segunda-feira, 6 de maio de 2019

A CARIDADE MATERIAL E A CARIDADE MORAL


Irmã Rosália - Paris, 1860

9. “Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que gostaríamos que nos fizessem”. Toda religião e toda moral se encontram nesses dois ensinamentos. Se eles fossem seguidos aqui na Terra, seríeis todos perfeitos, sem ódios, sem conflitos. Direi mais ainda: sem pobreza, visto que, do excesso das sobras da mesa dos ricos, muitos pobres se alimentariam e não veríeis mais nos sombrios bairros em que vivi, durante a minha última encarnação, pobres mulheres, arrastando consigo crianças miseráveis precisando de tudo.
Ricos! Pensai um pouco nisto. Ajudai com o melhor de vós os infelizes. Dai, para que um dia Deus vos retribua o bem que fizerdes, para que encontreis, quando desencarnardes, um cortejo de Espíritos agradecidos, que vos receberão no limiar de um mundo mais feliz.
Se pudésseis saber a alegria que senti ao reencontrar no Além aqueles a quem pude ajudar em minha última encarnação terrena!...
Amai, portanto, ao vosso próximo. Amai-o como a vós mesmos, porque sabeis agora que este infeliz que afastais talvez seja um irmão, um pai, um amigo que rejeitais para longe de vós. E qual não será então vosso desespero ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos!
Espero que tenhais entendido bem o que deve ser a caridade moral, aquela que qualquer um pode praticar, porque não custa nada de material e, no entanto, é a mais difícil de se pôr em prática.
A caridade moral consiste em tolerardes uns aos outros. E isto é o que menos fazeis, neste mundo inferior onde estais encarnados no momento. Há um grande mérito, acreditai em mim, em saber calar-se para deixar falar a um mais tolo. Isto também é uma forma de caridade. Fazer-se de surdo quando uma palavra de menosprezo escapa de uma boca habituada a zombar, não ver o sorriso desdenhoso que vos recepciona nas casas de pessoas que, frequentemente, sem razão, acreditam ser superiores a vós, quando na vida espírita, a única real, estão algumas vezes bem longe disso: eis um merecimento, não de humildade, mas de caridade, pois não observar os erros dos outros é caridade moral.
Entretanto, esta caridade não deve impedir a outra. Pensai especialmente em não desprezar vosso semelhante. Lembrai-vos de tudo o que vos tenho dito: O pobre rejeitado talvez seja um Espírito que vos foi caro e que se encontra, momentaneamente, em uma posição inferior à vossa. Reencontrei, na vida espiritual, um dos pobres de vossa Terra, a quem pude, por felicidade, ajudar algumas vezes e a quem me cabe agora implorar, por minha vez.
Lembrai-vos de que Jesus disse que somos irmãos e pensai sempre nisso antes de rejeitar o indigente ou o mendigo. Adeus, pensai naqueles que sofrem e orai!
Um Espírito Protetor - Lyon, 1860
10. Meus amigos, tenho ouvido muitos dentre vós dizerem: Como posso fazer caridade se muitas vezes nem mesmo tenho o necessário?
A caridade, meus amigos, é feita de muitas maneiras. Podeis praticá-la em pensamentos, em palavras e em ações. Em pensamentos, orando pelos pobres abandonados que desencarnaram sem mesmo terem visto a luz, uma prece de coração os alivia. Em palavras, ao dirigir aos vossos companheiros de todos os dias alguns bons conselhos. Aos homens aflitos pelo desespero, pelas privações, e que ofendem o nome do Altíssimo, dizei-lhes: “Eu era como vós; sofria, era infeliz, mas acreditei no Espiritismo e, vede, agora sou feliz”. Aos velhos que vos disserem: “É inútil, estou no fim do meu caminho, morrerei como vivi”, respondei: “Deus tem para todos nós uma justiça igual. Lembrai-vos dos trabalhadores da última hora”. Às criancinhas que, já viciadas pela maldade dos mais velhos, vão se perder pelos caminhos, prestes a ceder às más tentações, dizei-lhes: “Deus toma conta de vós, meus queridos pequenos”, e não temais em repetir-lhes sempre estas doces palavras. Elas acabarão por germinar em sua jovem inteligência, e, em vez de pequenos desocupados e viciosos, tereis feito homens. Isso também é uma forma de caridade.
Muitos dentre vós também dizem: “Somos tantos na Terra, Deus não pode ver a cada um de nós”. Escutai bem isto, meus amigos: quando estais no alto de uma montanha, vosso olhar não abrange milhares de grãos de areia que a cobrem? Pois bem! Deus vos observa da mesma maneira. Ele vos deixa usar o vosso livre-arbítrio, como deixais esses grãos de areia se moverem ao sabor do vento que os dispersa. A diferença é que Deus, em sua misericórdia infinita, colocou no fundo de vosso coração uma sentinela vigilante que se chama consciência. Escutai-a. Ela vos dará somente bons conselhos. Às vezes podereis entorpecê-la opondo-lhe o espírito do mal. Então ela se cala. Mas ficai certos de que a pobre desprezada se fará ouvir, assim que deixardes que ela perceba em vós a sombra do remorso. Escutai-a, interrogai-a, e com frequência achareis consolo no conselho que dela tiverdes recebido.
Meus amigos, a cada novo regimento o general fornece uma bandeira. Eu vos dou a minha, este ensinamento do Cristo: Amai-vos uns aos outros. Praticai-o. Reuni-vos ao redor desta bandeira e recebereis a felicidade e a consolação.

AUXILIAR E SERVIR

"... E amarás o teu próximo como a ti mesmo". – Jesus (Lucas, 10:27)

Irmãos!

Quando estiverdes à beira do desânimo porque alfinetadas do mundo vos hajam ferido o coração; quando o desespero vos ameace, à vista das provações que se vos abatem na senda, reflitamos naqueles companheiros outros que se agoniam, junto de nós, em meio dos espinheiros que nos marginam a estrada; nos que foram relegados à solidão sem voz de amigo que os reconforte; nos que tateiam, a pleno dia, ansiando por fio de luz que lhes atenue a cegueira; nos que perderam o lume da razão e se despencaram na vala da loucura; nos que foram arrojados à orfandade quando a existência na Terra se lhes esboça em começo; naqueles que estão terminando a romagem no mundo atirados à ventania; nos que desistiram do refúgio na fé e se encaminham, desorientados, para as trevas do suicídio; nos que se largaram à delinquência comprando arrependimentos e lágrimas na segregação em que expiam as próprias faltas; nos que choram escravizados à penúria, a definharem de inanição!...

Façamos isso e aprenderemos a agradecer a Bondade de Deus que a todos nos reúne em sua bênção de amor, de vez que a melancolia se nos transformará, no ser, em clarão de piedade, ensinando-nos a observar que por mais necessitados ou sofredores estejamos dispomos ainda do privilégio de colaborar com Jesus na edificação do Mundo Melhor, pela felicidade de auxiliar e pelo dom de servir.

Livro Segue-me – Chico Xavier – Espírito Emanuel.

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