domingo, 9 de junho de 2019

PIEDADE FILIAL


1. Vós sabeis os mandamentos: não cometereis adultério; não matareis; não roubareis; não dareis falso testemunho; não fareis mal a ninguém, honrai vosso pai e vossa mãe. (Marcos, 10:19; Lucas, 18:20; Mateus, 19:19)
2. Honrai vosso pai e vossa mãe a fim de viverdes por muito tempo na Terra que o Senhor vosso Deus vos dará. (Decálogo; Êxodo, 20:12)
3. O mandamento “Honrai vosso pai e vossa mãe” é uma decorrência da lei geral de caridade e de amor ao próximo, pois não podemos amar ao nosso próximo sem amar a nosso pai e a nossa mãe. Porém, a palavra honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Deus quis mostrar que ao amor é preciso acrescentar o respeito, as atenções, a submissão e a concordância, o que resulta na obrigação de fazer aos pais, com maiores cuidados, tudo o que a caridade ordena para com o próximo. Este dever se estende, naturalmente, às pessoas que assumem o compromisso de pais, e que tão maior mérito terão quanto menos obrigatório for o seu devotamento. Deus sempre pune de uma maneira rigorosa toda violação a este mandamento.
Honrar pai e mãe não é apenas respeitá-los, é também ajudá-los na necessidade; é proporcionar-lhes o repouso em seus dias de velhice e rodeá-los de atenções como fizeram conosco em nossa infância.
Principalmente para com os pais sem recursos é que se demonstra a verdadeira piedade filial. Acaso julgam que cumprem este mandamento aqueles que pensam estar fazendo muito, dando-lhes apenas o necessário para que não morram de fome, enquanto eles mesmos não se privam de nada? Deixando-os nos piores cômodos da casa, só para não deixá-los na rua, enquanto reservam para si o que há de melhor e de mais confortável? Menos mal, quando não o fazem de má-vontade, obrigando os pais a viverem o resto de suas vidas fazendo os trabalhos de casa! Caberá aos pais, velhos e fracos, serem os servidores dos filhos jovens e fortes? Sua mãe, ao embalá-los no berço, cobrou-lhes o leite com que os alimentava? Contou suas vigílias quando estavam doentes e passos que deu para lhes proporcionar o de que tinham necessidade? Não, não é só o estritamente necessário que os filhos devem a seus pais pobres; devem-lhes também, enquanto puderem, as pequenas doçuras dos agrados, as atenções, os cuidados carinhosos, que são apenas a retribuição do amor que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Essa é a única piedade filial aceita por Deus.
Infeliz daquele que esquece o que deve aos que o sustentaram em sua infância, que, com a vida material, deram-lhe a vida moral e muitas vezes se obrigaram a duras privações para assegurar seu bem estar.
Infeliz do ingrato, porque será punido com a ingratidão e o abandono; será atingido em suas mais caras afeições, algumas vezes já na vida presente, mas, com toda a certeza, numa outra existência, em que sofrerá o que fez os outros sofrerem.
Alguns pais, é bem verdade, descuidam-se dos seus deveres, e não são para seus filhos o que deveriam ser. Cabe a Deus puni-los e não aos filhos. Não cabe a estes censurá-los, porque talvez eles mesmos merecessem que assim fosse. Se a lei de caridade estabelece pagar o mal com o bem, ser indulgente para com as imperfeições dos outros, não maldizer seu próximo, esquecer e perdoar as faltas, até mesmo amar aos inimigos, quanto maior não é esta obrigação em relação aos pais! Os filhos devem, portanto, tomar por regra de conduta para com os pais todos os ensinamentos de Jesus para com o próximo, dizendo a si mesmos que todo procedimento reprovável em relação a estranhos é ainda mais condenável em relação aos pais, e o que pode ser apenas uma falta no primeiro caso pode, no segundo, considerar-se um crime, porque à ingratidão junta-se a falta de caridade.
4. Deus disse: Honrai vosso pai e vossa mãe, a fim de viverdes por muito tempo na Terra que o Senhor vosso Deus vos dará; por que então promete como recompensa a vida na Terra e não a vida celeste? A explicação se encontra nestas palavras: “que Deus vos dará”, que foram suprimidas na forma moderna do Decálogo e por isso alteram-lhe completamente a significação. Para compreender estas palavras, é preciso voltar às idéias, aos pensamentos dos hebreus naquela época em que foram ditas. Como não sabiam nada sobre a vida futura, sua visão não se estendia além da vida corporal; deviam, portanto, ser impressionados mais com o que viam do que com o que não viam. É por isto que a mensagem de Deus lhes fala numa linguagem ao alcance do que podiam compreender, como se falasse a crianças, e lhes faz uma promessa que poderia satisfazê-los. Eles estavam ainda no deserto; a terra que Deus dará a eles é a Terra da Promissão, objetivo de seus desejos. Eles nada desejavam, além disso, e Deus lhes diz que viveriam lá por muito tempo, ou seja, que eles a possuiriam se cumprissem seus mandamentos.
Mas, quando da vinda de Jesus, as ideias deles já estavam mais desenvolvidas e o momento de lhes dar um alimento menos grosseiro era chegado. Ele os inicia na vida espiritual dizendo: Meu reino não é deste mundo; é nele, e não na Terra, que recebereis a recompensa das vossas boas obras. Com estas palavras, a Terra da Promissão passa a ser uma pátria celeste; assim, quando lhes recomenda o respeito ao mandamento: Honrai vosso pai e vossa mãe, já não é mais a Terra que lhes promete, mas sim o Céu. (Veja nesta obra Caps. 2 e 3.)

Vida em Família

Os filhos não são cópias xerox dos pais, que apenas produzem o corpo, graças aos mecanismos do atavismo biológico.
As heranças e parecenças físicas são decorrências dos gametas, no entanto, o caráter, a inteligência e o sentimento procedem do Espírito que se corporifica pela reencarnação, sem maior dependência dos vínculos genéticos com os progenitores.
Atados por compromissos anteriores, retornam, ao lar, não somente aqueles seres a quem se ama, senão aqueloutros a quem se deve ou que estão com dívidas....
Cobradores empedernidos surgem na forma fisiológica, renteando com o devedor, utilizando-se do processo superior das Leis de Deus para o reajuste de contas, no qual, não poucas vezes, se complicam as situações, por indisposições dos consortes...
Adversários reaparecem como membros da família para receber amor, no entanto, na batalha das afinidades padecem campanhas de perseguição inconsciente, experimentando o pesado ônus da antipatia e da animosidade.
A família é, antes de tudo, um laboratório de experiências reparadoras, na qual a felicidade e a dor se alternam, programando a paz futura.
Nem é o grupo da bênção, nem o élan da desdita.
Antes é a escola de aprendizagem e redenção futura.
Irmãos que se amam, ou se detestam, pais que se digladiam no proscênio doméstico, genitores que destacam uns filhos em detrimento dos outros, ou filhos que agridem ou amparam pais, são Espíritos em processo de evolução, retornando ao palco da vida física para a encenação da peça em que fracassaram, no passado.
A vida é incessante, e a família carnal são experiências transitórias em programação que objetiva a família universal.
*
Abençoa, desse modo, com a paciência e o perdão, o filho ingrato e calceta.
Compreende com ternura o genitor atormentado que te não corresponde às aspirações.
Desculpa o esposo irresponsável ou a companheira leviana, perseverando ao seu lado, mesmo que o ser a quem te vinculas queira ir-se adiante.
Não o retenhas com amarras de ódio ou de ressentimento. Irá além, sim, no entanto, prossegue tu, fiel, no posto, e amando...
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Não te creias responsável direto na provação que te abate ante o filho limitado, física ou mentalmente.
Tu e ele sois comprometidos perante os códigos Divinos pelo pretérito espiritual.
O teu corpo lhe ofereceu os elementos com que se apresenta, porém, foi ele, o ser espiritual, quem modelou a roupagem na qual comparece para o compromisso libertador.
Ante o filhinho deficiente não te inculpes. Ama-o mais e completa-lhe as limitações com os teus recursos, preenchendo os vazios que ele experimenta.
Suas carências são abençoados mecanismos de crescimento eterno.
Faze por ele, hoje, o que descuidaste antes.
A vida em família é oportunidade sublime que não deve ser descuidada ou malbaratada.
*
Com muita propriedade e irretorquível sabedoria, afirmou Jesus, ao doutor da Lei:
“Ninguém entrará no reino dos céus, se não nascer de novo... E a Doutrina Espírita estabelece com segurança: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre — é a lei. Fora da caridade não há salvação.”

Livro SOS Família – Médium Divaldo Franco – Espírito Joanna de Ângelis.

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