BENEFÍCIOS PAGOS COM A INGRATIDÃO
Guia Protetor - Sens, 1862
19. O que pensar das pessoas que, recebendo a ingratidão em
troca de um benefício prestado, negam-se a fazer outra vez o bem com temor de
encontrar pessoas ingratas?
Tais pessoas são mais egoístas do que
caridosas, pois fazer o bem esperando reconhecimento não é fazê-lo com
desinteresse. O benefício desinteressado é o único que agrada a Deus. São
também orgulhosas, pois se envaidecem pela humildade do beneficiado, que deve
vir fazer o reconhecimento a seus pés. Aquele que procura na Terra a recompensa
do bem que faz, não a receberá no Céu; Deus recompensará aquele que não a
procura na Terra.
É preciso sempre ajudar os fracos,
mesmo sabendo antecipadamente que aqueles a quem fazemos o bem não nos
agradecerão.
Sabei que se aquele a quem ajudais
esquece o benefício, Deus levará isso mais em conta do que se já fôsseis
recompensados pela gratidão.
Deus permite que às vezes sejais pagos
com a ingratidão, para provar vossa perseverança em fazer o bem.
Como podeis saber se esse benefício,
esquecido no momento, não trará mais tarde bons frutos? Ficai certos de que é
uma semente que com o tempo germinará. Infelizmente, vedes apenas o presente.
Trabalhais para vós e não para os
outros. Os favores acabam por abrandar os corações mais endurecidos; podem até
ser esquecidos aqui na Terra, mas, quando o Espírito se livrar de seu
envoltório carnal, ele se lembrará, e esse será o seu castigo. Então, lamentará
sua ingratidão e desejará reparar sua falta, pagar sua dívida em uma outra existência,
até mesmo, muitas vezes, aceitando uma vida de dedicação ao seu benfeitor. É
assim que, sem suspeitardes, tereis contribuído para seu adiantamento moral e
reconhecereis mais tarde toda verdade desse ensinamento: um benefício jamais se
perde. Mas tereis também trabalhado para vós, pois tereis o mérito de ter feito
o bem com desinteresse e sem vos deixar desencorajar pelas decepções.
Meus amigos, se conhecêsseis todos os
laços que, na vida presente, vos unem às vossas existências anteriores, e se
pudésseis entender a grande multiplicidade de relações que unem os seres uns
aos outros para o progresso de todos, admiraríeis ainda muito mais a sabedoria
e a bondade do Criador, que vos permite reviver para chegar até Ele.
BENEFICÊNCIA EXCLUSIVA
São Luís - Paris, 1860
20. É correta a beneficência quando é exclusivamente praticada entre
pessoas de uma mesma opinião, da mesma crença ou de um mesmo grupo social?
Não, pois é principalmente o espírito
de seita e de grupo que é preciso eliminar, porque todos os homens são irmãos.
Aquele que crê, o cristão, vê irmãos em todos seus semelhantes e, quando
socorre aquele que está necessitado, não lhe interessa nem crença, nem opinião,
no que quer que seja. Estaria ele seguindo o preceito de Jesus Cristo, que diz
para amar até mesmo aos inimigos, se rejeitasse um infeliz por ele ter uma
crença diferente da sua? Portanto, que o socorra sem lhe interrogar a
consciência, porque, se ele for um inimigo da religião, será um meio de fazer
com que ele a ame. Repelindo-o, fará com que ele a odeie.
Página de Amor
(Emmanuel)
Amar ainda e sempre para nós todos, os obreiros da
terra, é incessante desafio. Isso porque amar é dar-se, no que possuamos ou
sejamos de melhor.
***
A beneficência é a preciosa iniciação. Entregamos o
que nos sobre em reconforto e, ao adiantar-nos em sentimento, dividimos com os
outros aquilo que se nos faça desnecessário, até mesmo em nos referindo aos
recursos primários que se nos mostram indispensáveis à vida.
Surge, porém, para cada um do nós o momento de
dar-se. Dar-se nos mais íntimos pontos de vista. Doar-se em bondade e
desprendimento, compreensão e renúncia sem nada pedir em troca. Abençoar a
felicidade da pessoa ou das pessoas a quem mais amamos, mesmo quando a
felicidade delas não se padronize pelos modelos em que se nos configura a alegria.
Se erguidos à semelhante prova, recusamos
sofrimento e mudança, conformidade e reajuste, exigindo algo em nosso favor,
efetivamente não estaremos amando ou então amando muito imperfeitamente ainda.
Mas se aceitamos amar como se deve amar, surpreendemos a fonte da paz no imo do
nosso próprio espírito, porquanto libertando e amparando aos nossos
simultaneamente estaremos amparando e libertando a nós mesmos.
***
O amor imaginário, a basear-se no egoísmo, cria
desilusão e enfermidade, desequilíbrio e morte.
O amor autêntico, no entanto, dando o melhor de si
sem cogitar de si, gera grandeza e paz, aperfeiçoamento e alegria. Isso
acontece porque toda vez que amamos particularmente a alguém que se encontra
muito longe de responder-nos com qualquer migalha de compreensão e de afeto,
elevamo-nos ao amor de Cristo que nos ama sem que realmente o amemos ainda,
reconhecendo por fim, que esse alguém, refratário ao nosso amor, é, tanto quanto
nós, um ser de origem divina, profundamente amado e constantemente sustentado por
Deus.
Livro Encontro
de Paz – Chico Xavier – Espíritos Diversos.
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