domingo, 26 de maio de 2019

OS ÓRFÃOS


Um Espírito Familiar - Paris, 1860

18. Meus irmãos, amai os órfãos. Se soubésseis o quanto é triste estar só e abandonado, principalmente na infância! Deus permite que haja órfãos para nos animar a lhes servir de pais. Que divina caridade é ajudar uma pobre e pequena criatura abandonada, impedi-la de sofrer fome e frio, conduzir sua alma a fim de que ela não se perca no vício! Quem estende a mão à criança abandonada agrada a Deus, pois compreende e pratica sua lei. Considerai também que, muitas vezes, a criança que socorreis vos foi querida noutra encarnação e, se caso pudésseis vos lembrar, isso não seria mais caridade e sim um dever. Assim, portanto, meus amigos, todo ser que sofre é vosso irmão e tem o direito à vossa caridade, mas não aquela caridade que fere o coração, não aquela esmola que queima a mão que a recebe, pois vossas esmolas são, muitas vezes, bem amargas! Quantas vezes seriam recusadas se, em casa, a doença e a miséria não precisassem delas! Dai delicadamente, acrescentai à vossa dádiva o mais precioso de todos os benefícios: uma boa palavra, uma carícia, um sorriso amigo. Evitai esse tom de proteção que fere o coração já aflito e pensai que, ao fazer o bem, trabalhais para vós e para os vossos.

ORFANDADE
(Emmanuel)

Realmente, não há desamparado diante do Senhor, mas há uma espécie de orfandade que nos convoca em toda parte, maiores reflexões, quanto ao dever de amparar a vida que nos cerca.
Referimo-nos às necessidades múltiplas que nos reclamam o esforço e a tolerância na Pratica efetiva do bem.
Em verdade, será sempre louvável a construção de casas e refúgios, creches e hospitais, onde as crianças sem lar encontrem abrigo e medicação.
Todavia, não olvidemos o mundo das criaturas inferiores e das coisas, aparentemente sem importância, que nos rodela.
Aí, vemos quadros inquietantes que efetivamente nos ensombram e afligem.
Não é somente o painel escuro do irmão em Humanidade, que vagueia sem rumo, a única porta de dor a pedir no trabalho assistencial.
É também a terra empobrecida, necessitada de adubo e sementeira vivificante.
É a árvore benfeitora, relegada ao abandono.
É a fonte intoxicada, que nos solicita proteção e carinho.
É a casa desmantelada, rogando atenção e limpeza.
É a via pública que nos compete defender e respeitar, pedindo-nos bondade e higiene.
É o animal que nos auxilia, endereçado por nossa inconsequência ao cansaço, sede e fome, suplicando nos alimento e repouso.
É a ferramenta que sentenciamos à ferrugem e ao esquecimento prejudicial.
A essa orfandade triste, que nos desafia, em todos os setores da luta terrestre, podemos prestar o melhor concurso, — o concurso da bondade silenciosa e diligente, — que nos trará a resposta do progresso e do bem-estar de todos.
Não esquecer que somos responsáveis pela região de serviço que nos sustenta.
Não condenes orfandade os instrumentos de trabalho em que a tua missão na Terra se desenvolve.
Cuida de assistir aos seres e às coisas do próprio caminho, com os mais elevados sentimentos do coração, e receberás a constante assistência da Bondade Divina, — luz da vida a brilhar perenemente no caminho de todos.

Livro Fonte de Paz – Chico Xavier – Espíritos Diversos.

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