A beneficência auxilia.
A caridade soluciona.
Distribuirás a mancheias algo do ouro que se te derrama da bolsa, entretanto, se nesse algo não puseres a luz de teu amor, em forma de respeito e carinho, ante as chagas do semelhante, não terás construído nele a compreensão que o fará reconciliar-se consigo próprio.
Oferecerás de tua inteligência preciosos recursos aos que desesperam na ignorância, mas, se furtas à lição a benção da simpatia, não estenderás ao companheiro que o sofrimento enceguece a claridade precisa.
Não é dádiva de tua abastança ou o valor de tua cultura que importam no serviço de elevação e aprimoramento da paisagem que te rodeia.
É o modo com que passas a exprimi-los, cedendo de ti mesmo naquilo que o Senhor te emprestou para distribuir, porquanto a atitude é o fator de fixação desse ou daquele sentimento no vasto caminho humano.
Vale mais o exemplo vivo de compaixão que a frase adornada de exaltação à virtude pronunciada tão-somente com a boca e aparece com mais beleza o gesto de fraternidade que a esmola reconfortante suscetível de ser espalhada por ti simplesmente com o esforço mecânico do braço.
Isso, porque todos precisamos de renovação interior para o acesso aos tesouros do espírito e, fazendo o bem, com o impulso de nossas próprias almas, valorizaremos a palavra com que venhamos a emiti-lo, edificando a vida em nós e junto de nós, com o próximo e conosco, realizando sempre o melhor.

Livro Dinheiro – Chico Xavier – Espírito Emanuel.

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